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Ildazio Jr.: Que música é essa?

Por Ildazio Jr.

Ildazio Jr.: Que música é essa?
Foto: Henriqueta Alvarez / Divulgação
Tive a sorte grande de nascer em um berço multicultural imenso, onde a música sempre esteve presente além do teatro, poesia, literatura, cinema e artes plásticas! Mas a tal música é fogo e desempenha um capitulo especial na minha existência, preponderando pois meu pai, além de grande compositor e parceiro de estrelas da MPB, sempre andou (e eu junto!) ao lado de grandes artistas de seu tempo, como Vinícius, Baden, Gil, Alcione, João Bosco, Paulinho da Viola, Belchior, para citar alguns medalhões.
 
Desde que me entendo por gente me relaciono com a música, do punk rock ao axé, produzindo bandas de pop-rock, pagode, axé, forró, e durante os anos nesta caminhada fiz eventos com todas elas e, por assim dizer, com todo tipo de abordagem musical permitida ao momento. Transitei pelo duplo sentido (Não fure Quinho não), pelo racista (Nêga do cabelo duro), homofóbico (Menino eu sou é “home”, como sou!), machista (Silvia piranhaaaa) ou a esculhambação mesmo (rala o pinto, rala a xeca). Penso que naquele tempo vivíamos num quadrante de pouca informação e valores diferentes que, graças a Deus e à internet, se dissiparam!
 
Por isso, antes que as pedras sejam jogadas nesse policiamento virtual e atual da rede, não vai aqui nenhum discurso hipócrita, purista ou com qualquer contexto que infrinja a liberdade de expressão corporal da mulher ou de suas atitudes, e sim do que artistas toscos, menores, com dias contados podem proporcionar de pior com sua música de péssima qualidade, com apenas um bom ritmo, que vão a título de “a voz do povo é a voz de Deus“ desqualificando completamente a mulher, a tratando como um objeto incapaz de fazer algo além de sentar, quicar, botar a raba para cima na batedeira ou, como diz essa pérola na letra da poesia (sic) do cidadão lá: “Só porque tu é feinha pensa que eu não meto vara, mulher tu tá enganada, mete o saco na cara”. Algo que, me economize, não precisamos para evoluir enquanto pessoas decentes e contemporâneas!
 
Sim, mas por que falo isso tudo? Qual o motivo dessa dissertação toda se não o fato amplamente noticiado pelo BN esta semana, em que um cidadão invadiu o palco em pleno show no momento que uma jovem quicava e sentava “agregando valor“ a uma dessas inconcebíveis bandas e deu um chute na cara da mesma que, atordoada, se perguntava o porquê da agressão!? Bom, eu não sei responder também, mesmo porque qualquer resposta não justifica tal brutal ato. Ela é livre, faz o que bem desejar da vida e o namorado, se é machista, que se lenhe com a polícia e a lei! Mas prestem atenção no pano de fundo dessa situação louca que é a trilha sonora que embalou o drama onde uma proposital atitude de uma garota, embevecida das suas qualidade de sentar & quicar, subiu ao palco num afã de se destacar, que virou uma pequena celebridade instantânea das redes sociais ou nos grupos! Ela viralizou da pior maneira possível, ao contrário que imaginava e através de uma agressão, estupidez e incompreensão!
 
Alie-se ao fato de ser mais um revés na incansável luta por uma sociedade mais justa à mulher, que deve se posicionar de maneira assertiva e coerente especialmente no mundo artístico machista e que insiste em ter como ativa a exposição esdrúxula, baixa e rasteira da mulher como um produto a ser usado, descartado ao bem do fazer sucesso, fazer grana e vender show!
 
Passou da hora de vocês meninas acordarem que a bola e o apito é vosso, mas que também é fundamental que homens e mulheres não apoiem mais músicas que incitem qualquer preconceito!
 
Então fica uma humilde sugestão, parem de dar mole!
 
Paz, Igualdade e Amor!