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Marca Bahia Notícias Holofote

Entrevista

'Gestor' de famosos, Pedro Tourinho lança livro sobre imagem, mas adianta: 'Não tem fofoca'

Por Júnior Moreira Bordalo

'Gestor' de famosos, Pedro Tourinho lança livro sobre imagem, mas adianta: 'Não tem fofoca'
Foto: Reprodução / A Tarde

Quem é mais atento aos bastidores do entretenimento no Brasil e acompanha os desdobramentos de artistas como Anitta, Regina Casé, Gabriela Pugliesi, Bruno Gagliasso, Giovanna Ewbank, Chay Suede, Alice Wegman, Silva e Sabrina Sato já deve ter ouvido falar de Pedro Tourinho, ou até “Dão”, apelido permitido para os amigos mais próximos. O publicitário baiano, especialista em entretenimento e mídia e fundador das agências Soko e MAP, que sempre viveu por trás das câmeras, está tendo agora seu momento nos holofotes. Isso porque resolveu se aventurar no universo dos livros e está lançando “Eu, eu mesmo e minha selfie – Como cuidar da sua imagem no século XXI”. “É uma experiência interessante de inverter um pouco os papéis, de ser a pessoa que agora dá as entrevistas, de ficar sujeito a tudo que tem de bom e ruim”, confessa em entrevista ao Bahia Notícias.

 

Como não poderia deixar de ser, o lançamento oficial será aqui em Salvador, no dia 26 de agosto, no Museu de Arte Moderna, mas de início, ele avisa: “Não é o livro que tem fofoca. Nele, o leitor aprende a como lidar com fofocas, mas não saberá de fofoca nenhuma”. Esse é o gancho. Gestor de imagens, Pedro atuou em diversas crises e ajudou no gerenciamento de várias carreiras. “É resultado dessa minha experiência com celebridades, reputação e comunicação como um todo. O livro se propõe tanto a explicar às pessoas como se posicionar e colocar na mesma página em relação ao tempo que a gente vive, quanto e como as mídias e convivência social nos trouxeram a esse ponto em que temos as redes sociais cada vez mais relevantes na construção e destruição de imagens”, explica. Confira a entrevista completa:

 

Pedro, você está lançando o livro “Eu, eu mesmo e minha selfie – Como cuidar da sua imagem no século XXI””. Como surgiu a ideia?

Foi um convite da Companhia das Letras porque havia uma demanda do mercado por esse tipo de conhecimento e casou com o momento que eu estava realmente consolidando um ciclo de carreira, de gestão de imagem, já que vinha fazendo muitas coisas envolvendo um posicionamento de como lidar com isso. Veio na hora certa, pois é um assunto que vem se tornando mais relevante para todos.

 

Escrever um livro era um desejo antigo?

Sempre quis, era um desejo antigo, mas achei que seria mais tarde. Não imaginava que escreveria antes dos 40 anos, sabe?

 

O título sugere o assunto que será abordado ao longo das páginas, mas qual a proposta direta do livro?

O livro não se propõe a ser uma obra acadêmica, não é fruto de muita pesquisa. É resultado dessa minha experiência com celebridades, reputação e comunicação como um todo. O livro se propõe tanto a explicar às pessoas como se posicionar e colocar na mesma página em relação ao tempo que a gente vive e como as mídias e convivência social nos trouxeram a esse ponto em que temos as redes sociais cada vez mais relevantes na construção e destruição de imagens. Então, trago uma reflexão história da construção da imagem pessoal, desde a antiguidade, basicamente, com as redes sociais, os algoritmos e o envolvimento da indústria da mídia nisso. Depois, explico em que ponto chegamos e a minha perspectiva do que é uma direção de construção de uma imagem pessoal forte e agregada com quem a pessoa é de verdade. Dou algumas dicas de como não errar e se tiver uma crise e como resolvê-la.

 

Diante de tantos questionamentos, pesquisas e vivências. Qual é o dilema ter a imagem hoje tão exposta nas redes sociais?

O grande dilema é entre imagem e verdade. Hoje com as tecnologias e as mídias sociais, se você não tomar cuidado, não terá mais controle de como sua imagem é construída pelos lugares. Costumo dizer que o maior desafio para uma pessoa pública é deixar que sua verdade transpareça; é passar por todo o caos de algoritmo e menções, que levam às vezes para uma construção de imagem que não é verdadeira. Então, o grande dilema é sintonizar isso. A luta é essa e você só se fortalece quando assume sua verdade e vai em frente.

 

Com a popularização da internet, as pessoas passaram a ter acesso às redes sociais sem, muitas vezes, entender para que elas servem e como funcionam. Você acredita que a rede social é uma ferramenta que todas as pessoas devem usar?

O Whatsapp hoje tem mais de 90% de penetração na população brasileira. É a maior fonte de notícias para quase 30% desse público. O Whatsapp é uma rede social. Acho pouco provável que alguém viva desconectado. Porém, é super importante que as pessoas saibam o que estão fazendo, o que acontece quando ela faz um post, a serviço de quem, como funciona e para que funciona. Esses redes são ferramentas de publicidade, de ganho de mídia. Os algoritmos são feitos para que as pessoas tenham maior engajamento e aumento do valor do clique. A primeira coisa, na minha opinião, é que as pessoas precisam entender que não existe almoço de graça e que essas plataformas estão a serviço de alguma coisa. Segundo, é preciso entender o impacto que isso tem na vida do outro e na sua própria vida, na formação da sua própria personalidade e visão de mundo. Então, uma educação no sentido de entender como funciona e quais os efeitos é importante ter no nosso dia a dia.

 

No início da entrevista, você disse que esse livro casou com o momento, mas como foi o processo criativo? Como foi organizar isso no papel?

Parti do dilema “imagem e verdade”, que é algo que sempre tive muito vivo. Inclusive, esse foi a primeira sugestão de título para o livro. Estava indo para Salvador quando pensei no título final, que já é um valor em si, né? Contém os dilemas e o que o livro sugere. Fui escrevendo pegando coisas antigas e reorganizando. Demorei um pouco, pois é um assunto muito dinâmico. Não queria citar muitos casos porque trabalhei, de alguma forma, na maioria das crises dos últimos anos. Então, não seria adequado falar disso. O livro ilustra bastante, mas não é o livro que tem fofoca. Aprende a como lidar com fofocas, mas o leitor não saberá de fofoca nenhuma.

 

Você cuida da gestão de carreira e imagem de grandes artistas, como é gerir e fazer dar certo em uma época que qualquer deslize vira um massacre nas redes sociais?

O grande desafio é você sintonizar a imagem do artista com quem ele é de verdade. Uma vez isso feito e você mantendo um gerenciamento que não vá contra esta verdade, fica fácil passar pelas crises. Até porque elas virão. Sempre. Está todo mundo sujeito. A questão é muito mais como você passa por ela. O grande trabalho é nessa sintonia. Quando você está forte, você assume o erro, reposiciona a mensagem... enfim. Ninguém enfrenta uma crise com mentiras.

 

Pegando o exemplo de um artista novo que deseja se projetar nas redes sociais. Qual o primeiro cuidado que ele deve ter?

Traçar o próprio caminho. Não se expressar baseado na forma que outras pessoas já fazem. Não projetar sua imagem em cima de um exemplo de sucesso. Não vai existir outra Gabriela Pugliesi, sabe? Ela fez o caminho dela e nada derruba, pois é forte. Não vai existir outro Hugo Gloss. Não adianta imitar. Tem que buscar sua própria identidade.

 

Na lógica de gerir artistas, você cuida de alguns que possuem grande apelo popular e outros que atuam em nichos, mas todos aparentemente com êxitos em suas carreiras. Para você, qual a tradução do sucesso?

Para mim sucesso é quando a gente está com a sensação de ir para a frente e a vontade de onde está ao mesmo tempo. Sensação de evolução e se sentindo bem na própria pele. É isso.

 

Você é uma pessoa ativa nas redes sociais, porém não faz de sua vida um reality. Pelo que percebo é uma exposição mais focada no profissional. Esse é o seu limite?

Para mim é. Acho até que exponho demais (risos).

 

Ao analisar suas redes sociais, qual a imagem que você acha que o Pedro Tourinho passa para as pessoas?

Acho que é muito próximo de quem eu sou de verdade, que é a minha maior preocupação. É uma rede que tem o maior caráter profissional e cultural, talvez. Parte pessoal eu realmente não vejo necessidade, não acho que seja interessante para as pessoas também. Acho que é um pouco de visão de mundo e realizações. Definiria minhas redes assim.

 

Você já foi indicado como líder do futuro do entretenimento por revista britânica Screen Daily, circula pelos principais lugares do País, é amigo das pessoas que muita gente gostaria de ter por perto, mas, apesar disso tudo, você segue em relativo anonimato. Esse é tipo de vida que sonhou para você?

Primeira vez que quem está na capa sou é agora, né? É uma experiência interessante de inverter um pouco os papéis, de ser a pessoa que agora dá as entrevistas, de ficar sujeito a tudo que tem de bom e ruim. Porém, tirando essa experiência recente, acho que estou exatamente onde gostaria de estar, que é realizando grandes coisas e circulando muito.

 

Em uma entrevista recente para o jornal A Tarde, você disse que prepara seus artistas para darem entrevista com consciência do que estão dizendo, mas que o difícil hoje é lidar com o jornalismo de celebridade que, muitas vezes, procuram apenas a aspa da polêmica. Contudo, você não acha que seus artistas também se beneficiam dessas fofocas?

Sinceramente, acho que não. Acredito que ninguém se beneficia de fofoca. Existe um lado do jornalismo de celebridade que é bem importante, no sentindo da crônica pessoal. Tem que separar, eu acho, o jornalismo de celebridade de notícias falsas e apelativas. Uma coisa é o jornalismo que cobre a vida de quem quer ser famoso. E acho que todos se beneficiam da exposição de alguma forma, mas em relação a fofoca em si, meio forçada e maldosa, que envolve especulações, acredito que ninguém se beneficia.

 

Conferindo o resultado final, você acredita que ele cumpre a função que você pensou desde o início?

Sim, certamente. Ela entrega a ideia, mas sei que preciso atualizá-lo a cada edição. É tudo muito rápido. Abre uma série de discussões, porém não diria que ele está finalizado.

 

Por fim, é verdade que já tem outro livro sendo pensado?

Tem uma conversa sobre isso, mas não está totalmente definido não. Tenho vontade de escrever algumas coisas sobre o pensamento baiano. Não consegui ainda arquitetar, mas é um desejo.