Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias Holofote
Você está em:
/

Coluna

Luis Ganem: Então é Natal... e cadê a Bahia?

Por Luis Ganem

Luis Ganem: Então é Natal... e cadê a Bahia?
Foto: Bahia Notícias

“Finalmente chegou dezembro e, com ele, bom perceber que as rádios estão tocando nossas músicas (música baiana) a todo vapor.” O Começo desse texto já foi dito por diversas vezes anos atrás, sendo totalmente verdadeiro na construção a que ele se propõe, mas em nada atual, importante ressaltar também. Poderia eu ou qualquer pessoa ter dito essa frase lá pelo fim da década de noventa ou ainda nos primeiros anos do século 21, mas neste momento, esta frase em nada representa a realidade da música baiana como um todo.

 

Infelizmente, os tempos já não são tão acolhedores para nosso mercado. A impressão que se tem é que a nossa música está literalmente ultrapassada, fora de contexto, velha mesmo. Esse movimento musical, igual a esse texto, parece, e o é, repetitivo.

 

Se fosse somente por conta de não termos nada audível musicalmente, poderíamos até tentar mudar essa realidade, com coisas mais modernas e tal. Mas fica cada vez mais evidente que não é isso, e sim, a falta de interesse do ouvinte, do consumidor de música. O que é bem pior, pois demonstra de forma inconteste um consumidor cansado e que não se motiva mais com o nosso som.

 

Essa análise que hora faço vem pautada em diversas conversas com profissionais do meio, desde jornalistas a comunicadores, que falaram de forma uníssona sobre a falta de renovação musical a que estamos submetidos, com reflexos sentidos principalmente na relação oferta e procura que o rádio, sendo o principal veículo de propagação e publicização de música, está tendo.

 

Até porque, a saber, em nível de procura pra se tocar nas rádios locais, o que antes acontecia primeiro a partir do fim de junho – logo após o fim do São Pedro com o fim do ciclo zonal do ritmo forró, foi com o passar dos anos mudando seu mês de início de procura, chegando ao cúmulo de, agora, só começar a tocar em novembro/dezembro – e olhe lá!

 

Óbvio, digo isso tudo e reitero que estou falando do axé. No pagode e nos outros ritmos locais, as coisas ainda estão menos ruins. Isso mesmo! Menos ruins, pois o bom já não existe há muito tempo.

 

Dizendo tudo isso, sei que irão lembrar que hoje já não se precisa mais de rádio pra nada – ao menos podem achar isso – pois as plataformas estão aí como forma moderna de se ouvir música. Mas em se tratando de faixa etária, temos em maior parte ouvintes acima dos 30 anos, o que é significativo enquanto parâmetro das pessoas que preferem o rádio em detrimento às novas formas de audição. Por isso do meu espanto quanto à falta de peso da nossa música perante o consumidor, pois, de forma geral ou para sua grande maioria, fica evidente que nosso som cansou.

 

Pasmem, quem diria que um dia chegaríamos a essa condição. Nossos poucos brilhos, a exemplo de Bell, Ivete, Olodum no axé, Pablo e Tierry no arrocha – falando dos mais famosos -, do nosso pagode na sua versão original com Xandy Harmonia e Marcio Vitor, ou sua nova versão mais moderna com os diversos que ai existem, a exemplo da La Fúria, já não conseguem sobrepor o sertanejo, ou melhor dizendo, ao ritmo que vem de fora.

 

Fico imaginando: como será o meme da “música do carnaval” quando fevereiro chegar? Aliás vai ser interessante entender o que será moda no verão, já que o mesmo começa com nada de produto baiano sendo tocado nas rádios de forma a contento.

 

Lembro que uma música, para maturar no gosto das pessoas, levava no mínimo três meses tocando no rádio. E agora vai tocar no máximo um mês e olhe lá pra já chegar na “boca do povo”. Então é Natal!