Afundamento de ferry-boat vai contribuir para a biodiversidade de Salvador, explica biólogo do Inema
Por Ana Clara Pires / Victor Hernandes
O afundamento do ferry-boat Juracy Magalhães, nesta sexta-feira (21), vai auxiliar para a biodiversidade da capital baiana. A constatação foi feita pelo biólogo do Instituto Do Meio Ambiente E Recursos Hídricos (Inema), Marcelo Peres.
O ato que vai ocorrer na altura da Orla do Rio Vermelho, em Salvador, é uma iniciativa comandada pela Secretaria de Turismo da Bahia. Em entrevista à imprensa, o biólogo revelou os detalhes da ação, que acontece a 3 quilômetros da costa e possui uma profundidade de 30 metros.
“É 3 quilômetros da costa e a profundidade é aproximadamente 30 metros […]. O processo começa com estudos prévios, a empresa efetua estudos da biodiversidade, do sedimento local, dos parâmetros físico-químicos e dos lugares possivelmente que seria feito o afundamento”, disse.
O especialista contou que o ato desta sexta não foi efetuado na Baía de Todos-os-Santos, em decorrência de outros afundamentos não controlados existentes na área.
“Optamos em não fazer na Baía de Todos-os-Santos, por conta de muitos outros afundamentos não controlados. Então, em acordo com a Marinha, porque a Marinha participou, através da engenheira Naval, elegemos um local onde não houvesse recifes artificiais. Existem os recifes naturais, a gente está criando um recife artificial”, observou Paes.
O biólogo afirmou ainda os benefícios ocasionados através do novo afundamento na cidade. Segundo Marcelo, não existem resíduos que possam oferecer riscos à natureza.
“O que isso traz de benefício para a biodiversidade? Você vai criar um abrigo novo, um refúgio da biodiversidade e vai atrair novas formas de vida ali, e futuramente peixes para aquele espaço. Em relação ao procedimento, depois do estudo prévio, a gente fez diversas inspeções à embarcação, para ter certeza de que não tem nenhum resíduo, óleo, madeira e vidro. Fizemos quatro inspeções acompanhados pela Engenharia Naval que nos acompanhou nisso. Qualquer resíduo identificado, nós notificamos para ser retirado. Ontem mesmo recebemos uma filmagem mostrando a retirada de espécies invasoras, que é um outro problema […]”, considerou.
“Depois do afundamento controlado, a gente ainda exige um monitoramento da biodiversidade, dos parâmetros físico-químicos, porque com todo o cuidado que tomamos, caso aconteça algum problema ele precisa estar sendo monitorado e de forma imediata a solução ser tomada. Então, ao nosso ver, além do ganho à biodiversidade, você traz um refúgio da biodiversidade, um abrigo”, completou.
Atualmente, a capital baiana possui outras três embarcações afundadas na Baía de Todos-os-Santos de forma planejada. O número total é próximo a dez em função da guerra da independência, onde outras embarcações acabaram afundadas.