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Marca Bahia Notícias Holofote

Entrevista

Aiane Freitas relembra início da carreira: 'Não tinha condições de dividir um apartamento'

Por Antônia Fernanda

Aiane Freitas relembra início da carreira: 'Não tinha condições de dividir um apartamento'
Foto: Reprodução / Instagram

"Da Bahia para o mundo" parece ser uma frase clichê, né? Mas essa é a realidade de diversos artistas e famosos baianos. Dentre eles, está a modelo e influenciadora digital Aiane Freitas, de 27 anos, que traçou um longo caminho para chegar onde está hoje. A baiana é natural de Irecê, no interior do estado, e aos 17 anos se mudou para Salvador em buscar da realização de um sonho: ser uma modelo famosa.

 

O fato de ser de uma família humilde, do interior e com poucas oportunidades nunca a intimidou. Seguir carreira na capital baiana não era mais o suficiente, seus planos eram maiores. Sete anos depois, ela desembarcou em São Paulo, e um ano depois, em 2018, ela foi Miss Hortolândia e participou do Miss São Paulo Universo. Após o concurso, entrou para uma das maiores agências de modelo do país, fez trabalhos na Europa, e desde então nunca mais parou de crescer profissionalmente. Hoje ela acumula mais de 1,6 milhão de seguidores no Instagram, faz parte da turma do Carlinhos Maia e realiza diversos trabalhos como modelo.

 

Durante o bate-papo com o Bahia Notícias, Aiane conta como saiu do interior da Bahia para brilhar nos palcos da internet ao lado do humorista, como superou o relacionamento abusivo com o ex-namorado e responde se tem medo “cancelamento”.

 

Quando você começou a trabalhar na internet, quando tudo começou?
Sempre tive uma quantidade boa de seguidores nas redes sociais. Quando sai de Irecê para ir morar em Salvador eu tinha 17 anos. Eu trabalhava como modelo desde criança, sempre gostei desse meio, do mundo artístico. No interior eu fazia alguns trabalhos, sempre participava dos trabalhos nos colégios, fazia várias campanhas. Mas no interior não tem muita oportunidade. Eu queria ir para o mundo.

Já trabalhei como vendedora. Quando eu era adolescente trabalhava com minha mãe de faxineira, babá, de tudo um pouco...Mas sempre foquei em ser modelo.

Vim de família extremamente humilde, mas eu sempre fui muito corajosa. Eu falava para minha mãe que queria ir embora, construir meu futuro e dá uma vida melhor para minha família. Foi tudo muito difícil, fui morar de favor na casa da irmã de um ex-namorado. Foi uma oportunidade incrível, mas fui extremamente humilhada várias vezes.

Em Salvador, fui chamada para uma agência e comecei a trabalhar como modelo, o que era meu sonho. Mas pagava muito pouco, e eu que tinha que me sustentar porque minha família não tinha como pagar as despesas. Passei oito anos em Salvador, trabalhei como assessora de deputado, trabalhei como vendedora, recepção, várias coisas... mas meu foco principal era a carreira artística. Em 2017, já não tinha mais para onde crescer, já tinha chegado meu limite, e eu precisava correr atrás do meu futuro. Então decidir ir para São Paulo. Me apaixonei. Passei uns 17 dias e pensei: ‘É aqui que eu vou morar’. Quando eu decidir morar, fui falar com a minha família e todo mundo ficou contra mim, mas eu sempre fui muito determinada. Independentemente de qualquer coisa eu preciso ir atrás do meu futuro e abraçar a oportunidade.
 

Como foi essa mudança para São Paulo?
Eu não tinha condições nem de dividir um apartamento nessa época. Fui para casa da Drica (uma amiga), só que ela morava muito longe. Conheci o Gê, que era melhor amigo dela e se tornou meu melhor amigo também. Morei na casa desse amigo. Era um duplex, só tinha um quarto e eu dormia no sofá. Mas ele cedeu a casa dele, foi um anjo na minha vida. Quando cheguei em São Paulo foi bem difícil porque ninguém me conhecia ainda.  Comecei a trabalhar no Brás, ia de madrugada para trabalhar de modelo. Ficava no salto de 5 horas da manhã até às13 horas e ganhava uma mixaria.


Fui conhecendo as pessoas e me encaixando em um meio social muito bom e as oportunidades foram surgindo. Uma coordenadora de um concurso de Miss me viu no Instagram e me convidou para participar do Miss São Paulo. Foi uma visibilidade muito boa e eu entrei para a agência Mega Model Brasil. Passei temporada fora do Brasil, já passei temporada no Chile, já fiz trabalhos em Paris, em Londres...vários lugares. Por conta do Miss e das minhas fotos como modelo, eu comecei a ganhar uma quantidade boa de seguidores.

 

 

                

Foto: Arquivo Pessoal

Sabemos o quanto é difícil para a mulher sair de um relacionamento abusivo. Você já relatou que passou por isso. Como foi esse processo?
Quando começou a pandemia, foi uma reviravolta em minha vida. Eu estava em um relacionamento extremamente abusivo. Ele me proibia de fazer tudo, eu não podia postar uma foto no Instagram.

No começo ele era um príncipe, dizia que ia me apoiar em tudo, que eu tinha futuro. Só que isso era só para me conquistar. Ele reclamava de qualquer foto que eu postava. Dizia que os “machos” iam mandar mensagens para mim. Sofri muito. Ele me colocava para baixo para ele se sentir bem. É muito difícil sair de um relacionamento abusivo. Durou mais ou menos oito meses. Eu consegui me libertar, e foi quando começou a quarenta.

Fui passar uma semana com minha família na Bahia achando que a quarentena seria uma semana. Mas começou a quarentena de verdade, e eu não tinha como voltar para São Paulo. Foi coisa de Deus, porque foi assim que me libertei desse relacionamento.


Quando surgiu o encontro com Carlinhos Maia?
Como estava tudo fechado, não tinha como eu trabalho como modelo, foi oportunidade de eu trabalhar com o Instagram.  Eu vim para Maceió, comecei a postar as coisas no Instagram, a conversar com as pessoas e elas começaram a se conectar muito comigo. Um certo dia eu estava na casa de um fotógrafo e o Carlinhos Maia, que conhece ele, ligou e falou: 'A gente está na casa da Barra, tomando uma, você não quer vim pra cá?'. E ele falou: 'Eu estou com a Aiane e com a Emily aqui'. Carlinhos perguntou se a gente era gente boa e disse que ele podia nos levar. A gente foi, sem intuito de nada, e fomos recebidas tão bem, fomos acolhidas. Eu tinha um sonho e uma vontade muito grande de conhecer ele pela história dele. Foi uma sensação inexplicável.

Nesse dia a gente começou a gravar na brincadeira do futebol de sabão e foi um marco. Fez muito sucesso, a galera abraçou a gente. Quando eu comecei a gravar com ele a minha vida se transformou num grau...ele deu a oportunidade das pessoas me conhecerem de verdade, conhecer a minha história.

Hoje a gente (ela e Emilly) faz parte da “Família Girassol”. A gente se encontra uma vez por mês para gravar. Nessa pandemia a gente parou, mas voltamos esta semana. A minha vida na internet aconteceu naturalmente.

 

Hoje você se divide entre Maceió e São Paulo. E sua família na Bahia, você visita?
Eu estava lá no final de junho. Fui visitar a minha família, passei São Pedro com eles. Foi incrível.
 

Qual sua maior realização até hoje?
Foi realizar o sonho do meu pai. Ele foi criado sem pai e sem mãe, a família que ele tem é a gente. Ele trabalha desde criança, foi uma vida muito sofrida. Ele sempre dizia que o sonho dele era uma rocinha. A felicidade do meu pai é acordar cedo, capinar, plantar...ele sempre falava isso. Desde quando eu era nova eu dizia: ‘Meu pai eu vou realizar o seu sonho’. Deus abençoou eu fui ver minha família em setembro de 2018. Cheguei de surpresa e foi a maior felicidade do mundo, porque tinha mais de um ano que eles tinham me visto.

 

Eu consegui unir minha família. Com a fazendinha, meu pai mora lá, minha mãe e meu irmão vai para lá todo final de semana. Eles são muito unidos. Meu pai é o cara mais feliz do mundo. Eles se orgulham muito de mim, porque eles veem a minha batalha que não é fácil. Morar longe da família é muito difícil.

 

 

 

Por ser do interior da Bahia, durante o processo de mudança do nordeste para o sudeste você sofreu algum tipo de preconceito?
Sofri muito pelo fato do meu sotaque. Por ser de família humilde as pessoas me olhavam diferente. As pessoas falavam que eu era roceira. Só que isso só me fortalecia, porque eu vou conquistar tudo o que quero e mostrar pra eles que eu sou capaz e tenho muito orgulho disso.

Teve uma época que eu tinha insegurança e tentava ser outra pessoa para agradar os outros. Eu achava que tinha a obrigação de me enquadrar nos padrões deles. Comecei a mudar meu sotaque por achar que era feio. Em Salvador, no próprio nordeste, eu sofri preconceito na faculdade também. Hoje as pessoas me olham de outra forma. Hoje eu tenho status, né?

 


Foto: Reprodução / Instagram

Existe alguma diferença entre a Aiane na internet e a Aiane nos bastidores?
Hoje não mais. Eu já cheguei a mudar para me encaixar. Hoje a que você vê na internet é a mesma que você vê nos bastidores. Eu gosto de passar muito a verdade, eu falo do meu jeito, não importa quem ache ruim.

 

Como lidar com as críticas?
Tem que ter muita terapia. Trabalho muito meu autoconhecimento e meu lado emocional porque não é fácil. As pessoas acham que somos robôs, que estamos ali para aceitar qualquer coisa e que eles têm direito de falar qualquer coisa para gente. Mas não é assim, somos seres humanos. Mas graças a Deus, hoje, 90% são das mensagens são boas.

As pessoas acham que nossa vida é perfeita, dizem que é muito fácil ser influencer, trabalhar com internet. Ninguém sabe o que a gente passa. Tem dias que as vezes eu estou mal, para baixo, mas lembro das mensagens que recebo dos seguidores”

 

Na internet existe essa onda de cancelamento, onde as pessoas acham que têm o poder de cancelar as outras. Você tem medo de que um dia isso aconteça com você?
Eu acredito que todo mundo teme. Seria hipocrisia falar que não teme o cancelamento. Mas eu sempre sou do lado da verdade, sempre tento passar o máximo de verdade possível.

Eu sou totalmente contra a questão do cancelamento porque às vezes a gente fala algo que está sendo interpretado errado, e não porque a gente teve a intenção ruim. As pessoas veem as coisas com maldade, e não enxergam com o coração.

Eu tenho medo, mas não é pelo medo do cancelamento que eu vou deixar de ser eu. Se um dia eu for cancelada, eu vou levar isso como aprendizado, como evolução. Porque errar é humano, burrice é não aprender com o erro. Então é isso, se eu chegar a ser cancelada, eu simplesmente vou parar, tentar evoluir e levar como aprendizado.


Está surgindo vários nomes de possíveis participantes para as próximas edições de A Fazenda e Big Brother Brasil. Você participaria de um reality show?
Sim, eu participaria. Eu ainda não estou na lista (risos), mas se me chamar eu participo. No momento eu preferiria participar do Big Brother, é a minha primeira opção, um sonho. Eu sempre quis muito participar de um reality. Já me chamaram para o “De Férias com o Ex”, mas não faz o meu estilo. Mas para o Big Brother ou A Fazenda eu iria.