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Entrevista

Nara Costa nega inimizade com Nira e diz não querer ficar 'esquelética' como 'Solanja

Por Fernanda Figueiredo

Nara Costa nega inimizade com Nira e diz não querer ficar 'esquelética' como 'Solanja

 

 

 

 


Por Fernanda Figueiredo

Ela é tida como a Rainha do Arrocha. Êpa! Mas não é Nira Guerreira quem detém esse título e que, inclusive, patenteou a marca? Para Nara Costa, tanto faz, já que não é ela quem se auto-intitula Rainha mas, sim, seus fãs e toda a imprensa. Sobre a briga entre ela e Nira por causa da denominação, Nara diz que admira Nira, que não é sua inimiga e coloca a culpa de toda a polêmica, na época, em cima da mídia. Em um bate-papo com a Coluna Holofote, Nara também falou sobre o auge do arrocha, em 2004, e diz que o ritmo se mantém firme e forte até hoje. A cantora também explicou por que o povão abraçou o ritmo e disse que não pretende ser uma “Solange”, vocalista da Banda Aviões do Forró, exemplo de gordinha que ficou esturricada do dia para a noite. “Tenho que dar uma diminuída no meu peso, mas não ficar esquelética, porque não é nem a minha praia ficar magérrima”, garantiu. Costa também falou sobre seus planos, previsão de DVD e contou algumas situações constrangedoras que já viveu, como ter que cantar atrás do palco por não seguir o padrão de beleza e conter um fã que tentou beliscar sua parte íntima. Vai perder essa?!

 

Coluna Holofote: Você se auto-intitula a “rainha do arrocha”?
Nara Costa: Bom, eu tenho oito anos no arrocha e, graças a Deus, meu trabalho vem crescendo cada dia mais. Em relação a esse lance de rainha ou não rainha, eu sei que, aonde eu for, eu vou ser Nara Costa.

CH: Mas então, de onde vem esse título que lhe deram?
NC: 
Esse lance de rainha começou com um locutor da minha cidade, que é Candeias, que num show me apresentou como a “rainha do arrocha” e nisso ficou. As pessoas começaram a me chamar de rainha, todos os shows que eu fazia as pessoas começavam a me chamar de rainha e eu não precisei patentear, comprar, não paguei por isso e infelizmente houve essa questão, essa polêmica em cima disso, de quem é e quem não é rainha. Eu sei, assim, que eu sou Nara Costa aonde eu for e, se as pessoas me intitulam como tal, eu só tenho que agradecer esse carinho, essa coisa de ser considerada como rainha pelas pessoas que gostam do meu trabalho. Então, se eu sou rainha, maravilha!

CH: Mas você acha que esse título de rainha veio por você ser a precursora do arrocha?
NC: 
Bom. No início do arrocha só existia a banda Asas Livres e a primeira mulher, realmente, a aparecer no arrocha, graças a Deus, fui eu. E se o título de rainha está ligado ou não a eu ter sido a primeira mulher a cantar o arrocha, eu não sei. Eu só sei que pra mim é muito gratificante ser considerada como tal. Agora, assim, nunca usei o título de rainha, porque eu acho que não havia necessidade disso e as pessoas me considerarem como rainha é ótimo, maravilhoso e eu não vou ficar perdendo tempo para estar brigando

com ninguém sobre quem é quem e quem deixa de ser. O bom é que as pessoas curtem o meu trabalho e me consideram como rainha. Esse é que é o gostoso!

 

 

 

Feliz com o corpo que tem, Nara diz que não gostaria de ficar "esquelética" como Solange do Aviões

 

 

 

CH: Você está se referindo a polêmica envolvendo Nira Guerreira, que reivindicou o título de “rainha do arrocha” para ela?
NC: 
É. A Nira entrou na justiça com uma petição no INPI – que é um órgão de marcas e patentes -, onde ela patenteou o nome “rainha do arrocha”. Primeiro que rainha é um título de nobreza e ninguém pode patentear um título de nobreza e foi por causa disso que houve essa polêmica. Mas, na verdade, a Nira era cantora de seresta. Por sinal, ela tem um repertório maravilhoso, ela tem um trabalho muito bom.

CH: Vocês são amigas?
NC: 
Não tenho inimizade nenhuma com ela. Muito pelo contrário: poucas foram as vezes que eu me encontrei com ela. Não tenho o que dizer da Nira. Agora, quiseram polemizar acerca de quem era e quem deixava de ser a rainha do arrocha. Eu sei que eu sou eu, ela é Nira e as duas continuam trabalhando, continuam aí na luta, na estrada cantando arrocha, cantando seresta.

CH: Nira cantava seresta. E você, o que fazia antes de embarcar no arrocha?
NC: 
Olha, eu tenho 20 anos já na área da música. Eu comecei aos 13 anos cantando em banda de axé, em Candeias, que é a minha cidade e também passei por várias cidades do interior da Bahia cantando em bandas de interior e fiz alguns anos de barzinho, que é uma coisa que eu adoro, que é cantar MPB. Cantei também na orquestra lá do Pelourinho, cantei na banda Didá...

CH: E como foi que você decidiu que queria ser cantora de arrocha?
NC: 
Quando começou o arrocha, um amigo meu me convidou a mudar de vertente. Na época eu fazia barzinho e a gente sempre se encontrava nas sextas-feiras e fazia um happy-hour, onde os amigos se encontravam. E aí ele disse “Nara, está aparecendo uma coisa nova aí na música, vamos fazer. É um negócio de arrocha, você já canta MPB. Vamos pegar MPB e colocar um bolero, tal, tal, tal”. Porque o arrocha, na verdade, é um filho do bolero, né? Embora mais estilizado, mais dançante, aquela coisa. E aí eu fiz um repertório, montei um repertório em 15 dias, fizemos uma festa nesse bar que a gente se encontrava, fizemos um acordo com a dona do espaço, que é o Taberna Bar, lá na minha cidade e nesse dia lotou... De ter gente do lado de fora querendo entrar e não deu para quem quis.

CH: Mas o pessoal lá já conhecia o arrocha?
NC: 
Já. O arrocha já vinha fazendo sucesso com Asas Livres. Eu sei que, de lá pra cá, a gente não parou mais.

CH: A música que lhe projetou foi “Arrocha”...
NC: 
“Faz do jeitinho que Nara gosta arrocha, arrocha, arrocha. Ou vem chamegando, que chegou a hora... Arrocha, arrocha, arrocha”, foi a música que me projetou a nível nacional. E até hoje, onde eu vou cantar, as pessoas pedem essa música.

CH: E de quem é essa música?
NC: 
Essa música é de um compositor conhecido como Anjinho, de São Francisco do Conde. Ele fez essa música com carinho pra mim e, graças a Deus, deu certo.

 

 

Iniciou a carreira cantando em barzinhos: 20 anos de estrada

 

 

CH: E você, Nara... Compõe também?
NC: 
Eu componho. Agora, assim, eu não sou aquela compositora, que acorda e diz “eu vou sentar e vou compor”. Não. Minha inspiração vem do nada. Às vezes eu estou até no banheiro e pinta aquela coisa “pá” e eu começo a escrever, depois gravo a música no celular e aí, quando a gente vai colocar no arrocha fica muito legal. Mas eu não vivo em função de compor.

CH: Você tem músicas de arrocha de sua autoria?
NC: 
Tenho, sim. Cada CD meu tem uma ou duas músicas minhas.

CH: Nara Costa hoje já contabiliza quantos CD’s?
NC: 
A gente fez uma junção com os CD’s que eu já gravei, com os CD’s que a pirataria já colocou na praça e nisso somaram 14 CD’s entre ao vivo, de estúdio, de shows em cidades que a gente já passou.

CH: E previsão de DVD?
NC: 
A gente gravou o primeiro DVD em 2005, em Alagoinhas, no Reino do Arrocha, que foi um evento muito lindo. E de lá pra cá a gente não deu mais ênfase de fazer por motivo de tempo, da agenda. Apesar de que, existe uma certa necessidade de imagem, do DVD. E agora, em 2011, a gente está se programando para gravar um DVD novo, até o final do ano e vai vir assim com muita coisa bonita, muita coisa boa, muita música linda falando de amor, porque eu sempre tive essa preocupação muito grande dos meus CD’s e do meu primeiro DVD e agora esse próximo, virem falando de amor.

CH: E você pensa em fazer essa gravação aonde? Em que cidade?
NC: 
Olha, a gente pensou em fazer aberto ao público, mas a gente ainda está fazendo certos ajustes. A gente está em processo de reuniões e mais reuniões com nossos parceiros para decidir se vai ser aberto ou fechado, mas a cidade ainda não está definida. Mas, assim que a gente definir, mandamos em primeiro mão para vocês.

CH: O auge do arrocha foi em 2004. Foi uma febre, principalmente aqui em Salvador e, atualmente, parece que a temperatura baixou. O arrocha saiu de moda?
NC: Eu acho que é impressão sua. Eu, particularmente, tenho um público muito grande aqui em Salvador e geralmente, na minha agenda mensal, eu toco em Salvador duas ou três vezes. Sabe o que acontece? É porque o arrocha em si, é um estilo que pega mais o povão, é um ritmo que o povão mesmo abraçou. Então, a gente toca muito na Suburbana, nos bairros periféricos, quando tem as grandes festas no Parque de Exposições, no Wet’n Wild... Então, a gente está sempre na ativa e o foco maior da gente é interior e fora. Então, a gente não se preocupa muito com a mídia da capital, de estar dentro da capital sempre, mas o “boom” realmente foi no início de 2004 até 2006. Mas a galera toda continua aí na ativa, todo mundo trabalhando bastante, graças a Deus, com as suas agendas movimentadas e eu garanto a você que a gente não tem do que reclamar, não.

CH: É? Como é que está a agenda de Nara Costa?
NC: 
No São João eu não fiz nada, porque eu preferi ficar em casa curtindo a família, porque eu agora estou com uma filhinha de dois anos, então a gente preferiu dar um tempinho, porque eu já vinha desde o início do ano trabalhando e, no São João a gente sabe que a preferência é pelo forró. Mas depois do São João, a agenda está lotada, graças a Deus.

CH: E no verão, como fica a agenda de Nara Costa com a explosão de ensaios na cidade?
NC: 
Eu também faço ensaios. Eu faço ensaio todos os anos, no Língua de Prata, em Itapuã, que é uma casa que abraçou o arrocha aqui em Salvador. Esse ano eu não sei se vai haver mudança, porque está programado para a gente mudar de local, mas não é nada certo. Mas todos os anos eu faço, de outubro até o final de março. E geralmente são às sextas-feiras... Casa lotada!

CH: Você disse há pouco que o povão abraçou o arrocha. O que você acha que ocasionou essa identificação?
NC: 
Eu acho que foi a forma que o arrocha entrou na cidade. Porque, na verdade, o arrocha veio do Recôncavo Baiano, onde o arrocha era estourado. E quando o arrocha chegou em Salvador, ele veio através do Subúrbio, veio através da galera dos táxis, dos ônibus e dos barzinhos e o povão abraçou. Porque existe uma certa carência, na verdade.

CH: Carência de quê?
NC: 
A galera mais humilde é um pouco carente e quando a gente chegou, foi com aquele estilo falando de amor, com aquela coisa de tocar o coração. Você chega nas festas de arrocha e você não vê briga. Então, eu acho que foi o casamento assim, que deu muito certo: do público com a gente do arrocha.

CH: Nara, você disse que o hit “arrocha” lhe deu uma notoriedade nacional. O que você faz para se manter nesse patamar?
NC: 
Eu continuo fazendo programas de televisão, eu continuo fazendo rádio. Existe hoje uma certa dificuldade de penetração do arrocha tocar em rádio.

CH: Aqui em Salvador? Por quê?
NC: 
Isso, na capital. Não sei o motivo, não sei como lhe explicar, mas existe uma certa dificuldade, principalmente nas rádios de grande porte. As rádios comunitárias estouram a gente, tocam a gente o dia inteiro e, para nós nos mantermos até hoje, é fazendo show, vendendo CD’s e a gente não para. Minha agenda do interior mesmo é movimentadíssima. Então, eu não tenho do que me queixar hoje e espero que daqui a alguns anos eu também não tenha.

CH: Nara, você não faz o estilo dessas cantoras belíssimas, com curvas perfeitas, como tantas que temos aí e há quem diga que hoje, é preciso seguir esse padrão para se dar bem. Você enfrenta alguma dificuldade por conta disso?
NC: 
A tal mulher capa de revista... Eu costumo dizer que eu consegui romper um pouquinho dessa barreira. Porque assim, antes do arrocha eu cantava em outras bandas e eu passei por uma certa situação uma vez, que até hoje me machuca e eu guardei por experiência e espero que isso nunca venha a acontecer comigo de novo. Porque eu era gordinha, porque eu sou afro descendente e eu tive que cantar mascarada atrás de um palco e uma menina bonitinha lá na frente me dublando. Ou seja, isso não deixa de ser um certo preconceito. E depois que aconteceu o arrocha, uma gordinha, de classe média baixa, chegou aqui com seu cabelinho enroladinho – que na época eu tinha o cabelo escuro enrolado – e toda mulher que ia ao meu show queria me imitar, colocava o cabelo preso, como eu usava... E é muito gratificante você saber que você conseguiu romper com essa barreira. Porque a mídia rotula essa coisa de que a mulher, pra fazer sucesso, tem que ser aquela mulher capa de revista e isso para mim... Para mim, tem que ter talento. Se você tiver só corpo, se seu talento é o corpo, vá posar na Playboy. O que Deus me deu foi minha voz.

CH: Você acha que as mulheres se identificam com você?
NC: 
Também. E é gostoso isso. Quando eu começo a fazer dieta, que o pessoal começa a perceber que eu estou perdendo peso, eles escrevem em meu site, me pedem “ah, não emagreça, porque você é linda assim fofinha”. Então, pra mim é gratificante saber que eu sou espelho para alguém, que alguém se identifica com o que eu sou.

CH: Então, não existe o risco de Nara Costa bancar a Solange da banda Aviões do Forró?
NC: 
Não. Agora, assim, hoje eu tenho que mudar, mas não em função de biótipo. Em função de saúde. Porque eu estou com um problema de saúde e tenho que dar uma diminuída no meu peso, mas não ficar esquelética, porque não é nem a minha praia ficar magérrima.

 

 

Nara Costa em ação: "O Arrocha ainda está na moda"

CH: Você dança muito em seus shows. Você sempre gostou de dançar?
NC: 
Sempre. Desde a época do axé, que eu sempre gostei de dançar. E o arrocha pra mim, foi uma dança que, Ave Maria! Mexe com a sensualidade, tanto da mulher quanto do homem e é gostoso demais de dançar. Nos shows mesmo, se for 1h40 de apresentação, é 1h40 de dança.

CH: O arrocha é uma dança sensual e você dança o tempo todo em seus shows. Algum fã já te paquerou?
NC:  
Vááááááriossss. Uma vez eu estava num show, que o palco era um pouco baixo e, nos meus shows, a maioria das vezes, na frente do palco fica só mulher. E elas choram, e elas gritam e, nesse dia, um homem conseguiu romper a meninas e veio para beliscar aquele lugar, sabe? Aí eu botei a perna na frente, coloquei a banda para parar e dei aquela “mijada” nele. Mas eu já passei por várias situações dessas, em função do meu corpo: de beliscão na bunda a puxão de cabelo, pegada no peito. Mas a gente consegue dividir o assédio dos fãs, com o assédio imoral daqueles que querem só tirar uma lasquinha.

CH: Você disse que o arrocha é sensual, mas há quem diga que é vulgar...
NC: 
Eu tenho uma teoria em relação a isso. Se a gente fosse falar de vulgaridade, em relação à música baiana – porque o arrocha não deixa de ser um ritmo genuinamente baiano - , a gente deveria falar também do pagode, que é uma coisa que eu adoro, no meu repertório tem pagode... Então, assim: o arrocha não tem nada a ver com vulgaridade. Simplesmente é a sensualidade no remelexo do quadril. Tem pessoas que botam a mão na cabeça, que fecham os olhos, que mordem os lábios, mas é aquela coisa da sensualidade. Porque quando você viaja na música, vem uma música dizendo que ama uma mulher, que ela é linda e a pessoa entra na história da música e viaja naquilo, começa a dançar, vai no embalo da letra da música. Então, eu não vejo vulgaridade.

CH: Para finalizar, o arrocha é só para o povão, Nara?
NC: 
Não, a gente não tem essa distinção. O que eu falo do povão é porque foram eles que abraçaram realmente o arrocha. Tanto eu, como Silvano (Salles), como Pablo, como qualquer outro cantor de arrocha temos que agradecer muito ao povão, a galera da classe humilde, que vai lá e compra os CD’s, que vai para os shows. A gente tem o Esporte Clube Periperi, que todo show de arrocha fica lotado, seja lá quem for que esteja tocando e é um público fiel. Mas a gente também consegue atingir a classe alta, que também gosta de arrocha e pra gente isso é super gratificante.