Duas Caras: tudo sobre a novela das oito
Uma história de transformação, colorida por diferentes sotaques brasileiros. Angústias, paixões, tristezas, sorrisos e anseios de gente que luta e se reinventa. Duas Caras, a nova novela das 20h da TV Globo, desperta o olhar para as mudanças que cada um é obrigado a viver, seja por vontade própria ou por surpresa do destino. Na trama central, um homem que tenta, a todo custo, fugir de seu passado de trapaças para se transformar em um respeitável empresário da construção civil e uma mulher que se entregou por inteiro a ele, perdendo tudo - sua fortuna e seu orgulho. Dia 01 de outubro, o autor Aguinaldo Silva e o diretor de núcleo e geral Wolf Maya estréiam mais uma parceria, trazendo para o horário nobre uma história dividida em três fases, repleta de conflitos, emoções e humor.
Primeira fase – Muitas identidades, um só homem
Adalberto Rangel (Bernardo Mesquita) é um menino de 15 anos que há muito deixou de ser ingênuo. Nasceu chamado Juvenaldo em uma região pobre de Pernambuco e a necessidade de sustentar a família extensa levou seu pai a vendê-lo ainda criança para o forasteiro Hermógenes (Tarcísio Meira). O ar de “pidão” de Juvenaldo (André Luiz Frambach) fez com que o viajante o escolhesse em meio aos irmãos para ajudá-lo em seus golpes, e o garoto rapidamente aprendeu toda sorte de trapaças. Foi batizado de Adalberto e passou a rodar com Hermógenes as estradas brasileiras com uma suposta máquina de fazer dinheiro, várias identidades e uma bela lábia.
Muita gente cruzou a vida do rapaz, mas apenas uma permaneceu nela: Bárbara Carreira (Carolina Holanda), uma prostituta com quem Adalberto passou sua primeira noite e a única que lhe será fiel durante toda a vida. Mesmo depois de roubar seu mestre e seguir em frente sozinho, ele mantém contato com esta mulher, ainda que não imagine o que o destino lhes reserva.
Segunda fase – Após anos, o grande golpe
Terceira fase – Marconi Ferraço no Rio de Janeiro e o conflito com a Favela da Portelinha
Quando chega ao Rio de Janeiro, Marconi Ferraço não gosta nada de ver a comunidade que se formou bem ao lado de seu empreendimento. Construir um condomínio de luxo perto de uma favela é inviável e não lhe resta outra alternativa senão procurar Juvenal Antena para resolver a situação. A conversa começa relativamente amigável, até que o empresário evidencia suas intenções. “Qual é o seu preço?”, pergunta a Juvenal, instigando a ira do líder comunitário. Do encontro, fica um pacto de guerra.
O empresário monta sua equipe de trabalho e se associa ao engenheiro Gabriel Duarte (Oscar Magrini) e ao advogado Paulo de Queiroz Barreto (Stênio Garcia), um especialista em encontrar brechas para driblar a lei. Já Juvenal ganha cada vez mais prestígio na Favela da Portelinha e sabe que pode contar com sua gente. Todos os dias atende pessoas que esperam ansiosas, em uma longa fila, para ouvir seus conselhos. Admirado, Juvenal vai se transformando aos poucos em um líder acima do bem e do mal, no “grande provedor”. Muitos são gratos a ele, como a misteriosa Guigui (Marília Gabriela), que chega à Portelinha só com a roupa do corpo e recebe abrigo; Dália (Leona Cavalli), salva das drogas e promissora carnavalesca da escola de samba da comunidade; e Bernardinho (Thiago Mendonça), chef de cozinha graças ao curso de culinária pago por Juvenal.
Apenas com o passar do tempo é que o poder deste grande líder é contestado. Evilásio (Lázaro Ramos), filho do carpinteiro Misael Caó (Ivan de Almeida), cresceu na Portelinha, é um dos preferidos de Juvenal, mas, depois de adulto, não vê mais razão para seguir um comandante. Acredita que cada um tem que ser dono de seu próprio destino e passa a não aceitar todas as regras estabelecidas pelo fundador da comunidade.
A paixão entre Evilásio e Júlia
A doçura e a honestidade de Evilásio aos poucos também conquistam os moradores da Portelinha e duas belas mulheres um tanto diferentes. Solange (Sheron Menezes) é filha de Juvenal, mas só conhece o pai já adulta, depois da morte de sua mãe, quando é obrigada a ir viver com ele. Criada em São Paulo, é avessa à idéia de morar em uma favela carioca, mas se encanta com Evilásio. Júlia (Débora Falabella) teve uma infância repleta de mimos, nasceu em uma abastada família da Barra da Tijuca e se apaixona perdidamente por Evilásio ao visitar a Portelinha para a produção de um documentário.
O coração do jovem às vezes até se confunde, mas é com Júlia que Evilásio vive uma grande história de amor, daquelas dignas de Shakespeare. Ele, negro e pobre. Ela, rica e branca. Os dois com os mesmos valores e anseios, para desespero da mãe da menina, Gioconda (Marília Pêra), do pai Paulo Barreto (Stênio Garcia) e do irmão Barretinho (Dudu Azevedo). A matriarca da família não consegue suportar a idéia de ver a filha casada com Evilásio. Gioconda parece ser a última dama da sociedade carioca e o rapaz não é o que ela chamaria de um bom partido. O que seus amigos vão pensar? Imagina o que dirá a mulher de Gabriel Duarte (Oscar Magrini), que trabalha com seu marido e tem uma daquelas famílias emergentes típicas. Maria Eva Monteiro Duarte (Letícia Spiller), mulher de Gabriel, é uma perua da Barra da Tijuca, que tem mania de imitar Eva Perón e acha incrível a coincidência de seus nomes. Até chegou a cozinhar macarrão com mortadela nos períodos de crise que antecederam a negociação com Marconi Ferraço, mas isto não é bem o que as pessoas precisam saber. Já bastam as reclamações de seus filhos Petrus (Sérgio Vieira) e Ramona (Marcela Barroso).
Dois amores, uma universidade
Em um dos luxuosos condomínios da Barra da Tijuca moram Branca (Susana Viera), a dona da Universidade Pessoa de Moraes, e seu marido João Pedro (Herson Capri), o Joca. Os dois têm uma rotina feliz e formam um casal visivelmente apaixonado. Branca recebe carinho e atenção e, exatamente por isto, nunca pensou que pudesse ser traída. E é da pior forma que descobre estar enganada: pelos jornais.
Durante 20 anos, Joca se encontra com Célia Mara (Renata Sorrah), com quem vive outra grande história de amor. No passado, quando ainda eram adolescentes, ela se entregou para João Pedro e chegou até a se tornar sua noiva, mas o rapaz rompeu o relacionamento para se casar com Branca e colocar o antigo sonho de montar uma universidade em prática. Apaixonado pelas duas mulheres, dá um jeito de reatar com Célia Mara e mantém os dois relacionamentos por 20 anos.
Já reitor da Universidade Pessoa de Moraes, cotidianamente arruma uma suposta reunião e dribla Branca para se encontrar com a amante. Num determinado dia, para agradar Célia Mara, João Pedro concorda em levá-la a um circo e ali, entre crianças e palhaços, uma bala perdida o atinge. O pânico é geral. Célia grita apavorada em meio à multidão e segue em uma ambulância com o amado para o hospital. Os médicos tentam salvá-lo como podem, mas não há mais nada a fazer: João Pedro está morto.
Na manhã seguinte, todos são surpreendidos pelos jornais. Na capa, uma foto de João Pedro e Célia como se fosse ela a ilustre viúva do reitor. Um rapaz que também estava no circo havia tirado a foto com o celular, sem que ninguém percebesse. É assim, pela imprensa, que a família de Célia e a de Branca descobrem esta relação às escondidas e a reação de ambas é devastadora.
Antônio (Otávio Augusto), marido de Célia, não pensa duas vezes e a expulsa de sua vida. Descontrolado, demonstra sua raiva, indica as malas já prontas da esposa e lhe mostra o caminho da porta. Do lado de fora, os vizinhos a esperam hostis, dispostos a tudo com o jornal nas mãos. Só sua filha Clarissa (Bárbara Borges) é capaz de impedir que ela seja linchada pela multidão. Desolada, Célia Mara vai ao encontro do pai, mas não consegue abrigo. Manoel (Sérgio Viotti) morreu de tristeza, pouco antes, recusando-se a sair de sua antiga casa para que a prefeitura alargasse a avenida onde morava.
Sem saber disso e tendo encontrado a porta fechada, Célia Mara acha que o pai lhe negou ajuda e decide procurar a prima Alzira (Flávia Alessandra). Dorgival (Ângelo Antônio), o marido de Alzira, é enfático em dizer que não permitirá que Célia conviva com seus filhos Dorginho (ator a confirmar) e Manuela (Luana Dandara). Desempregado há 15 anos, ele não imagina que o salário da esposa venha do que Alzira sabe fazer melhor: massagem.
Ouvindo risos e chacotas dos passantes, Célia Mara é socorrida por Zé da Feira (Eri Jonhson) e Dona Setembrina. “Vim lhe buscar para ficar um tempo no meu terreiro. Lá é um bom lugar para pensar na vida”, diz a mãe-de-santo, explicando que Alzira pedira ajuda para a prima.
Branca também vê sua vida desmoronar. A brutal morte do marido e a traição durante tantos anos provocam uma raiva avassaladora. Ela até insiste para que a filha Sílvia (Alinne Moraes) não volte de Paris, onde está estudando, para o enterro do pai, mas a jovem quer se despedir de João Pedro e passar este momento com a família. Mal sabe ela que encontrará aqui um grande amor e mais uma desgraça: Marconi Ferraço.
Grandes reviravoltas
Apesar do escândalo, Branca e Célia Mara reconstroem suas vidas. A empresária resolve assumir a Universidade Pessoa de Moraes - da qual João Pedro sempre esteve à frente - e transformá-la em uma instituição de excelência. Para tanto, enfrenta até o tradicional professor Heriberto Gonçalves (Paulo Goulart) e busca a ajuda de Fernando Macieira (José Wilker), um intelectual que conheceu em Paris, em uma reunião da Unesco, e que volta ao Brasil repleto de idéias.
Já Célia Mara decide ajudar a filha que sofre de dislexia, estudando com ela para o vestibular, e acaba se animando a também fazer o concurso. O que nem ela imaginava é que sua inteligência a destacaria dos outros alunos e a tornaria notória na universidade, para desgosto de Branca. O destino fará com que as duas dividam novamente o mesmo espaço e, futuramente, as atenções de Macieira.
Pouco depois parte com os policiais que chegam ao local para Passaredo, uma fictícia cidade no sul do Brasil, onde a menina de 18 anos receberia uma das piores notícias de sua vida. Ao lado de suas duas grandes amigas - a empregada da casa Jandira (Totia Meireles) e a filha dela e sua irmã de criação, Luciana (Vanessa Giácomo) -, Maria Paula sabe que perdeu os pais. A dor é arrebatadora e a tristeza só encontra consolo no depoimento do forasteiro Adalberto, que diz ter ouvido as últimas palavras de sua mãe. “Cuida de minha filha! Ela vai ficar muito só”, repete ele, como se sua presença ali fosse o último desejo de Gabriela.
Ingênua e perdida, Maria Paula aceita o carinho deste homem, ainda que todos desconfiem do rapaz. Claudius (Caco Ciocler), advogado da família e apaixonado por ela, alerta a jovem inúmeras vezes, mas o coração de Maria Paula não o escuta. Em pouco tempo, ela se entrega ao forasteiro. Casamento, sonhos, comunhão de bens, procurações. Achando que construía uma nova família, Maria Paula tem mais uma surpresa. Adalberto lhe rouba tudo: todos os seus bens e sua dignidade. Da história, ficam apenas a lembrança de alguns momentos de felicidade e um filho, que Adalberto não sabe que vai ter.
Será que um dia este homem misterioso será encontrado? Qual o verdadeiro nome do rapaz por quem se apaixonou? Enquanto estas perguntas não têm respostas, Maria Paula se vê obrigada a tomar as rédeas de sua vida. E é em São Paulo que começa uma nova etapa. Após uma dolorosa despedida de Claudius, Maria Paula tenta a sorte na cidade grande ao lado de Jandira e Luciana, tornando-se uma mulher forte e batalhadora. Adalberto, agora milionário, parte para o Rio de Janeiro.
Antes mesmo de se casar, o rapaz tinha visto um anúncio do Blue Lagoon, um grande complexo na Barra da Tijuca, bairro do Rio de Janeiro. A construtora falida precisava de um comprador que assumisse os custos da obra e esta parecia a oportunidade perfeita para colocar em prática seus planos de se tornar um respeitável empresário da construção civil. Para tanto, aciona, através do telefone encontrado no anúncio, Gabriel Duarte (Oscar Magrini), engenheiro e ex-gerente geral da firma, que se torna testa de ferro do negócio até Adalberto poder aparecer. Para fazer parte da sociedade carioca, sabe que precisa deixar seu passado para trás, mudar novamente de nome e, desta vez, também de rosto. Para que seus planos dêem certo, não pode correr o risco de que alguém o reconheça.
Em uma clínica brasileira, acompanhado da amiga Bárbara Carreira, chamada por um inesperado telefonema, Adalberto se submete a diversas cirurgias plásticas, pelas mãos de um famoso médico hondurenho. Com a face completamente modificada, assume sua nova identidade: a do empresário Marconi Ferraço.
Enquanto isso...
Marconi não suspeita que em torno do negócio que vislumbra há muitos conflitos. A GPM Empreendimentos Imobiliários trouxe vários nordestinos para o Rio de Janeiro e, falida, não tem mais como mantê-los na cidade. Na verdade, os donos da empresa não estão preocupados com isto: a idéia é mandar os trabalhadores de volta à terra natal com a vã promessa de que, ainda no caminho, dentro do ônibus, recebam seus honorários. Não contavam, contudo, com que o chefe de segurança Juvenal Antena (Antonio Fagundes) fosse pedir demissão e se juntar aos operários na luta por seus direitos, complicando os planos dos mal intencionados chefes.
Rapidamente, Juvenal mobiliza os outros seguranças, arranca o boné e a farda e “deixa de ser escravo para se candidatar a rei” - como ele próprio define. Nos dias que se seguem, permanece ali com famílias inteiras, que tentam se acomodar em alojamentos improvisados. Numa reunião, sob os olhares atentos de Dona Setembrina (Chica Xavier), do pastor Lisboa (Ricardo Blat) e de Geraldo Peixeiro (Wolf Maya), pessoas importantes do grupo, fala de seu grande sonho: construir a Favela da Portelinha, um local onde não deixaria faltar nada para seu povo. Depois de algumas conversas, muito planejamento e um aviso certeiro do político Narciso Tellerman (Marcos Winter), que os alerta sobre o momento de agir, decidem invadir um terreno baldio próximo à antiga obra.
Uma rua é escolhida para o comércio e as demais são destinadas às famílias. Há espaço para o terreiro de Mãe Setembrina, para a igreja do pastor Lisboa, para a associação de moradores, uma rádio e o que mais inventarem. Só não são permitidas drogas e violência. Quanto a isto, o carismático líder Juvenal Antena é irredutível. É em paz que esta comunidade se forma aos olhos de todos - ou quase todos.