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Ildazio Jr.: Um entretenimento órfão

Por Ildazio Jr.

Ildazio Jr.: Um entretenimento órfão
Foto: Henriqueta Alvarez / Divulgação

Em fevereiro agora fará um ano que aconteceu o último momento do grande entretenimento baiano, o carnaval! Em uma breve retrospectiva, de lá para cá foi um tal de Cestas básicas, campanhas de arrecadações, inúmeras demissões, empresas fechadas, estruturas empoeirando, novos motoristas de aplicativos, vendedores de máscara, álcool gel, pizza brotinho... Uns voltaram para o interior, outros tiraram os filhos da escola, uns colaram nos malas triplos diamantes do marketing de rede, outros levaram os cases para a porta da Basílica do Senhor do Bomfim. Vieram as lives (que até já meio que saíram de moda) e, claro, profundas insatisfações por parte dos empresários e empreendedores até que bem compreensíveis – pois quem emprega, paga impostos e movimenta o mercado está impossibilitado totalmente de trabalhar, sem um planejamento por parte do estado. Mas, em paralelo, o pau canta na informalidade das grandes festas de paredão, dos metrôs lotados, sem falar dos comícios e imensas aglomerações na recente campanha política. Enfim... Ao que parece ninguém nesse país entendeu que a falta de educação e respeito às regras no aglomerar diário, mostrados pelos veículos de comunicação, é que está matando muito, e não quem vive de entretenimento. Segue o baile!

 

Eu falei UM ANO de uma indústria com as máquinas desligadas e a cadeia produtiva parada! Me respondam: quem resiste a uma pancada dessas? O que fazer se esse será o último setor a ser reativado?  As previsões lá em maio de 2020 apontavam para outubro de 2021 a volta dos grandes shows, festivais e eventos. Porém a cada dia a acho otimista por demais, pois com essa aglomeração toda de fim de ano, as viagens interestaduais de verão, festas clandestinas, um carnaval marginal em 2021 – que vai acontecer do mesmo jeito que aconteceu o São João em 2020, sei não viu! E some-se a esse caldeirão explosivo um presidente negacionista da ciência, que está a politizar vacina sem um calendário definido para a vacinação. Oremos!

 

Bom, mas o ponto hoje aqui é outro. Porque nessa insatisfação toda, o que mais me chamou a atenção foi a negligência política, a incapacidade de se aglutinar e se mover dos big players por um caminho único e seguro para decidir o futuro de uma categoria tão importante como a do entretenimento! O “Axé” possui uma terrível pecha sabida por todos, que era a tal da desunião empresarial em uma escala alta, mesmo na imensa alegria do bom dinheiro, com várias desavenças (muitas por vaidade, falta de educação, grana, fila de trio e poder mesmo). E isso os impeliu a uma profunda falta de capacidade ao bom associativismo. Hoje poderiam ter construído uma entidade forte como nos setores da construção civil, turismo e combustíveis, por exemplo! Ou seja: quando mais se precisou de união, não existia ou muito menos, pelo que sei, existe uma representatividade forte, uma voz uníssona que exerça força política suficiente para que seus pleitos sejam ouvidos! 

 

Inacreditável que um setor que emprega milhares de pessoas (votos), que se multiplicam por mais milhares de parentes (mais votos), não tenham até hoje se organizado para ter representatividade própria e sólida nas esferas das Câmaras Municipais, Assembleias Estaduais e Câmaras Federais como o agronegócio, a bala e a indústria de bebida possuem suas bancadas! Um candidato próprio, do setor, com total noção de causa, específico, que entenda do mercado e saiba de suas necessidades, agruras, carências e políticas necessárias ao incentivo do setor! Ora, em tempos de mandato coletivo (3x1), por que não escolher 3 empresários ou fidedignos representantes que decidam pelo setor, e não somente um político de carreira até amigo e bem intencionado, porém sem a profundidade necessária para as tantas demandas que o entretenimento possui. Inclusive uma demanda como essa, que ora tanto revolta a todos, que é a impossibilidade total da volta dos eventos de maneira ordenada e respeitando os protocolos exigidos, se praticamente já está liberado nas ruas onde quem achar uma moça ou rapaz com máscara ganha um Fusca 80 com farol Fafá de Belém!

 

Fui muito combatido por falar antecipadamente muitas verdades, mas que tal darem ouvidos e prestarem atenção pelo menos dessa vez nesse humilde colunista e se unirem nessa momento de incerteza que impera e focarem em um planejamento para construção de um real poder político? 

 

Faltam apenas 2 anos para as próximas eleições, penso tempo suficiente para dirimirem as diferenças e formarem o núcleo de uma única, forte e definitiva associação e, assim, darem uma nova certidão de nascimento ao segmento de entretenimento denominado Axé. Só que, desta vez, tendo como pai e mãe um coletivo, uma família que pensa em não só vender alegria e festa, mas em prosperidade, representatividade e crescimento ao bem do todo!

 

Enfim, como diria o grande Cumpadi Washington: “May the force be with you!”

 

Axé, saúde e paz em 2021!