Ele passou toda a adolescência no grupo Os Travessos e foi lá que ele experimentou o sucesso, a fama, o prestígio. No entanto, mesmo tudo isso, estava pouco para o Rodriguinho que cresceu, amadureceu e queria impor suas ideias. Diante das brigas constantes com o empresário, o jovem cantor resolveu abandonar o grupo e arriscar-se no tortuoso caminho da carreira solo. E, vendo o público de Rodriguinho hoje, é fácil constatar que deu certo, apesar do público ter estranhado o Rodriguinho totalmente tatuado, com uma linguagem diferente, uma forma de vestir diferenciada e o que ele tem a dizer disso tudo? "Eu meio que me rebelei quando saí dos Travessos". E nessa entrevista exclusiva à Coluna Holofote, o rapaz, agora com 32 anos, anuncia que vai parar de cantar. Quando? Só lendo para saber!

"Se me oferecessem para voltar para Os Travessos hoje, eu não voltaria"
Coluna Holofote: Rodriguinho, você ficou conhecido na banda Os Travessos. Você considera que aquele foi o momento áureo da sua carreira?
Rodriguinho: Não, não. Assim, acho que dá para dividir em duas partes, né? Dá para dividir o Rodriguinho dentro do grupo e o Rodriguinho solo. Mas se for para te falar o que eu prefiro, eu prefiro o solo.
CH: Por quê?
Rodriguinho: Porque as conquistas que eu tive em carreira solo foram muito mais aproveitáveis. Até porque, o trabalho solo é um trabalho autoral, um trabalho onde eu só canto músicas que eu mesmo compus, é um trabalho onde eu posso mostrar mais o que eu penso, o que eu sou e Os Travessos não era isso. Era uma coisa que eu adorava, mas tinha que ter o consenso dos cinco, tinham coisas que não eram o que eu queria fazer, mas foi uma fase maravilhosa também.
CH: Muitos artistas que trilham a carreira solo se arrependem, porque acabam perdendo um pouco do prestígio. Você acha que perdeu?
Rodriguinho: Não. Eu estou super satisfeito e se me oferecessem para voltar para Os Travessos hoje, eu não voltaria.
CH: Quando você enxergou que era hora de vôos mais altos?
Rodriguinho: Veio de uma briga com o empresário e todo mundo sabe disso. Não dava mais para continuar no grupo. Foi um grupo que eu fundei, eu era o integrante mais antigo, até o empresário chegou depois de mim. Então, eu estava saindo da minha casa. Mas hoje eu estou podendo resgatar isso, porque hoje sou eu quem cuido do grupo Os Travessos, então, eu tô curtindo um pouco o que eu deixei para trás.
CH: Mas quando você saiu, foi tudo tranqüilo ou deixou seqüelas?
Rodriguinho: Todo rompimento deixa sequelas. Eu passei quase seis anos em carreira solo para voltar a falar com os meninos e voltar a fazer um trabalho juntos.
CH: Até com os meninos da banda você deixou de falar?
Rodriguinho: É, foi uma separação, não tinha como continuar falando e quando eu saí do grupo, o que eu tinha na mão eram as músicas dos Travessos, era o que os Travessos eram e eles tinham que continuar um trabalho, mas a voz do grupo era eu. Então, muitas vezes, os contratantes contratavam os Travessos e quando sabiam que eu não estava mais, contratavam eu (sic). “Ah, o Rodriguinho não está mais, então eu vou contratar o Rodriguinho”. Então, isso foi gerando atritos entre eu e o grupo.
CH: Os meninos chegaram a pedir que você continuasse, eles queriam que você saísse?
Rodriguinho: A princípio não, nunca querem. Mas acabaram aceitando.
CH: Você acha que ainda hoje as pessoas te vinculam à banda Os Travessos?
Rodriguinho: Não. Até porque, já faz muito tempo.
CH: Mas as pessoas ainda pensam em ‘Rodriguinho dos Travessos’, sim...
Rodriguinho: É óbvio que lembram, os fãs sabem que eu passei por lá, usam esse termo, sim.
CH: Isso te incomoda?
Rodriguinho: Não, de forma alguma. Eu já estou no meu quarto trabalho e desde o primeiro CD solo aconteceram muitas coisas, então, já deu uma apagada nisso.
CH: Por que você abandonou as famosas viseiras, que era sua marca registrada, era uma forma de se desvincular dos Travessos?
Rodriguinho: Não, porque isso eu fiz dentro do grupo. Isso foi uma mudança dentro do grupo mesmo, porque eu tinha mania de ficar inventando essas modas: teve o cabelo loiro e tudo isso foi dentro do grupo. Quando eu saí do grupo eu pensei em quê: “Eu tô sozinho, então, eu vou ter que mostrar mesmo quem eu sou”, então eu optei por trabalhar com as minhas ideias, a pensar com as minhas músicas, que era uma coisa inevitável, não tinha lógica eu continuar numa linguagem que não fazia parte do meu dia-a-dia.
CH: Pois é. E como foi essa mudança? O público entendeu?
Rodriguinho: No início, para as pessoas entenderem foi um pouco difícil, porque eu compunha de forma diferente, eu falava de coisas diferentes e eu acho que as pessoas começaram a prestar atenção nisso quando eu me juntei com o Tiaguinho do Exaltasamba, o Exalta começou a gravar as músicas da gente e as pessoas entenderam o que eu queria fazer. Mas eu precisava tirar aquela viseira, aquela coisa do Rodriguinho adolescente. Eu já estava velho e precisava de algo mais maduro. Olhe para mim, o que é que eu tenho de Rodriguinho hoje? O Rodriguinho era o menino pequenininho, magrinho, adolescente, que não tinha tatuagem. A tatuagem mesmo, eu fiz a nota musical seis meses antes de sair do grupo. Depois que eu saí, eu me rebelei e fui fazer tudo o que eu queria fazer e não podia, então foi isso. Teve gente que gostou e tem gente que fala “ah, por que você não volta a usar a viseira?”. Não dá, né cara?
CH: Eu já li uma entrevista sua onde você dizia que, com 30 anos iria parar de cantar. Qual a sua idade?
Rodriguinho: É verdade. E hoje eu estou com 32.
CH: E aí?
Rodriguinho: Eu aumentei esse prazo.
CH: Para quando?
Rodriguinho: Aumentei para 35.
CH: Então, Rodriguinho vai parar de cantar aos 35?
Rodriguinho: Olha, eu já percebi que esse lance de parar é complicado. Não dá para você falar que vai parar em tal dia, porque o seu trabalho depende do povo. O povo não vai chegar e dizer: “Ah, o Rodriguinho fez 35 anos, então eu não vou mais ouví-lo”. Então, a gente depende do povo e, às vezes, você tem que estar suprindo o povo do que eles querem.
Por Fernanda Figueiredo