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Fundador, Windson Silva quer comemoração marcante dos 40 anos do bloco Cheiro de Amor

Por Ian Meneses

Fundador, Windson Silva quer comemoração marcante dos 40 anos do bloco Cheiro de Amor
Foto: Priscila Melo / Bahia Notícias

Independente ser vai ter lucro ou prejuízo, Windson Silva, um dos fundadores do Bloco Cheiro de Amor, tem uma certeza para o próximo Carnaval: vai desfilar com a entidade carnavalesca no circuito Barra-Ondina, na sexta-feira (21), em comemoração aos 40 anos de criação da agremiação. A presença do bloco na folia encerrará um hiato de 3 anos fora da festa popular devido a crises econômicas. 

 

Afastado desde 2016 das atividades da banda, Silva declarou que “voltou por paixão” ao comando total da marca: “Tive que voltar e refazer um trabalho bacana. Eu não poderia deixar passar os 40 anos de Cheiro de Amor e não comemorar”. Ele logo adianta que a ideia do retorno não é garantir milhares de foliões e nem ter uma ação comercial, mas sim proporcionar ao bloco uma comemoração especial.

 

Focado em realizar o projeto no ano de 2020, Windson considera e se sente já preparado para a possibilidade do não retorno em 2021, incerteza esta gerada principalmente pela crise que o Carnaval soteropolitano ainda vem enfrentando. 

 

“O que vai ser ano que vem? Só Deus sabe. Não sei. Vai depender muito do que está acontecendo no Carnaval de Salvador e não dá para você gerar uma expectativa do que gerar nos 41 anos. Não estou colocando o Cheiro de Amor com aquela de intenção de que o Cheiro de Amor está voltando para ficar”, reconhece. 

 

Enquanto o bloco não esteve presente nos circuitos, a banda marcou presença sob o comando de Vina Calmon, mas com um projeto diferenciado: o Cheiro Híbrido. Em 2020, o projeto não marcará mais presença na festa. No entanto, Windson garante que o conceito do Cheiro Híbrido vai inspirar a agremiação. 

 

Segundo o empresário, será dada continuidade no resgate de antigos trajes utilizados nos carnavais passados do bloco “independente das pessoas que compram abadás”. Diante deste desejo nostálgico, foram confeccionadas as réplicas de três modelos de mortalhas históricas do Cheiro. 

 

Além  de manter a ideia do Híbrido, foi pensada a incorporação de antigas fantasias. “Vamos apresentar três modelos de fantasia, como a Cheiro de Olodum, Cheiro de Apache e a fantasia do hippie. Cheiro de Amor vem com uma dose muito forte de saudosismo”, garante.  

 

FRAGILIDADES
Fundado no ano de 1980, o Cheiro de Amor só conseguiu desfilar no Carnaval do ano seguinte graças ao patrocínio para arcar com as despesas de confecção dos macacões - modelo tradicional dos blocos na época. Windson, por sua vez, considera que essa relação entre bloco e patrocinador não mudou nos dias de hoje e ainda continua como ponto essencial para que a agremiação consiga marcar presença na folia. Ele, porém, lamenta o distanciamento das marcas na festa de Salvador e atribui o monopólio de empresas como um dos fatores para o declínio dos blocos. 

 

“Uns sete e oito anos atrás você desfilava no Carnaval de Salvador e você visualizava inúmeras marcas, de rede de lojas, telefonia, inúmeras cervejarias, energéticos, lojas nacionais de departamento. Essas empresas sumiram do Carnaval de Salvador”, avalia o empresário, que reconhece a existência de uma “zona de restrição para o Carnaval”. 

 

A presença de uma única cervejaria na festa popular de Salvador - configuração presente nos últimos anos - faz com que marcas concorrentes, segundo Windson, reavaliem as vantagens de poder estarem presentes nos blocos. O carnavalesco, então, imagina nessa situação o questionamento que estas empresas fazem sobre este monopólio: "Porque eu vou patrocinar bloco a, b ou c, se eu não posso vender minha cerveja?". 

 

Aglutinando outros fatores para a derrocada dos blocos baianos, Silva também atribui peso às campanhas de abaixar as cordas e promover o Carnaval mais popular e menos dividido. Para ele, o gasto dos governos estadual e municipal com verbas em projetos nesse sentido provoca “um efeito cascata para o próprio bloco”. 

 

Ele também considera a proliferação “imensa” de camarotes, que para ele fez surgir uma concorrência direta com os blocos, já que estes ambientes atraíram o público para “outro conceito” de participação do folião. 

 

RENOVAÇÃO
Diante de um cenário em que blocos tradicionais vêm perdendo o seu espaço, Windson faz um questionamento: “Cadê o palco dos novos artistas?”. Para ele, o bloco tem função fundamental na renovação da festa popular, já que eles sempre ofereceram as estruturas e a oportunidade para esse novos nomes. 

 

“Acho que o poder público não tem obrigação de contratar os novos artistas e não contratar um artista que não tenha visibilidade para levar o público para a rua. Quem vai proporcionar isso para ter uma renovação da música baiana? Que pode ser o grande X da questão para o refortalecimento da música?”, reflete. 

 

Para ele, o problema presente no Carnaval de Salvador em lançar novos nomes está diretamente ligado às dificuldades de blocos saírem para as ruas e, assim, darem o suporte e garantia de confiança desse profissional da música para o público. 

 

Diante desse problema ele faz um alerta: “Se você não tem a renovação da música baiana, nada acontece. A renovação é importantíssima. O palco vai proporcionar um outro artista que vem chegando a conseguir mostrar seu trabalho e aparecer daqui a 3, 4 e 5 anos como um artista efervescente”. E completa: “Se não se der oportunidade a novos artistas na Bahia isso vai se agravar ainda mais num futuro muito próximo”.