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pobreza
A quantidade de crianças e adolescentes vivendo na pobreza no Brasil recuou de 34,3 milhões em 2017 para 28,8 milhões em 2023, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). A comparação representa uma melhora de 16% no indicador, mas aponta que 55,9% da população entre 0 e 17 anos do país ainda vive na pobreza.
Para realizar o estudo, o Unicef utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE e avaliou sete dimensões: renda, educação, acesso à informação, água, saneamento, moradia e proteção contra o trabalho infantil.
Em comparação a 2017, houve uma melhora em todos os itens avaliados, mas o avanço e o estado atual de cada indicador são distintos. Em relação à renda, o número de crianças e adolescentes em privação recuou de 25,4% para 19,1%. No acesso à informação, a queda foi mais significativa, de 17,5% afetados para 2,5% em 2023.
Em outros critérios, a melhora foi menor: o índice de crianças em trabalho infantil caiu de 3,5% para 3,4%, enquanto o de crianças sem acesso a saneamento básico caiu de 42,3% para 38% em 2023.
DESIGUALDADES RACIAIS E REGIONAIS
O estudo apontou, ainda, que, entre as crianças negras, as taxas são mais altas do que entre as crianças brancas. Ademais, crianças de áreas rurais enfrentam níveis muito mais altos de privação em relação àquelas de áreas urbanas. Os valores são de 95,3% e 48,5%, uma diferença considerada significativa pelo Unicef.
O estudo ainda traz alguns casos como “privação extrema”, representados por condições ainda mais drásticas, como a falta de acesso à renda, saúde, educação ou moradia. Segundo o Unicef, em 2017, 23,8% das crianças e adolescentes do país estavam em privação extrema em pelo menos uma destas dimensões, enquanto em 2023, o número caiu para 18,8%
BAHIA É SEGUNDO ESTADO COM MAIS CRIANÇAS VIVENDO EM POBREZA
O estudo aponta que o estado com o maior índice de privação foi o Pará, com 89,5%, seguido pelo Maranhão, com 88,6%, Rondônia, com 88,1% e o Amapá, com 88%. Os estados com menores índices foram São Paulo, com 31,8%, Distrito Federal, com 34,1% e Minas Gerais, com 38,3%.
A Bahia apresentou um índice de 67%, o segundo menor da região Nordeste, atrás apenas de Pernambuco, com 64%. Entretanto, 2,7 milhões de crianças e adolescentes baianos tem ao menos uma privação, a segunda maior quantidade do país, atrás apenas do estado de São Paulo, com 3,3 milhões de afetados.
Entre os anos de 2022 e 2023, houve um recuo no contingente de brasileiros com rendimento domiciliar per capita abaixo da linha de pobreza, de 67 para 59 milhões, ou seja, quase nove milhões de pessoas saíram dessa condição que, de acordo com critérios do Banco Mundial, envolve pessoas que ganham até R$ 665 por mês. Essa redução de 31,6% para 27,4% de pessoas que recebem abaixo da linha de pobreza atingiu a menor proporção desde 2012.
Esses e diversos outros dados foram divulgados nesta quarta-feira (4) pelo IBGE, por meio do estudo Síntese de Indicadores Sociais (SIS). O levantamento revela que no período de 2022 a 2023, também foi reduzida a proporção da população do país com rendimento domiciliar per capita abaixo da linha de extrema pobreza (R$ 209 por mês, de acordo com critérios do Banco Mundial).
O IBGE que esse contingente foi reduzido de 5,9% da população para 4,4%, a menor proporção desde 2012. Pela primeira vez, esse indicador ficou abaixo dos 5%. Em números absolutos, a população na extrema pobreza recuou de 12,6 milhões para 9,5 milhões de pessoas, também o menor contingente desde 2012.
Além de melhoria na renda, outros números levantados pelo IBGE mostram aquecimento também no mercado de trabalho. Entretanto, o estudo é revelador das dificuldades para uma redução efetiva do quadro de desigualdades no Brasil, que continua sendo mais dramático para trabalhadores pretos e pardos.
Em relação ao mercado de trabalho, o total das pessoas ocupadas em 2023 chegou ao seu maior contingente desde 2012: 100,7 milhões, com aumento de 3,7 milhões de pessoas (ou mais 3,8%) frente a 2022. Esse aumento ocorreu entre os trabalhadores com vínculo (mais dois milhões) e também entre os sem vínculo (mais 1,7 milhão).
Entretanto, quando se avalia o número de horas trabalhadas no país, a constatação da desigualdade de rendimentos mostra-se mais detalhada. O relatório Síntese de Indicadores Sociais (SIS) revela que o rendimento-hora dos trabalhadores de cor ou raça branca (R$ 23,02) era 67,7% maior que o dos trabalhadores de cor ou raça preta ou parda (R$13,73).
Em resumo, a hora trabalhada de uma pessoa branca vale 67,7% mais que a de trabalhadores pretos e pardos. Como os negros (incluindo pretos e pardos) recebem R$ 13,70 em média e os brancos recebem R$ 23, é possível dizer que os negros recebem por hora 40% a menos que os brancos.
Essa desigualdade, segundo o estudo, persistia em 2023 em todos os níveis de instrução, sendo maior (43,2%) na população ocupada com nível superior completo: R$ 40,20 para brancos contra R$ 28,10 para pretos ou pardos.
Em 2023, o rendimento médio por hora trabalhada dos homens (R$18,81) superou o das mulheres (R$16,70) em 12,6%. Da mesma forma que na comparação por cor ou raça, a maior desigualdade ocorreu entre pessoas com nível superior completo, com o rendimento médio dos homens (R$42,60) superando o das mulheres (R$30,03) em 41,9%.
Outros resultados obtidos pelo IBGE refletem a permanência de desigualdades historicamente constituídas no Brasil. Um recorte do estudo mostra que de 2022 a 2023, a proporção de pessoas com ocupações informais no total de trabalhadores do país variou de 40,9% para 40,7%, o que é considerado estatisticamente estável. Essa taxa de informalidade chegou a 45,8% das pessoas ocupadas de cor ou raça preta ou parda, enquanto era de 34,3% entre as pessoas ocupadas brancas.
Desigualdades semelhantes são encontradas em relação à taxa composta de subutilização da força de trabalho, que considera a desocupação, a subocupação por insuficiência de horas trabalhadas e a força de trabalho potencial. Esse indicador chegou a 20,9% em 2022, recuando para 18,0% em 2023.
No entanto, para os homens, a subutilização era de 14,4%, enquanto entre as mulheres essa taxa chegava a 22,4%. Para os brancos, a subutilização era de 13,5%, enquanto entre pretos e pardo ela chegava a 21,3%.
O estudo Síntese de Indicadores Sociais (SIS) apresenta indicadores de 2012 a 2024 sobre a estrutura econômica e mercado de trabalho no Brasil. Também são analisados dados a respeito de padrão de vida e distribuição de rendimentos (incluindo linhas de pobreza); condições de moradia; educação; e condições de saúde. Os recortes geográficos incluem grandes regiões, unidades da federação e, em alguns indicadores, municípios das capitais.
Entre os 417 municípios da Bahia, apenas nove têm baixa dependência do Bolsa Família, com menos de 30% da população recebendo o benefício. O levantamento exclusivo do Bahia Notícias, baseado em dados de 2024 do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) e do Censo do IBGE, analisou todos os territórios do estado.
Confira aqui listados os nove municípios da Bahia com baixa dependência:
O levantamento exclusivo realizado pelo Bahia Notícias considera os dados do último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em conjunto com o número de beneficiários do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) ainda este ano.
A cidade de Teixeira de Freitas, no Extremo Sul baiano, destaca-se como a que possui a menor porcentagem de beneficiários do Bolsa Família, com 24,5% dos moradores do território municipal. Ela é também a menos dependente entre as grandes cidades.
Já os municípios mais dependentes, ou seja, aqueles onde mais de 70% da população recebe auxílio do programa, destacam-se: São José da Vitória (74,5%), Rodelas (74,4%), Itanagra (73,6%), Marcionílio Souza (70,06%) e Ibiquera (70,0%).
Salvador ficou em 3° na lista de todos os municípios avaliados. Este é um exemplo perfeito para ilustrar a diferença entre números proporcionais e absolutos. Salvador possui mais de 670 mil beneficiários do Bolsa Família, mas isso representa apenas 26,2% da população da cidade.
Caso seja considerado apenas o número absoluto de beneficiários para o levantamento, este seria maior que a população de Feira de Santana, o que não é uma medida comparativa justa. Afinal, Salvador sozinha possui quase 2,6 milhões de habitantes.
Vale lembrar que a dependência do Bolsa Família é reflexo de uma situação de vulnerabilidade social, onde muitas famílias necessitam desse auxílio para suprir suas necessidades básicas. Múltiplos fatores são associados a essa dependência. Entre eles, destacam-se a histórica desigualdade social, a concentração de renda e a falta de oportunidades, que limitam o acesso a serviços básicos como educação, saúde e saneamento básico.
No entanto, é fundamental destacar que o programa não impede a busca por trabalho e renda. A combinação de trabalho e benefícios sociais é crucial para a superação da pobreza e para o desenvolvimento social, exigindo políticas públicas que promovam a geração de emprego e renda, ao mesmo tempo em que garantem a proteção social.
Veja o mapa da Bahia realizado pelo Bahia Notícias:
Em análise geral observada no mapa, temos 5 municípios com altíssima dependência (acima de 70%), 66 com alta dependência (entre 70% e 60%), 141 municípios com dependência moderada (entre 60% e 50%), 155 com dependência média (entre 50% e 40%), 41 com dependência considerável e, por fim, 9 com baixa dependência.
Do ponto de vista político, o PSD foi o partido vitorioso nas cidades com maior dependência de beneficiários, com 26% das 100 cidades mais dependentes da Bahia. Embora o Avante, PT e MDB se mantenham no páreo desde as eleições de 2020, já nas maiores cidades, o União Brasil foi o partido com melhor resultado nas urnas, conquistando a vitória em 8 das 18 maiores cidades, o equivalente a 44% do total.
Analisando os partidos políticos que lideram os executivos municipais na Bahia e o número de beneficiários do Bolsa Família em seus municípios, observamos um cenário interessante. O União Brasil, embora administre apenas 39 municípios, concentra o maior número de beneficiários do programa, com cerca de 1,6 milhão.
Em seguida, o PSD se destaca com uma expressiva liderança estadual em 115 municípios, totalizando aproximadamente 1,2 milhão de beneficiários. O PT completa o pódio, com 657 mil beneficiários em seus municípios em seus 50 municípios baianos. Não muito atrás vem o MDB, com 551 mil beneficiários em seus 39 municípios baianos.
Confira um gráfico quantos municípios / beneficiários cada partido lidera na Bahia:
É possível consultar a lista de todos os prefeitos eleitos para assumir em 2025 aqui.
Reiterar o papel essencial dos parlamentos na promoção da cooperação internacional e do multilateralismo, por meio da diplomacia parlamentar e de todas as etapas de elaboração, legitimação, financiamento, implementação e fiscalização das políticas públicas. Continuar os esforços conjuntos para oferecer uma contribuição parlamentar eficaz e relevante ao processo do G20, inclusive trabalhando em conjunto com os respectivos governos para cumprir compromissos que impliquem em gerar benefícios para a população mundial.
Esses foram alguns dos compromissos firmados pelas delegações de quase 40 países que participaram da 10ª Cúpula de Presidentes dos Parlamentos do G20 (P20), encerrada nesta sexta-feira (8), em Brasília. Os compromissos fazem parte da declaração final do encontro, que só não foi assinada pela delegação da Argentina.
O documento, que está estruturado em três eixos temáticos (combate à fome, pobreza e desigualdade; desenvolvimento sustentável; reforma da governança global), será entregue durante a reunião de cúpula do G20 no Rio de Janeiro, que acontece nos dias 18 e 19 deste mês. O lema do P20 deste ano, sob a presidência do Brasil, foi "Parlamentos por um mundo justo e um planeta sustentável".
Ao final da sessão de encerramento da Cúpula, o presidente da Câmara, Arthur Lira, que preside neste ano o P20, ressaltou a importância dos parlamentos nos acordos que poderão ser feitos entre os países que compõem o G20. Lira lembrou que todas as propostas e acordos estabelecidos no encontro precisarão ser aprovados e homologados pelos parlamentos dos países presentes.
"Nossa expectativa é que os países que compõem o G20, com respeito às instituições, os seus parlamentos estão assinando uma carta de intenções, um documento propositivo para que o que for discutido aqui seja observado lá. Tudo o que for feito em termos de acordo, precisa ser homologado pelos parlamentos. E cada vez mais essa interação entre poderes é importante em nível dos países ou mundial", afirmou o presidente da Câmara.
O texto da declaração final conjunta assinada pelos países do P20 propõe o desenvolvimento de instrumentos para garantia da segurança alimentar e nutricional e o estabelecimento de condições adequadas de trabalho em todo o mundo. Também propõe a adoção de medidas que garantam o acesso equitativo a oportunidades e recursos, incluindo água, educação, saúde e saneamento básico para enfrentar a desigualdade socioeconômica.
"A erradicação da pobreza é um desafio global fundamental e uma condição sine qua non para o desenvolvimento sustentável", diz o texto do documento.
A declaração final também prega o trabalho dos parlamentos para buscar a eliminação de todas as formas de discriminação, assédio e violência, online e offline, com atenção especial para as mulheres e meninas em todos os âmbitos de suas vidas, foram salientadas no texto. O texto reconhece a importância de fortalecer e expandir a cobertura dos programas de proteção social e de promover políticas públicas de inclusão, especialmente em respeito aos direitos das pessoas com deficiência.
Em relação ao clima, um dos principais assuntos discutidos nas reuniões de trabalho e conversas bilaterais mantidas desde a última quarta (6), o documento final reforça a urgência da luta contra as mudanças climáticas. Os dirigentes de parlamentos também reforçaram a necessidade de intensificar esforços para manter o aumento da temperatura média global nos níveis definidos no Acordo de Paris de 2015, ou seja, limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
No tema da governança global, o texto elaborado pelo P20 cita a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que é uma reivindicação antiga do Brasil. Também estão presentes no documento pedidos de mudanças em outros órgãos da ONU, além de uma mudança no sistema financeiro internacional para garantir mais transparência das instituições financeiras em todos os níveis e atenção aos países em desenvolvimento.
Os presidentes de parlamentos também cobram a efetivação de uma reforma na Organização Mundial do Comércio (OMC), para que sejam adotadas regras previsíveis, sem discriminação, equitativas e aptas a promover o desenvolvimento sustentável, com restauração de seu sistema de solução de controvérsia.
"Os desafios urgentes que temos de enfrentar exigem que os nossos parlamentos não permaneçam focados apenas nas questões atuais, mas incluam a 'dimensão do futuro' na agenda parlamentar", disseram os congressistas na declaração conjunta.
Para Arthur Lira, é preciso revisar o papel das entidades multilaterais que cuidam da governança global.
"A geopolítica está mudando e os organismos de contenção que buscam a paz e o equilíbrio de garantir a vida de civis inocentes estão perdendo força", disse o presidente da Câmara.
O uso cada vez mais frequente da Inteligência Artificial também está presente no texto da declaração conjunta. O uso dessas novas tecnologias, segundo o documento, deve ter uma abordagem ética, transparente e centrada no ser humano. O tema foi objeto da última reunião do P20 na Índia em 2023.
"Concordamos que as tecnologias digitais, incluindo a inteligência artificial, podem ser usadas para enfrentar desafios globais e promover o desenvolvimento social e econômico, como um dos pilares da economia digital. Destacamos nosso compromisso de trabalhar em conjunto para promover a cooperação internacional na capacitação e em novas discussões sobre IA para o desenvolvimento sustentável inclusivo e a redução da desigualdade. Entendemos que, para se beneficiar plenamente dessas oportunidades, é fundamental garantir que todos os países estejam preparados para a transformação digital. Portanto, é fundamental abordar a disparidade digital, tecnológica e de IA", afirma a declaração.
O texto também menciona a necessidade de todos os governos e parlamentos promoverem o direito internacional humanitário, com atenção especial aos desafios decorrentes do uso de novas tecnologias em conflitos armados. Os dirigentes de parlamentos afirmam reconhecer o "potencial disruptivo da IA" para ampliar ou reduzir a diferença de produtividade entre os países desenvolvidos, e alerta para a necessidade da tomada de medidas adequadas para o desenvolvimento de uma IA segura, protegida e confiável.
"Para fomentar um futuro digital aberto, livre e seguro para todos, incentivamos todos os governos a continuarem a desenvolver padrões internacionais sobre o uso de novas tecnologias digitais, em total respeito aos direitos humanos, com o objetivo de garantir que a economia digital traga benefícios tangíveis para todos, inclusive para os países em desenvolvimento, fortalecendo a confiança na economia digital e promovendo transformações digitais inclusivas", explica o documento oficial.
O número de argentinos vivendo abaixo da linha da pobreza aumentou no primeiro semestre de 2024, de acordo com levantamento do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). O estudo, que abrange 31 aglomerados urbanos do país sul-americano, aponta que 52,9% dos argentinos estão em situação de pobreza.
Os novos dados reforçam a pressão sobre o presidente Javier Milei, que completou 10 meses de governo em setembro. No período, a Argentina segue passando por uma forte crise econômica e social, com dívidas elevadas, reservas internacionais escassas, câmbio enfraquecido e uma inflação na casa dos 236%.
Durante os seis primeiros meses da gestão de Milei, 3,4 milhões de pessoas ingressaram na faixa de pobreza, atingindo um total de 15,7 milhões de habitantes, um aumento de 11,2% em relação ao segundo semestre de 2023, quando 12,3 milhões de pessoas estavam nesta situação. O critério utilizado pelo Indec para classificar um cidadão abaixo da linha da pobreza foi o rendimento das famílias e o acesso a necessidades essenciais, como alimentos, vestimenta, transporte, educação e saúde.
Ainda conforme a pesquisa, 5,4 milhões de argentinos, ou 18,1% da população, estão em situação de indigência no país, 1,9 milhão a mais que no levantamento do segundo semestre de 2023, quando o número correspondia a 3,5 milhões de pessoas (11,9% da população). O Indec classifica como situação de indigência as pessoas que não têm acesso a uma cesta de alimentos suficiente para suprir as necessidades diárias de energia e proteína.
SITUAÇÃO ECONÔMICA DA ARGENTINA
Desde que Javier Milei assumiu o poder na Argentina, em dezembro de 2023, o índice mensal de preços caiu dos 25,5% quando assumiu para 4,2% em agosto deste ano. Ainda assim, o acumulado dos últimos 12 meses é de 236,7%. No entanto, o presidente argentino ainda trata esta queda inflacionária como um dos trunfos de sua gestão.
Milei tem uma política econômica focada no corte de gastos e no ajuste de contas públicas durante o seu mandato até aqui. A sua ideia é de que, melhorando a parte fiscal, a economia argentina exalará mais confiança a investidores, o que facilitará investimentos privados no país.
O chamado ‘Plano Motosserra’ de Milei determinou uma desvalorização do câmbio, paralisação de obras públicas e o corte de subsídios em tarifas de serviços essenciais. No entanto, ao mesmo tempo, em que a inflação desacelerou, a base de comparação subiu: desde o ano passado, os preços de água, gás, luz e transporte público estão bem mais altos.
Conforme planejado, apesar da impopularidade de suas ações, Milei viu as reservas de dólar aumentarem e a Argentina registrar o seu primeiro superávit fiscal desde 2008. Especialistas analisam, no entanto, que o câmbio permanece instável, as reservas não tem crescido rapidamente o bastante e a dívida pública continua a ser um problema. Com isso, o cenário a longo prazo começa a preocupar até quem inicialmente apoiou as medidas de Milei.
Organizações da sociedade civil, especialistas e representantes de universidades e de organismos internacionais debatem, de segunda (22) a sexta-feira (26), um modelo de Estado socialmente justo que garanta o desenvolvimento sustentável. O evento States of the Future (Estados do Futuro, em inglês) ocorre na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.
O encontro ocorrerá paralelamente à reunião de ministros das Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do G20 (grupo das 19 maiores economias do planeta, mais União Europeia e União Africana). A reunião do G20 só começa na quarta-feira (24), mas os vice-ministros, secretários e diretores dos ministérios de Finanças e dos Bancos Centrais fazem reuniões preparatórias na segunda e na terça-feira (23). As informações são da Agência Brasil.
A programação terá conferências magnas e painéis em formato de talk-show. Entre os políticos confirmados, estão o presidente eleito do Conselho Europeu e ex-primeiro-ministro de Portugal, Antônio Costa, e a ex-presidenta do Chile, Michelle Bachelet.
Entre os professores e especialistas presentes, estão Ailton Krenak, liderança indígena e imortal da Academia Brasileira de Letras; Denise Ferreira da Silva, professora da New York University; Mariana Mazzucato, diretora fundadora do Instituto para Inovação e Propósito Público da University College London (IIPP/UCL); e Ha-Joon Chang, professor da School of Oriental and African Studies da Universidade de Londres e autor de livros como Chutando a Escada.
Segundo o BNDES, o cenário atual tem trazido grandes desafios aos governos. Avanços tecnológicos, pandemias, mudanças climáticas, novas ameaças à segurança transnacional e evoluções significativas no mercado de trabalho exigem novas respostas, por meio da construção de um modelo de desenvolvimento mais sustentável e com justiça social.
PROGRAMAÇÃO
De segunda a quarta-feira, os painéis debaterão os atuais desafios de política industrial, econômica e de sustentabilidade, ainda sob os impactos sofridos pela pandemia de covid-19. Nesses dias, o evento será transmitido ao vivo no canal do BNDES no Youtube.
Também haverá discussões sobre o papel do Estado para liderar as mudanças necessárias, com a proposição de caminhos que redesenhem as instituições e criem Estados resilientes e ágeis. Os painéis também abordarão o sistema de governança global e o papel dos atores estatais e não estatais na construção de futuros.
A quinta (25) e a sexta-feira serão dedicadas a seminários e mesas simultâneas de diálogo social, entre especialistas nacionais e internacionais e organizações da sociedade civil. Eles discutirão temas como transformação digital, diversidade, inclusão, futuro do trabalho no serviço público e transformação da educação.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, abrirá o evento, nesta segunda. Na terça, a diretora socioambiental do banco, Tereza Campello fará a abertura. Os diretores Nelson Barbosa (Planejamento e Relações Institucionais) e as diretoras Helena Tenorio (Pessoas, TI e Operações) e Luciana Costa (Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática) também participarão do evento.
Além do BNDES, o evento é promovido pelos Ministérios da Gestão e Inovação em Serviços Públicos; das Relações Exteriores; e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O States of the Future tem o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud, da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI), da Maranta, da Open Society Foundations e do Instituto República.org.
Em 2022, o rendimento recebido pelas mulheres equivale a 78,9% dos homens, um quadro de desigualdade que vai piorando conforme aumenta a idade do grupo verificado. Em relação à ocupação, entre as mulheres de 25 a 54 anos, 63,3% estão ocupadas, enquanto entre os homens da mesma faixa etária, a taxa de ocupação é de 84,5%. Entre profissionais de ciências e intelectuais, o salário das mulheres representa apenas 63,3% do que recebem os homens.
Esses são alguns dos muitos dados apresentados nesta sexta-feira (8) pelo IBGE com o estudo “Estatísticas do Gênero”. O instituto divulgou o estudo nesta manhã especialmente para o Dia Internacional da Mulher, com objetivo de mostrar o tamanho da desigualdade enfrentada pela mulher na sociedade brasileira.
O levantamento mostra que no Brasil, as mulheres pretas ou pardas são mais afetadas pelas desigualdades na educação, no mercado de trabalho, na renda e na representatividade política do que as brancas. Elas dedicam mais tempo aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas, têm menor taxa de participação no mercado de trabalho e menor percentual entre as ocupantes de cargos políticos.
O estudo revela também que as mulheres pretas ou pardas representam a maior parte das vítimas de homicídios contra mulheres praticados fora do domicílio e têm maior percentual de pessoas em situação de pobreza.
Em 2022, as mulheres dedicaram quase o dobro de tempo que os homens aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos. Essas tarefas consumiram 21,3 horas semanais delas contra 11,7 horas deles.
O recorte por cor ou raça feito pelo IBGE também possibilita verificar essa diferença entre mulheres. As mulheres pretas ou pardas gastavam 1,6 hora a mais por semana nessas tarefas do que as brancas. Já entre os homens não houve distinção significativa nesse recorte. Além disso, a diferença entre mulheres brancas e pretas ou pardas aumentou desde 2016, início da série histórica desse indicador.
Outro ponto do levantamento mostra que a presença de crianças de até seis anos de idade em casa desfavorece a participação das mulheres no mercado de trabalho, mas favorece os homens. Enquanto o nível de ocupação de mulheres que vivem com crianças nessa faixa etária cai para 56,6%, o de homens sobe para 89%. As pretas e pardas nessa situação são mais afetadas (51,7% de ocupação) que as brancas (64,2%).
De acordo com os pesquisadores, o tempo de dedicação das mulheres aos trabalhos domésticos não remunerados também influencia a jornada de trabalho cumprida por elas. Em 2022, 28,0% das mulheres ocupadas trabalhavam em tempo parcial (até 30 horas semanais), enquanto essa proporção era de 14,4% entre os homens.
No estudo há também um recorte que mostra que o percentual era ainda maior entre as mulheres do Norte (36,9%) e do Nordeste (36,5%), além das pretas ou pardas (30,9%) quando comparadas às brancas (24,9%). A taxa de desocupação do total da população feminina (11,8%) também era maior que a dos homens (7,9%).
Outro dado ligado às características de inserção no mercado de trabalho é a maior taxa de informalidade delas (39,6%) em relação aos homens (37,6%). Esse tipo de ocupação, caracterizado pelo menor acesso aos direitos trabalhistas, também era mais presente entre pretos ou pardos do que entre a população branca. A diferença entre a taxa de informalidade das mulheres pretas ou pardas (45,4%) e dos homens brancos (30,7%) chegou a quase 15%.
O levantamento feito pelos pesquisadores do IBGE mostra que em 2022, a taxa de pobreza entre as mulheres pretas ou pardas foi de 41,3%, quase o dobro do percentual entre as brancas (21,3%). A mesma desigualdade similar é verificada entre os homens: em 2022, a taxa de pobreza foi estimada em 38,6% para os pretos ou pardos, acima da marca de 20,6% dos brancos.
As diferenças também aparecem na extrema pobreza. Em 2022, 8% das mulheres pretas ou pardas eram consideradas extremamente pobres no Brasil, mais do que o dobro do percentual entre as brancas (3,6%). Entre os homens, o mesmo indicador foi de 7,4% para pretos ou pardos. Também é mais do que o dobro da taxa de extrema pobreza dos brancos (3,4%).
Os números consolidados de 2022 apontam pelo menos 281.472 pessoas vivendo nas ruas pelo país, o que representa uma alta de 38% em relação a 2019, período pré-pandemia, conforme dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O salto foi de 211% em uma década – em 2012, eram 90.480 pessoas sem um teto no Brasil. As informações são do portal G1.
Apesar de não ser o único motivo, a falta de renda é a principal causa a levar uma pessoa a viver em situação de rua, afirma Marco Natalino, pesquisador do Ipea.
"O fator econômico inclui falta de renda e de oportunidade de trabalho nos locais de moradia. Isso se manifesta também no caso de pessoas que até têm uma habitação longe dos grandes centros, mas passam a semana ou vários dias dormindo de forma improvisada nas ruas e trabalhando como lavador de carro, ambulante e outras coisas”, disse Natalino.
O país carece de dados oficiais sobre pessoas em situação de rua. Essa população ficou de fora inclusive do Censo Demográfico 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que contempla apenas pessoas domiciliadas.
Natalino explica que mapeamentos são essenciais para a elaboração de políticas públicas voltadas a essas pessoas. O estudo conduzido por ele – justamente com esse objetivo – estima o tamanho da população em situação de rua com base em dados de prefeituras e do Cadastro Único, do governo federal.
“A partir de 2015, houve crescimento da população em situação de rua motivado pelo fator econômico, com aumento do desemprego, da informalidade, queda da renda e da alta da pobreza”, analisa o pesquisador, apontando o agravamento da situação com a crise sanitária de Covid-19.
Com a dificuldade de consolidação de dados por parte do poder público, os pesquisadores acreditam que os números reais, no entanto, podem ser ainda maiores.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.