Adelmo Casé comenta sua fama de chato,fala da carreira solo e diz ser um mérito tocar em formaturas
Ele tem fama de chato. Pelo menos, para as Curtas e Venenosas. No entanto, basta alguns minutos de bate-papo para perceber que ele, além de um grande artista, empenhado, dedicado, curioso, audacioso e apaixonado pelo que faz, é uma pessoa do bem. O que não elimina a sua personalidade forte, coisa de gente que sabe o que quer e defende isso com unhas e dentes. O entrevistado dessa semana põe fim aos boatos de que ele e a Coluna Holofote não se bicam. Se bicaram, conversaram e esta coluna conseguiu tirar do cantor Adelmo Casé várias novidades, como a possibilidade ou não de deixar a banda Negra Cor, o que eles estão preparando para os ensaios de inverno, se, ao contrário do ano passado, esse ano terá ensaio de verão e até os problemas que o artista enfrenta em casa, agora que está casado com a ex-dançarina do É o Tchan e jornalista, Silmara Miranda. Não deixe de conhecer um pouco mais da personalidade desse baiano que não esconde o que pensa.

"Nós vamos experimentar o auge da Negra Cor agora"
Coluna Holofote: A primeira coisa que a gente precisa saber é se Adelmo Casé ainda é Negra Cor?
Adelmo Casé: Sem dúvidas. Para que todos os boatos sejam enterrados definitivamente, a Negra Cor esse ano de 2010 vem numa nova fase e só tende a melhorar. Eu acho que o amadurecimento para cada artista, ele é muito importante. Eu acho que nada motivou esses comentários e boatos de que a banda ia acabar, porque nunca foi a intenção.
CH: Então, por que você fez aquele projeto na Just One, sem usar o nome da Negra Cor?
AC: A intenção de fazer um projeto alternativo, que foi o “Casé Hip Hop Soul” foi só uma coisa de diversão mesmo. Não era nenhum tipo de fuga ou alternativa para finalizar meu trabalho na Negra Cor ou que eu tivesse assinando que a banda não deu certo, não foi nada disso, são duas coisas completamente distintas.
CH: Não seria um passo para uma carreira solo?
AC: Eu não tenho pretensão alguma de gravar nem CD e nem DVD com o Casé Hip Hop Soul, não me vejo como um artista puritanamente de MPB. Hoje eu sou a mistura que a Negra Cor sempre se propôs a fazer desde o comecinho, então, nada disso tem fundamento. E esse ano vai ser um dos melhores anos da banda Negra Cor, porque o amadurecimento do que a identidade da banda é, dos arranjos, da concepção da banda, as críticas que nós mesmos fizemos ao nosso trabalho durante esses cinco anos, o balanço que a gente fez, então, a gente chegou no mercado querendo se descobrir como banda e esse ano a gente já está colocando a cara para bater com canções que são mais a verdade da banda, como a “Freeway” agora, que é uma versão de uma música de Carlinhos Brown, uma canção que não tem um apelo muito popular mas, ao mesmo tempo, como fala de amor, tudo que fala de amor é popular. Então, essa canção já é um marco.
CH: Mas existe a intenção, alguma previsão de carreira solo ou você pretende se eternizar na Negra Cor?
AC: Assim, planos não existem, né? As coisas, às vezes, na vida, acontecem como conseqüência de uma série de posturas e de necessidades que o artista passa e eu acredito que muita gente se empolga com a história da carreira solo e quando eu saí da Funk Machine e fui para o Fama, eu praticamente tive uma carreira solo, intitulado Adelmo Casé, eu usei esse nome durante três anos no Rio de Janeiro, gravei um CD com o mesmo nome e esse foi um CD independente lançado no Rio de Janeiro e depois aqui na Bahia, uma tiragem pequena e tal e foi uma experiência maravilhosa porque daquelas canções, uma já foi gravada por Pedro Mariano, que é o “Teu Calor”, o “Adeus” agora está sendo gravado por Toinho Brito, que é um grande artista da Bahia e estava precisando gravar um trabalho e, graças a Deus, ele está terminando o CD dele em São Paulo, então, o meu solo foi um embrião para o meu lado MPB de compositor desabrochar.
CH: Você não respondeu a pergunta...
AC: Hoje eu me enxergo muito como banda, sabe? Banda para mim é a união de idéias num mesmo ideal e isso falta, às vezes, num trabalho solo porque, às vezes, a inspiração, a direção, as ideias vêm de uma fonte só e, sinceramente, eu gosto de dividir a responsabilidade com outras pessoas que estejam engajadas nesse trabalho e é o que acontece com a Negra Cor hoje. Negra Cor hoje está madura como banda. A gente discute os arranjos, a gente decide o repertório, o que é que é legal tocar, o que é que a banda se identifica tocando, o que é que já não faz parte, porque na música baiana tem muita opção boa, mas a gente sempre acaba direcionando para um caminho para você se achar como artista. Eu digo como exemplo o Saulo da banda Eva. Saulo é um exemplo do artista que amadureceu e que está hoje em sua melhor fase. Então, é diferente o Saulo da Chica Fé do Saulo hoje da banda Eva, houve uma evolução e eu acho que o artista que busca isso, fatalmente, ele acha o seu público e acaba tendo sucesso. Mas a evolução tem que vir naturalmente, você tem que vir percebendo o som que você gosta de fazer mais e a Negra Cor está nesse caminho.
CH: Então, você acha que a Negra Cor já tem um público cativo?
AC: Tem, tem. E engraçado é que a gente tem um alcance tão grande, que vai da garotada – a gente faz muita formatura de 2º grau, até de 1º grau - e a gente vê que, apesar da gente gostar da música e ter como base a música baiana de 20 anos para cá, a gente não se apega a concepção antiga, a gente sabe que o som evoluiu, por isso o DJ é importante na banda, a gente está sempre mexendo, cutucando com coisa atual e não tem essa de estar tocando o tempo todo coisas que são hits, mas coisas que fazem a cabeça da galera. Agora, assim, não é porque a garotada gosta de uma banda de rock’n roll que eu vou colocar aquela banda no repertório. Eu acredito que tem que vir de um consenso do que eu gosto na música nova, na música de hoje. O que é que eu gosto? É isso aqui? Então eu vou fazer um medley para a galera curtir e mostrar que a gente está antenado. Porque o maior compromisso da Negra Cor é estar antenado com o que acontece no mundo, a gente não está vivendo numa ilha achando que o som que a gente faz é parte da gente. Não, é fruto do que a gente ouve, das pesquisas que a gente tem feito, musicalmente falando, da convivência que eu tenho com outros compositores, como é o caso do Tenison Del Rey, do Saulo mesmo, que a gente está compondo junto, o próprio Saul Barbosa, que é uma pessoa que é da música baiana desde os primórdios, mas continua sendo moderno, Jerônimo também, que fez parte desse CD, pessoas que estão aí para somar nessa trajetória da Negra Cor.
CH: São eles a sua fonte de inspiração?
AC: São parceiros, na verdade. Porque antes eu compunha muito só e hoje eu busco essas parcerias. Tomate mesmo, que eu esqueci de falar, tem uma música nossa no DVD novo de Tomate, que é “Whísky com Guaraná” que, se eu achar que ela cabe no 2º CD da Negra Cor, eu vou colocar e, inclusive até, chamá-lo para fazer uma participação porque ele é um artista também, dessa nova safra, que evoluiu e amadureceu muito. O Saulo foi assim, o Tomate e são pessoas que eu admiro pelo ímpeto artístico de busca, de auto-conhecimento e isso é uma trajetória que eu, eternamente, vou conseguir.
CH: E quem é a sua inspiração?
AC: Ah! Tem muita gente boa. Na música baiana seria até leviano ficar citando nomes, mas a gente tem o exemplo dos mais fortes, normalmente, né? Mas engraçado, porque tem pessoas que têm uma postura tão bacana, mas não alcançaram esse estrelato todo e que a gente admira pelo serviço prestado. Assim, eu admiro toda a galera que fez parte da fundação desse ritmo e desse estilo chamado samba-raggae. É a banda Mel, a banda Reflexus, o Olodum que até hoje está aí arrebentando, volta e meia lança moda, lança música boa, tem o Luiz Caldas que eu amo de paixão, pelo músico que é, pelo que representou, pelo respeito que ele impõe, porque quando as pessoas acham que não, um mesmo artista que faz música para dançar, pode fazer música clássica, então, Luiz Caldas desmistifica tudo isso, ele coloca abaixo de discute de igual para igual com qualquer musicista, qualquer maestro, que entende, sabe da teoria. Então, são caras assim, que eu respeito. Tem Ivete, a Claudinha que eu admiro a postura e não só artistas solo, mas as bandas que têm um trabalho sedimentado, como é o caso do Asa de Águia e Chiclete com Banana e o Durval, esse, especificamente, eu abro um parêntese.
CH: É? Qual sua história com Durval Lelys?
AC: Dentro da história da Negra Cor, ele já fez diferença, porque nesse carnaval foi super generoso me convidando para fazer uma participação no trio elétrico do Asa, em pleno carnaval, no bloco dele e ele me deixou super à vontade com a galera o percurso inteiro. Recentemente está ajudando a banda pra caramba, cedeu o estúdio dele para que a gente gravasse os novos projetos da Negra Cor para 2010, uma nova música de trabalho, deixou as portas do estúdio dele abertas, é um cara que me dá muito conselho hoje, e eu pergunto mesmo e ele me ajuda muito, me aconselha, afinal, são muitos anos de experiência. Ele é uma criatura assim, amável de se lidar. Você conversa com ele e você fica perdido, porque é muita experiência, é muita coisa boa, muita coisa positiva.
CH: Foi interessante você falar em Durval, porque nos últimos dias ele andou bastante em pauta, por conta da participação dele no Salvador Fest, que é um evento bastante popular e a gente sabe que o público do Asa é, em sua maioria, formado por elite. Como você enxergou a participação dele neste evento?
AC: Eu até estava vendo uma entrevista dele e ele fala da renovação, da busca pela renovação. E eu acho que, no patamar que ele se encontra, se ele não buscar, não arriscar conhecer novas sensações artísticas, até novos desafios, eu acho que ele pararia no tempo e Durval não para no tempo por isso: porque ele está o tempo todo buscando novidade. Ele me contou toda a trajetória dele da criação da Trivela, da coisa que todo mundo achava que era impossível e ele foi lá e fez e ele é um cara que é desafiador. Eu acho que ele foi muito mais pelo desafio de mostrar que o Asa de Águia tem uma linguagem que alcança muita gente do que pelo dinheiro. E isso, no carnaval, notoriamente, a gente vê que o Asa de Águia tem público que vai da classe A a classe E. Mas ele estava achando que faltava uma oportunidade de encontro com os outros públicos que não fazem parte do circuito do Asa, das trivelas, então, ele quis esse desafio e eu me enxergo muito nisso nele: eu não desisto e nem me amedronto de enfrentar nenhuma tipo de público e eu acho que o Durval, no alto da maturidade da carreira dele, está se permitindo isso, se desafiar.
CH: E o seu público, é formado mais por que classes?
AC: Meu público é tão heterogêneo, que fica difícil intitular ou dar um segmento para ele. Eu tenho como termômetro o Orkut, o facebook, o twitter e é gente de todas as idades, gente que me conheceu no Fama, gente que me conheceu no Funk Machine, gente que me conheceu na minha carreira solo e gente que me conheceu agora com a Negra Cor então, são muitas opiniões, mas o que mais me agrada e o que mais me deixa feliz é que eles sempre falam em qualidade. Quando vincula Adelmo Casé, vincula a qualidade. E eu acho que essa busca minha, puramente, não para ser preciosista, nem para agradar essa ou aquela fatia da imprensa ou de público. Na verdade, o que Adelmo Casé faz em qualquer show é buscar a verdade da música. Então, o leque hoje das pessoas que gostam de Adelmo Casé, da Negra Cor é muito variado. Mas hoje eu digo a você que, quem busca um show mais heterogêneo, de um momento mais intimista, de um momento dançante, de alegria, busca a Negra Cor.
CH: Você falou aí que toca muito em formaturas, festas corporativas também e a gente sabe, vem acompanhando isso. Você acha que isso reflete a decadência da carreira do artista?
AC: Não, de forma alguma. Eu sei que tem gente que enxerga dessa forma, mas eu vou lhe dizer uma coisa: artista super consagrados, como Margareth Menezes e Jorge Ben Jor, por exemplo, fazem muito show corporativo. Daniela Mercury é outra que faz bastante show corporativo, então, se a Negra Cor está no hall desses artistas – claro que, cada um com a sua magnitude, evidentemente, mesmo porque, as bandas têm uma realidade de cachê diferenciado -, o evento em si não desmerece o artista por ser corporativo, por ser uma festa já bancada, fechada, não desmerece o artista de forma alguma. A Negra Cor estaria parada no tempo se só fizesse isso, mas novas praças estão sendo ganhas com o novo trabalho da Negra Cor, a gente está indo para Maceió, Aracaju, estamos fazendo parcerias com rádios em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro. Então, quer dizer, a busca pela evolução da banda, mais perto do público, de ganho de novas praças está sendo feita, a gente não está acomodado só fazendo o corporativo. Nós demos sorte e o artista deve se sentir muito lisonjeado quando é requisitado para fazer show corporativo, formaturas, enfim.

"Pode ser que a Negra Cor passe mais da metade do carnaval tocando fora. É uma realidade que pode vir"
CH: Mas a Negra Cor também faz shows grandes. E por falar nisso, lá vem Negra Cor e Capital Inicial por aí. Qual a expectativa para esse showzaço?
AC: Esse show vai ser um negócio. Porque assim como é aguardada a volta do Dinho, é aguardada a volta da Negra Cor aqui em Salvador, porque, sem fazer os ensaios de verão no ano passado, deixamos uma legião de fãs da banda órfãos dos nossos shows e agora é a oportunidade de mostrar a nova cara da banda Negra Cor, essa nova concepção, o repertório novo usando coisas que a gente sempre gostou de fazer, misturando música eletrônica com coisa da Bahia, de MPB, de hip hop com coisa da Bahia, essa marca maior da Negra Cor e isso a gente sempre vai fazer. A gente plantou, desde 2005, que a gente vê hoje, muitos artistas fazendo, mas a gente não se importa, não. Mas a gente é que é o pai da criança.
CH: Vocês faziam bastante sucesso em Salvador com os ensaios semanais de verão. Por que parou?
AC: O ensaio demanda muita coisa. Não só investimento, claro, mas demanda uma disponibilidade que a banda, na minha opinião, não tinha, principalmente nas sextas-feiras, que é o dia mais forte da banda e já foi criada uma tradição, mas a gente queria, nas sextas-feiras, ganhar outros lugares porque a Negra Cor passou quatro anos com as sextas-feiras todas comprometidas nos verões e vários contratantes de outros lugares não tinham a oportunidade de ter os nossos shows. E até para você negociar nos finais de semana era complicado porque já tinha a sexta-feira comprometida e geralmente, numa cidade, se faz show na sexta e no sábado. Ou sexta numa cidade e sábado na outra cidade próxima daquela, então, essa foi a estética desse ano que passou sem os ensaios da Negra Cor, era esse o compromisso.
CH: E esse ano, vai ter ensaio de verão?
AC: Claro. A gente parou porque fazer um e deixar de fazer três e voltar é difícil, e a gente não queria isso. Agora, a gente quer voltar com os ensaios esse ano, como vai ser o caso, para ter comprometimento, para fazer periodicamente, para a galera já saber que aquele é o point da Negra Cor e tem uma novidade: vai ser num novo lugar!
CH: Não vai ser no Bahia Café Hall?
AC: Não vai ser no Bahia Café Hall. Vai ser num novo lugar, com um astral renovado. O Bahia Café, a gente ama de paixão, inclusive, eu me sinto co-responsável por essa universalização do Bahia Café Hall, porque na época que a gente entrou, a gente só via MPB lá dentro e a Negra Cor chegou para romper com essa barreira dentro do Bahia Café Hall e apostou naquele espaço como um espaço que poderia ser o que é hoje: uma arena muito boa para shows e toda a galera da direção está de parabéns, porque a casa está cada dia melhor, mas só que a Negra Cor busca esses novos espaços, ganhar outros pontos da cidade, facilitar a vida de outras pessoas.
CH: E que lugar é esse?
AC: Ainda não posso falar, ainda não. Mas vocês vão saber em primeira mão.
CH: Mas continua às sextas-feiras?
AC: Sempre às sextas-feiras, exatamente. Com convidados, cada vez mais parceiros que a gente vai conhecendo, fazendo novas amizades, então vai ser fantástico! Podem esperar uma boa temporada aí...
CH: E ensaios de inverno, vai rolar esse ano?
AC: Vai, sim. A gente fez um formato que coubesse nessa nova fase da Negra Cor, num local um pouco menor, que vai ser o Zen que, a partir de 11 de agosto, a gente vai fazer o negra Cor Acústico trazendo um repertório mais intimista, por causa, inclusive do apelo, porque a casa é bem menor que o Bahia Café Hall, as pessoas vão poder curtir mais conceito, digamos assim, do que, propriamente a dança, vai-se mostrar mais as músicas do CD, as concepções de misturas que a gente sempre faz. Vai ser um ‘Lado B’ de Adelmo Casé, digamos assim.
CH: Você considera o momento atual um momento bom em sua carreira?
AC: Nós vamos experimentar o auge da Negra Cor agora. Porque, nitidamente, as pessoas vão perceber esse amadurecimento, tanto de Adelmo Casé como artista quanto da banda como um todo, com união, com mais intimidade, cumplicidade e isso já transparece no repertório, até na minha pessoa. Às vezes o pessoal comenta que eu estou mais solto, por causa disso: a gente está experimentando um momento de dizer ‘pô, já experimentamos isso, isso e isso e não deu certo, então vamos experimentar pegar o que a gente tem de mais forte? Vamos valorizar isso? Ah, vai deixar de agradar A ou B? Tudo bem’. A gente tem a nossa identidade e tem uma hora que o artista se olha no espelho e fala: tem que ser aqui, é isso que eu quero e quando você faz o que você gosta, todo mundo cola com você, lhe dá esse abraço. Então, a Negra Cor espera esse abraço dos fãs e que acredite nessa nova trajetória, porque a gente vai fazer o melhor.
CH: E vocês já estão pensando na música do verão, já tem alguma aposta?
AC: Eu já penso nessa música do verão, já estou pensando nela faz uns dois, três meses. Mas ela ainda não apareceu, tem muita coisa boa, mas meu olho tem que brilhar e tem que arrepiar na hora, entendeu? Como canções como “Jogue tudo pro alto” e “Só vou fazer amor”, que são canções que, assim que a gente ouviu, já imaginou a reação do público, pela mensagem, pelo ritmo, pela coisa gostosa da melodia, pela letra, tanto faz. O importante é que arrepie, que emocione. Então, essa música que emociona, pro verão, a gente não achou ainda.
CH: Vocês já estão pensando no carnaval?
AC: A gente tem um projeto, que a gente não pode falar, porque vai precisar fechar 100% primeiro, mas é uma coisa muito legal, que puxa muito esse lado que a Negra Cor sempre cantou, que é a interatividade entre a música nacional e a música baiana, nomes que vão ser representados no carnaval da Bahia, artistas de grande expressão, nesse novo trabalho que a gente está montando. Vai ser uma coisa bem legal e a galera não vai se arrepender de esperar.
CH: Mas tem algum bloco fechado, ou em vista?
AC: A gente sabe que está cada vez mais difícil se encaixar nessa coisa do bloco, mas existe uma gama de espaços, como os trios alternativos, os trios independentes, que talvez sejam a grande novidade dos próximos carnavais, porque o circuito se fecha cada vez mais, é muito caro sair com um bloco, então, a Negra Cor hoje vislumbra muito isso. Tocar para a galera na rua é ótimo, tocar nos camarotes, a gente adora! A gente tocou e toca no camarote Skol há muito tempo e se faltar camarote Skol num carnaval nosso, a gente vai sentir muita falta, mas estamos muito abertos a novas praças também. O palco maior é o carnaval de Salvador, é, mas existem mil outras cidades e outros estados que estão muito carentes da música baiana e que gostam da música baiana. Vai que Negra Cor passe mais da metade dos dias da folia tocando fora? É uma realidade que pode vir...

"Eu não procuro ser o menino bonzinho o tempo inteiro e nem o polêmico"
CH: Adelmo, você é considerado um “chato” para as Curtas e Venenosas, que é uma coluna dentro da Coluna Holofote. Isso te incomoda?
AC: Engraçado, porque eu não acompanho isso não. Porque o Jansen, meu assessor, ele me manda a clipagem, mas imagine: eu tenho 10 perfis no Orkut, um twitter, um facebook e eu fico maluco já só de dar atenção a isso aí. Tem meu blog também, então, tem uma série de coisas para dar atenção já.
CH: E por que você acha que possui esse rótulo?
AC: Eu não sei o que é que motivou isso, mas eu não procuro ser o menino bonzinho o tempo inteiro e nem o polêmico, eu não vou aos extremos, mas eu tenho opiniões fortes, digamos assim e isso até me dá problema em casa porque, às vezes, parece que eu tenho uma coisa de impor o que eu acho certo, mas não é isso. É porque eu defendo meu ponto de vista com argumentos. Então, eu não sei. Mas nunca a gente vai conseguir ser unanimidade, ninguém consegue. Então, esse ou aquele comentário que eu fiz em um dia, a gente não pode esquecer que somos seres humanos e não somos perfeitos, e nem é para ser, senão seria sem graça, mas eu digo uma coisa a você: eu sou do bem.
Por Fernanda Figueiredo
