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Marca Bahia Notícias Holofote

Entrevista

‘Esperamos que nossa verdade se transforme em movimento’, conta líder da Duas Medidas

Por Aymée Francine

‘Esperamos que nossa verdade se transforme em movimento’, conta líder da Duas Medidas
Fotos: Cláudia Cardozo / Bahia Notícias
Ele já trabalhou na educação infantil, no magistério, já panfletou, trabalhou em festa, com ações promocionais de rádios, vendeu chip de telefone, deu aula de swing baiano e, há aproximadamente cinco ano, é o líder da banda Duas Medidas. O grupo, que chama atenção por sua formação composta de quatro jovens rapazes em 'linha de frente', irá abrir o segundo dia de festas no Réveillon de Salvador e Lincoln Sena veio ao Bahia Notícias contar um pouco da história da banda. Além da agenda cheia de shows, o cantor explica como e porque a banda escolheu se apresentar em mais de 50 instituições de ensino durante o ano e como conseguiu seu público fiel. Fala também da emoção de gravar com seu ídolo, Xanddy e do trabalho que a equipe tem para deixar o grupo 'diferente'. "Uma vez, Márcio Victor entrou em nosso estúdio, no antigo estúdio do Terra Samba, no Rio Vermelho, e nós estávamos terminando de gravar o nosso CD. E ele ouviu a pré e falou: ‘rapaz, vocês conseguiram criar um negócio que, quando toca, eu sei que é a Duas Medidas’. Então, quando você é diferente, você começa a ter a sua impressão digital, e é isso que a gente se preocupa o tempo inteiro: ouvir o que está em nosso coração', contou ele. 
 
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Quanto tempo tem a banda? Queria saber um pouco da história de vocês.
Tem vezes que a gente se relaciona com a pessoa, tem o primeiro beijo, a primeira vez, mas aí não era da forma que você estava pensando. Aí você encontra uma outra pessoa especial, e você passa a contar a vida a partir daquele dia, não é verdade? Então, nós temos quatro anos oficiais. Porque foi quando a gente se organizou enquanto banda, compositores, gestores. Tudo era muito orgânico, no feeling. De repente a gente passou a sistematizar reuniões, produzir. A gente percebeu que ali era um divisor de águas, que foi quando a gente fez a música ‘QQ isso BB’, depois dali as nossas cabeças começaram a mudar. Mas tempo de vida, eu acho, o grupo surgiu há uns seis anos, na praça de Amargosa. Os meninos faziam um samba, um som bem informal, nesse período junino, e voltaram pra Salvador e pensaram ‘broa profissionalizar o negócio’, achando eles que estavam profissionalizando, já, né? Mas está passando a tomar um rumo mais sério. Criaram, então, a Duas Medidas, e seis meses depois o cantor saiu e começaram a fazer testes. É quando eu entro no meio do caminho. Até lá a banda era de samba, depois virou um axé mais tradicional. Até que, nesse divisor de águas, a banda começa a se perceber utilizando o que nós músicos chamamos de algumas ‘claves específicas’. Que é uma mistura de ragga, com zuck, com vanerão. Que a gente traduz isso como o nosso axé, nosso balanço.
 
Vocês dizem que com a Duas Medidas é ‘diferente’. O que é diferente?
O diferente é seguir as suas verdades. A gente tem as nossas grandes referencias, nossos grandes ídolos da música baiana e brasileira, mas a gente busca muito impor a nossa verdade no nosso som. Então, quando perguntavam pra gente se era estilo Asa, estilo Chiclete, só cabia agente dizer que era diferente. E as pessoas começaram a concordar mesmo falando ‘é diferente de tudo que ouço’. Uma vez, Márcio Victor entrou em nosso estúdio, no antigo estúdio do Terra Samba, no Rio Vermelho, e nós estávamos terminando de gravar o nosso CD. E ele ouviu a pré e falou: ‘rapaz, vocês conseguiram criar um negócio que, quando toca, eu sei que é a Duas Medidas’. Então, quando você é diferente, você começa a ter a sua impressão digital, e é isso que a gente se preocupa o tempo inteiro. Ouvir o que está em nosso coração, trazer as nossas influências musicais. Nós somos reflexo da desburocratização das coisas trazida pela internet. A gente assiste um clipe de JB e assiste o Rei da Cacimbinha, Assiste Anitta e Bonde do Serrote. Assiste Gil e Caetano, mas assiste o Planeta Atlântida. Então, nós somos reflexo dessas diversas plataformas que permitem diversos diálogos. Nós somos o balanço. Como as pessoas tem falado que a gente tem tanto, a gente vem incorporado isso como a nossa bandeira. Da mesma forma que surgiu o arrocha, uma das histórias: Pablo e Nara Costa, nas suas localidades iniciais, no meio da música eles falavam pros casais, ‘arrocha’, ‘arrocha’, e isso foi incorporando, e se tornou um movimento. Então, esperamos nós que a nossa verdade se transforme em um movimento um dia, ‘o balanço’. 
 
 
Quem é o público da Duas Medidas? Vocês conseguem traçar esse perfil?
Ah, sem sobra de dúvidas. Acho que seria muito injusto, ou negligente, em falar que não temos um público. A gente faz música, e ela não tem barreiras ou limites. A gente faz música pra pessoas predispostas a serem felizes. Há, mais ou menos, 14 anos quando eu pensei em cantar, uma vez eu estava no videokê, na festa da família de minha noiva, e estava tocando Roupa Nova, e o pessoal ia lá e cantava. Lulu Santos, e o pessoal ia lá e cantava. E, de repente, tocou uma banda chamada Harmonia do Samba. E eu acho que foi a única banda da Bahia, ela e o Tchan, aliás, que estavam naquele playlist. E estava todo mundo, filhos, netos, avó da minha noiva, dançando. Eu pensei, ‘pô, meu sonho é fazer um ritmo dançante, em que todas as idades dancem’. E a gente se preocupou, então, em fazer uma música, com letra, onde todas as idades pudessem ser englobadas. Mas quando você começa a seguir um plano de ir pros colégio, faculdades, cursinhos pré-vestibulares fazer uma amostra de som, você passa a ter uma fatia de público que passa a lhe seguir mais. Então a gente faz uma média de 40 colégios por ano, 15 faculdades, cinco cursinhos. E a gente começa a perceber que esse público, que a gente visita durante o ano letivo deles, passa a nos visitar, em nossos shows, e passa a crescer junto com a gente.  Então a gente tem quatro anos fazendo isso e acompanha a menina e o menino que tinha 14, por exemplo, hoje com 18, e seguem a gente. Vem com pais, namoradas, irmãos e primos. É um perfil jovem, sobre tudo, jovem de espirito.

Vimos que vocês fizeram vários shows em colégios de Salvador recentemente. Porque escolher fazer esse projeto de imersão com esse público em específico?
Algumas pessoas nos consideram pioneiros em ir para as escolas. A gente acha que isso sempre existiu. Porém, talvez a gente tenha dado ênfase e sistematizado, feito isso de maneira muito organizada. Sobretudo, orgulhosamente postamos tudo em nossas redes sociais, o tempo inteiro. O que a gente faz e vivencia. Surgiu, simplesmente, por amor pelo que fazemos. Porque você tocar de quinta a domingo, e chegar na segunda-feira, acordar cedo, ir para o colégio e passar 30 minutos ali, adentrando o universo deles, tem que ser por amor. Porque acordar, 6h30, 7h da manhã, pra quem vive na noite, é um desafio espiritual, físico, quântico, filosófico... (rs)
 

Show no Curso e Colégio Análise | Foto: Reprodução / Instagram
 
De fato, a gente faz questão de atender. A gente só não atende todos quando tem outro compromisso, ou quando a própria escola fala que eles têm que voltar pra aula. Então, é segunda, terça, quarta, quinta fazendo os colégios... aí surge na sexta uma faculdade. E isso, conciliando com aula de canto, academia, aula de teatro, ensaio, imprensa... Então, antes de qualquer coisa, amor pelo que fazemos. Então, tudo acaba sendo mais natural. Até bíblico, porque ‘tudo que você vai colher, é semeado’. A gente tenta semear o tempo inteiro, amor alegria, verdade, pra colher o quanto antes.
 
O assédio por parte das adolescentes é muito grande? Ele mudou do início da banda até hoje? Como vocês lidam com isso?
A gente é movido por amor, né? Então esse carinho deixa a gente radiante, renova o espírito. A gente abraça e é abraçado na mesma intensidade. Se deixar, principalmente nos colégios, a gente não fica no palco, a gente vai pro meio da galera. Quem acompanha as redes sociais da gente, vê que a gente toda hora desce pra fazer coreografia – quando não causa muito tumulto. Mas sempre que dá a gente desce, porque a gente gosta muito do contato humano. É um trabalho que eu dou pra o nosso segurança, assessoria. Mas se a gente pudesse, sempre faria. É uma característica nossa que a gente consegue fazer, principalmente, em colégio, cursinho e faculdade. Em show oficial, já é algo maior, causa alguns tumultos. Mas esse assédio acho que é reflexo do carinho que a gente emana. Aí vem de volta, a gente retorna. A pré-adolescente tinha 14, agora tem 18, o público se renova, o carinho renova e a gente está sempre sendo eternos adolescentes.
 
Vocês tem um repertório de músicas autorais considerável. É mais legal ver a galera cantando essas músicas do que as que não são da banda?
É emocionante. Existe um trabalho de 99% transpiração e 1% inspiração. Que é reunir a equipe, cada um dar uma opinião, qual a música melhor? Desse compositor? Do outro? E quando é a música composta por nós? Que é muito suspeito você compor, apresentar e não achar ela boa. É a sua filha, né? Então, é gostoso. Acho que a gente tá com uma média agora de oito a dez músicas autorais. Pro tempo de vida que a Duas Medidas tem, é preciso muita ousadia, muita personalidade. Meu pai sempre fala pra mim que ‘um homem que não valoriza os capítulos de sua história, é um homem sem história’. E a gente quer escrever essa história de forma madura, tranquila. Ver esse livro na prateleira, pra poder ver pessoas pegando ele e lendo. É orgulho, satisfação e incentivo pra continuar no caminho.
 
Como surgem essas músicas? Porque muitas delas tem um perfil divertido, lúdico às vezes.
O diferente, vem, porque todos nós somos diferentes né? Então, você tá usando um brinco, eu tô usando anel, minha assessora o dela. Quando a gente discute no camarim, eu pergunto pros meninos – a gente costuma dizer que somos irmãos – ‘isso que você tá usando é realmente seu, ou você viu em outro lugar?’. Por exemplo, esse anel que tô usando é do Buda. Eu vi os meninos da banda, eles são tatuados, a maioria usa anel de caveira, assim como todo mundo no Instagram, nas festas... Aí eu pensei ‘vou atrás disso’. Quando eu fui que peguei a caveira, vi que não era minha personalidade. Aí eu olhei, olhei e vi esse aqui, que é a minha cara, tem tudo a ver comigo, que busco minha paz interior o tempo inteiro. É que nem as músicas. Vamos escrever nossas músicas. Os temas vem de dentro do coração da gente. A gente vê uma fã na porta do camarim ‘olhe, você acha que vai ser atendida primeiro que eu? Tá se achando a Madonna?’, aí já pensamos: ‘opa, anota aí’. A gente vê um cara, amigo nosso, numa inversão de valores, dizendo: ‘ela me liga quando quer, dizendo que me ama, mas no final de tudo, só quer painho na sua cama’, ai a gente pensa: ‘rapaz, um homem falando isso?’ e aí vira música, que é a da Madonna. ‘Quem manda aqui sou?’, o homem que pede pra mulher, né? ‘Mulher, me pega, me bate, me puxa, me arranha’, o cara quer ser dominado. Mas aí tem também ‘Resposta do Coração’, gravamos com Xanddy, Harmonia. Que é uma música que não tem nada de lúdico, fala de amor. Inclusive no DVD eu chego a chorar porque eu tô realizando um sonho ao lado de meu ídolo. É, tem ‘Pra Namorar’, que é uma música que tá nesse DVD, que gravamos nas ruínas, no melhor sentido do termo, ali no Museu du Ritmo. É o nosso sonho gravar ela com Saulo. Então, a gente te música pra todos os momentos, porém o que acaba chamando mais atenção são as irreverentes. Mas na nossa discografia temos músicas de amor, como essa de Xanddy, como uma com Gabriel Diniz – que vem arrebentando como nova promessa de forró. Mas essa, com Diniz, não fala muito do amor romântico, fala dele de uma forma mais ‘safadinha’.
 
Vocês sempre investiram nessa coisa do clipe, né? Roteiro, preparação. Porque essa escolha? Gerou resultados à banda?
É um risco muito grande né? A gente faz o roteiro com dois caras, que são David Campbell e Jimmy. Todos os clipes que tiveram roteiro foram com esses caras. A gente dá a ideia, mostra o que a gente tá pensando e os caras vão transformando aquilo em uma verdade audiovisual. A gente gosta de desafio. Quando a gente foi gravar QQ Isso BB, não tínhamos dinheiro. Não tínhamos dinheiro pra pagar atrizes, pra rodar o clipe. Foi feito muito pela amizade que os caras tinham com a gente. Não tínhamos dinheiro, semi-roteiro pronto... A gente precisava ter as mulheres. A gente não quis colocar amiga, porque elas teriam que dançar mesmo... Aí pensamos, ‘vamo se vestir de mulher?’. Então, quando a gente faz isso, o roteiro começa a mudar e, no final, a gente achou sem graça. Aí eu pensei: ‘ a cara desse clipe, é que a festa é tão louca, que no final a gente sai nu’. É uma atitude meio rock’n roll né? Mas nós quatro embarcamos na loucura, e quando isso acontece a gente faz. 
 
Foi que nem ‘Farra Louca’. Jimmy, o roteirista, chegou pra gente e falou: ‘olha, um personagem vai raspar a cabeça – porque vai ser preso. Marlon e Manolo se casam. E você, Lincoln, fica rico. E a forma de você demonstrar isso é botando cordão de ouro, anel de ouro e descolorindo o cabelo. E, mulher sabe, o risco de você descolorir o cabelo, de ter um corte químico, estragar o cabelo, tudo. Eu tava em outro país. Eu pintei meu cabelo em Las Vegas, tentando falar inglês. Então foi nitroglicerina pura. Mas, a vida é uma só. Se não for fazendo mal a outra pessoa, e a si mesmo, seus valores, tem que fazer com intensidade. E aí nossos clipes acabam sendo irreverente, porque a gente ultrapassa a linha do medo.
 
Vocês iniciaram a parceria com o bloco Burburinho no ano passado. Como foi esse encontro?
Ah, foi surpreendente. O Bloco Burburinho, fazia parte do casting de nosso escritório. E estava tendo uma transição de comando do artista. Nosso amigo, irmão, Peixe é que comandava com muito esmero e aí teve essa transição porque ele foi seguir outros planos na carreira dele. E ficou o espaço. Aí foi feita a proposta pra gente e aceitamos a grande responsabilidade de dar continuidade a uma história que foi iniciada com muita beleza e carinho. E fomos surpreendidos ao ver os dois dias com os abadás esgotados. Mas a gente acredita que é reflexo, justamente, daquela segunda, terça, quarta e quinta-feira, durante o ano, indo pras faculdades, cursinhos e escolas. E a nossa maior surpresa é que não estava só esse público. Estavam os tios, os irmãos, os primos mais velhos. Foi um público, como eu falei, sobretudo de pessoas jovens de espírito. Quem estava lá, queria estar ali. Sabiam nossas músicas, nossos bordões (‘Nem pior, nem melhor, apenas diferente!’, ‘Quando ela passar, não chame ela de gostosa, apenas pergunte: Que que isso, bebê?’). Então, fomos surpreendidos em todos momentos, por esgotar abadas, ter um público plural. E aí a gente começa a ver que o que a gente planta a gente colhe. E a gente começa a ter mais cuidado com essas sementeiras.
 
Isso tudo aumenta a responsabilidade de vocês para 2016? Vocês sentem uma diferença?
 O senso de responsabilidade aumenta. Eu recebo vídeos a todo momento de país de família mostrando o filho dançando nossa música, mostrando o filho usando o anel que eu uso. Adolescentes perguntando qual a tatuagem que Marlon fez, Manolo fez, Igor fez. Que o sonho é tocar sax como Henrique. Que vai levar a família inteira pra ver nosso show no Carnatal. E aí a gente percebe que, nossa, no momento em que pessoas passam a viajar pra ir ao seu show, pesquisar a roupa que você tá usando, querem estar perto de você, seguem você aonde vai... Você tem uma responsabilidade grande de não decepcionar essas pessoas. E, sobretudo, o universo. Que você tanto pediu a oportunidade de um palco. E, hoje, você tem um palco, um público, da entrevista. Isso tudo redobra. 
 
Vocês tem algum padrinho na música? Alguém que ajudou ou ainda ajuda vocês no mercado?
Tem algumas pessoas que chamamos de anjos né? Xanddy foi de uma forma muito natural. Me convidou pra participar da Melhor Segunda-feira do Mundo, participou do nosso DVD, atendeu nosso pedido de participação de forma muito solicita, é sempre cordial com a gente nas redes sociais. Solange, do Aviões, a gente foi convidado pro aniversário dela nas redes sociais, sempre que vê a gente é um carinho grande. Simone e Simaria gravaram nossa música ‘QQ isso BB?’ no DVD promocional, colocaram no CD, com a nossa participação. Então, são pessoas que, de certa forma, deixam a sua marca no nosso livro, na nossa história. E a gente só tem a agradecer a eles e a todos que nos ajudaram de forma direta e indireta.  A verdade é que a grande ajuda que nossos artistas nos dão, é representar nossa música de forma tão respeitosa, no Brasil inteiro. Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Carlinhos Brown... Todos eles nos ajudam, sem nem ter ideia de que fazem isso. Porque tudo que eles fazem é bem feito e isso repercute, pra quem tá chegando, pro público, imprensa. Porque se todo mundo é da Bahia, os holofotes se voltam pra cá, né?
 
Vocês são muito cobrados, devido à formação da banda, público, e forma de se apresentar, no sentido da vaidade? Tem que estar sempre de um jeito específico e tal.
Vai parecer um pouco hipócrita, mas eu acho que esse é o grande segredo do nosso ano após ano. Com uma banda no nosso formato acho que muitas pessoas pensaram que não fosse dar certo, por vaidade, por ser tantos rapazes jovens. Mas acho que parte do segredo é que a gente não se enxerga nada bonito. A tal ponto de a gente sair no clipe vestido de mulher, pintar cabelo de loiro, raspar a cabeça. Em Madonna a gente chega de sobretudo e, quando tira, tá de calça legging, torradinha, toda apertadinha. Então a gente não tá preocupado em sair bonito na foto, em sair bem. Porém a gente tem uma preocupação, que é cuidar do nosso templo. Eu me formei em Ed. Física com 21 anos [hoje, Lincoln tem 28] e a escolha foi justamente por ter a proximidade com esportes e querer cuidar do corpo. A gente cuida do cabelo também. Mas não é a nossa prioridade, é de uma forma muito tranquila. Isso são as nossas aulas de canto. Frequentei durante seis meses meu curso de teatro... Nossa preocupação é essa, música, show, revisar momentos artísticos, composições. Cobrados, graças a deus, nós não somos não. Porque, se fossemos, teríamos que cuidar mais e fazer jus a cobrança do nosso público. Mas eu acho que é justamente por isso, porque quem nos segue sabe que não queremos estar bonitão.