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obesidade
Pessoas acometidas com obesidade têm enfrentado dificuldades no acesso para tratamentos de combate à doença, que atinge um a cada três brasileiros aproximadamente. Isso porque planos de saúde estão encaminhando os usuários para estabelecimentos que não são especializados na enfermidade, causando judicialização de alguns casos, já que pacientes procuram a Justiça para conseguirem ajuda em locais indicados e de referência.
Na Bahia, um caso recente chamou atenção de profissionais de saúde. Uma paciente de Salvador denunciou uma ação irregular do plano de saúde Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) na indicação de uma clínica para o tratamento da obesidade.
Após ter seu pedido de cobertura para tratamento de obesidade mórbida em uma clínica especializada negado, a mulher entrou com uma ação judicial para conseguir autorização e realizar o procedimento de saúde.
A ação foi deferida pela Justiça, que determinou ao plano a internação imediata da paciente. Em janeiro deste ano, a magistrada Lizianni de Cerqueira Monteiro estabeleceu que o plano autorizasse o tratamento e custeasse a “internação da autora em clínica especializada para tratamento da obesidade, conforme prescrição médica, preferencialmente em rede credenciada, e se não houver, em clínica indicada pela paciente, no prazo de 5 dias, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00."
No entanto, o plano, ao cumprir a ordem judicial, encaminhou a paciente a uma clínica que não seria especializada em obesidade, mas sim da área geriátrica, de cuidados paliativos e reabilitação. O caso ainda foi agravado porque a paciente tinha um quadro de transtornos psiquiátricos. Por isso, questões como comodidade, conforto, segurança, interação e convivência de paciente com outras pessoas foram alegadas por sua defesa durante o processo, apontando os prejuízos de interná-la em um local que não seria o ideal para o tratamento.
Ao se compadecer com a situação, a juíza estabeleceu que a paciente realizasse o tratamento em um espaço adequado e especializado na doença, e que, já que o plano não havia indicado o suporte adequado, seria considerada a clínica sugerida pela própria paciente.
Episódios semelhantes a esses registraram crescimento e preocupam especialistas da área de saúde e de justiça. O presidente da Associação Brasileira de Estudos para a Obesidade e da Federação Latino-Americana de Obesidade, Fábio Trujilho, revelou ao Bahia Notícias que têm ocorrido ocorrências do tipo por todo o país, porque muitas clínicas não estão preparadas para o cuidado adequado.
“Tem acontecido. Acho que a maioria dos lugares não está preparada para receber pessoa com grande obesidade. Se você fizer uma visita a muitas clínicas, é possível encontrar cadeiras apertadas, balança que não passa de 200 kg, falta de aparelhos de medir pressão específicos... Vejo que muitos lugares não têm tudo isso. Até a interpretação de exames complementares, a depender do índice de massa corpórea da pessoa, é vista de forma diferente. Então, é necessário ter uma equipe treinada”, detalhou Trujilho.
O endocrinologista apontou ainda acerca dos cuidados necessários e da preparação que as unidades de saúde precisam ter.
“Uma clínica ou um hospital precisa oferecer uma equipe treinada. Não sei se clínica de reabilitação e de pessoas que estão em uma fase mais final de vida têm uma equipe treinada para tratar obesidade. Isso é uma questão até do juiz entender e não uma questão médica. Tem médico que sabe tratar a obesidade, tem um fisioterapeuta que sabe trabalhar a pessoa com obesidade, tem um protocolo, uma estrutura pra isso. Não sei se algumas clínicas têm separado um lugar e treinando pessoas para isso, a gente não sabe”, afirmou.
O médico comentou também sobre a importância dos equipamentos hospitalares possuírem uma estrutura física, com acessórios preparados para pacientes obesos.
“É preciso ter um espaço físico adequado. E isso começa pelo estacionamento, por uma rampa, pelo tamanho dos elevadores e por quanto esse elevador comporta. Por exemplo, o banheiro tem que estar preparado para receber uma pessoa com mais de 200 kg, senão vai quebrar o vaso, o tamanho do banheiro [...]. As poltronas precisam ter uma resistência grande”, observou Fábio.
JUDICIALIZAÇÕES
O Bahia Notícias conversou com Fabiana Prates, advogada especialista em Direito da Empresa e da Economia, para explicar a participação do Judiciário em casos assim. Segundo a advogada, a Justiça tem se mostrado sensível às demandas de consumidores contra planos de saúde, reconhecendo práticas abusivas e negativas indevidas de cobertura. Segundo ela, os juízes têm entendido que as operadoras priorizam frequentemente a lucratividade em detrimento dos direitos dos pacientes.
Há uma percepção clara, segundo a advogada, de que as negativas reiteradas de tratamentos necessários violam os contratos e prejudicam os usuários, especialmente em um contexto em que a medicina avança, mas as operadoras resistem a cobrir novos procedimentos. “O Judiciário vem percebendo que o consumidor sai sim prejudicado e que há, até pela força que tem um plano de saúde, uma necessidade de fazer uma equivalência e proteger o consumidor”, explicou.
A postura do Judiciário baiano tem sido a de equilibrar a relação desigual entre consumidores e planos de saúde, assegurando que os direitos dos pacientes prevaleçam. No entanto, os magistrados também estão atentos para evitar fraudes ou abusos por parte dos próprios consumidores. “Há uma visão clara de que o consumidor é reiteradamente lesado em seu direito para o plano de saúde, pelo próprio plano de saúde que realmente cria uma série de empecilhos, mas também há uma preocupação do Judiciário em não permitir abusos”, alertou.
De acordo com Fabiana, apesar da morosidade, há uma tendência de celeridade nesses casos, com decisões que frequentemente obrigam as operadoras a cumprir suas obrigações, inclusive sob ameaça de multas por descumprimento.
Além disso, a advogada explicou que para os consumidores que buscam judicializar demandas relacionadas a planos de saúde, a documentação adequada é essencial. Segundo ela, é necessário ter em mãos um laudo médico detalhado, que justifique a urgência e a necessidade do tratamento, comprovantes de pagamento em dia dos últimos seis meses e, sobretudo, a negativa formal por escrito do plano de saúde. Muitos pacientes chegam ao Judiciário com base em suposições, mas a ação só poderá ser movida com a comprovação da recusa efetiva.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o medicamento Mounjaro para o tratamento da obesidade no Brasil. A medida foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), desta segunda-feira (9).
Já a Ozempic (semaglutida), que está sendo vendida desde maio, mas era permitida somente para tratar a diabete tipo 2, também passou a ser utilizada no tratamento da obesidade.
Com isso, a autorização da Anvisa possibilita que o produto seja indicado para obesidade desde que a doença esteja relacionada a pelo menos uma comorbidade. A aplicação do medicamento acontece de forma injetável e semanal. As marcas estarão disponíveis nas dosagens 2,5 mg e 5 mg.
Na última semana, os valores das canetas injetáveis Ozempic e Wegovy foram reduzidos no Brasil. A farmacêutica Novo Nordisk, responsável pelos produtos, informou, por meio de comunicado, que a medida tem o intuito de tornar os tratamentos de diabetes e obesidade mais acessíveis e para diminuir também o aumento de falsificação e manipulação das marcas.
O reajuste foi feito nas principais plataformas de e-commerce das grandes redes de farmacêuticas brasileiras e também no varejo físico.
“Esse ajuste na nossa política de preços é um passo fundamental para garantir que mais pessoas tenham acesso aos tratamentos necessários para o controle de doenças crônicas. Com o abastecimento diz a fabricante”, afirmou a general manager da entidade, Isabella Wanderley.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou novas regras para a realização de cirurgia bariátrica no Brasil, nesta terça-feira (20). As principais mudanças divulgadas estão relacionadas a ampliação de recomendações, que vão possibilitar que pessoas com IMC menor e adolescentes façam a cirurgia.
O CFM explicou que as mudanças foram baseadas em estudos que mostram uma segurança e eficácia do procedimento em um leque maior de pessoas. A redução do IMC mínimo para a cirurgia foi um dos quesitos, fazendo com que pacientes com IMC entre 30 e 35 passem a realizar a cirurgia.
Porém, essas pessoas devem ter algum quadro de saúde além da obesidade, a exemplo de diabetes tipo 2, doença cardiovascular grave, apneia do sono grave, entre outros.
A nova norma ainda permite que pacientes, a partir dos 14 anos de idade, passem pela cirurgia, caso tenham alguma doença grave de obesidade, com IMC acima de 40, levando a complicações de saúde. No entanto, eles só podem passar pelo procedimento com a autorização dos pais.
Segundo o G1, adolescentes entre 16 e 18 anos estarão autorizados a bariátrica, sendo exigidos somente os critérios já pedidos para adultos, como IMC mínimo e comorbidades.
O crescimento no número de casos de obesidade tem preocupado especialistas de diferentes áreas de saúde. O alerta chega após a Atlas da Federação Mundial da Obesidade divulgar um levantamento indicando que o número de pessoas que enfrenta a doença é de 1 bilhão e pode passar a ser 1,5 bilhão nos próximos cinco anos.
A temática também se tornou alvo de acompanhamento no contexto da Bahia. Em entrevista a reportagem do BN, o médico endocrinologista e coordenador médico do Hospital da Obesidade, Cristiano Gidi explicou que existe um crescimento expressivo na quantidade de casos de obesidade no estado.
“Existe um aumento muito grande de número de casos de obesidade aqui na Bahia. O estado se enquadra no contexto mundial de forma semelhante ao que está acontecendo no restante do mundo. Está havendo um crescimento exponencial [de obesidade]. Para o nível de comparação, no mundo, em 2010, existia 1,6 bilhão de pessoas acima do peso. Esse número está crescendo para uma previsão de 3 bilhões, ou seja, dobrou praticamente em 20 anos. Então, a tendência de aumento é muito grande”, comentou.
O médico reforçou ainda acerca da tendência no crescimento de pacientes com obesidade no estado. “Infelizmente existe uma tendência de aumento do número de casos de obesidade aqui na Bahia e também no resto do mundo. Isso reflete o ambiente obesogênico, que é aquele ambiente que favorece o ganho de peso em que nossa sociedade moderna vive. Reflete também na ausência de políticas públicas mais efetivas com relação ao combate da obesidade. Algumas regras que poderiam estar sendo adotadas no sentido de diminuir o acesso a alimentos ultraprocessados, na facilitação do acesso a alimentos mais saudáveis, facilitar a prática de atividade física. Essas ações precisam ser tomadas de forma geral para que a sociedade possa apresentar uma menor taxa de crescimento da obesidade e quem sabe uma redução”, considerou.
O endocrinologista elencou também as principais causas que impactam no sobrepeso de pacientes. Entre os motivos estão o alto índice de sedentarismo, consumo de alimentos hipercalóricos, entre outros. Ele ainda chamou atenção para crianças consideradas obesas.
“A gente pode listar vários fatores, mas o sedentarismo é um dos principais. Cada vez mais existe uma população com um alto índice de sedentarismo e o acesso a alimentos hipercalóricos, hiperpalatáveis contribuem para o excesso de peso. Eu chamo a atenção da obesidade infantil, porque o que acontece é que uma criança obesa tem uma probabilidade de se tornar um adulto obeso. Muitas vezes é na infância que nós podemos ter ações mais efetivas no sentido de ajudar a prevenir que essa pessoa se torne um adulto com obesidade”, disse.
O especialista elencou também quais condições e doenças crônicas podem ocorrer em decorrências de excesso de peso. “A obesidade é causa de diversas situações como diabetes, problemas cardíacos, hipertensão, mas também de outras patologias que não são tão divulgadas como insuficiência cardíaca. Diversos tipos de câncer têm sua prevalência aumentada em pacientes com excesso de peso”, revelou Gidi.
Foto: Divulgação
TRATAMENTOS
O médico ainda explicou quais os casos em que pacientes com um peso em extremo são submetidos a tratamentos. “Os pacientes que buscam internamento para tratamento da obesidade, geralmente são aqueles com obesidade severa e bastante avançada, pacientes que tentaram muitas vezes perder peso sem o resultado satisfatório. Alguns já passaram por cirurgia bariátrica e tiveram reganho de peso, outros pacientes têm contraindicação para outras modalidades de tratamento como cirurgia ou alguns tratamentos farmacológicos. Muitos pacientes têm história de limitação de locomoção, comorbidades, limitação psiquiátricas. São pacientes que também apresentam quadro depressivo, quadro de transtorno de ansiedade, o que dificulta a resposta ao tratamento com outras abordagens”, observou o profissional.
Um desses pacientes que passaram por um tratamento para perder peso foi o Demetrio Barreto, de 36 anos. Cerca de dez anos atrás, o empresário pesava 190 quilos antes de começar seu tratamento no Hospital da Obesidade, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Ele contou que, mesmo após eliminar os quilos em excesso, ainda participa de manutenções mensais na unidade de saúde com profissionais de diferentes segmentos.
“Fui internado no hospital da obesidade em 2016, fiquei internado lá sete meses. Hoje faço manutenção. Todo o mês, eu passo quatro dias em tratamento. Nesses quatro dias eu passo pelo endocrinologista, pela equipe multidisciplinar, nutricionista, psicólogo, ortopedista, fisioterapia. Eu tenho uma doença que é a obesidade. Então, não tem prazo para terminar essa manutenção. Meu máximo de peso em 2015 era de 190 quilos. Hoje tenho 98 quilos”, contou Barreto.
Um paciente de 32 anos com obesidade grave em Salvador teve o tratamento interrompido no Hospital de Obesidade, após a Unimed Central Nacional descumprir determinação judicial que garantia internação de 60 dias.
A 7ª Vara de Relações de Consumo da Comarca de Salvador deferiu uma liminar determinando que a Unimed custeasse a internação do paciente em uma unidade especializada por 60 dias. No entanto, o plano de saúde autorizou apenas 7 dias de internação, descumprindo a ordem judicial.
O advogado do paciente, Breno Borges, explicou que a internação era necessária para que o paciente alcançasse um Índice de Massa Corpórea (IMC) menor que 30, considerado um nível saudável.
"O plano de saúde autorizou abaixo do que foi determinado pela juíza, que é um prazo inicial de 60 dias, não um prazo total. A gente pediu uma autorização para um tratamento para que o paciente chegasse até o IMC inferior a 30, que é o que é recomendado para sair do quadro de obesidade. Foi autorizado 60 dias iniciais, mas o plano de saúde autorizou somente 7 dias", acusou Borges.
Breno explicou ainda que a empresa argumentou que relatórios médicos deveriam ser enviados para a autorização do prazo, mas a ordem não teria sido cumprida mesmo com as comprovações médicas.
“Nós questionamos eles, inclusive por e-mail, informando que estava incorreto. Eles mantiveram a posição informando que esse seria o caso correto e ficariam aguardando o envio de relatórios para poder autorizar o restante do prazo conforme o determinado, mas obviamente isso não era determinado na decisão”, explicou.
O enfermo, que prefere não ter sua identidade revelada, relatou o sofrimento e os riscos à saúde que enfrenta com a interrupção do tratamento.
"A gente está na Justiça desde janeiro. Agora em julho conseguimos [o tratamento], entrei dia 1º na clínica e foi tranquilo. Falamos com eles para poder, quando liberassem a guia completa, que o juiz deferiu os 60 dias para a gente não ter problemas. Aí eles falaram que iam liberando gradativamente com o envio dos relatórios. Enviamos relatórios, quando chegou na quinta-feira eles cancelaram o relatório que a gente enviou. Aí entrei em contato, comecei a ligar e cancelaram novamente. Quando chegou na segunda-feira eu saí da clínica, pois não cumpriram o que prometeram”, lamentou.
Ele observou ainda sobre o sofrimento e os problemas enfrentados por conta da falta do tratamento, além dos possíveis riscos.
"Eu tenho um grau de obesidade 3. Em uma semana eu já perdi 5kg. Os médicos estão vendo que eu tenho asma também, tenho pressão alta, então isso tudo pode influenciar. Pré-diabetes, mesmo não sendo um diabético, mas eu tenho uma pré. Então tudo isso os profissionais têm os cuidados definidos. Pode desencadear também para ter um problema de coração, pois a massa da minha barriga, por ter um volume grande de gordura visceral acumulada, quanto mais a gente tem, mais corre risco. Então isso tudo ajuda a ter um peso e a gente está correndo risco", alertou.
O advogado Breno Borges ingressou com uma nova petição na Justiça informando o descumprimento da liminar pela Unimed.
"Hoje inclusive eu já peticionei um processo informando o descumprimento, juntando inclusive um problema no descumprimento. Estarei juntando uma nova petição informando o descumprimento do tratamento e juntando justamente esse meio em que o paciente entrou em contato com o plano, a negativa deles e a guia com a indicação do tratamento incorreto de somente sete dias. É uma petição informando no processo o descumprimento da liminar deferida", afirmou o advogado.
O caso do paciente de Salvador é um exemplo da luta travada por muitos brasileiros contra planos de saúde que descumprem decisões judiciais e colocam em risco a saúde dos pacientes.
Uma pesquisa apresentada nesta quarta-feira (26) mostrou que a obesidade deve fazer parte da vida de quase metade da população brasileira adulta durante os próximos 20 anos. O estudo foi apresentado no Congresso Internacional sobre Obesidade (ICO).
De acordo com pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), via Portal Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias, caso as tendências atuais continuem, cerca de 48% dos adultos serão obesos até 2044. O dado representa 83 milh?oes de pessoas e outros 47 milhões, cerca de 27% terão sobrepeso. A prevaência de obesidade quase dobrou de 2006 para 2019, representando um total de 20,3% da população adulta brasileira.
Atualmente, totalizam 34% dos brasileiros com obesidade, e 22% estão acima do peso.
Os autores do levantamento utilizaram um modelo de tabela de vida para estimar os impactos do sobrepeso e da obesidade sobre 11 doenças associadas ao índice de massa corporal (IMC) elevado, como doenças cardiovasculares, diabetes, doença renal crônica, cirrose e cânceres, com base em dados demográficos e epidemiológicos de pesquisas nacionais e do Estudo de Carga Global da Doença (GBD).
“Com base nas tendências atuais, a carga epidemiológica e econômica do sobrepeso e da obesidade no Brasil aumentará significativamente, portanto políticas robustas precisam ser implementadas no país, incluindo o tratamento dos casos existentes e a prevenção do sobrepeso e da obesidade em todas as faixas etárias”, afirmam os autores do estudo.
O cantor Luciano Miranda da Silva, de 51 anos, conhecido como Babu, um dos fundadores da banda Pagodart, vive uma nova realidade após perder mais de 70kg.
Em luta contra a obesidade, o artista, que viralizou com a história de vida em 2023 e hoje pesa 202kg, está sendo acompanhado pelo Hospital da Obesidade, localizado em Camaçari, na Bahia, e enxerga uma mudança significativa na vida desde então. Babu conseguiu retomar atividades que antes pareciam impossíveis devido ao sobrepeso, como dirigir e caminhar sem sentir dores.
Em entrevista ao Acorda Cidade, parceiro do Bahia Notícias, o artista contou que a meta no emagrecimento era chegar a um peso em que fosse possível realizar a cirurgia bariátrica. Hoje, com a qualidade de vida que ganhou, já pensa em ir além.
“A dificuldade que eu mais sentia era poder andar, dirigir, fazer as coisas normais que as pessoas fazem. Eu ficava só sentado no sofá. Quando eu decidi mudar de vida foi quando vi que aquilo iria me levar ao único caminho, à morte. Eu tive que mudar todos os meus hábitos. A forma de pensar, a forma de agir, a forma de mastigar [...] Muito dessa mudança impactou meu trabalho. Hoje estou podendo dirigir meu carro, fazer as coisas supérfluas que eu não fazia.”
Durante o Carnaval de 2024, o artista foi um dos convidados de Xanddy Harmonia para uma homenagem ao pagode baiano na 1ª edição da 'Melhor Segunda' gratuita. Ao Bahia Notícias, o cantor falou sobre a felicidade de receber o carinho do público desde que a história dele se tornou pública e agradeceu o convite de Xanddy.
Com uma visão positiva sobre o futuro, Babu fez um alerta ao público que se encontra na mesma situação que ele e motivou a busca por ajuda: "Saúde acima de tudo, mente sã, corpo sã. Nunca pense que você não poderá conseguir alguma coisa. Nunca desista dos seus sonhos. É a mensagem que eu digo a todos vocês. Obesidade é uma doença séria. Espero voltar aos palcos, aos meus trabalhos".
A adiponectina, um tipo de hormônio liberado pelo tecido adiposo, tem papel duplamente importante na preservação da função pancreática: em pessoas magras ela protege as células beta, responsáveis pela secreção de insulina; e, em indivíduos com obesidade, reverte danos estabelecidos nesse tecido. A descoberta, feita por pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) e publicada na revista Aging Cell, faz a molécula despontar como potencial alvo terapêutico.
Dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2022 indicam que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo são obesas, sendo 650 milhões de adultos, 340 milhões de adolescentes e 39 milhões de crianças. Na próxima década, segundo a Federação Mundial da Obesidade, mais da metade da população mundial (cerca de 4 bilhões de pessoas) será afetada pela doença, que diminui a expectativa de vida e aumenta a incidência de disfunções relacionadas à idade. A principal delas é justamente a desregulação das células beta do pâncreas, que leva à secreção inadequada de insulina e, consequentemente, ao diabetes do tipo 2.
Em testes prévios feitos em modelo animal, pesquisadores do Laboratório de Metabolismo Energético do IQ-USP haviam mostrado que, em 24 horas, células beta incubadas com soro de ratos magros e obesos sofriam alterações: no primeiro caso, passavam a funcionar melhor porque suas mitocôndrias se tornavam mais capazes de produzir ATP (molécula que fornece energia para a célula) e, consequentemente, de sinalizar a secreção de insulina; e, no segundo, sua integridade era prejudicada, apresentando efeito oposto.
Para confirmar esses achados em humanos, o grupo analisou amostras sanguíneas de homens e mulheres magros e obesos do Biobanco do A.C. Camargo Cancer Center.
“Conseguimos demonstrar que mulheres magras induzem uma resposta muito boa no que se refere à respiração das células e à secreção da insulina e vimos que a situação ia se deteriorando em mulheres obesas, homens magros e homens obesos, nessa ordem”, relata Ana Cláudia Munhoz, primeira autora do artigo e pós-doutoranda no IQ-USP.
“Como sexo e gordura corporal pareciam estar envolvidos no processo, levantamos e confirmamos por experimentos laboratoriais a hipótese do envolvimento da adipocina [hormônio liberado pelo tecido adiposo] adiponectina, que tem função importante na regulação da mitocôndria e se apresenta em maior quantidade em mulheres.”
“Pela primeira vez, foi possível observar que níveis aumentados de adiponectina encontrados no plasma magro são responsáveis por preservar a função das células beta”, conta Alicia Kowaltowski, professora do Departamento de Bioquímica do IQ-USP e coordenadora da investigação. “Em obesos, o hormônio conseguiu reverter 100% dos danos – um dos efeitos científicos mais marcantes que já observei.”
As pesquisadoras destacam que talvez a adiponectina não seja o único fator em falta no sangue de pessoas obesas, já que o diabetes é uma doença multifatorial. Trata-se, porém, de um agente de peso, com a capacidade de modular a função das células beta.
O estudo reforça a importância de se encontrar mecanismos moleculares envolvidos na obesidade e sua ligação com outros problemas de saúde para melhorar o tratamento e quebrar o estigma: trata-se de uma doença, com fatores pessoais e genéticos, em nada relacionada à falta de controle pessoal. Também representa mais um passo no entendimento de importantes questões relacionadas, como, por exemplo, sua diferente ocorrência em homens e mulheres.
Em relação às células beta especificamente, a descoberta traz duas boas notícias para o futuro. Primeiro, indica que problemas decorrentes da obesidade são tratáveis; e, segundo, podem ser modulados em curto prazo, abrindo uma oportunidade promissora no desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas.
As pesquisadoras, no entanto, fazem questão de ressaltar que, por ora, não existe nenhum tratamento capaz de aumentar a adiponectina no sangue, a não ser emagrecer e diminuir a adiposidade central por meio de restrição calórica e prática de exercícios. “É importante lembrar que nenhum produto eventualmente criado com essa finalidade tem respaldo científico no momento. Portanto, vale ficar atento às falsas promessas de charlatões da internet”, alerta Munhoz.
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O Hospital da Obesidade irá promover o primeiro Simpósio com o tema "Um novo olhar para o tratamento da obesidade", no dia 8 de julho, às 8h30, no Fera Palace Hotel, em Salvador. O evento contará com médicos renomados como o ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Dr. Fábio Trujilho; Diretor médico do Hospital da Obesidade, Dr. Sérgio Braga; e a Coordenadora do Núcleo de Pesquisa em Endocrinologia de Feira de Santana, Dra. Ana Mayra Oliveira.
Segundo o Hospital da Obesidade, os palestrantes trazem uma vasta experiência e conhecimento na área de endocrinologia e tratamento da obesidade. As inscrições para o simpósio podem ser feitas pelo WhatsApp: (71) 99730-4716 ou pelo e-mail: [email protected].
O evento também conta com o apoio da Associação Bahiana de Medicina (ABM).
O HOSPITAL DA OBESIDADE
Fundado há 14 anos, o Hospital da Obesidade tem como objetivo devolver a saúde e a qualidade de vida às pessoas com obesidade. Desde o início, a instituição se pauta em rigorosos critérios médicos e científicos, buscando oferecer uma alternativa real aos graves riscos trazidos pela doença.
Com uma abordagem transdisciplinar que visa entender e tratar as causas da obesidade de maneira global. Atendendo quase 3 mil pacientes, o hospital alcançou um índice de sucesso superior a 90% em seu tratamento.
Interditada pela prefeitura de Camaçari, no início de fevereiro deste ano, por não apresentar documentos como o alvará de funcionamento e o auto de vistoria do Corpo de Bombeiros, o Instituto Arara Azul de Obesidade, mesmo funcionando de maneira irregular, atendia uma gama de pacientes de planos de saúde -- que seguem com o equipamento de saúde credenciado.
Um dos casos é o de uma idosa de 74 anos, que em março do ano passado, após ter ingressado na Justiça para ser atendida pelo plano Apub Saúde - ligada ao sindicato de servidores das instituições federais de ensino da Bahia - na realização de um tratamento que lhe foi prescrito, foi direcionada para a clínica, localizada no Condomínio Busca Vida.
Sabendo da autorização proferida através de uma decisão da 7ª Vara Cível de Salvador para ser internada no local, a defesa da paciente comunicou das irregularidades da unidade de saúde, que além da falta de documentos, só estaria habilitada para atendimentos ambulatoriais, conforme aponta o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). "Mesmo com recurso, não conseguimos que autorizassem ao menos no local que indicamos, o Hospital da Obesidade", disse a advogada da segurada, Candice Fernandes.
De acordo com Candice, após a indicação para outra clínica e a comunicação da interdição, publicizada através da imprensa, a Justiça abriu um novo prazo para que a operadora do plano se manifestasse sobre o assunto. "Estou aguardando e até o momento minha cliente não teve o tratamento, mesmo informando a interdição do Arara Azul e a impossibilidade de internação da cliente", contou a defesa, acrescentando que existem ações semelhantes envolvendo outro plano, a Central Unimed Nacional, sob sua responsabilidade.
Acionada judicialmente em novembro do ano passado para cobrir o tratamento de uma outra paciente, que sofre de obesidade mórbida, a cooperativa indicou o instituto em questão e apresentou comprovações, inclusive fonecidas pelo Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb) de que o espaço estaria credenciado e apto para realizar a terapia.
O encaminhamento não foi aceito pela defesa, por ter ciência das irregularidades e da problemática relacionada ao fechamento pela prefeitura de Camaçari. Na ação, foi indicada outra clínica, o Espaço Bom Viver, em Salvador. Nos autos, a Unimed alegou que o lugar sugerido não era credenciado e não oferecia o serviço solicitado.
O não cumprimento do atendimento chegou a ser questionado pela advogada da paciente, mas o plano de saúde argumentou que o procedimento requerido não estaria coberto no rol de serviços contratados. Numa última tentativa, a defesa voltou a apresentar outra unidade, o Hospital da Obesidade, como possibilidade para o acolhimento da mulher. O que não foi cumprido.
À reportagem do Bahia Notícias, a Unimed negou a versão de que tenha encaminhado pacientes para o Instituto Arara Azul e afirmou que "a clínica em questão não é credenciada da sua rede de atendimento". Segundo a cooperativa, critérios rigorosos de elegibilidade são seguidos na escolha dos prestadores que atendem seus beneficiários.
Também procurada, a Apub Saúde não se manifestou sobre o assunto até a publicação desta matéria.
FUNCIONAMENTO IRREGULAR
Pouco mais de um mês após ser autuada, vídeos de pacientes nas redes sociais e denúncias dão conta de que o Instituto Arara Azul segue operando de maneira irregular. Ao BN, a prefeitura de Camaçari, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Sedur), informou que investiga a denúncia e que equipes irão averiguar o caso.
O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), por sua vez, disse que a clínica está inscrita em seu sistema - como alegou a Unimed ao argumentar sobre regularidade do espaço - porque apresentou a documentação necessária para o seu registro, como a licença da prefeitura para funcionamento e da vigilância sanitária.
"O Conselho não abre, não autoriza funcionamento nem fecha nenhuma clínica ou hospital: o Cremeb fiscaliza. Fiscaliza de ofício, ou seja, por própria demanda, como faz regularmente, ou havendo alguma denúncia", ressaltou em nota
Ainda segundo o Cremeb, por conta da referida interdição, irá "realizar uma fiscalização para saber se, além dos problemas encontrados pela prefeitura, se existem outros problemas".
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.