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A comunidade do Ilê Axé Iyá Nassô Oká, mais conhecido como Terreiro da Casa Branca, em Salvador, celebrou, nesta terça-feira (23), a certificação de 20 mulheres que concluíram o curso de capacitação em corte e costura. A iniciativa faz parte das ações com foco na inclusão socioprodutiva e na autonomia econômica desenvolvidas pela Secretaria das Mulheres do Estado (SPM) e é fruto de captação de recursos, por convênio federal, via emenda parlamentar da deputada federal Lídice da Mata, que participou da certificação.
O curso teve a execução da Cooperativa de Apoio Tecnológico, Gestão e Desenvolvimento Social (COOPAT), para a implantação de uma unidade produtiva de corte e costura e a qualificação profissional das mulheres em técnicas de costura industrial e artesanal em Salvador. Para o projeto, foram adquiridas e cedidas máquinas de costura, mesas de corte e cadeiras para o Terreiro da Casa Branca.
Além da qualificação profissional, o curso também visa contribuir para a preservação da memória ancestral entre as mulheres da comunidade, pois teve como direcionamento a costura e confecção de roupas de santo. A líder religiosa do Terreiro da Casa Branca, a yalorixá Neusa Cruz, falou sobre o impacto do curso para as mulheres de terreiro. “É muito importante poder garantir a integridade do terreiro, garantir a integridade dos saberes dessa casa. Acreditamos na força das mulheres e na importância de projetos que promovam a independência e o empoderamento. Nós agradecemos o apoio e a confiança em realizar esse projeto. A certificação dessas mulheres representa o começo de uma jornada de empoderamento e desenvolvimento econômico. Esperamos que mais mulheres da comunidade possam ser beneficiadas”, afirmou.
A dona de casa Geisiane Soares disse que não sabia nada sobre corte e costura e que o curso foi transformador. "Esta capacitação foi muito importante. Não sabia costurar e hoje consegui costurar minha própria roupa. Estamos radiantes e eu pretendo continuar me aperfeiçoando e costurando cada vez mais e melhor”, disse.
A superintendente de Promoção e Inclusão Socioprodutiva da SPM, Luciana Mandelli, destacou a parceria da SPM para a realização deste projeto. “É muito importante para a SPM ver as mulheres se articulando e alcançando as possibilidades de organização. A SPM tem sido uma articuladora de políticas públicas que promovem a inclusão socioeconômica das mulheres. Ver o progresso delas e a transformação em suas vidas é extremamente gratificante. Nosso objetivo é continuar apoiando iniciativas como esta, que proporcionam oportunidades reais de crescimento pessoal e profissional".
O presidente da COOPAT, Renato Carvalho, comemorou a certificação. “Este curso é um exemplo claro de como a capacitação profissional, aliada ao empreendedorismo, pode criar oportunidades e transformar realidades, promovendo a inclusão social e a igualdade de gênero. A comunidade da Casa Branca demonstra que a educação e o trabalho são caminhos poderosos para a mudança”.
A prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), informou que realizou a interdição da obra de um prédio que vinha sendo construído em cima do primeiro terreiro do Brasil, a Casa Branca - Ilê Axé Iyá Nassô Oká- no Engenho Velho da Federação. Segundo a Sedur, a ação foi tomada na última quarta-feira (29), após a fiscalização encontrar materiais de construção no local.
Além disso, a pasta informou que a obra estava embargada desde setembro de 2022, após os candomblecistas do terreiro denunciarem a edificação por não ter alvará para a construção. Apesar do embargo, de acordo com frequentadores do terreiro, as obras foram retomadas neste ano, sem autorização da prefeitura. Em nota, o avanço da construção, portanto, foi negado pela Sedur.
“A construção já havia sido embargada em setembro de 2022, por não possuir alvará de construção e que vem realizando constantemente fiscalização na área. Desde setembro de 2022, quando houve denúncia dessa obra, e foi embargada pelos fiscais do órgão, a construção não avançou. Caso a obra não possa ser regularizada, poderá sofrer as sanções cabíveis”, disse a Sedur.
A DENÚNCIA
Na terça-feira (28), nas redes sociais, o terreiro denunciou o avanço das construções e alegou que o prédio já estaria alcançando o quinto andar. Segundo a Casa Branca, a obra estava seguindo sem “qualquer acompanhamento técnico” e poderia desabar em cima do templo religioso iorubá.
“Já está com cinco andares, desafiando autoridades. A construção segue sem qualquer acompanhamento técnico, e isso só aumenta os riscos. Situa-se em área contígua à casa religiosa, no alto. Ao desabar, e os riscos disso acontecer são óbvios, destruirá a Casa Sagrada do Orixá Omolu e matará filhas e filhos de santo da Casa Branca", afirmou.
O TERREIRO CASA BRANCA
O Ilê Axé Iyá Nassô Oká foi fundado em 1830 por mulheres africanas oriundas do antigo Império de Oió. Vendidas como escravas e traficadas para o Brasil, elas resolveram fundar um templo religioso iorubá em pleno centro de Salvador, no terreiro que ficaria conhecido como “o Candomblé da Barroquinha”. Até hoje, é considerada por estudiosos como a primeira casa candomblecista do país.
Hoje instalado no bairro do Engenho Velho de Brotas e mais conhecido como Terreiro da Casa Branca, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká ganhou esse nome em homenagem à sua principal fundadora, a iorubá Iyá Nassó (Mãe Nassô).
Área da Casa Branca | Foto: Reprodução / Instagram
De acordo com a historiografia, todas as casas de candomblé de origem iorubá no Brasil têm origem direta ou indireta do Casa Branca, como são os casos do Ilê Iyá Omi Axé Iyá Massê (Terreiro do Gantois), marcado pela iyalorixá Mãe Menininha; e do Ilê Axé Opô Afonjá, que foi comandado pelas históricas Mãe Senhora e Mãe Stella de Oxóssi.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.