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Morre a cantora tropicalista Gal Costa, uma das maiores vozes da história da MPB

Por Lula Bonfim

Morre a cantora tropicalista Gal Costa, uma das maiores vozes da história da MPB
Foto: Divulgação

Morreu, nesta quarta-feira (9), vítima de um infarto fulminante aos 77 anos de idade, a cantora baiana Gal Costa. Uma das maiores intérpretes da história da música brasileira, ela foi uma das expoentes do movimento tropicalista, que sacudiu a MPB no final dos anos 1960, com sua voz aguda, com seus cabelos revoltos e com seu cantar revolucionário.

 

Nascida Maria da Graça Penna Burgos no dia 26 de setembro de 1945, no bairro da Barra, em Salvador, a filha de Mariah Penna e Arnaldo Burgos manifestou sua intenção de se tornar cantora pela primeira vez aos dois anos de idade. Logo foi apelidada como Gracinha por sua família. 

 

Ainda na juventude, tornou-se amiga das irmãs Dedé e Sandra Gadelha – que mais tarde se tornariam esposas de Caetano Veloso e Gilberto Gil – e passou a ser chamada de “Gau” pelos mais próximos.

 

Foi através de Dedé que ela conheceu Caetano, em 1963. Na época, o então universitário santamarense lhe perguntou: “para você, quem é o maior cantor do Brasil?”. No que Gau respondeu “João Gilberto”, o jovem concordou e lhe apresentou uma composição sua. A amizade e a admiração recíprocas nunca se encerraram.

 

Gau virou Gal apenas em 1967, na oportunidade da gravação de seu primeiro álbum “long play” (LP), “Domingo”, em parceria com seu amigo Caetano. A ideia da mudança foi do produtor e empresário Guilherme Araújo, que ainda lhe adicionou o sobrenome “Costa”. Com esse nome, ela entraria para sempre na história da música popular brasileira.

 

O sucesso definitivo de Gal veio através do sucesso “Divino Maravilhoso”, composta por Caetano para o Festival da Record em 1968. Antes conhecida como “João Gilberto de saias”, assumiu com a Tropicália uma estética própria da contracultura e uma postura roqueira.

 

A partir daí, a garota da classe média-alta de Salvador virou musa dos hippies no Brasil. Se apresentava frequentemente com pouca roupa, sentada de pernas abertas e com um violão, postura revolucionária para uma mulher naquela época. Nos anos 1970, ficou identificada com uma área da praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, apelidada como “As Dunas de Gal Costa”.

 

Gal se consolidou de vez como uma grande diva da música brasileira nos anos 1980, com sucessos como “Meu Bem, Meu Mal”, “Festa do Interior”, “Bloco do Prazer”, “Vaca Profana” e “Chuva de Prata”.

 

Em 1994, protagonizou uma cena emblemática. Durante uma apresentação do show “O Sorriso do Gato de Alice”, enquanto cantava “Brasil, Mostra a Tua Cara” com uma postura firme e agressiva, ela deixou seus seios à mostra, o que gerou polêmica no cenário pop da época.

 

Durante sua carreira, Gal fez sucesso com gravações dos amigos Caetano e Gil – que a chama de Gaúcha –, mas também outros ícones lendários da música nacional, como Roberto Carlos, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Chico Buarque, Djavan e Milton Nascimento. Ela passeou com facilidade entre bossa nova, samba, rock e frevo.

 

No início dos anos 2010, Gal enfrentou dificuldades com a mudança de sua voz, antes de um agudo suave e que, com a idade, havia se tornado mais grave. Mesmo assim, não parou de gravar: lançou um álbum apostando na disco music e interpretou canções de artistas de gerações mais novas, como Marília Mendonça e Marcelo Camelo.

 

Antes, em 2007, Gal adotou o garoto Gabriel, que ela conheceu em um abrigo do Rio de Janeiro. Na época, o menino tinha dois anos de idade e foi trazido para morar com ela em Salvador. Em 2012, mãe e filho se mudaram para São Paulo, onde fixaram residência.