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'Não têm de onde tirar o pão', lamenta Edcity sobre artistas do 'gueto' parados pela pandemia  

Por Júnior Moreira Bordalo / Ian Meneses

'Não têm de onde tirar o pão', lamenta Edcity sobre artistas do 'gueto' parados pela pandemia  
Foto: Divulgação

No seu nome artístico já carrega o sentido de que ele é “da cidade”: o cara do movimento, das ruas. Porém, assim como boa parte do mundo, Edcity “se trancou em casa” na busca por se reinventar na pandemia do novo coronavírus e precisou de um tempo próprio para se perceber no meio de tantas mudanças. Prova disso é que só agora irá comandar uma live show, no próximo domingo (6), às 15h, pelo projeto Macaco Ao Vivo, no Youtube da produtora Macaco Gordo.

 

O formato, que já vem sendo usado em demasiado por diversos artistas, já teve seu momento áureo, mas ainda segue atraindo o público fiel do famoso em questão. “Recebi o convite com muita alegria, pois os fãs já vêm me cobrando há um bom tempo, mas sou muito cuidadoso. Não gosto de fazer de qualquer jeito, pois meu público merece o melhor. Essa era a oportunidade que estava faltando. A Macaco dispensa comentários, pois produz tudo com qualidade”, elogiou. Além disso, o evento também terá transmissão da Piatã FM.

 

A ideia era mostrar um repertório colaborativo e, para isso, contou com a ajuda dos seus fãs através de questionário nas redes sociais. “Muitas [músicas] que eles mandaram eu já esperava, mas outras eu nem lembrava mais. São 24 anos de carreira. Então, uma trajetória longa com muitas canções realmente”, divertiu-se. Por isso, promete uma apresentação entre 2h30 e 3h de duração.

Ao longo dos anos, suas letras ficaram mais politizadas e passaram a refletir os protestos dos mais pobres, justamente a parcela mais atingida pela Covid-19. “Não está sendo fácil. Minhas músicas retratam a questão do povo negro, do favelado, do menos favorecido. Sempre procurei dar voz a esse povo, que é o meu, minha origem. Quando o artista fala com verdade, tem tudo para dar certo, pois tem amor. Tá difícil para o mundo inteiro, principalmente para estas pessoas”, reforçou.

 

Para ele, a pandemia ampliou todas as desigualdades que, muitas vezes, são colocadas debaixo do tapete. “Principalmente a social. A questão do poder financeiro versus ficar em casa. Quem tinha condição de ficar em casa, tranquilo. Mas quem tinha que sair todo dia para ganhar o pão realmente ficou muito mais difícil”, lamentou. Não à toa, os dados mostram que a população preta e pobre é a que teve mais mortes com a doença no Brasil.

 

Na sua visão, a situação dos artistas pequenos e periféricos também está preocupante. “Através das redes a gente percebe. Chega a ser desesperador a situação de muitos deles. Realmente não têm de onde tirar o pão e não têm nenhum tipo de apoio. Ouvi falar sobre os auxílios, mas uma galera disse que não está conseguindo se cadastrar. Enfim, realmente triste e lamentável. A gente gera tanto para a economia e nesse momento nos sentimos esquecidos”, entristeceu-se. “Só restou colocar o joelho no chão e pedir a Deus. Pelo que estou vendo só Deus pode nos dar uma direção”, resumiu.

 

O músico afirmou que foi por “querer mudar esse contexto” que cogitou entrar na vida política nos últimos anos. Em 2016, desistiu da candidatura a vereador de Salvador. Dois anos depois, cogitou um vaga como deputado estadual, mas também declinou da disputa. “Vejo a política como uma forma de poder fazer mais pelas pessoas; de colocar a mão na massa e fazer algo a mais. Estamos estudando as possibilidades e quem sabe em 2022 tentar uma vaga no Legislativo”, indicou.

 

Por fim, além da live, a ideia é reverberar esse discurso em um projeto musical para os fãs. “Apesar do momento difícil, estou na fase de retomada e produção musical. Fiquei um tempo sem produzir, pretendo terminar um CD que estou fazendo para lançar para a galera, com várias músicas”, adiantou.