Artigos
O jumento no Nordeste: entre o abandono e a revalorização produtiva
Multimídia
Angelo Almeida avalia críticas ao sistema logístico baiano e garante: “Tudo tem o porquê da coisa”
Entrevistas
Afonso Florence garante candidatura de Lula em 2026 e crava retorno ao Congresso: “Sou parlamentar”
orfaos
Além dos mais de 700 mil mortos pela covid-19 no Brasil, há outras 284 mil vítimas indiretas: crianças e adolescentes que perderam os pais, avós ou outros familiares mais velhos que exerciam papel de cuidado em suas residências. O número se refere somente a 2020 e 2021, os piores anos da pandemia. Entre elas, 149 mil perderam o pai, a mãe ou os dois. As informações são da Agência Brasil.
A estimativa é de pesquisadores ingleses, brasileiros e americanos, que acabam de lançar um estudo para demonstrar não somente a “magnitude da orfandade no Brasil”, como também “as grandes desigualdades entre os estados".
A partir de modelos estatísticos, alimentados por dados demográficos, como a taxa de natalidade e o excesso de mortalidade, sendo estas as mortes acima do esperado, em 2020 e 2021, a pesquisa chegou a algumas estimativas:
- Cerca de 1,3 milhão de crianças ou adolescentes, de 0 a 17 anos, perderam um ou ambos os pais, ou algum cuidador com quem elas viviam, por razões diversas;
- Dessas, 284 mil se tornaram órfãos ou perderam esse cuidador por causa da covid-19;
- Com relação apenas às mortes por covid-19, 149 mil crianças e adolescentes se tornaram órfãos e 135 mil perderam outro familiar cuidador;
- 70,5% dos órfãos perderam o pai; 29,4%, a mãe; e 160 crianças e adolescentes foram vítimas de orfandade dupla;
- 2,8 crianças ou adolescentes a cada 1 mil perderam um ou ambos os pais, ou algum familiar cuidador por covid-19;
- Entre estados, as maiores taxas de orfandade são as do Mato Grosso (4,4), Rondônia (4,3) e Mato Grosso do Sul (3,8), enquanto as menores são do Rio Grande do Norte (2,0), Santa Catarina (1,6) e Pará (1,4).
Um levantamento realizado pelos Cartórios de Registro Civil do país aponta que mais de 4,1 mil crianças e adolescentes de até 17 anos ficam órfãos de pelo menos um de seus pais por ano na Bahia. Ainda segundo a pesquisa, a pandemia da COVID-19 foi responsável por ao menos 1/7 da orfandade em território baiano, o equivalente a 527 crianças que perderam seus pais por conta da doença em um total de 3.712 órfãos.
Até este ano, a Covid pode ter deixado até 1.631 crianças e adolescentes sem um dos pais. Os dados obtidos consideram o período de 2021 a 2024, quando foi possível realizar o cruzamento dos dados dos CPFs dos pais existentes nos registros de óbitos com o registro de nascimento de seus filhos, possibilitando averiguar com exatidão o número de órfãos no país ano a ano. Até a metade de 2019 não havia a obrigatoriedade de inclusão do CPF dos pais no registro de nascimento.
O presidente da Associação dos Notários e Registradores da Bahia (Anoreg-BA), Daniel Sampaio, destacou que o levantamento é mais um exemplo da função social exercida pelos cartórios baianos.
"Esse levantamento demonstra como os cartórios baianos desempenham um papel essencial na produção de dados confiáveis para a sociedade. A partir dessas informações, é possível compreender melhor a realidade da orfandade no estado e trabalhar para que políticas públicas sejam direcionadas a essas crianças e adolescentes que necessitam de suporte".
Segundo os dados do levantamento no ano de 2022, foram registradas 3.876 crianças que perderam ao menos um dos pais, enquanto 2023 registrou um aumento para 4.521 órfãos e, até outubro de 2024, o número já totaliza 4.382, o que deve superar o recorde do ano passado neste período.
Quando consideradas apenas crianças e adolescentes que ficaram órfãos dos dois pais, os números variam. Em 2021 foram 72, em 2022, 62, em 2023, 96 e, em até outubro de 2024, 83 órfãos. Em razão de seu contingente populacional, São Paulo é o estado que mais registra órfãos no Brasil, seguido pela Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Jerônimo Rodrigues
"As facções também investem, e muito, em inteligência. Eles montam uma indústria de armas. No último fim de semana vimos que muitas dessas peças são montadas aqui mesmo, não vêm todas de fora".
Disse o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) ao comentar que não há negacionismo na política de segurança pública do estado e destacou que o enfrentamento ao crime hoje exige novas estratégias, diante da evolução tecnológica das facções criminosas.