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Coluna

ERA UMA VEZ UMA MICARETA...


Micareta de Feira de Santana. Ano 2009.




 

Nossa, estou feliz! O período de micaretas na Bahia acaba de começar e sei que agora - até o começo do ano que vem -, vou quase todo mês para uma micareta fora de época pelo interior do estado da Bahia. Certo? Certo nada, amigo. Esta frase poderia estar agora em algum livro de história da Bahia ou na continuação do filme Ó Pai Ó. Porque, como verdade, as micaretas do interior do estado estão em sua maioria acabando. Pois é, em seu fim.


Foi-se o tempo em que se findando o Carnaval de Salvador começava-se o preparo para as micaretas do interior. Havia sempre um sentimento de expectativa para saber em quais micaretas se iria tocar. Claro que sempre houve as mais esperadas, que os empresários sabiam ser importantes para a continuidade de seus negócios pelo interior do estado e até fora dele, apesar de no começo dos anos noventa, não haver ainda a quantidade de micaretas fora de época que hoje existe pelo Brasil.


Pois bem, a maioria delas acabou, amigo. O que era motivo de sentimento de continuidade naquele tempo, hoje se trata apenas de história. E olha que não estou falando apenas de pequenas cidades do interior, estou falando das grandes. Vejam algumas: Vitória da Conquista só existe hoje por obra e graça do meu amigo Massinha, que faz do seu ‘massicas indoor’ uma das melhores festas que o interior tem. Esse cara é fera, o conheço de muitos anos. Assumiu um espaço antigo e tradicional, que era a micareta de Conquista, e transformou a festa num sucesso. Ele ainda a mantém em alta na agenda de grandes eventos do país!


Lembro que em Jequié foi a primeira vez que vi Ivete Sangalo; por volta das três da manhã, e ela usava um chapelão todo colorido. Todo ano, todos queriam tocar em Jequié; grandes nomes da música passaram por lá, mas... não existe mais. Portanto, vamos falar da Micareta de Itapetinga, que também (adivinhem) acabou! Desta também tenho boas lembranças. Na Micareta de Itapetinga estavam, durante anos a fio, as bandas Furta Cor (Ademar), assim como a Banda Beijo (Netinho), Cheiro de Amor (Márcia Freire) e muita gente boa... Ficávamos no Hotel Goitacaz e o trio rodando a praça. Dava umas quatro voltas, naquele tempo trio trucado, nada dos trios que vemos hoje, mas... pois é acabou.


 Assim como outras muitas que, com o passar dos anos, foram sendo diluídas; ou pela falta de interesse do poder público, ou até mesmo pelo empobrecimento dos municípios. Ou ainda pelo encarecimento das nossas atrações, que se tornaram solicitadas e caras demais para o poder econômico do interior. Enfim, de um jeito ou de outro nosso estado ficou mais pobre em nível de micaretas.

Espero que o interesse de resgatar as micaretas da Bahia ainda seja possível. As grandes produtoras de Axé e seus empresários; os nossos prefeitos das grandes e pequenas cidades do interior; as autoridades que compõem ou representam o estado; enfim, todos os lados da festa precisam começar a ver com outros olhos o nosso interior. Alguns podem até dizer que o forró está em alta no interior, ao que respondo que forró eletrônico, amigo, só vai poder ser chamado de tradicional daqui a 70 anos. Os pé-de-serra são poucos os lugares que ainda têm. Agora, se você não sabe quando foi a primeira micareta da Bahia, eu conto, foi realizada ainda na década de 30. E olhe que ainda existem controvérsias sobre, alguns acham que foi antes.


Bom, se pudesse dar um conselho a você que sempre me lê, diria o seguinte: se ainda não foi ver uma micareta no interior da Bahia, vá antes que acabe. Eu? Eu já fui!