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Ildázio Jr.: O Carnaval e suas novidades!

Por Ildazio Jr.

Ildázio Jr.: O Carnaval e suas novidades!
Foto: Jotta Fotógrafo

Sim, o título do texto contém ironia. Aliás, muito mais que isso, com notas de sarcasmo! Este ano em especial percebi que muito do que está aí há anos foi elevado ao grau de “fato novo”, “novidade do carnaval”, “que massa, viu?”... Ou, no bom sentimento da boçalidade baiana, “a Bahia é fo..., tudo acontece aqui”. 

 

Mas vejamos:

 

Barra: Algumas autoridades públicas declararam abertamente que a superlotação que ocorre nas sextas e sábados na Barra deve ser revista, como se fosse algo novo e surpreendente, exigindo medidas urgentes! Eu fico sem entender muito onde eles estavam nos últimos 20 anos. Será mesmo que só esse ano eles entenderam que esse Carnaval a cada ano vem corroendo aos poucos o belíssimo bairro da Barra? E não só pela densidade demográfica nestes dias específicos, mas pela festa como um todo, da montagem, folias, desmontagem e 60 dias de ouriço.

 

Já escrevi e fui atacado por defender o fim desse modelo de carnaval na Barra, que simplesmente é insustentável a não ser que vocês curtam o maior campeonato de arremesso de lata, garrafa pet no oceano, ou o campeonato infanto-juvenil de catadores de latinha na beira do trio de artista gente fina! Há ainda o veraneio das centenas de famílias que se digladiam entre isopores e pipocas para tentar fazer uma guia, dormindo na rua em papelões por dias! Fatos novos, ninguém nunca notou! 

 

Outro fato novo que nunca foi problema: os Cordeiros.

 

Existem profissões árduas como os antigos carregadores das pedras das pirâmides de Gizé, mas ser cordeiro deve ser pior!  Então foi neste ano também que todos se atentaram para o fato de que R$ 50, um suco de caixinha, um protetor auricular, luva e um pacote de biscoito Treloso não dão match! Só sacaram em 2024 que sem eles não têm bloco, né? Mais uma novidade...

 

Fortíssima novidade mesmo foi uma tal de BaianaSystem (em 2012 toquei no Conexão Transamérica a música “Da Calçada ao Lobato”), essa “nova” banda que agora faz o maior carnaval sem cordas da Bahia. Todos usam máscara, viraram devotos, sem falar no seu mais novo sucesso, “Forasteiro” (música de 2016) e que todo jornalista, entendido do axé e afins se espanta e tece milhões de elogios tipo “o novo som do carnaval”, “a nova banda do carnaval”... Isso quando não comparam com os véinhos do Axé! 

 

No quesito novidade de Circuito, temos a descoberta da pólvora que é a necessidade de um terceiro local, visto que só hoje perceberam que a Avenida, se levarem para lá os maiores artistas, pagos pelo poder público e sem corda, aconteceria soberbamente. Super novo o fato! Quem um dia iria pensar nisso, não é mesmo? Sem contar com a Praça Castro Alves, também descoberta recentemente como uma grande possibilidade de palco para um maravilhoso carnaval e encontro de diversidade musical carnavalesca.

 

Mas sem dúvida, e o que mais me deixou estupefato, foi terem descoberto a novidade que sempre foi linda, o maravilhoso carnaval que os pretos dessa terra preta fazem! Me descobriram o Ilê, a sua Senzala do Barro Preto e o padê para Exu. Descobriram a novidade quente saindo do forno chamada Cortejo Afro e, para trazer um molho mais que especial, a maior novidade de todas: Salvador é uma capital Afro! 

 

Enfim... ironias à parte, tudo que listei sempre esteve aí e há tempos. A Barra não comporta tanto vilipêndio; cordeiros, ou pagam bem a eles ou que sofram as consequências; abram espaço para o novo som baiano para dançar na rua, qualquer que seja ele - chega de guela abaixo e picaretagem musical. A Avenida não pode morrer, mas precisamos de um terceiro circuito urgente.  E sobre os pretos maravilhosos? Patrocinem mesmo! Aliás, dobrem o patrocínio! Pois, na real, eles que sempre foram inclusivos, diversos, acolhedores, culturais, sociais e humanos, dando chance a muitos invisíveis de aparecer e se sentirem cidadãos.

 

Vamos ver as novidades de 2025!  

 

Eu ouvi Amém?