
E aconteceu o estouro das “lives”. Tinha dito anteriormente nos meus escritos que a readequação do mercado aos novos tempos começaria aos poucos, inclusive com os velhos – no sentido de experientes, que fique claro – artistas tendo que se preparar para as novas tecnologias, quisessem ou não. Aqui nas terras Sotero e Politanas alguns laboratórios começaram a ser feitos pelos nossos trovadores locais. Mesmo com alguns arroubos de arrogância por parte de alguns que se acham semideuses – o eterno erro de se achar eterno – chegamos a algumas máximas. Dentre elas existe uma que não quer calar: quem vai fazer “live music” na música baiana?
Todo mundo vai dizer que já está fazendo e que estou falando de um assunto velho. Mas espere um pouco. Como estão fazendo? Até agora, ao menos que tenha visto, somente alguns artistas da nossa música se aventuraram a fazer aparições ao vivo. Não vou nominar, pois talvez até o dia do texto entrar no ar, mais alguns expoentes da nossa cantoria tenham feito suas aparições.
Mas onde quero chegar com esse texto. De pronto, estabelecer de forma clara que, a partir de então, quem se mostrar presente com aparições nas redes sociais, independentemente da condição de muito conhecido ou pouco conhecido, já terá nessa nova conjuntura meio caminho andado perante os demais. Até mesmo porque, agora sim, vai valer a condição de saber quem realmente canta ou quem enrola.
Óbvio, digo isso sabedor que, sendo a pessoa um cantor ou cantora, o pressuposto é que cante. Mas a qualidade do artista pode e vai ser colocada a prova, já que outros estilos musicais que não o seu de origem, podem e devem – diga-se de passagem – fazer parte de um repertório de uma live – acho eu.
Mas quem dos nossos conseguirá fazer algo diferenciado que não a mesmice de sempre? É preciso entender que uma aparição atinge os fãs de forma única em qualquer lugar do mundo. Daí, uma segunda aparição significa a diversificação do repertório. Mesmo que não queira, um artista não vai poder ficar eternamente esperando passar a “chuva em casa” – ou vai – e é preciso lembrar que ainda não está inventada a transmissão direcionada.
Então, quem terá a virtuosidade e o desprendimento de cantar o seu repertório e o de outros estilos e artistas? Hoje a regra é não aglomerar. Sendo assim é quase impossível ter uma banda completa fazendo uma transmissão – salvo tendo todos feito o teste.
Mas olha, virtuosidade musical vai se ver é a partir de agora. Já tivemos algumas demonstrações dessa virtuosidade – na minha visão que fique claro – nas lives de Sandy & Junior e Roberto Carlos, que usando pouca ou quase nenhuma tecnologia de voz demonstraram que a diferença entre bons e ruins vai ser um fato a se considerar. Mesmo cantando na sua maior parte músicas de seus trabalhos musicais, demonstraram que cantam sem a presença dos modernos equipamentos que seguram a voz.
Nosso formato de música já mudou desde o começo dessa pandemia. Novas fórmulas laboratoriais pipocam de todo lado. Aplicativos como por exemplo o que propõem o pagamento de um valor para poder assistir a um artista – assunto que falarei no próximo texto – já começam a pipocar mundo afora, como forma de se manter os profissionais da música em atividade.
Definitivamente, como diz o apresentador do UFC Bruce Buffer: “It’s time”. Somente os talentosos ficarão. Ao menos da forma que o horizonte se desenha é isso que fica conotado.
#fiqueemcasa #usemáscara
Notícias relacionadas
Notícias Mais Lidas da Semana
Buscar
Colunistas

Fora da Bolha
Colunista
06/10/2020 - 21:00
'O que será de SSA sem Carnaval?', questionam empresários ao pedirem volta dos eventos
Como está o setor do entretenimento no meio da pandemia da Covid-19? Quais são os principais desafios de empresários e fornecedores, e quais alternativas são discutidas com a prefeitura de Salvador e com o governo da Bahia? Com esse debate, o projeto "Fora da Bolha" está de volta e convidou Wagner Miau, produtor de eventos; Marcelo Britto, empresário de Léo Santana; Guto Ulm, produtor de eventos; e Leo Ferreira, empresário de Bell Marques.
17/02/2020 - 16:00
Fora da Bolha: Guia prático para (sobre)viver o Carnaval de Salvador 2020
Idealizado e apresentado pelo repórter de Holofote Júnior Moreira Bordalo, o Bahia Notícias lança nesta segunda-feira (17) o projeto “Fora da Bolha”. A ideia é simples: reunir representantes de outros veículos de comunicação para debater um tema que esteja na boca dos baianos, trazendo pontos de vista distintos. Ou seja: ao surgir algo que mereça atenção detalhada – seja na música, novela, séries, bastidores de TV, fofocas etc –, um time será convocado para uma nova edição.

Ildázio Jr.
Colunista
06/01/2021 - 16:00
Ildazio Jr.: Um entretenimento órfão
Em fevereiro agora fará um ano que aconteceu o último momento do grande entretenimento baiano, o carnaval! Em uma breve retrospectiva, de lá para cá foi um tal de Cestas básicas, campanhas de arrecadações, inúmeras demissões, empresas fechadas, estruturas empoeirando, novos motoristas de aplicativos, vendedores de máscara, álcool gel, pizza brotinho... Uns voltaram para o interior, outros tiraram os filhos da escola, uns colaram nos malas triplos diamantes do marketing de rede, outros levaram os cases para a porta da Basílica do Senhor do Bomfim. Vieram as lives (que até já meio que saíram de moda) e, claro, profundas insatisfações por parte dos empresários e empreendedores até que bem compreensíveis – pois quem emprega, paga impostos e movimenta o mercado está impossibilitado totalmente de trabalhar, sem um planejamento por parte do estado. Mas, em paralelo, o pau canta na informalidade das grandes festas de paredão, dos metrôs lotados, sem falar dos comícios e imensas aglomerações na recente campanha política. Enfim... Ao que parece ninguém nesse país entendeu que a falta de educação e respeito às regras no aglomerar diário, mostrados pelos veículos de comunicação, é que está matando muito, e não quem vive de entretenimento. Segue o baile!
08/12/2020 - 10:10
Ildazio Jr.: Cultura baiana, tão relevante & tão desprezada!
Lavoisier uma vez disse a frase “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Por meio desta metáfora é possível hoje se pôr a pensar bastante sobre o significado e importância de se mudar e se transformar o olhar sobre a CULTURA na Bahia! Nesses últimos 20 anos tomando como exemplo o carnaval e o entretenimento (o primeiro virou um Frankstein e o outro algo com pouca dose de criatividade e inovação artística), nada novo ou nenhum protagonista apareceu no nicho. Sempre os mesmos que, por mais rodados que sejam, não se entendem capazes de dar o espaço necessário e possível a nova cultura de raiz baiana, este inesgotável filão de coisas novas e boas! Os players já vêm sofrendo com a escassez de produtos que os apetecem, e a Covid-19 acabou de lenhar com todo mundo! Mas fica a pergunta, porque só enxergam o entretenimento e não ajudam a fomentar a matéria prima que vai lhes forjar ferramentas de sucesso para seu ofício? Ah, falo da CULTURA viu!

Luis Ganem
Colunista
11/01/2021 - 17:50
Luis Ganem: Quem ouve axé no paredão?
Há poucos dias o Bahia Notícias e outros veículos noticiaram que Claudia Leitte e Ivete Sangalo fariam, juntas, uma live na data do Carnaval. A data escolhida, creio eu, foi uma forma simbólica de entender que o Carnaval não foi esquecido e ao mesmo tempo homenageá-lo. Achei muito bacana da parte das cantoras essa iniciativa de fazer uma live no período momesmo. Gesto digno de aplausos, mediante o fato de que todo mundo vai estar em “casa” (#sqn). Confesso que na hora que li a matéria achei muito massa. Que beleza! – pensei eu – precisamos de mais inciativas assim! Vai ser muito bom, ainda mais que as duas devem cantar os grandes sucessos de Carnaval e da carreira das citadas. Mas daí, algo sempre fica a desejar e, a depender do que seja feito, a sensação que tenho é de um grande “Déjà-vu”.
27/10/2020 - 12:10
Luis Ganem: Uma metralhadora ambulante
Ano de 2016, “as que comandam vão no tra, tra, tra”. A música mais executada no carnaval daquele ano, “Metralhadora”, era até então executada por uma banda desconhecida, com uma cantora até aquele momento totalmente desconhecida. Corta para o ano de 2020. Ano de pandemia, Carnaval da Bahia tentando se reerguer perante a chegada de novos valores ao cenário nacional. Corta novamente para esse mesmo ano, porém para outubro de 2020. A cantora Tays – esse é o nome daquela que fez sucesso em 2016 no carnaval de Salvador – expõe de forma “casual” no confinamento que passa no programa da Rede Record, “A Fazenda”, as mazelas pelas quais passou quando à frente da banda que emergiu na supracitada folia – Banda Vingadora –, na qual ganhava meros 0,8% do cachê total – dito por ela – por apresentação.