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Fundador da BaianaSystem, Roberto Barreto celebra 40 anos do Axé, mas reforça reconhecimento das raízes

Por Bianca Andrade

Fundador da BaianaSystem, Roberto Barreto celebra 40 anos do Axé, mas reforça reconhecimento das raízes
Foto: Pedro Soares/ @cartaxocopia/ Ícaro Soares

Onde começa todo mundo sabe, se não sabe, precisa saber. O ano foi 1985, quando Luiz Caldas lançou o álbum Magia e deu início ao movimento Axé Music, que é em 2025 completa 40 anos.

 

Mas até que ponto é possível considerar que toda música produzida na Bahia está no guarda-chuva do Axé? 

 

O movimento musical baiano, considerado um dos mais importantes da cultura local, tinha 24 anos quando surgia uma das bandas que atualmente é considerada uma das maiores representantes da energia do Carnaval. 

 

Misturando tudo que o baiano conhece por som, de uma forma que fazia sentido aos ouvidos, o guitarrista Roberto Barreto se juntou ao baixista e produtor Marcelo Seco e ao cantor e compositor Russo Passapusso para lançar a BaianaSystem, que tem o nome inspirado na guitarra baiana de Armandinho, com o sound system da Jamaica.

 

Foto: Pedro Soares/ @cartaxocopia/ Ícaro Soares

 

E se Baiana abraça pluralidade da música, como o guarda-chuva que é o axé, onde se encaixa a banda em um cenário onde nem tudo é axé, mas também pode ser?

 

Ao Bahia Notícias, Roberto Barreto falou sobre o “rótulo” que pode ou não ser colocado na banda e afirmou que não pensa em encaixar a BaianaSystem em um único estilo, justamente pela possibilidade de ter a liberdade para explorar.

 

“Essa coisa de data é bem complicado, porque isso fica indo, vindo, tem uma referência, vai pra trás, tem uma coisa, vai pra frente, e tudo, na verdade, é dentro de uma coisa. Eu gosto sempre de falar das referências, do que se tem. Quando o Baiana surge, a gente falava de guitarra baiana, a gente falava de sound system, a gente falava de samba-reggae, de percussão, a gente falava de Ramiro Mussota, então não era nenhuma novidade, mas todo mundo estava dizendo que era uma coisa nova que estava vindo ao mesmo tempo. E a gente reverencia os mestres, tinha Roberto Mendes, tinha Jerônimo, então, a gente sempre fez referência a Dodô e Osmar”, conta.

 

Foto: Pedro Soares/ @cartaxocopia/ Ícaro Soares

 

Para Barreto, ainda é complicado definir uma data para a criação do Axé, mesmo entendendo o Magia como ponto de partida do movimento, porque desta forma podem acabar deixando de fora movimentos que ajudaram na criação do Axé.

 

“Esse disco que a gente acabou de lançar, o ‘Mundo dá Voltas’, tem Gilberto Gil, tem Antônio Carlos de Jocafe, que já faz uma Bahia antes disso, da década de 70. Essa marca que tem é importante, eu entendo porque, vamos dizer ele colocou uma coisa que se tornou nacional enquanto uma força de mercado. Mas o que se vinha fazendo antes disso, o Carlos Pitta que nos deixou agora recentemente já fazia galope e os trios elétricos já aconteciam antes disso. Tem a força e a importância do que são os blocos afro, e a referência disso já é de antes, o Ilê é de 74. Então, quando você tenta colocar uma coisa como 40 anos, eu acho que ele tem, como o Russo tem falado, é um passado que o futuro ainda não alcançou, e tem muito de passado que ainda não chegou e quando a gente fala de futuro no caso por exemplo falando de instrumento como guitarra baiana que é uma tecnologia baiana criada aqui por um preto que era um radiotécnico que criou o instrumento, então as vezes a coisa fica muito ali na coisa do tambor, que é muito forte pra gente. Mas essa coisa tecnológica, eletrônica, às vezes não é lembrada. E Dodô foi o cara que criou o instrumento e que permitiu criar o trio elétrico enquanto tecnologia. Então eu acho que tudo isso tá nessa história do que seria esses 40 anos pra trás e pra frente. Eu tô muito na coisa da volta circular do que numa coisa sequencial."

 

Para Russo Passapusso, além da importância de entender a origem e exaltar as referências, está também a necessidade de reconhecer a força da coletividade na música, como na parceria que apresentaram no FV 25 ao lado de BNegão e Marcelo D2, que pode se transformar em um show pelo Brasil.

 

Foto: André Carvalho/ BN Hall

 

“A gente acabou de passar por uma pandemia onde a gente ficava sozinhos dentro de casa e precisava do conceito, da ideia, da compreensão de todos para sair disso. Na música é a mesma coisa. A música é coletiva, é o poder, tem uma fé, uma deusa música invisível que cura todo mundo. No momento que o mercado, que as pessoas empurram a gente a fazer coisas sozinhas, a gente vê que através da comunicação, do abraço, da coletividade que se faz e que se salva. Então a mensagem não é só musical, é uma mensagem de história de vida de cada pessoa.”

 

A banda BaianaSystem já está confirmada para o Carnaval de Salvador. Russo e todo grupo puxam o tradicional Navio Pirata no Furdunço, festa que antecede o início oficial da folia na capital baiana e acontece no dia 23 de fevereiro, no circuito Orlando Tapajós (Ondina-Barra).