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Ildazio Jr.: Carnaval e pandemia

Por Ildazio Jr.

Ildazio Jr.: Carnaval e pandemia
Foto: Henriqueta Alvarez / Divulgação

Essa semana, creio que por pressão de parte da imprensa, empresários e todos os envolvidos no universo do Carnaval, o prefeito ACM Neto – que sem dúvida sempre teve a festa em alta conta no seu mandato – colocou uma luz no fim do túnel. Um alento, porém os empresários, em resposta, foram à mídia e se colocaram cautelosos, preferindo deixar tudo em fevereiro mesmo, dando tempo ao tempo! Penso que a colocação do prefeito serve mais para aliviar tanta carga diária que sofre junto com o Governador devido à pandemia e todos os seus prejuízos. 

 

Destarte toda boa vontade do nosso alcaide – como ele mesmo se intitula, um carnavalesco –, continuo trilhando o mesmo caminho de meu texto anterior lá em abril, em que desenho claramente um cenário em que dificilmente teremos um Carnaval com todos os efes e erres. Assim como não teremos consumo imediato em shoppings, nem muito menos um turismo, entretenimento vigoroso de pronto. Vai ser uma recuperação lenta mesmo, em que o tal reinventar sai do mero clichê para palavra de ordem em qualquer parte do mundo, quanto mais em um país desarrumado como o nosso desde sempre! Não seria com a festa diferente, mesmo porque o capital circulante será muito menor devido ao desemprego e à quebradeira. Ou seja, quem vai comprar o quê? E para o povo piorou, pois imagino que os poderes e os patrocinadores estarão com seus cofres vazios para dar luzes, sons e cores a festa! 

 

Em abril, dia 22, tínhamos 3.000 mortes no Brasil. Hoje, dia 14 de julho, exatos 82 dias depois, temos 70.000 a mais! Não se trata de algo simples assim e a possibilidade de se potencializar esses mórbidos números é grande! Penso ser esperançoso demais os grande players do Axé pensarem que em novembro teremos vacina (como dito na imprensa), que em 3 meses todos serão vacinados e que assim vai acontecer um Carnaval normal e tudo voltará a ser como dantes no quartel de Abrantes. Ora, 50% dos mortos da América Latina estão no Brasil. Morreu mais gente aqui que quando explodiram a bomba atômica em Nagasaki! E do jeito que vai, com um patamar de 1.000 mortes diárias e o povo lotando bares do Leblon, festa nas praias do Tocantins, paredão aqui para todo lado, a Covid invadindo os interiores com números que não baixam... Alie-se a isso um povo e um Estado realmente despreparados para enfrentar uma doença nova como essa. Pergunto aos leitores: teremos Carnaval nos moldes antigos, com trios, blocos, Furdunço e Fuzuê? 

 

Arrisco aqui, em mais um exercício de futurologia, que teremos um Carnaval similar com o que foi o São João em todos os aspectos. Uma festa morna, com um trio aqui, um palco ali, umas aglomerações acolá, bandinhas em bairros e escassos turistas. Não consigo enxergar uma montagem tão célere desta grande festa. Por mais que sejamos arrojados e experientes no sentido de produzir em pouco tempo, mesmo que a vacina apareça em novembro, não dá tempo para vacinar a todos! Sem contar que ainda existe um aspecto sanitário que se assemelha também ao São João, afinal muitos viajaram para o interior sob os auspícios da tradição e o que aconteceu foi uma disparada na contaminação de pessoas que estavam tranquilas (em cidades como Lençóis, por exemplo, que saiu de 0 para 47 casos em 5 dias), lotando leitos, as poucas ou nenhuma UTIs e trazendo o problema para a capital, que chegou a 84% de lotação das mesmas! 

 

Com o Carnaval podem acontecer também reinfecções, mas mesmo assim ficam perguntas: teremos turistas de outros estados?  Quem vai pagar a conta para retorno do investido pelos empresários? Quem patrocinará?  Do estrangeiro, difícil, né? Pois o Brasil, devido a postura do nosso governante para com a doença, está muito mal visto no mundo afora, sendo rotulado de país com alto perigo de contágio!

 

Enfim, em guerras, pandemias e cataclismos os rumos da vida mudam, se adequam até que a normalidade prevaleça e, por mais que os anéis tenham ido, os dedos permanecem! O “não acontecer” do Carnaval a cada dia se torna uma realidade e meu palpite, baseado no que temos hoje para eventos deste porte, é que de junho de 2021 em diante aconteça. Pois tem muita gente para cuidar e economia para estabilizar até as festas que tanto amamos começarem! 

 

Oremos!