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Flordelis, condenada a 50 anos de prisão pelo assassinato de seu ex-marido, Anderson do Carmo, enfrentou uma decepção na última quinta-feira (28), ao perder um concurso de canto para Cassiane Victoria, Voz da Liberdade, realizado no presídio onde cumpre pena. Apesar da frustração com o resultado, a pastora evangélica fez questão de destacar que, mesmo na cadeia, continua sendo uma "referência no gospel".
“Viver aprisionada é muito ruim. Difícil. Tomo muitos remédios aqui, mas sou muito apoiada pelas detentas e pela administração do presídio. Sinto que sou tratada como todas as outras internas”, declarou Flordelis, em entrevista. Ela também afirmou que não abre mão de cantar, participando ativamente do coral da prisão. “Faço parte do coral e não abro mão de cantar. É minha essência, está no meu DNA”, completou.
A pastora cumpre pena desde 2021 na Penitenciária Talavera Bruce, localizada em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro. Ela relatou receber constantes mensagens de apoio, por meio de cartas enviadas de diversas partes do mundo. “Agora, aguardo um novo júri [que possa julgar o pedido para responder pelo crime em liberdade]”, afirmou.
Flordelis, que está presa em uma ala considerada “segura” da penitenciária, cumpre pena junto com sua filha, também acusada pelo assassinato de Anderson do Carmo. A menina enfrenta um quadro de câncer, já a mãe trata de problemas cardíacos e depressão.
Sobre a situação de estar presa com a filha, Flordelis expressou: “Nenhuma mãe desejaria estar presa com a filha, mesmo recebendo o melhor tratamento. Qualquer mãe preferiria estar no lugar do filho”, disse em entrevista ao jornal O Globo.
Flordelis foi condenada pela 3ª Vara Criminal de Niterói pelos crimes de homicídio, tentativa de homicídio duplamente qualificado, uso de documento falso e associação criminosa. As informações são do Metrópoles.
O ano era 2009 e não havia, na mídia, vestígios do assassinato de Anderson do Carmo ou qualquer traço de crueldade na personalidade da deputada federal e pastora Flordelis (PSD) - mais tarde apontados em uma investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (veja aqui). Embasado na boa índole da mãe com mais de 40 filhos adotivos, o diretor cinematográfico Anderson Correa produziu, junto com Marco Antônio Ferraz, um docudrama em que contou a história da moça que era pauta de atrações globais - ou pelo menos o que se sabia até ali.
Com uma moral até então ilibada, a religiosa e sua família foram protagonistas de "Flordelis: basta uma palavra para mudar". O elenco, formado por talentos como Bruna Marquezine, Fernanda Lima, Sérgio Marrone, Reynaldo Gianecchini, Rodrigo Hilbert e Deborah Secco, chegou a abrir mão do cachê. Além disso, todo o lucro da bilheteria do filme foi revertido para a compra de uma casa para o clã, que vivia em um imóvel alugado em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Gianecchini em "Flordelis: basta uma palavra para mudar" | Foto: Divulgação
"Eu fui convidado por volta de 2007, porque esse filme demorou a ser filmado. A gente começou o projeto, me apresentaram ela como uma mãe de 50 crianças, que tinha toda uma história, que adotou crianças de rua. Eu comprei a causa, comprei o projeto, trabalhei também, como os atores, de forma voluntária, sem cachê, dividindo meu tempo, meus afazeres, assim como os atores", conta Correa sobre a realização da produção em conversa por telefone com o Bahia Notícias.
O convite para participar da obra, afirma o co-diretor, partiu de Marco Antônio, que além de idealizador também roteirizou o longa-metragem. Na obra cinematográfica, o companheiro da parlamentar e cantora gospel - que na época ainda não possuía cargo público ou carreira musical - atuou, inclusive, como produtor executivo.
Segundo o diretor, apesar do contato meramente profissional, ele não conseguiu acreditar na autoria do assassinato, orquestrado - conforme apontaram as investigações do MPRJ - pela deputada e alguns de seus filhos e uma neta (relembre aqui).
"Quando começou a história eu realmente nem pensei que ela podia ter feito isso, que fosse a mandante do crime, porque eu conheci uma outra pessoa na época. Embora eu não fosse e nem seja amigo deles e nem da família, pessoal, agi ali de forma profissional, eu tinha esse contato próximo nas filmagens, nas orientações, nos depoimentos dela para saber o histórico da vida dela e passar o máximo de veracidade numa história de um longa-metragem que é um documentário dramatizado, no qual ela mesma interpretou algumas cenas", explica.
Pela figura carismática da deputada e pela causa social que pregava, Flordelis foi convidada frequente de programas em emissoras de TV antes e depois do filme sobre sua vida. Atrações como o TV Xuxa, Hebe, Fantástico e Hora do Faro são algumas em que ela apareceu e lhe trouxeram visibilidade. Foi através delas que sua vida ganhou destaque nas telonas (saiba aqui).
Flordelis no programa TV Xuxa, na Globo | Foto: Reprodução / YouTube
Hoje, depois das revelações, o diretor acredita que "foi uma decepção", pois tanto ele quanto a equipe "compraram" o projeto por uma questão de empatia. "Você vê uma mulher que sai de uma comunidade, de uma favela, mal tendo o que comer, missionária, acolhendo crianças desabrigadas, crianças que estiveram no crime, que estavam sofrendo abusos na rua. E isso aí você não encontra no dia a dia", afirma Correa.
Sobre a personalidade da cantora gospel, ele ressalta que ela transparecia ser "uma pessoa super passiva, super tranquila, uma pessoa que estava sempre ali próximo, e com muita calma, muita frieza, muita tranquilidade". E, por vezes, "passava a palavra de Deus".
"Quando algo na equipe não estava dando certo, no sentido de questão técnica... Vamos supor, a gente já foi gravar uma vez, estava tudo preparado e começou a chover. Poxa, uma filmagem dessa são caminhões de equipamentos, gerador, e ela falou ‘calma, não há motivo pra se desesperar’. Então ela estava sempre ali acalmando, sempre como uma pessoa muito positiva, que levava uma palavra de bênção, uma palavra boa. Ela era uma pessoa extremamente segura das coisas que falava, muito tranquila, nunca, em nenhum momento, chegou a levantar a voz pra ninguém", lembra.
"Essa personagem que ela [Flordelis] fez na época me convenceu e convenceu o Brasil e o mundo. Ela convenceu os atores, convenceu a mídia, todo mundo. Se hoje ela tirou a máscara, nos tempos atuais, é uma surpresa realmente pra todo mundo", justifica o cineasta.
Gravações do docudrama sobre Flordelis | Foto: Reprodição / Arquivo pessoal
Anderson do Carmo, vítima do complô familiar, também demonstrava ser uma pessoa proativa no período em que esteve próximo à equipe de gravações. Antes de ser esposo de Flordelis, ele era filho adotivo da pastora e durante um período namorou Simone dos Santos Rodrigues, filha biológica do primeiro casamento da religiosa.
Apesar das controvérsias e acusações de que havia uma hierarquia no tratamento dado aos membros mais recentes do núcleo familiar, eles apresentavam um "comportamento muito coeso", diz o diretor. "Todo mundo muito próximo, muito junto. Ela dando atenção para todos eles, os que estavam na gravação, os que estavam alí, os mais velhos ajudando como equipe operacional do filme, todo mundo ali pela causa".
"Na época eu não vi nada [de comportamento suspeito]. Eu chegava pra filmar e via uma família funcional, amorosa, nada de anormalidade, isso eu tenho certeza do que estou falando. Ninguém via nada diferente, só muito amor envolvido na família", completou Correa.
Questionado sobre a pssibilidade de realizar outra obra mostrando a reviravolta na história de Flordelis, Anderson Correa disse não saber responder, mas acredita que isso pode sim acontecer, só não sabe se ele colocaria a mão na massa em outro filme sobre a deputada.
"Se eu faria? Eu ia pensar um pouco e ver quem ia estar envolvido também. Eu hoje pensaria duas vezes, porque essa história, como você sabe, pegou todo mundo de surpresa no geral. Mas com relação à arte, ao meu ofício, como cineasta, diretor de cinema e de TV, você fazer um filme, um programa, uma série, é contar uma história através da arte, e o documentário é contar uma história verídica, então eu acho que pelo meu ofício, de repente, eu até faria sim", argumentou.
O diretor Marco Antônio Ferraz disse ter se arrependido de ter produzido o docudrama "Flordelis: Basta uma palavra para mudar", em que conta a história da deputada federal do PSD acusada de assassinar o marido, o pastor Anderson do Carmo (veja aqui).
“Me arrependo. Se fosse hoje, jamais teria feito esse filme. Não sou cineasta. Sou um contador de histórias e o que contei foi uma mentira diante dos fatos que conhecemos agora. Estou dilacerado, me sinto enganado. É como se não pudesse confiar em ninguém”, afirmou o profissional em entrevista ao jornal Extra.
A produção teve a participação de atores e atrizes globais, como Bruna Marquezine, Cauã Reymond, Letícia Spiller, Alinne Moraes, entre outros. Segundo o Uol, nenhum deles pediu cachê.
O marido assassinado foi ainda produtor executivo do filme. Marco Antônio afirma que o religioso era completamente apaixonado pela esposa. “Fazia qualquer coisa que ela quisesse ou mandasse”, contou.
“Ele me perguntou o que eu queria que ela vestisse para a pré-estreia e eu disse para contratar um personal stylist. Ele não quis. Pediu que eu comprasse um vestido chique, que dinheiro não seria um problema. Fomos a uma loja de grife e pagamos R$ 2 mil num vestido. Foi um sonho realizado ver aquela mulher, que saiu do morro, ali, chiquérrima e linda. E no fim das contas, tudo isso não passava de uma mentira”, ressaltou.
FIGURA CONHECIDA NA TV
A história de Flordelis e sua família formada por 44 filhos se tornou notória na TV e fez com que o diretor do filme biográfico a conhecesse após assitir uma matéria do extinto TV Xuxa, na Globo.
A atração destacou o lado humano dela. “Estava indo viajar e na volta liguei para a Solange, irmã da Xuxa, e ela me ajudou com o contato. Quando conheci Flordelis e sua história, veio a vontade de tornar aquilo público num livro ou documentário”, relembrou.
Após conhecê-la, os dois se tornaram grandes amigos e ele trabalhou para que o filme sobre a vida dela saísse do papel. Todos os atores que participaram do projeto investiram dinheiro do próprio bolso e a trama tratou Flordelis como uma mulher dedicada, que retirava crianças do tráfico.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.