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De bloqueio de Bolsonaro à Netflix: Baiano de 15 anos conta como lida com 'ódio' nas redes

Por Júnior Moreira Bordalo

De bloqueio de Bolsonaro à Netflix: Baiano de 15 anos conta como lida com 'ódio' nas redes
Foto: Divulgação

Vidrados nas redes sociais, muitos dos nascidos no século XXI sonham com uma profissão que até pouco tempo nem existia: “Digital Influencer”. O termo em inglês já foi popularizado por aqui e, atualmente, representa o sinônimo de transformação do anonimato para um status com milhares de seguidores. No momento em que parte de sua vida pode ser contada durante 15 segundos ou através de um simples post no Twitter, você de fato dorme desconhecido e acorda famoso. Ou pelo menos, desperta sendo tópico dos assuntos mais comentados. Um exemplo é o jovem baiano Kaíque Brito, de 15 anos. Nascido na periferia de Salvador, o estudante se viu nesta situação a partir do dia 26 de junho de 2018.

 

Naquela época, já publicava vídeos em “aplicativos aleatórios”, dublando músicas de Maroon Five, testando alguns efeitos. “No final de 2015, comecei a postar, só que não tinha relação com o que faço agora. Só publicava o que era modinha, sem efeito, nem nada. Com o tempo, fui descobrindo a transição e esses vídeos especiais até chegar ao que faço hoje: dublar discursos que não gosto de forma irônica”, confessou em entrevista ao Bahia Notícias.


Como dito, o pontapé aconteceu há dois anos e literalmente foi da “noite para o dia”. “Estava buscando assuntos que tivessem mais afinidade e vi que temas sociais faziam parte da minha rotina, por conversar muito com meus amigos e tal. Então, decidi gravar algo nesse estilo. Foi no mesmo dia que uma amiga mandou o vídeo da menina falando sobre ‘racismo reverso’, vi inteiro - com uma ‘dorzinha’ - mas vi e pensei. 'Será que se colocar no Tik Tok as pessoas vão entender que é ironia?'. Fiz e quando fui dormir não tinha nem 10 likes. Ao acordar, o post tinha mais de 10 mil curtidas”, contou. Veja o vídeo:

Desde então, Kaíque passou a conquistar mais e mais admirados, inclusive pessoas famosas. No Twitter, seu número está chegando aos 220 mil seguidores. Já no Instagram, o conteúdo pode ser alcançado diretamente por mais de 120 mil pessoas. “É muito louco. Na verdade como o primeiro vídeo foi bem viral, muita gente que sempre acompanhei comentou, como Maisa, Felipe Castanhari e Felipe Neto. Fiquei chocado. Com o tempo, fui perdendo o ‘gelinho’ no coração, já que toda hora alguém diferente chega”, ponderou.

 

E o sucesso já começa ser revertido em dinheiro. Recentemente fechou uma parceria com a Netflix Brasil e, desde então, tem feito vídeos especiais para suas redes sociais. O último foi postado no domingo (7). “Por ainda não ter 16 anos, achava que isso não iria acontecer porque precisa de uma autorização e as marcas geralmente não esperam. Quando chegou e-mail da Netflix, eu pensei que seria mais um, mas eles disseram que só pensaram em mim para esta ação. Meu primeiro trabalho grande de verdade foi com a Netflix. Muito legal. Foi muito tempo trabalhando com os vídeos, ajudei a escrever o roteiro, os vídeos tinham que ser aprovados... Fiquei bem orgulhoso e toda hora volto lá para assistir”, confessou.  

 

 

BLOQUEADO POR BOLSONARO

Após o impacto inicial, Kaique seguiu fazendo suas sátiras dos acontecimentos diários até o dia em que foi bloqueado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao deixar um comentário nas redes do gestor público. O adolescente, obviamente, transformou o fato em conteúdo. “Foi incrível. Estava no Twitter deitado no sofá, fiz um comentário fazendo referência ao BBB, quando decidi mudar, percebi que estava bloqueado. Eu fiquei feliz. Aquele vídeo que postei depois é genuíno”, confessou. Assista:  

 

Com opiniões contrárias às atitudes do político, o baiano diz que, apesar da “consciência social” aflorada, ele não tem posição política. “Eu sei o que sou contra [o Bolsonaro], mas não sei exatamente falar esse 'é o melhor partido'. Me posiciono contra o governo porque não tenho nada a favor do que eles fazem, isso desde antes das eleições. Não tenho uma posição política”, reforçou.

 

“Sempre teve esses debates na minha escola, e acho que nas eleições de 2018 - por já estar meio ‘crescidinho’ - comecei a me ligar nesses assuntos. Acredito que todo mundo que é parte de, pelo menos, uma minoria acaba ficando inteirado dos temas. Os youtubers que assisto falam desses assuntos, o próprio Castanhari faz vídeos sobre história e acabo aprendendo bastante. Além disso, depois que ganhei visibilidade, muita gente importante me seguiu no Twitter e eu segui de volta e comecei a acompanhar o que eles produzem também”, explicou sobre o desenvolvimento de sua consciência ainda tão jovem.  

 

Criado na internet, ele se disse preparado para lidar com os ataques e comentários de ódio. “Sei que sempre que for dublar algo que envolva Bolsonaro o vídeo vai sair da bolha, vai chegar nos 'bolsominions'. Acho que não recebi hate por ter sido bloqueado por ele, mas sim por ser contra ele desde sempre”, reforçou. Para lidar com isso, conta também com o apoio da família, especialmente da mãe, Neide, e da irmã, Fernanda. “Elas sempre me acompanham, mas sabem que eu sou a melhor pessoa para lidar com 'hate' porque cresci nesse mundo. Claro que, às vezes, você fica meio 'triste', mas nunca recebi nada tão grave. Minha mãe só faz me apoiar. Inclusive, ela cuida da parte burocrática, pois ainda nem tenho 16 anos”, lembrou. A nova idade, inclusive, é aguardada com ansiedade e será alcançada no próximo dia 23 de setembro.

 

Como fruto dessa geração das memórias que somem das redes após 24 horas, o estudante preza por viver o momento e, por isso, não é de fazer planos para o futuro. “Não sou sonhador, sou muito de aproveitar o que está acontecendo. Quando falam de faculdade, eu não sei dizer. Na escola, sempre fui de exatas, mas, ultimamente, penso em algo que envolva comunicação, produção de vídeos. Gosto muito”, indicou. Ele demonstra que, apesar do sucesso virtual, ainda segue levando a vida como um adolescente: “Talvez, investir em YouTube. Não estou planejando 100%, porém gosto de editar vídeos para lá e tal. Vou testando. Sem pressa”, simplificou.