“É tão essencial ao Olodum quanto o Carnaval”, afirma Jorginho Rodrigues sobre o Femadum, que completa 44 anos em 2024
Por Bianca Andrade
Criado com o propósito de divulgar a diversidade da cultura afro baiana e brasileira e dar oportunidade a talentosos artistas populares que buscam na cultura afro a sua fonte de inspiração, o Festival de Música e Artes Olodum – FEMADUM, celebra em 2024 os 44 anos de existência com uma vasta programação cultural no Pelourinho.
Com início nesta quinta-feira (5), o Centro Histórico de Salvador recebe oficinas, palestras, workshops, encontros literários, além de ações de cidadania para a comunidade. “Nós vamos fazer um festival plural e diverso que envolve várias áreas. Tem arte, literatura, música e tudo que é expressão que a gente considera importante para que a população conheça das histórias e das referências afro-brasileiras”, afirma Jorginho Rodrigues, presidente executivo na Grupo Cultural Olodum.
O Festival foi responsável por dar ao Olodum canções que levaram o grupo percussivo para o Brasil e o mundo. Foi através do concurso que o público ouviu pela primeira vez ‘Faraó Divindade do Egito’, por exemplo, composição de Luciano Gomes que ficou conhecida na voz de Margareth Menezes. O Femadum também revelou grandes compositores da música baiana, como Tatau, que ganhou a oportunidade no Ara Ketu após se apresentar no evento e ser assistido por dona Vera Lacerda, Piérre Onássis, Jauperi, Tonho Matéria e outros.
“O Femadum vem se transformando, vem se inovado e a cada ano permitindo que mais gente tenha a oportunidade de escrever suas músicas, de se tornarem conhecidos e de revelar novos talentos. A gente espera que novos talentos sejam revelados nessa edição, que venham novos Pierres, novos Jaus, Tonhos, Cabelinhos, queremos propagar a nossa mensagem”, pontua Marcelo Gentil.
Em 2025, o Olodum levará como tema do Carnaval para a avenida ‘Olodum Maré’. Três músicas foram selecionadas para a grande final, foram elas ‘Os Tambores do Olodum Saúda o Ser Criador’, de Paulo Sales, Edson Prodígio e Sérgio Debalê; ‘Recado Olodum’, composta por JC Cabelo; e ‘O Nome de Deus’, de Alisson Lima.
Foto: Bianca Andrade/ Bahia Notícias
Ao Bahia Notícias, JC Cabelo, ou Cabelinho, como é conhecido artisticamente, falou sobre a oportunidade dada pelo Femadum aos novos compositores e a importância da existência dele para a propagação da cultura negra.
“O festival perdura e abre espaço para novos talentos e principalmente para a propagação da música do bloco afro, porque quem vem para o Femadum, apesar de ser um evento promovido pelo Olodum, o olodúnico, como gostamos de falar, está interessado em saber mais dessa cultura afro. Antes a gente tinha que batucar a nossa música nos ônibus, hoje, o Femadum dá esse espaço para o artista mostrar sua arte e ser exaltado por ela.”
Neste ano, além das atividades artísticas, shows e workshops, os alunos da Escola Olodum serão assistidos por meio de uma ação oftalmológica, que terá ainda doação de óculos para os casos mais graves.
“Esse é um passo, mas durante o ano o Oludum desenvolve ações sociais que fomentam e estimulam também a consciência sobre a importância de fazer o bem. Nós somos um bloco popular e quando estamos nas ruas fazendo eventos de boa qualidade, eventos gratuitos, que permitem acesso a diversas pessoas que tenham ou não condição de pagar para assistir um evento dessa qualidade, isso nos deixa muito felizes”, celebra Jorginho.
Foto: Bianca Andrade/ Bahia Notícias
O presidente executivo do Grupo Cultural Olodum afirma que tem como maior desafio para manter o Femadum a questão financeira, já que parte dos recursos são do próprio Olodum, porém, neste ano, ele foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo. Mas o retorno do público em relação ao evento faz com que o festival continue valendo a pena de ser realizado.
“O Olodum só tem a agradecer ao público. Nós somos muito respeitados e a gente sente essa vibração, porque a gente faz um evento como esse e no Largo do Pelourinho as pessoas comparecem, mais de 10 mil pessoas chegam para ver o espetáculo promovido pelo Femadum, as pessoas vêm às oficinas, participam ativamente disso, para a gente é uma responsabilidade enorme, porque nós queremos não só agradar esse público, mas contemplá-los e fazer com que eles sintam parte desse processo.”
Confira a programação completa: