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Entrevista

No Queen Stars, Katha Maathai conta vivências como drag queen no interior da Bahia

Por Alexandre Brochado

No Queen Stars, Katha Maathai conta vivências como drag queen no interior da Bahia
Fotos: André Medina e Gau Saraiva

Foi soltando a voz e entregando performances coreografadas que Katha Maathai se tornou um dos destaques da primeira temporada do Queen Star Brasil, reality drag da HBO Max apresentado por Luisa Sonza e Pabllo Vittar. Baiana, nascida em Teixeira de Freitas, Katha revelou, em entrevista ao Bahia Notícias, as dificuldades enfrentadas por drag queens que vêm do interior.  


 
Segundo ela, que já faz arte drag desde 2018, o que falta para as drag queens do interior é oportunidade, como a de poder se apresentar em casas de show LGBTQIA+, já que no interior do estado não há espaços desse segmento. “Drag queens da capital tem mais oportunidades de fazer show, de conhecer gente importante que levam até outros meios de trabalho. Então essa é a palavra: oportunidade. Para nós que somos do interior é difícil de fazer show”, explica Katha. 

 


 
Sobre o Queen Stars Brasil, a artista disse estar feliz por ter feito parte da primeira temporada do programa, podendo transmitir seu trabalho para todo o Brasil, além de conhecer estrelas como Pabllo Vittar, Luisa Sonza, Diego Timbó, Vanessa da Mata, Thiago Abravanel e entre outros famosos que marcaram presença no decorrer dos episódios. 


 
Soltando a voz no reality e mostrando seu gingado baiano, Katha disse ao BN que sua drag possui referências nacionais e internacionais, como Michael Jackson, Rihanna, Beyoncé, Pabllo Vittar, Luisa Sonza e Glória Groover. “Desde que me entendo por gente sempre quis ser artista e minha alegria é conseguir tocar as pessoas de alguma forma, mudar a vida delas de alguma maneira”, afirmou. 

 


(Foto: Divulgação / HBO Max)


 
O que você poderia nos falar sobre a experiência de fazer parte do Queen Stars Brasil? 

Estou muito feliz de estar no Queen Stars Brasil, ainda mais nós que somos cidade pequena trabalhando com arte drag, é uma coisa muito escassa, lugares para fazer shows, materiais para se montar, mas conseguimos. Estar chegando para o Brasil e conhecer estrelas maravilhosas como a Pabllo Vittar, Luisa Sonza, os jurados Diego Timbó, Vanessa da Mata, o Thiago Abravanel e toda aquela galera que teve por lá foi incrível, e agora está aí para o Brasil e para o mundo ver esse programa maravilhoso. 


 
Como surgiu seu contato com a arte drag?

Meu contato com a arte drag foi em 2018, em dezembro de 2018 eu realizei minha primeira apresentação como drag, e antes disso trabalhava com música e eu nunca tinha pensado em me montar. Um amigo meu, o John, havia me convidado para participar de um evento que ocorreu na Câmara da cidade de Teixeira de Freitas em comemoração dos 70 anos da declaração dos Direitos Humanos. Lá ele fez um discurso sobre diversidade e eu cantei "Indestrutível" da Pabllo” e aí me tornei e estou até hoje sendo drag queen.


 
Como é ser drag queen no interior da Bahia?

Acho que a palavra principal é oportunidade. Drag queens da capital tem mais oportunidades de fazer show, de conhecer gente importante que levam até outros meios de trabalho. Então essa é a palavra: oportunidade. Para nós que somos do interior é difícil de fazer show, aqui mesmo em Teixeira de Freitas não tem uma casa LGBTQIA+ que possamos dizer: “Vão ter shows”. Tem algumas festas que conseguimos nos apresentar, mas é muito difícil mesmo. De capital você já tem boates voltadas ao público LGBTQIA+, voltadas para o público drag que consegue fazer shows de fato e ter uma renda mensal com isso. 

 

Quais referências você atribui a sua drag? 
Eu como referência principal, de artista masculino, trago o Michael Jackson, sempre foi uma referência para mim de voz e de performance, é o que levo para minha vida: ‘Quero ser assim como ele algum dia’. De artistas femininas, tem a Beyoncé, tem a Rihanna, que são artistas incríveis que conseguem entregar tudo que nós queremos, seja em clipes, em performances ao vivo, shows… aqui do Brasil tem a Pabllo, a Luísa, a Gloria Groove, que são artistas que vêm ultrapassando barreiras com a arte delas e chegando a cada vez mais longe, a Pabllo e a Glória, ,principalmente, que são LGBTs, que são drag queens, estão rompendo a bolha dessa forma que vemos hoje em dia. isso pra mim é gratificante ver e serve de inspiração para o meu trabalho.

 

O que você busca transmitir ao público através da sua drag?
Busco transmitir verdade, o amor que tenho pela arte… desde que me entendo por gente sempre quis ser artista e minha alegria é conseguir tocar as pessoas de alguma forma, mudar a vida delas de alguma maneira. Sempre que vejo, principalmente com o programa agora indo ao ar, as pessoas chegando, vindo por mim ficando felizes de verdade pelo o que eu estou fazendo e por onde estou chegando e isso é gratificante para mim. 

 

Sobre estar no meio de diversos artistas conceituados no Queen Stars Brasil, como foi essa experiência?
Primeiro que eu falei a todo mundo que eu fingia costume. Perto de tanta gente famosa, perto de tanta gente que a gente vê na televisão e que a gente admira tanto. Estar no meio deles foi maravilhoso. Um aprendizado incrível, um palco gigantesco. Tanto os jurados que estavam lá de fato como jurados fixos quanto os jurados convidados foram maravilhosos. Eu lembro que toda vez que a gente ia pra gravar. A gente começava a cantar todo mundo junto música dos jurados convidados que era incrível. Isso acabou não indo pro ar, mas foi lindo de ver e assim. A união de tantas meninas, tanto dos jurados quanto com a gente quanto da Pablo e da Luísa com a gente era lindo de ver.


 
Entre as apresentações que já foram exibidas, qual você teve mais dificuldade e qual você mais se orgulha? 
Olha, vou citar a que mais me orgulha e a que mais me deu trabalho. Agora já temos sete episódios. A que mais me deu trabalho foi a do sétimo episódio que foi “Sangue Latino” do Ney Matogrosso. Eu não conhecia a música. Conheci lá no programa e pra mim foi um desafio porque a música tem algumas repetições. Mas não são repetições assim… são algumas coisas de letra mesmo que se você perder uma palavrinha você não consegue chegar lá na frente, sabe? E ao decorrer do tempo do programa foi tanta coisa que foi batendo na cabeça da gente a pressão de estar em uma competição, tudo isso acabou fazendo algumas coisas que vocês vão ver lá. Não vou dar spoiler. Mas foram muito importantes para um desfecho. Digamos assim. 


 
A que eu mais me orgulho assim, são duas na verdade que são “We Found Love" da Rihanna que eu sou super fã. Que foi uma das que mais me representou artisticamente. No programa de ter cantado essa música é “Taradinha” da Lexa que eu conheci lá também no programa , mas que tipo casou super com minha personalidade, com minha pessoa e todo mundo fala dessas duas apresentações como sendo as minhas melhores apresentações, então eu fico muito feliz com isso e também acho isso. 


 
Como ocorre a seleção das músicas no programa?
Foi pedido uma lista pra gente de músicas que a gente gosta ou gostaria de cantar no programa. A partir disso, foi escolhido. As que foram pro ar não foi escolhidas por nós, mas foi com base no que a gente mandou de inspiração pra cantar no programa.


 
Ainda temos alguns episódios do reality pela frente para serem exibidos, mas mesmo sem sabermos se você está entre as ganhadoras do Queen Stars, quais são os seus próximos projetos?
Então, vou contar em primeira mão pra vocês uma novidade gigantesca que vim preparando há muito tempo. No último fim de semana eu acabei de gravar meu clipe novo, vem música aí. Meu primeiro projeto, assim, autoral de fato. Eu vim de uma música sobre a pandemia no final de 2020, duas participações como feat em músicas de amigos meus. Agora estou voltando ao meu trabalho solo oficialmente pós Queen Stars com minha música de trabalho que vai sair no próximo mês. Provavelmente, data eu não vou ainda dizer, porque a gente tá ainda estudando o melhor dia, mas vem música aí. Eu estou com o projeto de fazer um EP após essa música. Então vem muitas novidades. 


 
No programa vocês tinham que soltar a voz e era cobrado uma certa técnica. Como surgiu a sua história com a música, você já cantava antes?
Então, eu trabalho com música aqui na minha cidade desde 2014. Já fiz barzinho, fiz muitas coisas. Sempre foi assim essa coisa de aprender sozinho, nunca fiz aula de música, tá? De canto, nem nada. Mais estudando pela internet mesmo, alguma coisa ou outra fazendo algumas coisas, enfim… é quando eu comecei a trabalhar como drag, com um palco mesmo foi assim bem naturalmente, mas nunca fiz aula nem nada. Sempre foi ali na raça.

 
 
Se tivesse que dar uma dica para quem sonha em ser uma Queen Star, qual conselho você daria?

Trabalho duro, foque no que você ama, principalmente porque a partir disso você vai conseguir fazer coisas maravilhosas. Tenha foco, essa é a principal palavra. Você tendo foco, objetivo no que você quer pra sua vida você vai chegar longe. Jamais desista porque assim, a gente sabe que é difícil. É muito difícil, ainda mais sendo drag, sendo gay. No meu caso sendo uma pessoa preta. É difícil chegar a lugares grandes e que ouçam a nossa voz. Mas independente de tudo isso, não pode desistir jamais porque uma hora o universo escuta nossa voz. Uma hora a gente chega nesses lugares e eu estou provando isso agora. Então assim, viva intensamente cada segundo e foque no seu objetivo que você vai muito longe.