Rombo das estatais alcança recorde no terceiro mandato de Lula e Correios são o principal responsável pelo resultado
Por Edu Mota, de Brasília
Desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as empresas estatais do país acumularam um déficit primário de R$ 20,5 bilhões. Esse é o maior déficit registrado nas estatais brasileiras para o período de três anos em toda a série histórica.
Os dados foram compilados pela CNN a partir de informações disponibilizadas pelo Banco Central. O levantamento do BC exclui as estatais financeiras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômicos e Social), e a Petrobras.
Segundo a CNN, o resultado negativo das estatais teria começado ainda em 2023, primeiro ano deste mandato do presidente Lula. Naquele ano, as estatais do país realizaram um déficit de R$ 2,2 bilhões.
Já em 2024, o valor quase quadruplicou, chegando a R$ 8,07 bilhões. Neste ano de 2025, entre janeiro e novembro, o saldo negativo das estatais já soma R$ 10,3 bilhões.
Os Correios são a empresa responsável pelo maior déficit entre todas as estatais federais. Sozinha, a empresa postal registrou déficit de R$ 6 bilhões entre janeiro e setembro deste ano. Em 2024, o rombo foi de R$ 2,6 bilhões.
A empresa tem situação considerada “grave” pelo Ministério da Fazenda. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descarta a privatização, mas avalia que será necessário um plano “consistente” para recuperar a estatal.
Para reduzir os déficits registrados desde 2022, os Correios divulgaram nesta segunda-feira (29) um plano de reestruturação da companhia com previsão de fechar 16% das agências da estatal, o que representa cerca de mil das 6 mil unidades próprias em todo o país.
A estatal espera economizar R$ 2,1 bilhões com o fechamento de unidades. Considerando outros pontos de atendimento realizados por parceria, são 10 mil unidades que prestam serviços para os Correios no Brasil.
Como a empresa pública tem a obrigação de cobrir todo o território nacional, o presidente da estatal, Emmanoel Rondon, destacou que o fechamento dessas agências será realizado sem violar o princípio da universalização do serviço postal.
O plano dos Correios prevê ainda cortes de despesas da ordem de R$ 5 bilhões até 2028, com venda de imóveis e dois planos de demissão voluntária (PDVs) previstos para reduzir o número de funcionários em 15 mil até 2027.
