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'Batendo em portas até achar alguém com sensibilidade', diz Pitanga sobre apoio a Malês

Por Erem Carla

'Batendo em portas até achar alguém com sensibilidade', diz Pitanga sobre apoio a Malês
Foto: Erem Carla / Bahia Notícias

Com mais de 50 filmes e 30 novelas no currículo, além de estrelar o único filme brasileiro a ter um prêmio Palma de Ouro e primeiro da América do Sul a ser indicado ao Oscar de Melhor filme estrangeiro, Antônio Pitanga segue há 10 anos em busca de apoio financeiro para o longa metragem Malês. 

 

No enredo da produção, que tem 30% das cenas gravadas em Maricá, no Rio de Janeiro, Antônio Pitanga pretende contar a história da maior comoção de negros escravizados que aconteceu em Salvador, em 1835. As 70% das cenas que faltam no longa serão filmadas em Salvador e Cachoeira, na Bahia. 

 

Em entrevista ao Bahia Notícias, Pitanga diz acreditar que as dificuldades para conseguir o apoio necessário surgem justamente do enredo da história contar a história da formação brasileira por negros. 

 

“Coisa de negro é difícil, é difícil como o quê. Nossos projetos não estão falando nada demais fora da curva. Nós estamos falando de um projeto que é a própria história do país com o olhar exatamente daqueles que inauguraram (a história), que são os negros”, lamenta. 

 

“É uma dificuldade muito grande. Você precisar bater em várias portas até encontrar quem esteja no poder, que tenha esse coração e essa sensibilidade de entender que a história que nós contamos é a história dele também”, continua Pitanga. 

 

Uma das pessoas que abriu a porta e abraçou o projeto do baiano foi a deputada estadual Olívia Santana, presente no encontro com organizações culturais negras promovido por Pitanga para falar sobre o filme. 

 

De acordo com ela, a sensibilidade política em relação às obras que dizem respeito à história da resistência negra no Brasil é de extrema importância. 

 

“Se nós compomos um campo político, democrático e popular, temos que fazer jus ao que diz, né? Fazer da prática o critério da verdade”. A parlamentar também questionou as dificuldades em conseguir esses apoios e criticou o desgaste nas tentativas. 

 

“Pitanga é um cara que tem mais de oito décadas de vida dedicada ao Brasil. Tem uma obra inquestionável, é um ícone da cultura brasileira. Eu acho que um grande desafio é fazer com que essas pessoas como Pitanga sejam vistas não só como alguém que é importante pra cultura negra, mas que seja visto como alguém que é importante para o Brasil”, diz Olivia. 

 

“A gente está trazendo o ontem cravado e tatuado na nossa alma como novidade”, completou Pitanga. 

 

De acordo com a parlamentar, foi solicitado apoio estadual e municipal para a produção do longa. “Em um estado de maioria negra como é a Bahia, uma cidade de maioria negra como é Salvador, nada mais justo, necessário e de responsabilidade do prefeito Bruno Reis e do governador Rui Costa que investir de fato numa obra afirmativa da história do nosso povo negro”.

 

Com Camila Pitanga e Rocco Pitanga, filhos de Antônio, no elenco, Malês recebe roteiro da baiana Manuela Dias, responsável pela novela global Amor de Mãe. 

 

"Eu alardeio mesmo que é a participação de todos, não ‘é o Pitanga’, é a história de cada um que a gente está contando, de cada maneira de ver os Malês. Então eu acho que a Bahia o contando, o Brasil verá”, afirma Antônio Pitanga.