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Paulilo Paredão busca inclusão e liberdade com proposta '120% LGBTQI+'

Por Bruno Leite

Paulilo Paredão busca inclusão e liberdade com proposta '120% LGBTQI+'
Foto: Edgar Azevedo

"Primo" do trio elétrico, o paredão é um elemento típico das festas baianas. Caracterizado pelos altos decibéis e uma playlist que diversifica entre o funk, o pagodão, o arrocha e outras variações rítmicas, o equipamento está sempre aberto a novas possibilidades. 

 

Vendo esse horizonte como oportunidade, surgiu o Paulilo Paredão - denominado nas redes sociais como o "primeiro paredão 120% LGBTQI+". O fervo está na sétima edição e é organizado em diferentes localidades da capital baiana. 

 

"Eu não considerei uma festa, mas uma bagaceira política, uma baixaria simbólica e um momento de expurgo. Vi muitos corpos, que costumam ser vistos como abjetos em outros lugares, se sentirem 'em casa'", defendeu o jovem Marcos Pascoal, que foi no último fim de semana pela primeira vez ao evento, organizado no bairro onde Carlinhos Brown foi buscar a tal da água mineral, o Candeal de Brotas.

 

Lá Pascoal disse que viu as pessoas parecerem livres para dançar, beber e conversar. "Entre eu, homem gay negro, e uma mulher trans branca existe um abismo. Entre minha amiga lésbica e o amigo hétero dela existe um outro espaço. Em locais como esse, do Paredão, parece que essas distâncias se encurtam em prol de um momento, que se pudesse ser traduzido em palavras seria algo como: 'Somos isso aí mesmo, isso aí que vocês tanto falam mal. Mas existimos aqui e sabemos como nos divertir, como nos relacionar e nos unir. Esse é nosso brega, mas temos orgulho dele'", explica.

 


Foto: Edgar Azevedo

 

Tudo surgiu com uma inquietação da idealizadora, Paulilo, que já atuava como DJ em eventos da cidade há três anos e viu, como ela mesma caracteriza, "alguns erros" nas festas em que trabalhava. "Várias coisas são problemáticas, a falta de representatividade é uma delas. Temos um grupo só que comanda muitas casas na cidade e que tenta tirar apenas proveito financeiro", diz. O pontapé foi o aniversário dela - ou dele, se preferir, já que Paulilo se define como uma pessoa não-binária. 

 

Os eventos costumam acontecer em praças, mas para ajudar o fomento do fervo e dos próprios artistas são no formato "pague quanto puder", importante na "soterópolis", em que 17,7% da população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está desempregada, e no Brasil, em que o direito fundamental à cultura e ao lazer é uma garantia constitucional.

 


Foto: Edgar Azevedo

 

Como é itinerante, o paredão já percorreu diversos pontos do mapa de Salvador. Moradora de São Caetano, a organizadora já levou o projeto para locais como Pernambués, Cidade Baixa e Rio Vermelho. Uma rede de amigos viabiliza cada edição.

 

Tia Carol, Aphrodite, Aly Verde, DJ Tertu (A Travestis) e Paulilo são alguns dos residentes da line-up do paredão. A divulgação é feita com vídeos publicados no Instagram, que dão o tom do que é a festa. Atraído por esse conteúdo e pelos comentários, o estudante de arquitetura Atailon Matos foi conhecer, por acreditar que ali encontraria um "espaço popular". 

 


Foto: Gabrielle Guido

 

"Muitos espaços de Salvador são, de certa forma, gourmetizados e têm um acesso mais restrito a determinada classe. Mas ao chegar a esse lugar [o Paulilo Paredão] percebi que ele era bastante popular, até por acontecer em um ambiente de rua e que abraça a comunidade LGBT. Eu me sentia super bem", defendeu o estudante, elencando o caráter majoritariamente negro da cena.


O próximo Paulilo Paredão, a oitava edição, já tem data marcada: 9 de fevereiro. Confira o vídeo do último encontro: