'O que será de SSA sem Carnaval?', questionam empresários ao pedirem volta dos eventos
por Júnior Moreira Bordalo

Como está o setor do entretenimento no meio da pandemia da Covid-19? Quais são os principais desafios de empresários e fornecedores, e quais alternativas são discutidas com a prefeitura de Salvador e com o governo da Bahia? Com esse debate, o projeto "Fora da Bolha" está de volta e convidou Wagner Miau, produtor de eventos; Marcelo Britto, empresário de Léo Santana; Guto Ulm, produtor de eventos; e Leo Ferreira, empresário de Bell Marques.
Desde a paralisação das atividades por conta do novo coronavírus, a frase "o entretenimento foi o primeiro a parar e será o último a voltar" foi dita pelos quatro cantos. De acordo com uma pesquisa do SEBRAE, 98% da área foi parada no Brasil e estima-se que o prejuízo seja de mais de R$ 90 bilhões. Porém, após quase oito meses, os profissionais do setor estão cobrando um posicionamento do poder público. "O maior impacto para a gente é em relação ao emprego. Todos os componentes dessa cadeia produtiva estão prejudicados, alguns realmente passando fome. É desesperador. Já estamos zerando nossas economias e seguimos procurando ajudar todas essas pessoas. É hora de parar, pensar e criar um plano de retomada", pediu Britto.
"As pessoas falam de uma maneira muito natural: 'Vocês são os últimos a voltar'. Mas a gente entende que todo setor precisa voltar e nós não faremos isso sem segurança. Precisamos de um protocolo também. O fôlego está no final. Retomar um seguimento como o nosso no verão é uma coisa. Em março será completamente diferente. Precisamos pensar, mesmo que timidamente, em como voltar", explicou Guto. "Tem gente já perto de passar fome, sabe? Pessoas que o último cachê foi na terça de Carnaval. Então, assim: olhem por nós; por essa cadeia", atentou Wagner.
Eles apontam que o controle da doença nas últimas semanas já demonstra uma segurança para volta de algumas atividades em Salvador. Revelam ainda que já possuem um plano firmado com a prefeitura desenhado em três fases. "A primeira é para até 500 pessoas, a segunda é para até 1.000 pessoas e a terceira até 2.000 pessoas. Temos esse canal de comunicação aberto com eles", admitiu. Na época de elaboração do documento, a ideia era ter início juntamente com a fase três de reabertura na Capital, que permitiu a volta dos clubes sociais. "A gente foi totalmente ignorado. É isso que estamos buscando hoje. Já temos total condições de fazer respeitando todos os protocolos de saúde. A ideia não é realizar eventos de forma aleatória", lembrou Ulm.
O prefeito ACM Neto (DEM) iniciou a fase 3 de reabertura na capital baiana no dia 31 de agosto. Entre os locais que retornaram ao funcionamento estão clubes sociais, recreativos e esportivos, além de repartições públicas de Salvador. Depois, houve ampliação do funcionamento dos shoppings, liberou self-service em restaurantes e o gestor autorizou a realização de voz e violão, mas shows com bandas seguem proibidos (veja aqui)
Para justificar o retorno progressivo de shows, os empresários usam como base outras cidades, como Rio de Janeiro, que autorizaram festas maiores. "Aqui a gente está muito atrasado. Não conseguimos ainda um resultado efetivo quanto a isso", lamentou Ferreira. Para os quatro entrevistados, a recuada da prefeitura se deu por "uma cautela maior" em estudar o cenário antes da decisão, mas eles entendem que a volta do shows é mais importante do que a reabertura das praias, por exemplo. "Além de tudo, geramos empregos e os 'riscos' são semelhantes", pontuaram.
"A gente não é tão respeitado quanto gostaria. Quando falamos em retomar o negócio, só para deixar claro, meu pai tem 74 anos, minha mãe 70. Ninguém aqui é irresponsável de querer criar algo que traga riscos para a sociedade, a gente está querendo trabalhar, como todo mundo está. Respeitamos todo o tempo, entendemos o que aconteceu", lembrou Guto e frisou para o público: "Sintam-se confiantes de voltar, pois vamos fazer de tudo para que fiquem confortáveis em ir para nossos eventos".
O empresário de Léo Santana reforçou ainda que a preocupação é com toda a cadeia do setor. "Não só envolve e beneficia os empresários. Ao contrário. Somos apenas as pessoas que colocam a cara, que se arriscam, que querem o bem para o contexto geral do seguimento. Muitas vezes, somos vistos como aqueles que só querem o dinheiro, mas estamos pensando em todos que são envolvidos", atentou.
CARNAVAL 2021
Um dos grandes pontos em aberto é a realização ou não do Carnaval de Salvador em 2021. Eles dizem que seus artistas estão recebendo propostas de outros lugares, mas que ainda aguardam um posicionamento oficial. "Estamos na expectativa dessa decisão final. Foi dito tanto pelo prefeito quanto pelo governador que o Carnaval só vai existir se a vacina estiver pronta e imunizando toda a nossa população. [...] estamos aguardando. Parece que até 30 de outubro teremos uma definição exata em relação à chegada da vacina ao nosso País", destacou Britto.
Ao serem questionados se acham que as pessoas querem a volta dos eventos, foram práticos. "O baiano já está muito mais seguro do seu dia a dia. Não tenho dúvidas que a maioria está querendo ir para uma festa. Existe esse desejo nitidamente na cara das pessoas", defendeu Guto. "Cada um sabe a família que tem em casa, se tem um idoso, vai tomar mais cuidado. A gente está fazendo nossa parte. Temos que ter esse direito de querer escolher ir ou não", completou Miau.
"Que o Governo dê oportunidade porque a gente sabe o tamanho da responsabilidade, todo mundo vive disso aqui, tem um nome a zelar. Não estão falando com 'aventureiros'. A gente quer fazer da melhor forma possível e precisamos voltar. O Carnaval é um patrimônio nosso e o que será de Salvador sem Carnaval?", finalizou Leo.
Assista ao "Fora da Bolha" completo:
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Fora da Bolha
Colunista
06/10/2020 - 21:00
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17/02/2020 - 16:00
Fora da Bolha: Guia prático para (sobre)viver o Carnaval de Salvador 2020
Idealizado e apresentado pelo repórter de Holofote Júnior Moreira Bordalo, o Bahia Notícias lança nesta segunda-feira (17) o projeto “Fora da Bolha”. A ideia é simples: reunir representantes de outros veículos de comunicação para debater um tema que esteja na boca dos baianos, trazendo pontos de vista distintos. Ou seja: ao surgir algo que mereça atenção detalhada – seja na música, novela, séries, bastidores de TV, fofocas etc –, um time será convocado para uma nova edição.

Ildázio Jr.
Colunista
26/02/2021 - 13:40
Ildazio Jr.: E agora José?
Incrível como ficou muito mais fácil falar que não teremos carnaval em 2022 do que quando falei aqui em minha coluna no BN, em março de 2020, que não teríamos em 2021 e fui atacado a valer! E olha, não teremos carnaval em 2022 e quase nada de eventos e entretenimento por todo 2021, principalmente porque esta guerra política em torno da nossa única salvação, que é a vacina para todos, está longe de acabar – aliás, está ainda mais longe delas chegarem e nós todos sermos imunizados!
06/01/2021 - 16:00
Ildazio Jr.: Um entretenimento órfão
Em fevereiro agora fará um ano que aconteceu o último momento do grande entretenimento baiano, o carnaval! Em uma breve retrospectiva, de lá para cá foi um tal de Cestas básicas, campanhas de arrecadações, inúmeras demissões, empresas fechadas, estruturas empoeirando, novos motoristas de aplicativos, vendedores de máscara, álcool gel, pizza brotinho... Uns voltaram para o interior, outros tiraram os filhos da escola, uns colaram nos malas triplos diamantes do marketing de rede, outros levaram os cases para a porta da Basílica do Senhor do Bomfim. Vieram as lives (que até já meio que saíram de moda) e, claro, profundas insatisfações por parte dos empresários e empreendedores até que bem compreensíveis – pois quem emprega, paga impostos e movimenta o mercado está impossibilitado totalmente de trabalhar, sem um planejamento por parte do estado. Mas, em paralelo, o pau canta na informalidade das grandes festas de paredão, dos metrôs lotados, sem falar dos comícios e imensas aglomerações na recente campanha política. Enfim... Ao que parece ninguém nesse país entendeu que a falta de educação e respeito às regras no aglomerar diário, mostrados pelos veículos de comunicação, é que está matando muito, e não quem vive de entretenimento. Segue o baile!

Luis Ganem
Colunista
11/01/2021 - 17:50
Luis Ganem: Quem ouve axé no paredão?
Há poucos dias o Bahia Notícias e outros veículos noticiaram que Claudia Leitte e Ivete Sangalo fariam, juntas, uma live na data do Carnaval. A data escolhida, creio eu, foi uma forma simbólica de entender que o Carnaval não foi esquecido e ao mesmo tempo homenageá-lo. Achei muito bacana da parte das cantoras essa iniciativa de fazer uma live no período momesmo. Gesto digno de aplausos, mediante o fato de que todo mundo vai estar em “casa” (#sqn). Confesso que na hora que li a matéria achei muito massa. Que beleza! – pensei eu – precisamos de mais inciativas assim! Vai ser muito bom, ainda mais que as duas devem cantar os grandes sucessos de Carnaval e da carreira das citadas. Mas daí, algo sempre fica a desejar e, a depender do que seja feito, a sensação que tenho é de um grande “Déjà-vu”.
27/10/2020 - 12:10
Luis Ganem: Uma metralhadora ambulante
Ano de 2016, “as que comandam vão no tra, tra, tra”. A música mais executada no carnaval daquele ano, “Metralhadora”, era até então executada por uma banda desconhecida, com uma cantora até aquele momento totalmente desconhecida. Corta para o ano de 2020. Ano de pandemia, Carnaval da Bahia tentando se reerguer perante a chegada de novos valores ao cenário nacional. Corta novamente para esse mesmo ano, porém para outubro de 2020. A cantora Tays – esse é o nome daquela que fez sucesso em 2016 no carnaval de Salvador – expõe de forma “casual” no confinamento que passa no programa da Rede Record, “A Fazenda”, as mazelas pelas quais passou quando à frente da banda que emergiu na supracitada folia – Banda Vingadora –, na qual ganhava meros 0,8% do cachê total – dito por ela – por apresentação.