Federação União Progressista trabalha para barrar candidatos com "um pé em cada barco" e pode provocar saída de Cajado do PP
Por Paulo Dourado
A federação União Progressista deve passar por uma verdadeira limpa, principalmente pelo lado do PP na Bahia. Segundo integrantes do alto escalão baiano do União Brasil, após a formalização da federação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o grupo não aceitará parlamentares "com um pé em cada barco".
Além de Mário Negromonte Jr., aliado histórico do PT baiano que tem dialogado com o PSB de João Campos, prefeito de Recife, outro nome que deve mudar de partido é o deputado Claudio Cajado. Para alguns interlocutores, ele já estaria de malas prontas para embarcar em uma sigla da base aliada do governo Jerônimo Rodrigues.
Mesmo anunciando apoio a ACM Neto do União Brasil para as eleições de governador da Bahia em 2026, Cajado vem mantendo aparições públicas ao lado do governador Jerônimo Rodrigues. No último dia 13 de setembro, ele participou da entrega de uma escola de tempo integral, da nova delegacia e do pelotão da PM na cidade de Cardeal da Silva. No evento, Cajado elogiou as ações do governo estadual.
"Eu não poderia deixar de estar presente neste dia, que a história de Cardeal da Silva falará que foi o dia de maior entrega de obras que essa terra já teve. Por isso prefeito, por isso governador, parabéns", disse ele.
Integrantes do partido garantem que a federação será oposição ao governo do PT, tanto na Bahia quanto no Brasil, e que uma postura dividida não será aceita.
Em agosto, Claudio Cajado, durante o episódio em que foi convidado no Projeto Prisma, declarou que não tem pé no governo e é um parlamentar independente.
"Eu não tenho pé no governo. Eu não frequento secretarias. Eu frequento o palanque do governador Jerônimo quando ele está nos municípios que os prefeitos também me apoiam. Devo dizer que o governador me recebe muito bem, não vou negar, gosto muito dele. Mas eu não tenho nada no governo, não tenho cargo, não tenho participação no governo, pelo contrário", afirmou Cajado.
No âmbito nacional, mesmo antes da oficialização da federação pelo TSE, os presidentes das siglas, Ciro Nogueira do PP e Antonio Rueda do União Brasil, já começaram a determinar que filiados que ocupam cargos no governo Luiz Inácio Lula da Silva devem se afastar. No início de setembro, em coletiva conjunta, eles decidiram que todos os filiados deveriam deixar o governo, incluindo os ministros André Fufuca do Esporte e Celso Sabino do Turismo, com prazo de um mês.
Após o prazo, no dia 8 de outubro, o PP anunciou o afastamento de André Fufuca de todas as decisões partidárias, incluindo a vice-presidência nacional e a presidência do Diretório Estadual do Maranhão. O comunicado reforçou que a sigla "não faz e não fará parte do atual governo, com o qual não nutre qualquer identificação ideológica ou programática”.
O União Brasil, que tem ACM Neto como vice-presidente nacional, tomou medida semelhante. Celso Sabino foi afastado das funções partidárias até a conclusão de processo que pode resultar na expulsão definitiva, cujo prazo máximo é de 60 dias.
Nos bastidores, membros do União Brasil fizeram chegar a Claudio Cajado que não será possível "um pé em cada barco". "Ou estará com ACM Neto ou não estará na federação", assegura um cacique partidário em reservado.
