Baiano, Fabrício Boliveira 'volta ao berço' para papel na Globo: ‘Me baseei nos Orixás’

Com extensa carreira no cinema e TV, o ator Fabrício Oliveira está pronto para voltar ao horário nobre na próxima novela das 21h, “Segundo Sol”, substituta de “O Outro Lado do Paraíso”. Criado no bairro da Vila Laura, em Salvador, o artista terá papel de destaque na trama na pele de Roberval, um motorista de uma casa de família que disputará o coração da empregada com o patrão. “É muito bonito de pensar na trajetória dele. Um cara que acredita, que está tentando de algum jeito, mas a sociedade impõe um comportamento e um lugar. A trama já começa com ele atravessando isso. Acredito que dialogará com hoje, sabe? De como a gente vê o homem negro e pobre; os estereótipos que carregamos. Então, o Roberval trará esse discurso atual: Um cara vanguardista em 1999 e que representará esse avanço dos últimos 20 anos, quando a história tiver o pulo dos anos. Será muito interessante ver isso”, inicia. Esta será sua segunda parceria com o autor João Emanuel Carneiro. Em 2009, viveu o “Duduzinho” no sucesso “A Favorita”, mas agora, além do amadurecimento, está feliz por contar uma história que se passa na sua terra natal. “Estou super feliz de poder contar minha história. Me formei aqui. Tenho a sensação de estar devolvendo tudo que aprendi para minha cidade. Foi emocionante gravar no Corredor da Vitória, um lugar que passei muito durante minha graduação na Ufba [ele é formando em Interpretação Teatral pela instituição]. Tinha uma história. Um amigo outro dia mandou uma mensagem: 'Vi você gravando no Corredor'. Então, é voltar ao berço e trazendo alguma coisa”, avaliou.

Fabrício Boliveira e Claudia Di Moura | Foto: Reprodução/ Instagram

Na história, ele será filho da também baiana e estreante em telenovelas Claudia Di Moura. A atriz será uma empregada que permanecerá nessa profissão mesmo com a passagem de quase 20 anos. Além dos elogios à parceira, ele acredita que essa relação levantará muitas discussões. “Ele vai mostrar a ela que este mundo já mudou, que não aguenta mais empregada doméstica sem carteira assinada. Tenho entendido que a história é muito contemporânea e forte. É o segundo sol, mas que também tem uma lua”.  Para compor essa personagem, Fabrício confessou ter se inspirado na história dos ancestrais africanos. “Me baseei muito no mito dos Orixás, que é uma coisa que já faço, pois a Bahia me dá essa possibilidade. Roberval tem uma coisa de transformações. Não quero contar qual [Orixá] é, mas espero que as pessoas acertem. É uma novela que fala de memória, do que ficou depois dos 20 anos e como modificar. Bate muito em mim, pois saí de Salvador há 10 anos e voltar para cá é especial. É um pouco da história do Roberval. Estou muito conectado de trabalhar com essa energia, de poder olhar para o baiano e dizer que estamos falando de gente”, comemorou. Ao ser questionado sobre sua opinião sobre as mudanças de 1999 para os anos atuais, ele pontuou a falta de "inocência". “As pessoas acreditavam mais. Tínhamos um pouco mais de ingenuidade 'axegística', se que é existe essa palavra. Mas era uma ingenuidade trazida pelo Axé, um encantamento que é lindo, mas de quem é daqui, sabe? Estou fazendo esse estudo do que era esse tempo”, completa. Durante o papo, a diretora geral Maria de Médicis confessou que tinha o sonho de trabalhar com Fabrício e que quando viu a personagem não conseguiu pensar em outro ator. “Tem uns atores que estão no meu Tinder profissional, que eu queria dar match e trabalhar na vida. O Fabrício é um deles”, elogiou. “Segundo Sol” tem estreia prevista para o dia 14 de maio e tem direção artística de Dennis Carvalho.