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Entrevista

Ainda em busca da vice, Nilo aponta ACM Neto como nome para 'modernizar' política baiana - 04/04/2022

Por Anderson Ramos / Gabriel Lopes

Ainda em busca da vice, Nilo aponta ACM Neto como nome para 'modernizar' política baiana - 04/04/2022
Foto: Bahia Notícias

Ainda tentando viabilizar seu nome para compor a chapa majoritária de ACM Neto (UB) na posição de vice-governador, Marcelo Nilo acredita que deixou o atual grupo governista pela "porta da frente". Segundo o deputado, o PT tem serviços prestados ao estado da Bahia mas o ciclo acabou e é hora de "oxigenar e modernizar a política". Na visão do ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), essa mudança seria representada na figura de Neto, ex-prefeito de Salvador.

 

Com o rompimento, Nilo também deixou seu antigo partido, o PSB, e na última semana da janela partidária decidiu se filiar ao Republicanos, do deputado federal Márcio Marinho, que também busca a indicação do partido para a última vaga da chapa encabeçada por Neto e que tem João Leão (PP) no posto de pré-candidato ao Senado.

 

"Eu acho que o PT prestou serviço à Bahia, o governo prestou serviço à Bahia. Agora, eu cheguei à conclusão que o ciclo acabou. O ciclo do atual governo acabou. Nós precisamos é oxigenar a política do estado, modernizar a política do estado e estou convencido que esse nome é ACM Neto. Porque foi o melhor prefeito do Brasil mesmo tendo Dilma, tendo Rui, tendo Wagner como presidente e governadores. E ele tornou-se o melhor prefeito do Brasil. Então eu estou convencido. Precisamos sangue novo na política do nosso estado, e esse nome é ACM Neto", apontou.

 

Em entrevista ao Bahia Notícias há pouco mais de duas semanas, Nilo falou sobre sua chegada ao grupo de ACM Neto, expectativas para compor a majoritária, atuação na AL-BA e mais. Confira abaixo a entrevista na íntegra.

 

Durante o período que o senhor esteve a frente da Assembleia o senhor funcionava como líder de governo e atuava em paralelo à liderança formal. O senhor acha que essa articulação partiu da sua relação próxima com o Wagner ou foi uma construção do senhor?

Primeiro que eu fui presidente [da Assembleia] cinco vezes. Três vezes quem me lançou foi a oposição, duas vezes foi a base do governo. Em 2015, o PT saiu do plenário para não me apoiar. Nós éramos 14 partidos, eu tive o apoio de 13, e o PT com a candidatura do atual líder do governo Rosemberg Pinto, não conseguiu o apoio de um único partido. Eles saíram do plenário em fila indiana para não me apoiar. Alguns amigos acharam que eu devia romper naquele momento, mas eu preferi continuar dando uma nova chance ao sistema pra voltar a ter uma relação respeitosa, política. Mas eu senti cada vez mais que estava na hora de sair porque o casamento estava se deteriorando, se desgastando e eu saí no momento que eu achei que encontrei uma pessoa ideal para modernizar a política do nosso estado, eu não saí por problemas pessoais, eu saí porque eu acredito que o melhor para Bahia é ACM Neto. Eu acredito que você só deve ser político se você gostar de gente, se você tiver noção exata do seu papel e o papel do político é servir. Eu senti naquele momento que estava na hora de eu sair. Saí com a cabeça erguida de um dever cumprido e estou muito satisfeito em ter criado uma relação pessoal e política com ACM Neto.

 

Lembrando ainda um pouco da sua atuação lá na na AL-BA, a PEC que antecipou os royalties do petróleo foi um um dos grandes desafios do governo Wagner e o papel do senhor como presidente foi fundamental pra essa aprovação. Até o próprio governador Rui Costa se aproveitou muito disso já que esses recursos permitiram o equilíbrio nas contas do estado. Observando hoje essa saída, o senhor se arrepende de ter feito isso?

Olha, primeiro que eu não me arrependo de nada na vida que eu fiz. Agora, uma vez meu querido amigo Domingos Leonelli me disse uma frase que pegou e guardo até hoje. 'Marcelo, como você consegue ser tão leal a Jaques Wagner e ter o apoio da oposição?' Eu respondi: porque respeito o contraditório, eu respeito as pessoas que pensam diferente. Então eu tenho um respeito muito grande pela oposição, as maiores, as melhores amizades que eu construí na Assembleia por incrível que pareça são os deputados de oposição. Porque eu tenho uma relação política muito próxima com Jaques Wagner, é ou era, não sei se eu digo é ou era, meu amigo fraternal, talvez hoje não seja pela circunstância da vida, mas eu cumpri um dever de ser presidente da Assembleia respeitando a decisão da maioria e respeitando as condições políticas da oposição. Então eu procurei exercer meu papel como presidente do poder, tanto é que eu marquei a história da Bahia 10 anos na presidência de um poder. E diria a você com muita clareza, que tudo que eu fiz eu fiz porque acredito que era o melhor para a Bahia. Se alguma coisa eu fiz errado e deve ter feito muita, eu procuro consertar posteriormente, mas não me arrepender, arrependimento é sofrimento. Então eu aprendi na vida a não me arrepender de nada do que eu faço. Como todo cidadão tem qualidades e tem defeitos, os meus defeitos eu procuro reconhecê-los e tentar consertá-los.

 

Antes de o senhor se tornar deputado federal o senhor chegou a falar várias vezes que preferia permanecer aqui na Bahia, ser deputado estadual era uma satisfação para o senhor. Já em 2018, o senhor concorreu a federal, conseguiu ganhar, e também demonstrou essa vontade de ser senador, e hoje o senhor está pleiteando essa vaga de vice. O que mudou de lá para cá para o senhor ter tentado permanecer em Brasília?

Eu adorei ser deputado federal, estou adorando, porque o voto do deputado federal muda a vida das pessoas, ou para bem ou para mal, mas é uma coisa muito importante diferente do voto de deputado estadual. Deputado estadual geralmente você é governo, você resolve as demandas dos prefeitos, dos vereadores e de grupos políticos. Se você é oposição você fica na tribuna criticando o governo e fica muito mais próximo da sociedade, tem essa qualidade. Mas o voto do deputado estadual dificilmente muda a vida da das pessoas. Então eu queria ser senador, eu aprendi na vida a sempre querer subir um degrau sem passar por cima de ninguém. Então se eu sou federal qual o próximo passo? Ser senador. Eu queria ser senador de ACM Neto. Mas o João Leão, que diga-se de passagem trabalhei muito, ajudei muito a consolidação do PP numa parceria com ACM Neto, e o João Leão veio, tornou-se candidato nosso a senador. E fiquei muito feliz porque eu acho que é importante somar, a gente tem uma gíria popular lá no interior quanto mais vaca mais bezerro. Sobrou o quê? A vice. Eu quero ser vice-governador de Neto. Agora, a decisão é do comandante que é ACM Neto. O que ele escolher como candidato a vice, eu apoiarei. Se ele escolher Zé Ronaldo, Felix Mendonça, Márcio Marinho, João Gualberto, quem ele escolher terá meu apoio. Eu quero ser vice, acho que eu criei as condições de ser vice, 32 anos como deputado, 10 anos como presidente da Assembleia, fui governador interino cinco vezes, fui escolhido por vocês da imprensa 14 vezes consecutivas como destaque parlamentar na Assembleia, ou seja, melhor deputado e acho que mereço ser o vice. Agora o técnico futebol é o ACM Neto. Ele que vai escolher o melhor nome. Ele vai escolher o melhor nome político e o melhor nome para ser seu parceiro na campanha. O papel de vice não é só importante na campanha como principalmente na gestão. Se ele me escolher, pode ter certeza que ficarei muito feliz, vou trabalhar muito pra ganhar as eleições. Se ele escolher qualquer outro dos quatro, pode ter certeza que eu trabalharei por qualquer um. Eu vim para um projeto político, eu vim pelo projeto político, eu não vim para ser vice ou senador, ou ser governador, eu vim pelo um projeto político que eu acredito que está na hora de oxigenar, de botar sangue novo, de um novo planejamento para a Bahia. O PT prestou grande serviço, prestou. Tem serviços prestados a Bahia? Tem. Mas está na hora de ACM Neto entrar, manter tudo aquilo que foi positivo durante esses 16 anos e consertar tudo aquilo que ele achar que realmente não estava na linha do desenvolvimento econômico e social do nosso estado. Então isso será feito através de um programa de governo feito pelo ex-prefeito, pré-candidato a governador, ACM Neto.

 

E caso esse desejo de estar na majoritária não seja atendido o senhor pretende se reeleger na Câmara?

Olha, eu juro a você que eu sempre fui um homem que nunca fica com esse negócio de plano B. Meu plano é só ter um plano. O plano A é ser candidato a vice-governador. Se eu não for escolhido aí eu vou parar, pensar e decidir o que eu vou fazer da vida. Mas eu nunca pensei em plano B. Quem pensa em plano B é porque não está no plano A e eu acredito muito no plano A.

 

Você já falou aqui que o senhor sempre teve uma boa relação com a oposição mesmo sendo presidente da Assembleia com o aval do governo. Esse passado você acha que abriu portas agora para ser acolhido na oposição?

Com certeza. Eu tive grandes amigos na base do governo, eu posso citar alguns, Valmir Assunção, Valdenor Pereira, Joseildo Ramos, Jorge Solla, Lídice da Mata, Daniel Almeida, Alice Portugal são meus amigos. Do outro lado tenho relação fraternal com Paulo Azi, Elmar Nascimento, Leur [Lomanto Jr.], com Arthur [Maia]. Eu sempre tive relações muito forte com as pessoas que eu convivia. Eu sempre separei a política da relação pessoal. ACM Neto, por exemplo, todo mundo sabe das minhas divergências que eu tive com o avô. Mas Paulo Souto governador e Antônio Carlos Magalhães vivo, eu me encontrei no consultório de Vespasiano Santos com o então deputado federal ACM Neto autorizado inclusive para conversar, para encontrar um candidato comum naquela época que eu perdi para Clóvis Ferraz a presidente da Assembleia. Ou seja, eu sempre me dei bem com ACM Neto. Quando eu era presidente da Assembleia, eu recebi o título de cidadão soteropolitano, ele ficou duas horas sentado na Câmara de Vereadores, que sempre é uma sessão chata, do início ao fim. Eu retribuí entregando a comenda Dois de Julho a senhora sua mãe, dona Rosário. Eu fiquei duas horas para entregar a comenda Dois de Julho a mãe do então prefeito ACM Neto, uma retribuição, que geralmente o presidente só desce para colocar a comenda no pescoço da pessoa. Mas eu fiquei em consideração a uma retribuição a ele. Eu sempre me dei muito bem. Aliás em 2014 quando eu estava no momento mais forte politicamente que eu tinha 62 prefeitos, 8% nas pesquisa, ACM Neto me convidou para ser senador de Paulo Souto. E eu não fui, não quis porque estava muito em cima. Quando foi o ano passado em julho ele me chamou para conversar e disse: 'Te convidei em 2014 para ser senador você disse que estava muito em cima, não dava para mudar de lado, e eu estou chamando para conversar'. Não me convidou, mas nós fomos estreitando as amizades. Passamos de um flerte para paquera, para namoro, um noivado e só vai ter o casamento realmente definitivo se eu for convidado para ser o vice. Em julho do ano passado ele me telefonou para conversar. Eu me lembro que eu passei a mensagem para Jaques Wagner para não dizer que eu estou fazendo as coisas escondidas. A partir dali nos encontramos setembro, outubro, novembro, dezembro umas cinco ou seis vezes foi estreitando os laços. Quero registrar que ele nunca me convidou nem pra ser senador nem vice. Eu não faço política pensando em um cargo. 'Ah, só vou se eu for ser vice, eu só vou se for senador'. Eu fui acreditando em um projeto de modernização do nosso estado.

 

Depois dessa cisão toda como é que está a sua relação com o Wagner, com o Rui, vocês têm alguma relação ainda?

Eu tenho... ou tinha, espero ter ainda uma amizade muito grande com Jaques Wagner. Ele uma certa vez me disse que nós tínhamos intimidade e muita amizade. Gosto muito de Fatinha, sua esposa, eu acho que foi uma primeira dama fantástica, uma pessoa que não se metia na gestão, que estava ali só para ajudar o governador, eu gosto muito dela e espero manter as amizades pessoais com os dois. Com Rui Costa, desde que ele assumiu o governo nós deixamos de ter relação pessoais. Talvez pelo cargo que ele ocupa, talvez pela falta de tempo, mas nós nos distanciamos pessoalmente e mantivemos a relação política, eu o respeitando como governador e ele me respeitando como deputado. Agora, amizade tive com Jaques Wagner. Convivi com ele muito tempo, quando saí eu assumi um compromisso comigo mesmo de não sair criticando. Mas o Wagner me bateu a primeira vez, me bateu a segunda, me bateu a terceira, me bateu na quarta, aí eu tive que responder. Mas você vê que eu esqueci qualquer crítica porque eu quero manter minhas relações pessoais. Eu sei que a política quando você sai das relações políticas geralmente atinge as relações pessoais. Agora não posso deixar de reconhecer que tenho gratidão com Jaques Wagner e Jaques Wagner é um grande político, um homem sério, respeitado, foi um grande governador. Sinto muita saudade de conversar com Fatinha. Agora infelizmente a política pode nos afastar, só o critiquei porque respondi na quarta crítica. Senão iam ficar pensando que eu tinha medo dele. A partir de agora eu quero pensar exclusivamente no que for melhor pra meu estado.

 

Ainda tem essa vaga na chapa de Neto e João Leão já indicou que o candidato dele para presidência é Lula. Neto não demonstrou interesse ou não quer transparecer e apoiar ninguém. O senhor caso seja vice teria uma preferência a presidência? E o senhor acha que isso pode atrapalhar Neto também?

Eu votei em Lula várias vezes. Então eu tenho credibilidade para dizer que posso votar em Lula. Agora, se eu for vice eu tenho que fazer tudo combinado com o candidato a governador. Agora eu tenho credibilidade de dizer: 'eu voto em Neto e Lula'. Mas isso vai ser através de uma negociação, uma conversa com Neto, ou seja, o que é melhor para a Bahia, o que é melhor para o nosso projeto. Eu sou uma pessoa disciplinada, eu faço o combinado com o nosso grupo político. Agora, eu tenho credibilidade política para dizer que voto em Lula porque eu sempre votei, votei várias vezes. E tem gente dizendo que é candidato a majoritária e que é parceiro de Lula, mas nunca votou em Lula.