'Não é sobre grana, é realização artística', diz Fê Paes Leme sobre série para o Instagram

Uma das artistas mais versáteis de sua geração, Fernanda Paes Leme está - há algumas semanas - mobilizando sua audiência para tentar desvendar o que é falso e o que é verdadeiro no projeto semanal “Fake Live”, disponível no IGTV do seu Instagram. Com o total de nove episódios, o sétimo foi publicado nesta sexta-feira (4). “A série é datada, se passa na pandemia, e eu, Fernanda, estou cheia de fazer coisas que não acredito e resolvo estudar Hamlet. Pensando em fazer algo on-line com a obra, resistindo para não deixar a arte e a cultura morrerem nesse momento. Quando eu me afasto das redes, minha conta é ‘roubada’ por uma Fake, aparentemente igual a mim. A partir daí começa a história...”, iniciou em entrevista ao Bahia Notícias.

 

A atriz, que surgiu para o grande público ainda adolescente em 1998 no seriado Sandy & Júnior, da Rede Globo, já fez de um tudo na carreira. Iniciou a trajetória na publicidade, foi uma das primeiras a “ocupar” o Twitter, atuou em novelas, a exemplo de América e Insesato Coração, dirigiu o videoclipe de “Como é Grande o Meu Amor por Você” de Lulu Santos, foi repórter do Superstar (Globo), apresentadora do The X Factor Brasil (Band), criou seu próprio programa, o Desengaveta (GNT), rodou o país com teatro, fez filmes, incluindo o recente sucesso da Netflix Brasil, o “Ricos de Amor”, entre outras coisas. E, quando o cenário artístico passou a se reiventar por conta da pandemia, criou esta série ao lado do irmão, Alexandre Paes Leme, que ajuda a colocar uma lupa na discussão do que realmene é real nas redes sociais.

 

“Estávamos juntos na quarentena, eu comentei que estava com vontade de criar algo que ninguém tinha feito antes. Contei que um lado meu não queria fazer nada além de comer e ver série e outro tinha essa necessidade de criar. Ele veio com a ideia inicial e trabalhamos juntos em cima disso. O Alexandre é muito criativo e já tinha alguns roteiros encostados. Então, juntou algumas ideias dali, com outras que eu dei e nasceu”, relembrou.

Fernanda e o irmão, Alexandre | Foto: Divulgação

 

Para ela o mais difícil do processo foi o início. “Criamos o projeto em abril, mas eu fiquei com a imunidade muito baixa depois que curei do corona. Tive que adiar a série por causa da saúde. Estreamos fim de julho. A edição é sem dúvida a parte mais difícil, são muitos detalhes de pós. Isso é o que mais demora e fazer remotamente dificulta também. Agora que já passamos da metade já está tudo engrenado e já estou começando sentir saudade”, confessou.

 

Como dito, ela foi um dos primeiros casos de pessoas famosas a contrair o novo coronavírus no Brasil. A artista esteve no casamento da irmã de Gabriela Pugliesi, em fevereiro deste ano, em Itacaré. Na festa, uma pessoa estava infectada e transmitiu para diversos convidados (relembre aqui). “Foi um susto que me ensinou a dar a real importância pra esse vírus que muitos insistem em achar que não é nada demais. Quando eu peguei eu estava mais fantasiosa, achando que algo de bom poderia acontecer, as pessoas poderiam se transformar”, confessou.

 

“Hoje não acredito mais nisso. Tomei mais um choque de realidade. Vi muita hipocrisia, me decepcionei com pessoas próximas, é claro, acredito também que momentos de crise servem pra jogar uma luz num problema e assim ele ser transformado. Mas se sai diferente dessa quem tiver muita compaixão, mais que empatia, compaixão mesmo”, analisou.

 

NÃO É SOBRE GANHAR DINHEIRO

Se por um lado “a decepção” ocorreu no descaso da doença visto em algumas situações, por outro, os amigos estão ajudando no “boca a boca” do "Fake Live", que para ela faz a diferença. “Ôh! A maioria compartilhou até sem eu pedir”, admitiu e completou: “Mas sim, teve amigo que elogiou mas não comentou, curtiu e compartilhou. Faz parte. As pessoas são muito autocentradas mesmo. Mas muitas pessoas nem tão amigas compartilharam, muitos amigos gostaram, muitas pessoas que eu admiro elogiaram... isso que vale!”, celebrou.

 

Para ela até a própria imprensa especializada “fez pouco caso”. Recentemente, Fernanda fez uma crítica em suas redes sociais sobre o enfoque de uma aspa dada durante a live para promover a websérie. Entre uma das perguntas, ela revelou que “quebrou um vibrador de tanto utilizar” e só isso virou manchete nos veículos. “O projeto é muito bom, é bem executado, é um case. Mas tem quem prefira ‘fingir’ que ele não existe. Eu sinto, mas procuro não focar nisso, procuro focar em quem realmente está interessado, em quem acredita, curte, pede spoiler, fica ansioso esperando sair um novo episódio. É o público que me interessa”, reforçou.

 

“Não é um projeto rentável porque o IGTV não é remunerado como YouTube. Mas foi a escolha perfeita para o formato vertical da série e onde eu tenho meu público, já que não tenho canal de YouTube. O projeto é independente, eu sou a produtora executiva, eu investi e pago os profissionais envolvidos. Não é sobre grana, é sobre realização artística mesmo”, atestou.

 

Além disso, garantiu que a resposta está satisfatória. No seu perfil do Instagram, a artista conta com quatro milhões de seguidores. “Já são mais de quatro milhões de views! Só quem produz conteúdo ali na internet sabe como esses números são expressivos. Estamos falando de uma história, não de um vídeo rápido de segundos, são cinco, seis minutos. O público se envolveu com a série, tem teorias mil, é muito bom ver esse retorno”, vibrou.

 

Por fim, em algumas entrevistas, já tinha enfatizado que não estava se cobrando ser produtiva neste período único do mundo: “sigo assim”. Acabou realizando um projeto inovador por “necessidade criativa”. Porém, diz permanecer nessa lógica para lidar com os planos do futuro. “Estou aprendendo a viver o momento presente. Então só vou pensar no depois quando a série acabar”. Como já dito, a série Fake Live está disponível no seu IGTV. Confira o primeiro episódio: