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Marca Bahia Notícias Holofote

Entrevista

Ele não tem papas na língua,nem medo de censura,mas tem medo de morrer.Quem é ele? Clique já

Timpin. Quem ainda não ouviu falar nesse nome, que se prepare, pois ele começou o seu trabalho com música popular, de fato, neste ano e neste pouquíssimo tempo já tem deixado muitos empresários e cantores de banda carecas. Ele não possui uma identidade, pelo menos, não uma conhecida. Como se mete em terrenos não autorizados, precisa usar um pseudônimo para preservar a própria vida, como ele diz. Isso mesmo. Um jornalista curitibano, estudioso da música popular brasileira, que faz uso de pseudônimos. Isso não te lembra alguma coisa? Então, vamos ao refresco de memória: censura, repressão e todos os seus AI's... Bingo! Parece que voltamos no tempo e estamos vivendo na época da ditadura. Exagero? Timpin acha que não e, se você ler essa entrevista do início ao fim, vai entender do que a Coluna Holofote está falando. Ok. Vamos esclarecer um pouco desse babado fortíssimo para você, leitor querido. Nos últimos dias, começou a surgir na mídia uma história de que a famosa banda Djavú aqui da Bahia, que vem ganhando o cenário nacional, não passa de um plágio da banda Ravelly, desconhecida dos baianos, mas velha amiga do pessoal lá do Belém do Pará, terra natal da banda que se diz plagiada. E quem tem descoberto cada vez mais "podres" referentes a essas bandas é o nosso apimentado entrevistado. Timpin tem descoberto tanta coisa, que os empresários das bandas citadas não param de ligar para cá tentando segurar a peteca aqui, a peteca aculá e tamanho é o "cabelo" dessa história, que até o programa dominical da Rede Globo está interessada na novela. É FAN-TÁS-TI-CO!




"Eu com receio de criar um barraco bacana? Você está usando drogas? Pois vá tomar seus remédios e a gente procede a entrevista"



Coluna Holofote: Quem é Timpin?
Timpin:
Um cara aí, surgido das profundezas do nada e que, numa tarde de sábado, tomando cerveja e escutando Tchê Garotos, Fernando & Sorocaba e Aviões do Forró, bateu os olhos na capa do livro Além do Bem e do Mal, de Friedrich Nietzsche e teve uma epifania: "Será que existiam mais pessoas como ele, que escutavam ritmos verdadeiramente populares e que gostassem de ler?" Como de resto a maiora das epifanias, a dele também foi seguida por uma cabulosa rede de sincronicidades, como se um gatilho tivesse sido apertado. Na segunda-feira, ao chegar ao trabalho e acessar o blog do André Forastieri, lá estava o texto noticiando que ele havia sido contratado pela MTV para tocar um novo blog musical. E esse blog, segundo ele, seria criado pela multidão e quem apresentasse um proposta bacana, teria seu espaço. Timpin apresentou sua proposta de uma coluna semanal falando sobre ritmos populares de maneira respeitosa, como se fosse música pop como qualquer outra. Ganhou seu espaço e desde abril deste ano está aí, fazendo alguns barulhos, escrevendo sobre o que gosta, conhecendo certos amigos e escolhendo os inimigos certos. E se divertindo muito, naturalmente.



CH: Por que você faz uso de pseudônimo?
Timpin:
Por causa dos inimigos certos da reposta anterior.



CH: Você se considera o grande responsável por esse “boom” envolvendo o nome das bandas Ravelly e Djavú?
Timpin:
Não diria responsável... Esse termo não combina muito com minha personalidade, eu diria mais o catalizador. As peças do dominó já estavam todas posicionadas, de pé, uma ao lado da outra. Faltava só um dedinho folgado que empurrasse uma delas.



CH: Qual a sua ligação com essas duas bandas?
Timpin:
Nenhuma além de mero ouvinte. Não conheço ninguém das bandas, pelo menos até começar as investigações e não sou parente nem dos engraxates de nenhuma delas.



CH: Como começou essa sua pesquisa a respeito das bandas Ravelly e Djavú?
Timpin:
Assim que os vídeos da Djavú no Youtube começaram a aparecer e os comentaristas começaram a denunciar. Eu já tinha baixado alguns shows da Djavú, porque uns contatos no interior do Pernambuco haviam me alertado que eles estavam fazendo sucesso por lá. Como quase tudo que bomba no sertão acaba estourando no resto do país por efeito de amplificação do migrantes nordestinos de São Paulo, comecei a prestar atenção neles. Com as denúncias de plágio no youtube, minha atenção foi redobrada devido ao meu hábito de virtude questionável que é apreciar uma boa fofoca.



CH: Você acusa a Djavú de plagiar a banda Ravelly. Por quê?
Timpin:
Porque uma dupla de empresários de Capim Grosso, interior da Bahia, ao levar um "bolo" da Ravelly para uma turnê na região, resolveram montar uma banda a toque de caixa, gravar as mesmas músicas, do mesmo jeito e partir pra briga.



CH: Mas não é normal bandas cantarem músicas de outras, seguir o mesmo ritmo, isso não faz parte do mundo da música?
Timpin:
Normal dentro de certos limites éticos e respeitando o bom senso. Os Aviões do Forró, por exemplo, fazem isso o tempo todo. Só que eles não vão tocar as músicas na TV, comportando-se como se fossem suas e mudando o nome da música nas legendas para enganar os telespectadores. Por exemplo, os Aviões tocam várias músicas do Bonde do Maluco, mas você não vê o Xandy do Avião dando entrevista dizendo que o arrocha é o novo ritmo cearense, vê? No começo, o pessoal da Djavú fez isso, o que fere o bom senso. Diante do estouro nacional, procurar os autores das músicas para regularizar a situação seria o mínimo que a Djavú deveria fazer em termos de ética, afinal, tamanho sucesso não vai ficar de fora dos livros de história e como a banda será citada nesses livros, deveria ser uma preocupação do pessoal da banda.



CH: Já que é assim, a Ravelly copiou a Calypso. É isso?
Timpin:
Como dizia Vicente Mateus, lendário presidente corintiano, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A Banda Calypso é fruto de uma maneira peculiar e extremamente original de Chimbinha tocar sua guitarra. Essa maneira ele azeitou participando da gravação de mais de 200 discos de artistas bregas paraenses nos anos 90, como músico de estúdio. Após o estouro do calypso como ritmo, depois dos anos 2000, as bandas bregas do Pará, diante das dificuldades financeiras impostas pelo custo de ter um guitarrista de calypso na banda, começaram a reproduzir aquele dedilhado nos teclados. Foi assim que foi surgindo o tecnobrega. Isso no começo da década, através de bandas como a Tecnoshow de Gabi Amarantos. Já a Ravelly é uma banda nova, estreou em 2007 e a distância entre ela e a Calypso é maior que a da minha casa e do bunker de Osama Bin Laden. O pessoal costuma muito associar qualquer coisa referente ao brega à Banda Calypso pelo fato da banda da Joelma aparecer muito na mídia sem nunca ser tratada como manifestação cultural autêntica, coisa que ela é de fato, mas sim como uma peculiaridade tosca criada pelo mal gosto do povão.



CH: Há quanto tempo existe essa história da banda Djavú plagiar a Ravelly?
Timpin:
Como falei, desde a segunda metade do primeiro semestre deste ano.



CH: E por que só veio à tona com o estouro da banda Djavú?
Timpin:
Por causa do orgulho mais uma vez ferido do povo do Pará, que já teve sua lambada roubada pelos cearenses, o cupuaçu roubado pelos japoneses e o Paysandú mais uma vez rebaixado no Brasileirão.



CH: Na sua opinião, a banda Ravelly não está querendo pegar carona no sucesso da Djavú?
Timpin:
Seria muita ingenuidade dizer que não. As queixas por plágio são justificáveis, mas se a Djavú não tivesse feito tanto sucesso, talvez essas queixas fossem apenas assunto de cervejada entre amigos. Inclusive, aqui cabe um detalhe interessante desta novela: depois do estouro da Djavú, os membros da Ravelly original, aquela que gravou as quatro músicas plagiadas,  tiveram suas ambições infladas e entraram em pé de guerra entre si. Atualmente, são três facções trocando farpas, ofendendo seus ascendentes familiares e se dizendo autores das músicas. A cantora e seu marido, que tocam a Ravelly atualmente, a dupla de DJs Leo & Deivid, que fez as bases das músicas, e mais o cantor Marlon Branco.



CH: Como é essa história?
Timpin:
Cada uma dessas três facções me conta uma história diferente e muito provavelmente será mais fácil eu encontrar a bota do pé esquerdo de Judas Escariotes, do que a verdade nesse rolo todo. Aliás, Judas deve estar se divertindo muito diante de tamanha profusão de trairagem desgovernada.



CH: Hum. Então, voltando à Ravelly e Djavú. A banda Ravelly não deveria ser grata à Djavú por estar colocando o ritmo nas paradas de sucesso?
Timpin:
Não só a Ravelly, como a cena de tecnobrega inteira do Pará.  Depois da Djavú, as aparições de artistas paraenses em programas como os de Raul Gil, Ratinho e Netinho aumentou consideravelmente, a ponto de atrair a atenção da Som Livre, que no dia 19 de dezembro, ainda este mês, vai a Belém gravar um DVD com quatro bandas de tecnobrega, reunindo as principais festas de aparelhagem da cidade. Se você não gosta de tecnobrega, acha mais interessante toques de celular, é melhor começar a ligar para agências de viagem e checar os custos de uma mudança para o Azerbaijão ou as Polinésias Francesas.



CH: Você tem algum receio de acabar criando um mal-estar entre baianos e belenenses?
Timpin:
Eu com receio de criar um barraco bacana? Vou devolver a pergunta. Você está usando drogas? Pois vá tomar seus remédios e depois a gente procede a entrevista.



CH: O empresário da banda Djavú, Paulo Palcos, confessou a esta coluna que o tecnobrega já existe há mais de 40 anos e que a banda Djavú a retirou do fundo do baú para colocá-la nas paradas de sucesso. É verdade?
Timpin:
Tecnobrega existente há mais de quarenta anos? Creio que você deva fornecer alguns de seus remedinhos a este cidadão. Só se, do alto de sua intelecção privilegiada e profundo conhecimento musical ele estiver confundindo tecnobrega com bossa nova. Nem o brega existe há 40 anos. O brega surgiu nos anos 70, depois que a jovem guarda minguou devido ao fato de Roberto Carlos resolver cimentar sua carreira como cantor romântico. Foram pessoas como Reginaldo Rossi, Odair José e Amado Batista que adaptaram a Jovem Guarda ao seu modo de tocar que criaram o brega.



CH: Paulo Palcos disse que a banda Djavú é que é vítima de mais de 30 plágios. Você confirma?
Timpin:
Acho que ele está sendo modesto. As variantes de Djavú, do naipe de T Javu, DJ Javu, D JJavu e quejando já são tantas que é capaz do alfabeto não dar conta. Não duvide que o pessoal apele para a numeração decimal ou romana e surja uma DJA XXIIICU no Roadstar do Chevete daquele seu vizinho famoso por amargar gaias ao som de um brega qualquer.



CH: Você conhece Paulo Palcos? O que você sabe sobre ele?
Timpin:
Não conheço, não quero conhecer e alimento um profundo, sincero e lancinante pesar por quem o conhece. E o que sei sobre ele, se falar aqui na Holofote, vai elevar a idade mínima de quem é permitido acessá-lo e acho que isso não é do interesse de nenhum dos anunciantes. Ou estou errado?



CH: Recentemente, você fez novas descobertas, quais foram?
Timpin:
Que a Ravelly não foi a única roubada, mas apenas a que está gritando mais alto. Uma das músicas de maior sucesso da Djavú chama-se "Me Libera", cujo refrão "O que pensa que eu sou / se não sou o que pensou / Me libera / não insista / vai buscar um outro amooooor" é cantado até pelo papagaio da Dona Quitéria, proprietária do Bar Quitéria, lá no meu bairro, não é da Ravelly. Ela é do Dj Max, da banda Morena Cor e o vocalista Geanderson da Djavú vive dizendo na TV que tem autorização do autor para cantá-la onde quiser, o que é uma inverdade. Max autorizou a utilização dela na gravação de apenas mil CDs de áudio, apenas isso. No entanto, ela já foi tocada até no Programa da Eliana sem que o compositor recebesse um centavo pelo mérito de sua criação. Geaderson me disse que cabe ao Max provar que não liberou. Agora, sei lá, eu posso estar sofrendo de confusão mental devido à estafa desta investigação toda, mas me responda: Como alguém faz para mostrar um documento inexistente que prove a inexistência do mesmo documento?



CH: Por que esse interesse de ir mais a fundo e desvendar todas essas “sujeiras”?
Timpin:
Por uma questão de justiça, pelo fato de em 1998, cidade de Carnaubera da Penha, interior de Pernambuco, horas depois de me descobrir corno, um disco de Roberto Villar salvou minha vida de mim mesmo. Virei fã de brega. E também pelo fato de saber que vivemos num país com uma riqueza musical sem par no planeta e que essa riqueza é desprezada pela crítica cultural como uma coisa menor, fruto de um povo brejeiro. Isso só aocntece aqui. Se você tomar um país como os Estados Unidos, que pegou o blues dos pretos - e olhe que eles eram e são mais racistas que nós! - e transformaram no rock n' roll dá vontade de enfiar o dedo lá naquele lugar e puxar até rasgar, de vergonha de ser brasileiro e ter um mínimo de formação escolar.



CH: Você tem lucrado alguma coisa com essa história?
Timpin:
Timpin não, mas minha quase xará Tim Telecom, com toda a certeza.



CH: Tem alguém por trás de você?
Timpin:
Ui! Tá me tirando, ô profissional da imprensa? Sou heterosexual sindicalizado, praticante e só não pago dízimo porque minha religião não permite.



CH: Qual a sua opinião pessoal sobre as bandas Ravelly e Djavú?
Timpin:
Sou fã, escuto direto "ambas as duas".  Quando o pessoal me pergunta minha posição neste imbróglio, costumo parafrasear um senador da república em resposta a uma pergunta cabeluda do pessoal do CQC da Band: "Não sou contra e nem a favor, muito pelo contrário. A versão que a Djavú fez da música "De Tanto Te Querer" do Jorge & Mateus ficou "do cacete"!



Por Fernanda Figueiredo