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Coluna

Ildazio Jr.: 2020 Game Over e um Carnaval na berlinda

Por Ildazio Jr.

Ildazio Jr.: 2020 Game Over e um Carnaval na berlinda
Foto: Henriqueta Alvarez / Divulgação

Prezados leitores e partícipes do entretenimento baiano. Sinto lhes informar, mas esse ano já foi todo comprometido. Arrisco a dizer que só boto fé em sair do engatinhar para o andar, e mesmo assim em uma festa meeira, lá no São João de 2021. E no mais, nada acontecerá tão cedo sob uma perspectiva comercial média ou grande, e penso que só rolarão alguns eventos de menor porte. Inclusive, o carnaval está na corda bem, mas bem bamba! Se acontecer, vai ser em proporções menores, e explico abaixo o porquê! Estudos já apontam essa recuperação do setor de grandes shows para outubro de 2021, em 18 meses, mas que tipo de “recover”? Como será essa volta em um universo de pouquíssimas divisas para as famílias se sustentarem com víveres, moradia, escolas e todas as contas para pagar? Não esqueçam que o primeiro a ser cortado em tempos ruins é o lazer, imaginem em tempos de pandemia? Puxado, longo, árido e muitos, quase sua grande maioria, fenecerão nesse longo e tenebroso percurso. Porém sempre existe saída!

 

O cuidado que se deve ter é não se partir para propostas descabidas, como a ideia de quebrar uma tradição católica de séculos e mudar a festa de São João para os dias 11 a 13 de dezembro (!?), pois os prefeitos acham ótimo, casas seriam alugadas, comércio ativado e aquela balela de injeção de recursos nas cidades toda como justificativas para fazer um São João, pasmem, no mês do Natal! Já que é para rir, ficam algumas dúvidas: come milho ou peru? Papai Noel sabe dançar quadrilha? A árvore de Natal vai ser reaproveitada como fogueira, no processo de reciclagem? Jingle Bell terá uma nova versão adaptada para o triângulo, sanfona e zabumba tocada pelo Trio Nordestino em campanhas publicitárias? Gusttavo Lima vai fazer o boteco no presépio montado na praça? Ora, me deixe viu?! São João terá, mas nas casas, em uma pegada tradição/raiz com famílias, que podem ainda estar em quarentena, ou nas roças e fazendas em pequenos círculos de amigos! Festa em praça e particulares em que sertanejos desconfiguram tudo, terá não, viu? Quem sabe não é um bom momento para se rever esse conceito e retornar as raízes desta maravilhosa e vilipendiada festa, dando a César o que é de César?

 

Festas de setembro em diante? Esqueçam! Festivais antes bancados pelo município e governo também, pois eles terão e irão canalizar todos os recursos, que já alegam não ter, para infraestruturar de hospitais a cemitérios, pagar os tantos vouchers, vales que terão que criar, comprar EPIs, não parar as obras que já existiam e, acima de tudo, lidar com uma queda absurda na arrecadação de impostos. Daí desse mato não sairá muito coelho, não. Um ou outro! 

 

Ensaios, Festival de Verão, festas populares, bailes e Réveillons (uma festa cara e sempre de alto risco!) penso que terão dificuldades em captar patrocinadores como shoppings, telefonias, empresas de bebidas (com essas campanhas que o álcool enfraquece a imunidade)... Principalmente pelo medo de aglomeração pela ressaca do corona, possibilidade de pouco público consumidor e necessário para bancar custos em geral. No mínimo arriscado, não? 

 

Em relação ao carnaval, percebam que pulamos uma fogueira monstra com o que passou. Imagina aí se esse vírus chega aqui 30 dias antes, o fim de mundo que não estaríamos? Mas vamos lá analisar o cenário que na minha humilde opinião será também bem menor em relação a 2020 ou no máximo de bem médio porte. 


Ameaças/pontos fracos: 
•    Com essa queda absurda no comércio nacional, os grandes bancos doando um bilhão de reais, empresas como a Ambev e Ifood ajudando com milhões e ainda adaptando maquinário para produzir álcool em gel, máscara, bancando vouchers de consumo, estabelecimentos, motoboy, respirador para salvar muita gente... enfim, essa empresas estarão ainda concernidas em um propósito de ajudar, e já reviram seus planejamentos e orçamentos. A festa ficará em segundo plano por mais que apoiem;
•     Prefeituras e governos, como já pontuei acima, estarão com cofres vazios;
•    Aglomeração imensa é perigo, como já está claro, de reinfecção em pacientes curados;
•    Empresas não alinharão suas marcas em proposta que possuam risco pós-pandemia;
•    Blocos com 5.000 pessoas a se beijar;
•    Quedas de vendas nos blocos;
•    Camarotes com 3.000 a 5.000 pessoas tomando tudo, todas e a se agarrar;
•    Queda de venda nos camarotes; 
•    Turistas estrangeiros e todas as implicações; 
•    O custo da Operação Carnaval seguindo as normas vigentes duplica; 
•    Estado emocional de comoção, pois já são 3.000 mortos enquanto escrevo essa coluna, e não de euforia;
•    Problemas para pagamento a fornecedores envolvidos em toda cadeia produtiva da festa;
•    Ambulantes e tudo que os envolve;

 

Oportunidades/pontos fortes:

•    Repaginação da festa artisticamente e o custo show/artista revisto;
•    Reestruturação da festa tecnicamente;
•    Relocação da festa para outros sítios (saturação da Barra com seus tantos problemas);
•    Intensificação dos carnavais de bairro, evitando tanto trânsito de pessoas;
•    Intensificação do carnaval do interior, evitando êxodo maior;
•    Reestruturação do custo do Carnaval público;
•    Reestruturação nos preços do Carnaval Privado (tickets e abadás);
•    Reestruturação de preços praticados pelo trade turístico (de hotel a baiana de acarajé, de vendedor de coco a passagem aérea);

 

E os artistas viverão como? Monetização na Internet/Youtube! 

 

E toda a cadeia produtiva restante? Aí reside o maior problema socioeconômico do setor, pois muitos ficarão sem função até o mercado se recuperar!

 

Resumo: contratem uma robusta assessoria de comunicação, marketing estratégico e digital, façam cursos para entender e ajudar e não atrapalhar com ignorância as ações propostas, esqueçam seu primo de 20 anos que você dava R$ 200,00 por dois cards por semana no “insta”, direcionem suas vendas para as redes certas, façam seu canal no Youtube, monetizem, sejam criativos, bons e antenados. Pois essa será fonte de renda de todos nesse cenário que ora se apresenta. Ressaca longa! Outra sugestão: criem um Market Place com produtos alternativos à música, ao bloco, ao camarote para venda ao fãs e clientes, que agreguem valor, como bonés, camisetas, chaveiros, bottons, adesivos, imã de geladeira, capa de celular, caixinhas de som, fones de ouvidos e etc! 

 

Enfim, pensem positivo e vejam o lado bom, quando tudo voltar a não ser como era antes, seu artista, empresa ou seu produto estarão prontinhos para essa nova realidade, já ganhando algum e talvez vocês nem queiram voltar ao antes. E acreditem, nunca desejei estar tão errado escrevendo um texto, meus prezados!

 

Enfim, oremos, pois para piorar nesse carnaval não teremos MORAES! 

 

“Olhos Negros cruéis tentadores na multidão sem cantor”

 

Ilds