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Podcast Bengalas explica como a musicoterapia pode ajudar no cuidado com idosos

Podcast Bengalas explica como a musicoterapia pode ajudar no cuidado com idosos
Foto: Divulgação
Muitas pessoas buscam os mais diversos especialistas na área de saúde quando atingem uma idade mais avançada. Mas a arte também pode ser um instrumento poderoso tanto para idosos quanto para ajudar aqueles que cuidam de pais e avós que já estão na "melhor idade". Para tratar sobre o assunto, o novo episódio do Podcast Bengalas, que vai ao ar às 15h desta terça-feira (30), convidou o musicoterapeuta Oswaldo Marques.

Podcast Bengalas: O sistema familiar dos pais idosos e a visão da Constelação Familiar

Podcast Bengalas: O sistema familiar dos pais idosos e a visão da Constelação Familiar
Manter uma relação familiar saudável é um desafio em qualquer idade, mas quando envolve o cuidado com os idosos se torna ainda mais complexo. Além das demanas diárias de trabalho dos envolvidos, há sempre um debate sobre responsabilidades, cobranças e até o suporte financeiro. Para tratar sobre o assunto, o novo episódio do Podcast Bengalas, que vai ao ar às 15h desta terça-feira (5), convidou especialistas em Constelação Familiar. Assista abaixo:

Podcast Bengalas debate como medicina, fisioterapia e psicologia ajudam filhos que têm pais idosos; assista

Podcast Bengalas debate como medicina, fisioterapia e psicologia ajudam filhos que têm pais idosos; assista
Foto: Divulgação
Ter que organizar a rotina entre trabalho, filhos, casa e relacionamentos é cada vez um desafio maior. E as dificuldades só aumentam quando, além de lidar com os próprios dilemas, nesta equação entra a necessidade de cuidar de pais idosos. O Podcast Bengalas surge exatamente como uma forma de debater os problemas que aparecem, discutir soluções e compartilhar dicas e vivências. Apresentado pela consultora em planejamento e desenvolvimento humano, Marta Castro, o projeto teve 7 episódios neste ano, indo ao ar às 15h toda terça-feira.

Entrevistas

Especialista explica sobre uso de métodos e procedimentos estéticos para cuidados com o corpo
Foto: Divulgação

Os dias de sol de verão, e a grande busca por alcançar e exibir o corpo perfeito, tem ocasionado muitas dúvidas sobre procedimentos estéticos. De acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o Brasil é um dos principais países com maior número de procedimentos não cirúrgicos de preenchimento com PMMA, que é um desses tipos de métodos estéticos. 

 

Além dessa ferramenta, diferentes procedimentos têm se popularizado no país, é o caso do Micro-Extração Lipídica Ambulatorial, uso de polimetilmetacrilato são alguns dos exemplos de tratamentos. 

 

No entanto, mesmo com a melhora e com a autoestima preenchida para realização desses procedimentos, a pressa para alcançar resultados positivos com os procedimentos, pode trazer alguns problemas, caso não sejam realizados da forma correta. 

 

Diante disso, a reportagem do Bahia Notícias, entrevistou o médico nutrólogo Icaro Pereira para saber quais são os métodos e procedimentos que têm resultados mais eficientes e saudáveis e os riscos que os procedimentos estéticos podem trazer. 

 

“Na verdade existe uma técnica específica para se executar o procedimento e são dois procedimentos médicos que eu trouxe que são feitos exclusivamente por médicos. Ele pode executar qualquer atividade médica, contando que ele tenha o treinamento e habilidade para executar e para fazer o procedimento de retirada de gordura corporal. Enfim, ele requer e ele exige uma técnica apurada para se fazer e para ser seguida no procedimento, para que isso seja feito da forma mais segura possível”, explicou.  

 

Confira entrevista completa 


Quais os efeitos e problemas que podem acontecer caso esses procedimentos e métodos estéticos sejam realizados de forma incorreta, apressadamente? 

A “pressa” vamos falar assim, ela é do paciente, de ter o resultado mais rápido. Mas existem alguns métodos que nós podemos utilizar tanto como preenchedores corporais como esvaziadores corporais. O grande ponto é que existe um prazo mínimo para recuperação desses pacientes,  que querem um resultado visível mais rápido. A gente tem alguns métodos que nós vamos retirar a gordura no procedimento minimamente invasivo de forma localizada. Para a gente ele vai ter um resultado visível rápido, porém o resultado final do procedimento vai demorar mais ou menos quatro a cinco meses, só que precisamos de recuperação mínima de 15 dias 15 dias. 


Os resultados desses procedimentos podem se tornar visíveis após quanto tempo? 

O PMMA que é o polimetilmetacrilato vai dar volume corporal, onde podemos aumentar estruturas corporais como glúteo que a maioria das mulheres querem, homens gostam muito de aumentar a panturrilha, ombro bíceps, entre outros. A recuperação desse paciente, vai ser de 15 a 20 dias para ele voltar a fazer suas atividades físicas e o resultado também visível na sua melhor forma vai ser no período de aproximadamente 2 A 3 meses. Então os procedimentos acabam sendo visíveis sim de uma forma tecnicamente rápida; questão de 15 a 20 dias, porém o resultado final desses procedimentos será na casa de três a quatro meses. Então vai depender muito do prazo que essa pessoa quer para ter o resultado


As técnicas realizadas nesses procedimentos são consideradas seguras para os pacientes? 

Sim, são seguras. Na verdade existe uma técnica específica para se executar o procedimento e são dois procedimentos médicos que eu trouxe que são feitos exclusivamente por médicos. Ele pode executar qualquer atividade médica, contando que ele tenha o treinamento e habilidade para executar e para fazer o procedimento de retirada de gordura corporal. Enfim, ele requer e ele exige uma técnica apurada para se fazer e para ser seguida no procedimento, para que isso seja feito da forma mais segura possível



Por que o uso de terapia hormonal, reposição hormonal tem crescido constantemente nos últimos anos? 

R -  No mundo que vivemos hoje, uma correria absurda, nível de estresse elevado, alimentação ruim e carência nutricional; falta de atividade física; sono prejudicado todos esses elementos são fatores para a redução da produção de hormônio e nós sabemos que a produção de estradiol regulam diversas funções no nosso organismo em relação à disposição; energia qualidade de sono vitalidade. Inclusive nossa parte estética, os hormônios sexuais querendo ou não exercem uma função extremamente importante no nosso nível de massa muscular; no nosso nível de gordura. Então a população em geral está com deficiência hormonal. Nós tratamos isso no consultório quando atendemos pacientes de meia idade, além dos processos naturais de envelhecimento nós temos o estilo de vida que é muito prejudicado hoje com acesso à informação. As pessoas têm buscado a orientação, tem buscado investigar e se cuidar e quando nós realizamos a reposição hormonal de forma correta, conseguimos observar não só a melhora física do paciente, mas principalmente a melhora da qualidade de vida, a pessoa se sente mais disposta com mais energia com mais libido ou melhora a qualidade do sono e muitas vezes a melhora do rendimento no trabalho porque a pessoa está ali mais ativa.

Especialista explica sobre benefícios dos cuidados paliativos em tratamento de pacientes com doenças graves
Fotos: Igor Barreto / Bahia Notícias

A importância dos cuidados paliativos em casos de pacientes com doenças graves tem crescido nos últimos anos no Brasil. O tema ganhou mais proporção, após o jogador Pelé ser diagnosticado com metástases no intestino, no fígado e no pulmão, mas não responder ao tratamento quimioterápico e passar pelos cuidados paliativos. 

 

A abordagem multidisciplinar tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida e minimizar o sofrimento de pessoas com doenças graves, a exemplo do câncer, entre outras. Engana-se quem pensa que o tipo de tratamento é utilizado para quem está em fase terminal, mas é um tipo de cuidado que busca promover o conforto e a dignidade do paciente. 

 

Para entender melhor sobre os cuidados paliativos, a reportagem do Bahia Notícias, foi entrevistar a médica paliativista, Fernanda Tourinho, que explicou sobre a importância do tipo de tratamento para pacientes, familiares e cuidadores.  

 

“A gente diz que cuida do binômio.Naturalmente o paciente no centro do cuidado, como o personagem mais importante, mas a saúde por algum tempo ignorou o fato de que as famílias adoecem em conjunto e sofrem em conjunto e são os principais cuidadores. Então quando você abre espaço para essa família, para educar sobre o que está acontecendo, para discutir qual é o prognóstico, o que é que vai acontecer no futuro; como eles podem se preparar para falar das suas dores; da sua sobrecarga; do Burnout que enfrentam ao cuidar de um paciente durante muitos anos você também alivia esse sofrimento e melhora os índices de qualidade de vida; de estresse pós traumático”, disse Tourinho. 

 

“Você reduz as chances de um luto prolongado que era antigamente chamado de luto complicado. Então você integra esse cuidado e para de achar que a família é complicada para na verdade uma família que está sofrendo É muito importante incluir os cuidadores que estão na linha de frente, que estão ali prestando cuidado, muitas vezes são cuidadores profissionais, mas que não estão participando das decisões, não estão sendo informados adequadamente sobre aquilo que está acontecendo e acabam sofrendo muito em conjunto”, observou a paliativista. 

 

Confira entrevista completa

 

Apesar de ser um tema que avançou bastante nos últimos anos, muitas pessoas ainda não conhecem a definição sobre os cuidados paliativos. O que significa os cuidados paliativos? Qual o conceito deste tipo de cuidado? 

Cuidado paliativo é uma abordagem realizada por uma equipe multidisciplinar que tem como objetivo principal aliviar o sofrimento e promover qualidade de vida. Sofrimento  de pacientes familiares e cuidadores que estão enfrentando o que a gente chama de doenças que ameaçam a continuidade da vida. Ou seja, é uma doença ativa, grave e progressiva e que coloca o paciente em face de uma série de problemas que são de ordem física por conta do próprio nascimento. Mas também de ordem social, de ordem psíquica, de ordem espiritual. Então diante de todas essas dificuldades que são enfrentadas pelo paciente. A gente vai fazer uma abordagem por uma equipe multidisciplinar olhando para todas essas quatro dimensões para aliviar o sofrimento desses pacientes. 

 

Quais são os profissionais de saúde que fazem parte dessa equipe multidisciplinar?  Quais são os pacientes que podem receber cuidados paliativos? Quando que esses pacientes devem iniciar os tratamentos? 

Não somente o médico, a equipe de cuidados paliativos é composta por todos os profissionais da área de saúde e ainda por outros profissionais de cuidado, como o próprio cuidado ou de terapias integrativas. Elas devem ser iniciadas em conjunto com essa assistência modificadora de doença. Então se um paciente recebe um diagnóstico de uma doença grave, de um câncer que já é metastático, que já se espalhou para outras regiões do corpo, esse paciente vai procurar um oncologista e vai começar o tratamento oncológico, mas ele também vai poder ter o acompanhamento de uma equipe de cuidados paliativos, que vai cuidar de seus sintomas, que vai fazer um planejamento de cuidados. Como é que esse paciente deseja ser cuidado? Quais são seus valores? Quais áreas da sua vida estão sendo afetadas. Então não é que a gente tenha um profissional para cada uma das áreas, né para espiritual, para psíquica. A gente tem a Capelania, a gente tem o psicólogo, a gente tem o serviço social, né? O assistente social tem o papel de cuidar das questões sociais, mas sobretudo que todos os profissionais da equipe possuem esse olhar integrado para todas as dimensões. Então existem as especificidades de cada profissão, mas existe esse olhar integrado. 

 

Quais tipos de doenças podem ter esse tipo de tratamento? 

Doenças neurológicas, demências que a gente tem, por exemplo a doença de Alzheimer. A gente está falando de pacientes com doenças renais hepáticas, então a etiologia não importa o que importa é a gravidade e o sofrimento que o paciente esperanciar durante o adoecimento cardiovascular. Doenças cardiovasculares quer que eu estou falando, doenças como insuficiência cardíaca que é uma doença que tem um altíssima morbidade, ou seja, atrapalha demais a qualidade de vida dos pacientes e também tem uma mortalidade muito alta. Doença de Parkinson dentro das doenças neurológicas. Insuficiência renal de alítica paciente, tem uma mortalidade muito grande associada a isso e também um sofrimento muito grande por conta do seu processo de adoecimento. Então há diversos exemplos de doenças que acometem diferentes órgãos e sistemas que podem se beneficiar da abordagem de cuidados paliativos como alívio de sintomas da melhora da qualidade de vida, de colocar o paciente no centro do cuidado, pois o que importa é a pessoa e não uma doença. A gente trata o indivíduo utilizando todos os recursos tecnológicos e não tecnológicos. 

 

 

Como que a parte religiosa e espiritual contribui também para esse tipo de cuidado. Como é que ele atua dentro dos cuidados paliativos? 

A primeira coisa para gente entender é que espiritualidade não é a mesma coisa de religiosidade. A manifestação da sua espiritualidade ?ode acontecer através de uma prática religiosa ou não. Espiritualidade é algo próprio de todo ser humano, mesmo uma pessoa que seja ateia tem a sua espiritualidade, a sua relação com o consagrado de alguma forma. Essa é uma dimensão fundamental do ser humano, a dimensão que envolve a esperança, a dimensão que envolve a busca por significado e que portanto precisa ser olhada e cuidada. E mais ainda espiritualidade é ciência. A gente dispõe de diversos artigos científicos que demonstram a importância dessa abordagem e existem formas técnicas de fazer isso, de abrir espaço para que o paciente coloque a sua espiritualidade, e como esses valores espirituais influenciam inclusive na sua jornada de tratamento e de doença. Então, a grande palavra do cuidado paliativo é integrar e não fragmentar. A medicina moderna evoluiu muito e isso é muito bom, pois hoje a gente consegue ofertar tratamentos que antes a gente não conseguia para condições que antes não eram possíveis de ser tratadas, mas ela acabou separando o biológico do biográfico.

 

A gente precisa integrar porque a nossa vida biográfica, ela tem talvez mais valor, inclusive do que nossa vida biológica. A gente não trata corpos, a gente trata pessoas, então com esse conceito é possível ter esse olhar multidimensional para aliviar o sofrimento. 

Mesmo com o avanço da discussão do tema, ainda enfrentamos grandes desafios na falta de conhecimento popular sobre os cuidados paliativos. O que faz isso acontecer? 

O preconceito vem da ignorância né? Ignorância no sentido de falta de conhecimento, porque não houve acesso. Falando de profissionais de saúde, a gente não tem cuidados paliativos dentro das graduações de saúde. Eu me formei em 2010, sem nunca ter ouvido falar sobre cuidados paliativos. Eu já fazia parte de uma liga de Oncologia, eu sabia que eu gostava de cuidar de pacientes graves, mas eu não conhecia essa abordagem enquanto uma área de atuação que eu poderia me informar e aprender tecnicamente para aliviar o sofrimento dos pacientes. Então, eu acho que é a falta de educação para os profissionais de saúde sobre os benefícios dos cuidados paliativos, a gente tem caminhado bastante nesse sentido. Em dezembro do ano passado se tornou obrigatório o ensino de cuidados paliativos dentro das faculdades de medicina e a tendência é que no futuro outras faculdades de saúde também incorporem isso e eu pessoalmente tenho me dedicado. Deixei a assistência há um ano e hoje eu atuo somente através do ensino de cuidados paliativos nas redes sociais para profissionais de saúde para preencher essa lacuna da formação. Hoje a gente não oferta pois não sabemos fazer e quando a gente não sabe fazer a gente faz errado. Então a gente precisa primeiro aprender para desmistificar. 

 

Quais os benefícios que os cuidados paliativos podem proporcionar para familiares e acompanhantes de pacientes? 

A gente diz que cuida do binômio.Naturalmente o paciente no centro do cuidado, como o personagem mais importante, mas a saúde por algum tempo ignorou o fato de que as famílias adoecem em conjunto e sofrem em conjunto e são os principais cuidadores. Então quando você abre espaço para essa família, para educar sobre o que está acontecendo, para discutir qual é o prognóstico, o que é que vai acontecer no futuro; como eles podem se preparar para falar das suas dores; da sua sobrecarga; do Burnout que enfrentam ao cuidar de um paciente durante muitos anos você também alivia esse sofrimento e melhora os índices de qualidade de vida; de estresse pós traumático. Você reduz as chances de um luto prolongado que era antigamente chamado de luto complicado. Então você integra esse cuidado e para de achar que a família é complicada para na verdade uma família que está sofrendo É muito importante incluir os cuidadores que estão na linha de frente, que estão ali prestando cuidado, muitas vezes são cuidadores profissionais, mas que não estão participando das decisões, não estão sendo informados adequadamente sobre aquilo que está acontecendo e acabam sofrendo muito em conjunto

 

Onde que pacientes podem ter acessos a cuidados paliativos na Bahia e em Salvador? 

A maioria dos grandes hospitais particulares já dispõe de equipe de cuidados paliativos. O Hospital das Clínicas e o Roberto Santos possuem uma comissão de cuidados paliativos. Salvador, tem também uma unidade hospice que é uma unidade para cuidados de fim de vida. E a gente está indo agora para construção do primeiro hospital público que vai ficar no antigo Instituto Couto Maia. É uma iniciativa do Governo do Estado que vai contar com 80 leitos para acolhimento de pacientes em cuidados paliativos que necessitam de internação. A gente tem também ambulatório na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública para acolhimento a pacientes de cuidados paliativos também pelo SUS. A gente tem diversas empresas de home care que possuem atendimento de cuidados paliativos 

 

Primeira mulher a presidir CFMV, Ana Elisa Almeida projeta gestão mais próxima de veterinários e zootécnicas
Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

A médica-veterinária, Ana Elisa Almeida, será a primeira mulher a presidir o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). A baiana, que tomou posse na última sexta-feira (15), possui uma trajetória na Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (UFBA), ingressando na vida pública em 1999, ao ser convidada para presidir a Sociedade de Medicina Veterinária da Bahia (SMVBA). 

 

Em 2001, por meio da SMVBA, levou para Salvador o Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária. Após o evento, a médica foi convidada para ngressar na diretoria do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia (CRMV-BA). Ela foi ainda secretária-geral da autarquia no triênio 2003-2006. Em 2008, tornou-se a primeira mulher a presidir o CRMV-BA. 

 

Em entrevista exclusiva ao Bahia Notícias, a presidente do CFMV revelou que tem a meta de proporcionar uma maior visibilidade para médicos veterinários e zootecnistas durante sua gestão. 

 

“A gente precisa mostrar à sociedade a importância do médico veterinário e do zootecnista. As pessoas não sabem quando sentam em uma mesa, a quantidade de médicos veterinários responsáveis e presentes ali, já que muitas vezes eles estão envolvidos em um trabalho no laticínio e etc. O médico veterinário está ali presente na vida do cidadão, a gente quer mostrar e fazer com que a própria sociedade entenda onde o médico veterinário está. Nós vamos inclusive destinar um recurso, através de campanhas publicitárias para mostrar à sociedade a importância dessas duas profissões”, disse. 

 

Ana Elisa comentou também sobre a expectativa para o triênio que vai conduzir no órgão.  “A expectativa é grande, principalmente por ser tudo novo. Nós, mulheres, somos assim, temos capacidade de ouvir e de acolher. Eu acho que o mundo está precisando também disso, de decisão, mas também decisões estudadas, decisões pensadas. Então eu espero corresponder todas as expectativas que estão sendo depositadas”, completou. 

 

Confira a entrevista completa:

 

Qual o panorama e a avaliação que você faz da antiga gestão do CFMV? 

Sou suspeita de falar, pois já participava dessa gestão. A gente queria e conseguimos uma mudança quando assumimos em 2017. Hoje, o nosso conselho está mais transparente, tanto que nós tivemos uma referência do Tribunal de Contas com nota máxima no quesito transparência. Tudo nosso é aberto. Nos aproximamos bastante dos Conselhos Regionais que executam as ações, já que a gente é um órgão de segunda instância. Quem executa, quem fiscaliza e faz todo o tribunal de honra são os regionais, que são órgãos de primeira instância. Estamos renovando nosso sistema de forma online. Um sistema unificado de administração pública, onde os processos fluem com mais facilidade e agilidade, que qualquer pessoa tem acesso. 

 

Quais serão as principais metas e objetivos a serem traçados em sua gestão para este triênio? O que ainda precisa ser alcançado e superado no CFMV? 

Nós vamos priorizar quatro eixos: gestão participativa que é importantíssimo, onde queremos ter um canal de comunicação permanente e ouvir nossos colegas dos Regionais. Depois nosso outro eixo nosso é fazer uma articulação institucional, a gente precisa conversar com os órgãos que estamos relacionados. São esses órgãos que fazem as leis e a gente precisa dessa construção com o Ministério da Saúde, Ministério da Educação entre outros. O terceiro item é a modernização dos processos. Já estamos fazendo fiscalização online e remota inclusive. O quarto item é gerar visibilidade das profissões. A gente precisa mostrar à sociedade a importância do médico veterinário e do zootecnista. As pessoas não sabem quando sentam em uma mesa, a quantidade de médicos veterinários responsáveis e presentes ali, já que muitas vezes eles estão envolvidos em um trabalho no laticínio e etc. O médico veterinário está ali presente na vida do cidadão, a gente quer mostrar e fazer com que a própria sociedade entenda onde o médico veterinário está. Nós vamos inclusive destinar um recurso, através de campanhas publicitárias para mostrar à sociedade a importância dessas duas profissões. Vamos destinar outros recursos também para o planejamento, onde pretendemos estar presentes nos grandes congressos das feiras agropecuárias, no agronegócio que é muito forte e que contribui com uma parcela, onde nós somos um dos atores principais. Então queremos ter essa participação mais efetiva nesses segmentos. 

 

O CFMV reforçou o pedido para o Ministério da Educação (MEC) suspender graduação a distância em Medicina Veterinária. Atualmente como está este processo? E quais serão as novas medidas que vocês vão buscar em 2024? 

Não só Conselho Federal, mas como todo o sistema é radicalmente contra. O curso de medicina veterinária, inclusive as nossas diretrizes curriculares nacionais dizem que é necessário a prática. Então não podemos ter um curso em que o aluno não tenha o treinamento em serviço, não pegue, não sinta. Nós somos radicalmente contra, isso já é pacificado. Estamos inclusive conversando com o MEC, tivemos com o ministro Camilo [Santana] e ele se mostrou favorável a não ter [cursos de Veterinária EAD]. Estamos querendo inclusive retornar o exame de proficiência nos moldes da OAB. Queremos que este exame seja para que a gente tenha um parâmetro nesse sentido. Isso vai fazer com que o Conselho Federal participe das avaliações do MEC, na autorização de novos cursos e abertura de mais vagas. Hoje temos um termo de colaboração com o MEC e a nossa comissão nacional de educação avalia alguns cursos, só que é uma avaliação construtiva que não é deliberativa. Então nós recebemos 40 processos de solicitação de autorização de cursos. Visualizamos que algumas instituições não tinham as mínimas comissões oferecidas. Então a gente gostaria de participar dessa avaliação, mas com critérios técnicos até para que possamos ter uma avaliação mais precisa da qualidade desses cursos. Nós estamos querendo aprovação de um Projeto de Lei que prevê apenas 10% de carga horária para conteúdos teóricos. 

 

Estudantes do curso de medicina veterinária da Universidade Federal da Bahia (UFBA) alegaram que alguns professores estariam perseguindo alunos e calouros. Essa informação já chegou para o CFMV? Como que você vai acompanhar essa questão? 

Isso já chegou ao conhecimento do Conselho Regional e também do Federal. Eu vi inclusive na página no Instagram da Escola Veterinária e fiquei sem entender. Mas eu ainda não sei muito bem especificamente. Vi em grupo também e eu vou até depois conversar com o diretor da Escola, mas em termos assim de denúncia perante o conselho não chegou nada nem no Conselho Regional e no Federal. Os professores são médicos veterinários ou zootecnistas e estão escritos no conselho. Caso seja verificado que essa atitude configure uma infração ética com certeza serão avaliados e caso se comprove serão penalizados. O conselho tendo conhecimento pode ser aberto um processo e aí pode se fazer uma apuração. O conselho vai designar um instrutor, um relator para analisar e ouvir as partes. Depois disso vai ser determinado um relator para analisar aquilo que o instrutor colocou. 

 

Como o CFMV está acompanhando a construção do Hospital Veterinário de Salvador?

Para o médico veterinário será mais uma oportunidade no mercado de trabalho, é algo importante. Agora uma preocupação nossa é a manutenção desse hospital. Como é que o o todos os o aparelhamento os os insumos serão mantidos? Essa é a nossa maior preocupação. Inclusive eu soube até  que poderia ser uma até gestão na área de uma organização social.  A nossa preocupação é que esses hospitais, de primeira, precisam estar inscritos no Conselho pois é uma atividade privativa.

 

Qual a expectativa para iniciar a gestão no CFMV? 

Estou recebendo esse desafio com muita responsabilidade. Nós ingressamos no sistema em 2003, quando eu fui secretária geral aqui do Conselho Regional da Bahia. Mas o Conselho Federal é totalmente diferente. Porém, é um aprendizado. Nós estamos com uma equipe muito boa. Tenho certeza que juntos vamos fazer mais e vamos mais longe. A expectativa é grande, principalmente pois tudo é novo. Nós, mulheres, somos assim, temos capacidade de ouvir e de acolher. Eu acho que o mundo está precisando também disso, de decisão, mas também decisões estudadas, decisões pensadas. Então eu espero corresponder todas as expectativas que estão sendo depositadas.

Médico baiano é integrante da pesquisa que usa técnica de edição de genes no combate a anemia falciforme
Foto: Glenn Ramit / Innovative Genomics Institute

O baiano Bruno Solano, médico pesquisador da Fiocruz e especialista em terapia celular, é um dos integrantes de um estudo que busca  alternativas mais eficientes para reduzir custos de um tratamento para pacientes que sofrem com doenças de falciformes no mundo. Trata-se da técnica de edição de genes CRISPR para atacar doenças como a anemia falciforme, condição genética e hereditária que traz complicações graves, com prevalência na população negra. 

 

 

O CRISPR é uma ferramenta que permite editar com precisão o DNA de microorganismos, plantas e animais e fez com que à Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier fossem vencedoras do Nobel de Química em 2020. 

 

O pesquisador baiano participa à frente do trabalho em um laboratório no IGI (Innovative Genomics Institute), nos Estados Unidos, fundado pela ganhadora do Prêmio Nobel de Química em 2020 Jennifer Doudna. Atualmente, os custos podem chegar a US$ 2 milhões por paciente.

 

Segundo o especialista, a pesquisa apresentou “resultados muito encorajadores” no combate a condição genética e hereditária, que atinge de 60 a 100 mil pessoas no Brasil. No Distrito Federal, Minas Gerais e Bahia (um caso a cada 650 nascidos vivos) como locais com alta incidência. 


 

“Essa tecnologia nova que a gente chama de CRISPR é um método novo que a gente consegue ir no ponto específico do DNA e fazer alterações e correções  de mutações e isso tem uma implicação direta em doenças genéticas como o caso da anemia falciforme. É uma técnica que está completando dez anos agora e a gente tem uma série de evoluções para que essa tecnologia seja aplicada a tratamento de doenças humanas como a anemia falciforme”, disse. 

 

 

“Aqui nos Estados Unidos já têm estudos avançados com o tratamento de mais de 70 pacientes com essa doença, com resultados muito encorajadores em termos de segurança do procedimento e da eficácia também no controle dos sintomas e em alguns casos até em cura funcional. Então são muito animadores os resultados, então nos próximos meses vamos ver uma aprovação da agência americana para comercialização”, explicou.   

 

Confira entrevista completa:  

 

Fatores de personalidade podem impactar no desenvolvimento de transtornos alimentares
Foto: Reprodução / Acervo Pessoal

Dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) indicam que cerca de 70 milhões de pessoas no mundo sejam afetadas por algum transtorno alimentar, incluindo anorexia, bulimia, compulsão alimentar e outros. 

 

Com o objetivo de chamar a atenção da população acerca destas condições, o 2 de junho foi formalizado como o Dia Mundial de Conscientização sobre os Transtornos Alimentares.

 

No estado, iniciativas como a do Grupo de Atuação em Transtornos Alimentares da Bahia (GATAB), formado por profissionais que atuam na área, reforçam a causa e prestam apoio, através da atenção a pacientes e familiares e na pesquisa desse grupo de transtornos.

 

Uma das integrantes é a psiquiatra Patrícia Lemos, que concedeu entrevista ao Bahia Notícias. Segundo ela, uma série de situações podem impactar no desenvolvimento destas condições, inclusive fatores de personalidade. Portanto, o tratamento também deve considerar o acompanhamento em diversas esferas. 

 

"Quando a gente fala de tratamento interdisciplinar, estamos falando de acompanhamento com, no mínimo, psiquiatra especializado, psicólogo e um nutricionista", pontuou a médica durante a conversa.

 

Ela ainda comentou acerca do risco de óbito, características do tratamento e locais de atendimento especializado em Salvador, além da prevalência e dos sintomas mais comuns.

 

Confira a entrevista completa: 

Assintomático, glaucoma é mais agressivo na população negra e pode ser prevenido de forma facilitada
Foto: Priscila Melo / BN

Estima-se que 1% a 2% da população global viva com o glaucoma nos dias atuais. No caso da população brasileira, a estimativa é de que 900 mil pessoas sejam portadoras da doença. Para conscientizar a sociedade sobre a necessidade de prevenção desta condição, é comemorado nesta sexta-feira (26) o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma.

 

Para falar sobre o assunto, o Bahia Notícias convidou a oftalmologista Aline Uzel, da rede pública da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Salvador. Especialista no assunto, a profissional evidenciou a importância do acompanhamento contínuo e esclareceu quais são os fatores de risco para o desenvolvimento do glaucoma.

 

"Muita gente confunde achando que glaucoma é igual a pressão ocular aumentada, mas a gente tem alguns tipos de glaucoma, inclusive existe o glaucoma de pressão normal, em que a pressão está teoricamente normal, mas pra aquele determinado paciente ela pode estar sendo elevada e danificar o nervo ótico", esclareceu a médica sobre os mitos em torno do problema.

 

Segundo ela, a resolução da questão pode estar a poucos metros de casa, uma vez que os postos de saúde servem como porta de entrada para a realização de consultas preventivas e também do tratamento. "Para ter acesso, o paciente pode ir no posto de saúde e pedir para marcar um oftalmologista. Aí ele é direcionado", exemplificou a entrevistada.

 

Queria que a senhora me dissesse de forma sucinta o que, de fato, é o glaucoma.
O glaucoma é uma neuropatia ótica em que o maior fator de risco é o aumento da pressão intraocular. É uma alteração que dá no nervo e pode levar a cegueira, exatamente pela degeneração das células do nervo ótico. E, como eu disse anteriormente, a pressão intraocular é o maior fator de risco. 

 

Muita gente confunde achando que glaucoma é igual a pressão ocular aumentada, mas a gente tem alguns tipos de glaucoma, inclusive existe o glaucoma de pressão normal, em que a pressão está teoricamente normal, mas pra aquele determinado paciente ela pode estar sendo elevada e danificar o nervo ótico.

 

Qual a incidência do glaucoma na população mundial e na população brasileira? Temos esses dados?
Dados e números talvez eu não consiga te dar agora, mas, para você ter uma noção, é a patologia que é a maior causa de cegueira irreversível do mundo. Na Bahia a gente tem uma peculiaridade: o fato de ser um estado com a raça negra um tanto quanto predominante. E nos negros o glaucoma é muito mais agressivo. Então se não tiver controle, uma boa prevenção, a gente acaba tendo incidência de cegueira muito grande.

 

Existem doenças que atenuam essa condição ou outros fatores de risco?
Existem alguns fatores de risco. A pressão intraocular elevada, como eu falei, é um dos maiores fatores de risco, mas tem ainda o fator raça, a presença da miopia - que apesar de ser um fator de risco menor, é uma predisposição, porque o olho do míope é mais frágil -, o histórico familiar e há também o fator idade, porque existe um risco maior após os 40 anos.

 

Se a senhora pudesse indicar medidas de prevenção, quais seriam?
Vá ao oftalmologista! Parece um jargão, mas é a maneira mais fácil de poder prevenir o glaucoma. Ele não tem cura. É uma doença que tem controle, mas o maior risco é que ela é silenciosa. Então, o olho não dói, o olho não coça, o olho não arde, a pressão começa a aumentar, o paciente não sente e o nervo ótico está sendo danificado. O paciente vai perdendo a visão periférica, inicialmente, por isso que não percebe, vai diminuindo e ele só vai se dar conta quando já está tropeçando e se batendo nas coisas. A consulta regular ao oftalmologista é a maior prevenção que a gente pode fazer ao glaucoma. Porque no consultório a gente vai medir sua pressão, a gente vai ver seu fundo de olho, vai ver seu nervo ótico com detalhes, além de colher toda essa história. 

 

Se tratando de acompanhamento oftalmológico, o que seria uma frequência regular?
Quando o paciente é jovem, até 39 anos, uma vez por ano está tranquilo. Como sou especialista em glaucoma, eu aperto mais um pouquinho e aconselho que, após os quarenta ou se tiver história familiar, faça consulta a cada 6 meses.

 

Os instrumentos de diagnóstico são acessíveis? Existe uma rede específica de atenção ao glaucoma, por exemplo?
Temos uma rede do SUS que dá esse suporte. No estado há o Hospital Roberto Santos, no âmbito federal existe o Hospital das Clínicas e a nível municipal a gente tem alguns postos de saúde com o atendimento oftalmológico, além do Multicentro Carlos Gomes, do Multicentro do Vale das Pedrinhas e várias clínicas parceiras que são credenciadas. Para ter acesso, o paciente pode ir no posto de saúde e pedir para marcar um oftalmologista. Aí ele é direcionado. Além dos que citei, Salvador tem hospitais filantrópicos como o Santa Luzia, o Humberto Castro Lima e o Santa Izabel.

 

Como ele é identificado por profissionais oftalmologistas? Há algum tipo de exame?
Bom, quando a gente chega na consulta básica do oftalmologista, a gente vai ver a visão do paciente e colher a história. A anamnese é uma coisa muito importante pra diagnóstico de qualquer patologia. Depois que a gente faz a parte do ajuste da visão, medimos a pressão dele, já partimos para a primeira parte que nos direciona para o glaucoma, então aí vemos o fundo do olho. Se é um paciente que está com a pressão elevada ou tem o nervo ótico suspeito, encaminhamos para os exames específicos de glaucoma, que são: campo visual, retnografia, paquimetria, OCT, gonioscopia. E tudo isso está disponível na rede pública de saúde. 

 

Recapitulando o que conversamos: para além da diminuição do campo de visão, não há sinais, correto? 
Esses sintomas [da diminuição do campo de visão] só aparecem quando já está muito grave, porque não há sinal algum. O risco do glaucoma levar a cegueira é exatamente o fato dele ser assintomático. Para o paciente chegar nesse ponto, ele tem que ter ficado muito tempo sem ir no oftalmologista. Muitas vezes a gente vê pacientes indo em optometristas, principalmente no interior e em bairros de periferia, com técnicos que não são médicos. [É necessário lembrar que] o exame oftalmológico é um ato médico e esses procedimentos estão sendo realizados de maneira ilegal. Então, o pessoal vai, faz só o exame de óculos, passa na ótica e compra, sem o devido acompanhamento. Com isso ele não está vendo o fundo do olho, acha que está sendo examinado e na verdade não está fazendo um exame correto.


 
Quando diagnosticado, o glaucoma é enquadrado em um tipo, não é?
Vou te falar os mais comuns. O glaucoma crônico de ângulo aberto é o mais comum e o que a gente faz agora a campanha de prevenção de forma ativa. Tem o glaucoma de ângulo estreito, que são aqueles que por ter um ângulo mais estreito, por algum motivo a pupila dilata, fecha o ângulo e tem uma crise aguda de glaucoma. Tem o glaucoma congênito também, que é quando a criança já nasce com. Temos o glaucoma infantil e juvenil, que é quando o paciente, na fase da infância ou na adolescência, vem a desenvolver a doença, mas que não é tão comum. Tem o pigmentar, o secundário, o corticogênico... temos então alguns tipos e o ideal é que a gente verifique mesmo no consultório.

 

Como é feito o tratamento?
Hoje a gente inicia, a depender do paciente, com a aplicação do laser - que tem tido um bom resultado para glaucoma inicial a moderado e hipertensos oculares - e partindo daí a gente vai para o medicamento. Mas, como todo tratamento clínico, se não há uma resposta, passamos para a cirurgia. Dentro da cirurgia a gente tem algumas opções, a exemplo da colocação de dispositivos e da trabeculectomia. Enfim, nós temos uma infinidade de procedimentos que podem dar condições ao paciente.

Diagnóstico que é preciso: Olivette Borba, coordenadora do Lacen, fala sobre ações do Fique Sabendo
Foto: Jefferson Peixoto / Secom PMS

Responsável por ações de orientação e detecção de infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) como HIV, Sífilis e Hepatites no Carnaval e durante outras festividades em Salvador, a coordenadora do Laboratório Central do município, Olivette Borba, acompanha de perto os índices de positividade na capital baiana.

 

Segundo ela, em entrevista ao Bahia Notícias, a última edição da folia da soteropolitana apresentou uma estabilidade no quantitativo de pessoas que descobriram, através do projeto Fique Sabendo, viver com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e um aumento no número de pacientes diagnosticados com sífilis.

 

A situação, ressaltou a profissional, se deve ao desinteresse da população acerca dos serviços disponibilizados pela rede pública durante todo o ano. "Na nossa rede temos mais de 150 unidades que fazem teste para ISTs e que a pessoa pode simplesmente chegar lá e pedir para fazer o teste. A gente sente essa falta de interesse", comentou.

 

Para ela, o surgimento de novos métodos de prevenção como o esquema PrEP e a PEP surgem como novos aliados, de modo que cada vez mais uma quantidade maior de pessoas tem aderido a tais fármacos. 

 

"A gente mudou o questionário do Carnaval e vimos que tinha pacientes fazendo PrEP e tinha gente que desejava fazer. E isso também foi uma orientação que a gente fez", salientou. 

 

Queria que você me explicasse o que é o "Fique Sabendo" e em quais ocasiões o programa é executado.

Ele envolve, além da testagem de  várias ISTs (HIV, sífilis, hepatite B, hepatite C, etc), orientações acerca da prevenção delas. Então, no projeto, a gente tem também o aconselhamento. Toda pessoa, mesmo estando negativa, é aconselhada. Nesse momento ela tira dúvidas, fala sobre as suas rotinas sexuais e outras coisas da sua vida. Há uns cinco anos nós entramos com a parte do tratamento para sífilis no próprio momento da detecção, com a aplicação da primeira dose da penicilina e o encaminhamento para nossos serviços de saúde. O Fique Sabendo, além do Carnaval, é desenvolvido em algumas ocasiões aqui na cidade. Na Parada LGBT, por exemplo, estamos sempre presentes, além  de ações em dezembro, porque é o mês de prevenção e combate ao HIV. Distribuímos também preservativos e ensinamos a usá-los, porque muita gente não conhece o modelo interno, e produzimos dados. No Carnaval é onde temos uma maior adesão. É quando a gente atende o maior número de pessoas e com isso a gente consegue obter alguns dados, a exemplo do tipo de público, o índice de positividade que a gente tem na nossa cidade e até mesmo a prevalência.

 

Quando o projeto surge e a partir de qual política pública ele se origina?

Temos ele em Salvador há mais de dez anos. Sendo que houve um intervalo de dois anos que a gente não utilizou. Durante a época da Copa do Mundo de 2014 foi um sucesso, fizemos inclusive uma parceria com a prefeitura de Aracaju, que veio para aqui para fazer com a gente, já que não houve jogos lá. Desde lá temos acompanhado o cenário, a positividade e a gente tem visto que para sífilis os índices estão crescendo. Por isso é tão importante esse diagnóstico, né? 

 

Quanto ao último Carnaval, qual foi o resultado dessa ação de vocês nos circuitos e quais públicos vocês identificaram durante o período? 

O módulo do Fique Sabendo na Barra fica bem no local mais frequentado pelo público LGBT, então foi o público que mais procurou o serviço lá. O da Praça da Piedade não, a gente atendeu diversos públicos. No entanto, o projeto surge como uma oportunidade para um público que dificilmente procura o serviço de saúde, como pessoas em situação de rua, possa ser acolhido. O índice de positividade para HIV esse ano continua na mesma média de 2020, que foi de 2,24. Em 2020 foi 2,5. Então está na mesma média, mas a gente ainda considera alto. A gente pôde perceber que algumas pessoas que iam lá fazer os exames já conviviam sabidamente com o HIV, já estavam fazendo tratamento e foram lá para verificar as outras doenças. Algumas pessoas que procuraram a gente que eram sabidamente positivas disseram ter descoberto a doença lá, em anos anteriores da ação. Isso dá um certo orgulho de estar fazendo esse serviço. Com relação à sífilis, a gente teve um aumento de mais de dois pontos percentuais, quando comparado a 2020. Esse ano a gente teve 13% de positividade. Isso daí é o que mais me chama a atenção. 

 

O que vocês, enquanto Laboratório Central, identificam com relação a esse aumento? Ao que se deve?

Acredito que seja pela falta de tratamento. As pessoas não buscam o serviço, que é gratuito, ofertado para todas as pessoas pelo SUS. Na nossa rede temos mais de 150 unidades que fazem teste para ISTs e que a pessoa pode simplesmente chegar lá e pedir para fazer o teste. A gente sente essa falta de interesse. Chegamos a ficar felizes que durante o Carnaval quem mais procura o Fique Sabendo é o público masculino, mas no restante do ano é esse mesmo público que foge dos nossos serviços. Por isso a gente faz atividades como o Sábado do Homem, que sempre tem testagem para IST, porque a gente entende que talvez seja porque estejam trabalhando e não vão até o local.

 

Me fala um pouco sobre os testes que vocês têm disponíveis?

No Fique Sabendo a gente só trabalha com teste rápido, né? Existem vários fluxos de diagnóstico de HIV. E um deles é através do teste rápido, onde você pode fazer o teste com duas marcas diferentes. Os outros são testes de triagem, mas que têm uma especificidade de mais de 90%. 

 

Uma vez que a pessoa é diagnosticada com IST, qual o fluxo que ela segue para que possa fazer o tratamento? 

No Fique Sabendo, a partir de 2015, a gente teve um ganho muito considerável, porque a gente ficava com aquele dado do paciente positivo, fazia busca ativa com as pessoas, mas achávamos isso insuficiente, aí a gente resolveu marcar consulta lá mesmo, no local da testagem. Então a gente protege a agenda dos médicos, pega algumas consultas dos médicos da nossa rede especializada ou de algum prestador que a gente tenha para atender e lá no Fique Sabendo mesmo a pessoa que apresenta resultado positivo, tanto para hepatite B ou C, quanto para HIV, já sai com sua consulta marcada. 

 

E quem é diagnosticado com sífilis já recebe ali mesmo a penicilina, não é?

Isso. Se a pessoa desejar pode iniciar o tratamento lá, com a primeira dose da penicilina. 

 

A gente tem visto nos últimos anos o surgimento de alguns métodos de prevenção, inclusive com a utilização de antirretrovirais como a PEP e o esquema PrEP. Vocês percebem a influência desses fármacos na redução de resultados positivos?

Acho que as pessoas, estão sabendo cada vez mais desses esquemas PEP e PrEP. A gente mudou o questionário do Carnaval e vimos que tinha pacientes fazendo PrEP e tinha gente que desejava fazer. E isso também foi uma orientação que a gente fez. 

"Ele quis tirar as pastas da Saúde e da Educação de escolhas políticas", diz Ana Paula Matos sobre ida para pasta
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Pouco tempo antes de completar dois meses à frente da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT) ainda comenta sobre sua indicação para a pasta.

 

Segundo ela, a escolha do prefeito Bruno Reis (União) aconteceu com base numa perspectiva que considerasse a nomeação de um quadro técnico - assim como foi para a Secretaria Municipal da Educação (SMED).

 

"Ele disse que ia buscar os técnicos mais experimentados, que tinham dado entregas e que tinham um perfil com cada pasta", afirma a pedetista durante conversa com o Bahia Notícias.

 

Ligada a pautas sociais, Ana Paula é administradora, formada em Direito, funcionária de carreira da Petrobras e também já exerceu a função de professora de cursos de graduação e pós-graduação e foi a convidada de março para um bate-papo sobre os desafios da gestão.

 

Ao site, ela conta que seu esforço tem sido em dar respostas para o município que sejam pensadas pela equipe que lhe auxilia e pelos usuários que utilizam o serviço público de saúde municipal. Nesse processo, seu maiores aliados têm sido o diálogo e a escuta.

 

"Estou impressionada positivamante com a capacidade dessa minha equipe, mas, sobretudo, tenho consciência de que a gente pode melhorar em diversos pontos. E eles tambêm têm", desenvolve Matos.

 

Os três anos de pandemia devem agora servir como um parâmetro de mudança. Se ao longo deste tempo a atenção da SMS se deu na resolução da crise sanitária, na emergência, agora deverá ser numa atenção preventiva.

 

"Isso significa que na Diretoria de Atenção à Saúde eu tenha que dividir a atenção primária, onde estão as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família (USF), com a atenção especializada, onde eu tenho alta e média complexidade, urgência e emergência", exemplifica, ao tratar da necessidade de reorganização da secretaria.

 

A primeira metodologia aplicada por ela foi um mapeamento da rede, através de um sistema, com o diagnóstico da estrutura física das unidades, aspectos relacionados aos recursos humanos empreendidos e outros detalhes que possibilitem uma compreensão das deficiências e potencialidades dos equipamentos de saúde.

 

A implementação deste esforço, explica a vice-prefeita, fará com que a administração possa ter em um segundo momento informações sobre a qualidade do serviço prestado. "Se já está bom, tem que ser ótimo", defende ela.

 

Nessa chegada, as tratativas com o governo do estado - apesar das diferenças político-partidárias - não têm sido um impeditivo. "A secretária Roberta [Santana] tem nos ajudado na regulação de pacientes, em algumas estratégias nas diversas áreas, inclusive na Vigilância Sanitária", revela.

 

No decorrer dos mais de trinta minutos de conversa, a titular fala sobre a criação da política municipal para distribuição de cannabis medicinal, discorreu acerca do desafio das filas de atendimentos especializados e cirurgias eletivas que aumentaram durante a pandemia e esclareceu alguns pontos sobre seu futuro na política.

 

Confira a entrevista completa aqui: 

Membra da transição do governo e nova titular da Sesab, Roberta Santana faz diagnóstico da saúde na Bahia
Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

Administradora por formação, a secretária de Saúde da Bahia, Roberta Santana, entende muito das questões técnicas relacionadas ao órgão estadual de gestão da saúde que assumiu no início do mês enquanto titular e que já integra a equipe desde 2021.

 

Baiana de Feira de Santana, Santana já foi chefe de gabinete da pasta durante o mandato da médica Adélia Pinheiro e conduziu neste intervalo a diretoria-geral no enfrentamento da pandemia causada pela Covid-19. 

 

Durante este período, atuou reorganização da rede de assistência à saúde, com a implantação de estrutura e reforço nas unidades hospitalares para assegurar o atendimento à população.

 


Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

 

Convidada pessoalmente pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT), ela conta essa atribuição se deu por conta da sua trajetória como servidora, com passagens por diferentes pastas, como a Embasa, a Companhia de Engenharia Ambiental da Bahia (Cerb) e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano (Sedur). 

 

Também estão no seu currículo a coordenação da presidência da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) e a cadeita de diretora-geral da Secretaria Estadual da Educação (SEC), onde atuou diretamente com o atual chefe do Executivo baiano.

 

"Acho que fiz uma trajetória de degraus. Acho que é importante a gente passar um pouco do operacional para depois chegar em um nível mais estratégico. Acho que são etapas", definiu a entrevistada.

 


Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

 

Em sua primeira entrevista para o Bahia Notícias, Roberta Santana falou sobre potencialidades, desafios e até mesmo gargalos na área que agora assume, respondeu sobre assuntos que dizem respeito ao cenário que encontra, mas também como pensa o futuro. 

 

Para ela, sua nomeação corresponde a uma representatividade feminina no governo e se configura como seu maior desafio profissional. Apesar disso garantiu que irá, ao longo do tempo que estiver na cadeira, trabalhar "com muita responsabilidade, muito afinco, muito compromisso e muito amor".

 

Confira a entrevista completa: 

"Trabalhadores e gestores não têm informação com esse olhar da diversidade racial", considera coordenadora do CTESPN, Ubiraci Matias
Foto: Leonardo Rattes / GOVBA

Há quatro décadas na Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Ubiraci Matias acompanhou de perto todo o percurso do Sistema Único de Saúde (SUS), desde a sua construção, com 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, até os dias atuais, em que novos desafios estão sendo postos aos usuários, autoridades e demais partes envolvidas. 

 

Lotada na Diretoria de Gestão do Cuidado (DGC) da secretaria, é da equipe que integra a responsabilidade pela coordenação de processos de formulação, implantação, implementação e avaliação de políticas e programas estaduais de saúde que tenham como finalidade a qualificação e a ampliação do acesso à saúde, tendo em vista as chamadas linhas de cuidado.

 

Uma dessas linhas é da saúde da população negra, política de atenção que nasce da luta dos movimentos sociais aos quais a própria Ubiraci teve intensa participação, sendo ela uma das ativistas da delegação brasileira que foi à Conferência de Durban - encontro realizado em 2001, na África do Sul, que culminou na formalização de uma agenda mundial de combate ao racismo e todas as formas de discriminação racial.

 


Foto: Leonardo Rattes / GOVBA

 

Soteropolitana do Engenho Velho de Brotas, seu primeiro contato com a área se deu antes mesmo de fazer parte da equipe direta da pasta, quando era vinculada ao Centro de Referência Estadual de Atenção a Saúde do Idoso (Creasi), e fez movimentações por uma maior representatividade de pessoas negras nas fotografias de homens e mulheres da terceira idade que eram expostas nas dependências da unidade. "Não vi fotografias de pessoas negras ali. Só via idosos brancos", pontuou. 

 

Ela, que também é coordenadora de cursos na Escola de Saúde Pública da Bahia (ESPBA) e do Comitê Técnico Estadual de Saúde da População Negra (CTESPN), conta que foi a partir dali que surgiu o convite para integrar o quadro de servidoras da DGC, a fim de colocar em prática as diretrizes da política de atenção à saúde da população negra, que naquele momento estava sendo gestada. "Precisavam de alguém que tivesse expertise nessa área", relembrou a técnica em entrevista ao Bahia Notícias.

 

"Eu me vejo, exatamente, a partir dos meus preceitos ideológicos de que nós não somos iguais. Sou muito pautada na socialização do marxismo, então isso traz para mim uma reflexão muito grande de que o sujeito tem que ser tratado dentro das suas particularidades", contou, dando conta que foi devido a isso que foi convocada para a missão que executa hoje.

 

Quando conversou com a reportagem, em novembro, quando nos recebeu na sede da Sesab, estava sendo comemorado o mês da consciência negra, que nas palavras dela deve servir como um "momento de mobilização", a fim de diminuir a desigualdade entre pessoas negras e brancas, em detrimento de qualquer visão folclórica.

 

Para ela, alguns parâmetros de mudança e vias de ação são possíveis no contexto de racismo institucional e estrutural, um deles é a ênfase ao conhecimento, através de atividades de educação permanente de gestores e servidores no intuito de prepará-los para a execução de políticas públicas e no atendimento da população, com suas particularidades e complexidades. 

 

"A maioria dos trabalhadores e gestores não têm informação com esse olhar da diversidade racial que existe no estado da Bahia e no Brasil. Eles estão ocupados com questões extremamente técnicas", classificou Matias.

 


Foto: Leonardo Rattes / GOVBA

 

Como as políticas tocadas pela DGC se inserem no contexto da universalização da saúde pública brasileira?

No SUS, quando a gente constitui 8ª Conferência [Nacional] de Saúde, a gente debate a questão da equidade muito focada, objetivamente, no indígena e na população negra. Isso vem junto com o Sistema Único de Saúde [SUS]. No decorrer do tempo, na regulamentação, essa equidade foi deixada de lado e passou-se a trabalhar muito a intersetorialidade, a compartimentação do conhecimento, a questão da doença, e o SUS foi tomando uma dimensão de visão "hospitalocêntrica" que não é a base do sistema de saúde. Ele é pautado na atenção básica, que é onde se faz a prevenção. 

 

É com a regulamentação que há uma divisão federativa e traz esse desenho da responsabilidade federativa, que é o governo federal, o governo estadual e governo municipal. Com essa visão tripartite, os estados ficam responsáveis pela alta complexidade e a atenção básica fica com os municípios. Foi nesse contexto que eu vivi e acho que é por aí que a gente precisa estar, na atenção básica e na gestão do cuidado, para melhoria da qualidade de atendimento a essa população que historicamente foi excluída. E aí entra não só a população negra, é a indígena, a cigana, os que estão privados de liberdade, a população LGBTQIA+, as pessoas em situação de rua e também todas as comunidades tradicionais. 

 

Nós temos uma lei nacional que estratifica as comunidades tradicionais de terreiro não só como religião, mas sim como um povo tradicional, que está na sua essência a sua religiosidade. Temos essa particularidade na saúde que trabalhamos com uma ideia de territorialização - que é uma outra política que no Brasil só a Bahia parece ter mantido.


Em 2001 você foi à Durban. Agora, mais de duas décadas depois, como você observa a questão racial no país?

Sim. Fiquei lá durante trinta dias, justamente para fazer esse movimento a nível internacional e, de uma certa forma, dizer que existe racismo no Brasil, porque até ali não tínhamos essa declaração do governo. Da mesma maneira, agora, há uma negação disso. Ele continua racista, apesar de ter declarado e assinado o resultado da conferência. 

 

A Bahia, por exemplo, é uma signatária da Década Internacional do Afrodescendente, até 2024. Quando se faz uma atividade pela Sepromi e as unidades - que são as secretarias - têm que fazer as ações de qualificação para seus usuários, seus funcionários em relação a questão racial é porque o estado assinou esse compromisso. Não é um folclore, a gente deixou e ser um. 

 

O Novembro Negro não pode ser tratado como um folclore. É um momento de mobilização para que a gente possa diminuir a desigualdade entre negros e brancos que ainda é muito forte. 

 

É perceptível a existência de um racismo estrutural em nossa sociedade. Como é que ele influencia o pensamento gestor no âmbito da saúde pública?

Ainda é muito incipiente a visão de gestão com relação ao combate ao racismo institucional e estrutural. Eu parto do princípio de que há uma desobrigação, mas também uma falta de informação. A maioria dos trabalhadores e gestores não têm informação com esse olhar da diversidade racial que existe no estado da Bahia e no Brasil. Eles estão ocupados com questões extremamente técnicas. Isso se dá porque na formação de uma escola, de uma faculdade, de enfermagem, medicina ou de qualquer profissional de saúde, até mesmo do professor, não teve a questão racial como instrumento de transformação pedagógica.

 

A política de educação permanente, que é obrigação do gestor, tem que ser implementada tendo em seu eixo principal o racismo estrutural e institucional para reforçar as políticas públicas. Porque se você não colocar técnicos com conhecimento para gerenciar essa política, fica difícil avançar.


Considerando agora esse atendimento na ponta: o racismo, de alguma maneira, cria barreiras que impedem o acesso ao sistema de saúde pública?

Existe um despreparo de profissionais, principalmente no quesito raça-cor. É obrigação do profissional que está na ponta, no posto de saúde, pegar a inscrição da pessoa que será atendida e estar preparado par interpelar o usuário no que diz respeito a sua cor e estar preparado também para a ignorância daquele usuário, porque na maioria das vezes ele não tem informação sobre isso. Em algumas situações perguntar ao paciente como ele se declara chega a ser uma ofensa, em outras a pessoa que está atendendo se omite por ter uma religião contrária e marca no formulário como "ignorado". Isso dificulta a destinação de recursos, de botar dinheiro na política de saúde da população negra. E acaba impactando no planejamento financeiro, de ações, de uma atenção básica mais qualificada. Consequentemente, se você tem essa ponta mais preparada, vai ter uma alta e média complexidade mais robusta. 

 

Em todo o Brasil, temos uma Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN). Ela foi criada em 2006 e representa um marco nesse cuidado para um público específico e na mitigação das vulnerabilidades envolvidas. Qual o impacto dessa política em um território como a Bahia?

Impactou muito e continua a impactar. Ela tem se mantido porque gestores e trabalhadores precisam ter conhecimento e compreendam o que é essa política. Meu desejo é que cada unidade de saúde, tanto do município quanto do estado, tenha um núcleo de educação permanente.

 

A PNSIPN nasce de um esforço da sociedade civil organizada, de gestores e outras pessoas ligadas a essa agenda da saúde. Qual o papel dessas iniciativas em prol dessa política ainda hoje, depois da implementação?

Nosso papel até janeiro é resistir. Temos que resistir até a posse do presidente Lula, principalmente os movimentos sociais. Todo o povo brasileiro que quer uma democracia, que quer reestruturar o país que perdemos nesses últimos quatro anos, vai ter que resistir. E de várias formas. Se unindo, principalmente, mesmo na diversidade de opinião. 


Quais são as ações ou os mecanismos disponíveis para a promoção da saúde da população negra?

A primeira coisa que eu disse e vou repetir, porque para mim é fundamental, é a formação do trabalhador. Se não fizer isso não existe ação que possa ter impacto. Você tem que ter qualificação. Aí entra também a oferta de emprego e renda, educação sanitária, entre outras políticas públicas de melhoria de vida para essa população que historicamente está excluída. 

 

É necessária a estruturação de políticas da atenção básica em todos os níveis, dialogando intersetorialmente de forma integrada com os programas. Nesse contexto existe a constituição de legislações, como o programa de combate ao racismo institucional, a implantação dele, a política de saúde da população negra, a política de assistência religiosa e o plano plurianual. 

 

No ano de 2019 a gente conseguiu, por exemplo, no estado da Bahia, instituir no quinto compromisso [do plano plurianual] a promoção da equidade e humanização no cuidado da saúde da população historicamente excluída e estigmatizada, tendo como iniciativa apoiar tecnicamente os municípios no desenvolvimento de ações de atenção à saúde da população negra. Quando a gente chega em 2022 o governo estabelece, no seu terceiro compromisso do seu programa de saúde, potencializar a Rede de Atenção a Saúde (RAS), porque sem ela a gente não vai conseguir resolver a questão da regulação, que é um problema para a Sesab. 

 

Então, o terceiro compromisso ele avança. E avança de tal maneira que quer aprimorar as ações. E estamos nesse processo, através da política de anemia falciforme, da política de pessoas com albinismo - duas doenças prevalentes na população negra -, mas com muita dificuldade porque a gente depende dos municípios para que eles deem assistência. 

 

No início de 2020, 784 profissionais do SUS foram qualificados na atenção à saúde rural. Os profissionais que participaram daquela formação passaram a ver os usuários de uma maneira diferente. Outros 1267 profissionais de saúde receberam capacitação na atenção da saúde da população negra. Não é pouca coisa para a estrutura que a gente tem nos municípios, ainda incipiente na compreensão da educação permanente e do racismo institucional.


Muito se fala sobre a anemia falciforme, sobre a diabetes tipo 2 e até mesmo a hipertensão, mas as mulheres negras são as maiores vítimas de violência obstétrica. De qual maneira a política de saúde para a população negra dá conta de tal dimensão, relacionada com o processo de assistência médica?

Tem uma rede de parto e puerpério. Dentro dela a gente tem aprimorado também a qualificação dos trabalhadores e trabalhadores. Existem propostas objetivas, junto com a estimulação do parto normal. Temos uma área técnica dentro da DGC que trabalha com a saúde da mulher e com o parto e puerpério, no controle das maternidades, que tem feito muita conscientização.


No âmbito da saúde da população negra, como é que a estratégia do estado tem dado atenção aos agravos relacionados com a saúde mental?
O município é quem é responsável pela atenção básica da doença mental. O estado é responsável pelas clínicas de tratamento e emergência. O Hospital Especializado Juliano Moreira e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) são alguns dos equipamentos disponíveis. O município tem que estar preparado e ele recebe dinheiro do governo estadual e federal para isso, quando ele se torna de municipalização plena.

 

A população carcerária no brasileira, atualmente, é composta por aproximadamente 820,6 mil pessoas. Deste total, 67,4% são negras. E o cuidado com a população carcerária, como é que fica aqui na Bahia?

Temos uma área técnica. Estamos em um processo de transição, que está demorando, houve mudança agora, que é para a Sesab tomar conta da saúde dentro do sistema carcerário. Até então, essa é responsabilidade da Seap [Secretaria de Administração Penitenciária]. 

 

Como está a implementação da PNSIPIN entre os 417 municípios da Bahia?

Só um [município implementou a política]. Falo com tranquilidade. É Lauro de Freitas.

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