NOSSA MILÍCIA DE BRAVOS
“O que seria do carnaval da Bahia se não fosse seus artistas?” Essa é uma frase que constantemente ouço das pessoas quando falo sobre a nossa festa momesca. Mas que poderia também ser dita de outra forma: “o que seria do carnaval da Bahia se não fosse a policia militar?”
foi Dom Pedro I que disse no seu decreto “manda organizar na cidade da Bahia um corpo de policia”, isso há 184 anos. E ele nem fazia idéia de que viria a acontecer nestas bandas a maior festa do planeta, e que a polícia criada por ele hoje garante de forma exemplar a segurança de pelos menos dois milhões de pessoas em seis dias de festa.
Mas pra chegar esse know-how modelo exportação, muito aprendizado teve que ser feito. A PM começou a intervir nas festas de largo que antecipavam o Carnaval de Salvador mais ou menos no fim da década de 70 e começo da década de 80.
A necessidade se fez por diversos fatores, mas acho que posso numerar uns três por exemplo. Primeiro: naquela época as famosas festas de largo antecediam o Carnaval. Nessas festas, o grande barato era ficar sentado em uma das barracas que vendiam bebida e comida e que ficavam em toda região onde acontecia o evento.
E duas barracas de largo começaram a se destacar por colocarem sonorização nos seus espaços, a Barraca do Juvená e a Barraca Guanabara. E ai já viu, onde tem musica tem gente, onde tem gente tem muvuca e por ai vai. E a PM, para manter a ordem na área, criou um patrulhamento para dar segurança e paz à população contendo os mais exaltados.
Outro fato que também contribuiu para essa extensão da profissionalização em eventos por parte da PM foi a disputa acirrada dos chamados blocos de índios. É. Pra quem não sabe, no inicio dos anos 80, havia dois blocos de índios que quando se encontravam, literalmente era flecha pra todo lado. Os Comanches do bairro da liberdade e os Apaches do Tororó.
Essa galera não podia nem chegar uma perto da outra, por que o pau quebrava feio, sobrava pra quem estivesse na frente. Por conta disso também, a PM criou as patrulhas que hoje tão comumente atuam no carnaval. Naquela época, já começando a criar a especialização em festas, foi a Tropa de Choque que, tendo à frente o meu amigo e hoje coronel Muller, na época um jovem oficial, conhecedor em muito desta festa, começou a fazer esse patrulhamento preventivo, não somente nas festas de largo, mas no carnaval também, impedindo a “galera do mal” de acabar com a alegria.
Só pra se ter uma idéia do nível de capacidade da PM-BA em eventos, exportamos conhecimento para, se duvidar, o mundo todo. A partir do surgimento da micaretas, houve a necessidade das policias dos mais diversos estados do Brasil em aprender o nosso jeito de fazer festa na parte da segurança também. Não se engane não! Quando você observar em alguns desses lugares a forma de trabalho de algumas destas polícias, pode se orgulhar por que ali está um modelo 100% baiano, testado em pelo menos 20 anos de carnaval moderno.
Estados como Pernambuco, Ceara Minas Gerais e o Distrito Federal entre outros mandavam e ainda mandam oficiais observadores, para aprender e se reciclar na forma de conduzir uma festa tão complexa quanto o carnaval ou uma micareta.
Fiquei feliz e emocionado quando vi a acho eu um ano atrás, Durval Lelys do Asa (um abraço ao tricolores Dudu e Ricardo da família Asa) prestar uma homenagem à Policia Militar cantando o seu hino na Barra. Sei que alguns outros artistas também, sempre que podem, fazem honras à nossa PM. Ivete Sangalo é uma delas. Acho que foi no ano passado que ela vestiu a farda da corporação em um outdoor.
Por isso quando formos falar de Carnaval de Salvador, devemos nos orgulhar em dizer que nossas estrelas não são somente as nossas bandas, mas também organizações como a PM, que mesmo não sendo tratada como deveria atualmente, nunca deixou de cumprir seu dever garantindo a alegria e a paz no nosso carnaval. E ela sempre estará na cabeça e no coração dos baianos
Meu forte abraço a toda a Policia Militar do Estado da Bahia.
“Centenária milícia de bravos
Altaneira na fé e no ideal
Atravessaram da Pátria as fronteiras
Tuas armas, tua glória, teu fanal
Força invicta da terra brasileira
Na Bahia irrompeu varonil
Desfraldando do Império, a Bandeira
Das primeiras a surgir no Brasil.”