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Luis Ganem: Adeus Barra, Welcome Boca do Rio!

Por Luis Ganem

Luis Ganem: Adeus Barra, Welcome Boca do Rio!
Foto: Divulgação

A saída do carnaval do bairro da Barra é algo meio que um sonho dos seus moradores há muito tempo. Creio que, desde que o circuito foi criado, seus moradores começaram a sonhar com o fim dele. É forçoso dizer que o circuito, na sua concepção original, previa, salvo engano, melhoria nas ruas principais e adjacências do bairro, além do incremento do comércio, trazendo mais movimento comercial para a Barra, que era até então somente um bairro residencial. Mas, infelizmente – na visão dos moradores –, com a chegada do circuito e sua consolidação, a melhora que era um sonho acabou-se tornando uma realidade muito dura. O que eventualmente foi bom para o comércio – até onde eu sei – tornou-se ruim para os moradores.

 

Importante lembrar que no começo do circuito Barra, tudo era bom (sossegado). Desde a tranquilidade de acesso, passando por onde estacionar – quando praticamente se parava na rua paralela à principal, nada era complicado. O Circuito era tão família que as pessoas levavam seu isopor – isto mesmo: isopor! – ou ficavam em algumas barracas dispostas no circuito, principalmente em ondina, para poder apreciar o que passava, fosse bloco ou trio.

 

Mas, enfim, o começo do fim chegou ou começou a chegar. Como tudo sempre acaba, eis que a prefeitura se pronunciou e começou a informar da grande chance do carnaval da Barra ir para outro local. Não sei dizer se por completo ou só uma parte, mas a verdade é que já existe, agora de forma explícita, o pensamento de um novo local para o carnaval acontecer nos próximos anos.

 

E com isso, mais que pertinentes, começam as perguntas, ao menos algumas, para tentar entender o desenho do que virá por aí. É preciso entender que, se antes adaptávamos o carnaval a uma avenida e nela encaixávamos os detalhes, agora, com o anúncio da possibilidade de mudança, poderemos fazer um carnaval planejado na sua estrutura.

 

É fato que, não raro, o novo traz consigo questionamentos, fake news, teorias da conspiração e tudo o mais que a mente humana imagine ou possa vir a imaginar, e, é por isso, que, na minha opinião, o ente público precisa o quanto antes começar a publicar as regras do novo circuito, para que não fiquem dúvidas sobre esse espaço.

 

O bom dessa história toda – e, felizmente, sempre tem algo de bom – é que ao menos o carnaval volta a ter alguma visibilidade, mínima que seja, com essa possibilidade de mudança ou criação de outro circuito. O anúncio serviu para alguns poucos comentarem com outros poucos o que pode vir a ocorrer, e isto já ajuda, uma vez que antes, com o axé apagado do cenário, nada se falava.

 

O interessante nisso tudo é de como será o circuito (sem corredor da folia, com corredor da folia, fechado cobrando ingresso, aberto pra quem quiser vir), enfim, vamos ver como tradicionais blocos e camarotes serão distribuídos na festa e, como será o pleito dos novos que também vão querer um lugar ao sol e uma fatia desse bolo. Isso sim, é algo que fará parte de muitas rodas de resenha, muitos achismos e teorias. Até porque, tudo vai girar em torno de qual vai ser a modalidade de circuito, penso eu.

 

E nisso, estamos falando de muitos critérios indefinidos até o momento, como, por exemplo: caso o circuito tenha pórtico de entrada e de saída e, a depender onde seja esse pórtico e, se acontecer de dia, quem seria ou quem será o primeiro bloco a sair? O formato será o mesmo da Barra, já que só fez mudar de lugar?

 

Como serão dispostos os camarotes ao longo da avenida? Em sendo o mesmo formato da Barra, que camarote fica na entrada do circuito e qual fica na saída – em princípio os melhores lugares da festa. O camarote vai precisar passar pelo crivo da prefeitura; será sorteio ou quem chegar primeiro?

 

Nos moldes desse novo circuito, é importante frisar que a identidade histórica do carnaval de Salvador, que é a espontaneidade do circuito de rua, perderá metade do seu valor histórico, compreendendo que o carnaval surgiu como manifestação popular, pelas ruas da cidade velha (Avenida Sete de Setembro).

 

Em sendo assim, teremos aí os moldes das grandes micaretas fora de época, que trazem como principal característica o “controle” total do espaço, com todas as logísticas possíveis e imagináveis.

 

Lógico que, dito tudo isso, é preciso saber que os tradicionais circuitos deverão continuar a existir e apenas o business passará a ser em um novo espaço, liberando os tradicionais para dar voz e vez ao folião que não mais conseguia se expressar, “engolido” que foi pelos blocos, camarotes e suas estrelas.

 

 

Afinal, se para alguns o Carnaval é negócio, para outros ainda é a melhor forma de extravasar, liberar e jogar tudo para o ar!!! (risos!).