"Lugar de trocar murro é no octógono", afirma Leur Lomanto Jr. sobre comportamento de parlamentares no Congresso
Por Eduarda Pinto
Em entrevista ao Projeto Prisma, nesta segunda-feira (29), o deputado federal e presidente da Comissão de ética do Congresso, Leur Lomanto Júnior (União), debateu sobre os escândalos de desvios comportamentais na Câmara. Para o parlamentar, a crescente de conflitos entre os deputados é reflexo de uma polarização generalizada.
“O momento que a gente vive no Brasil hoje, desde a eleição do ex-presidente Bolsonaro e essa extrema polarização entre direita e esquerda, se refletiu muito fortemente dentro do Congresso Nacional. Então, tem sido extremamente desafiador conduzir o Conselho de Ética nesse momento conturbado”, afirma o baiano. O deputado relembra ainda alguns casos emblemáticos do Parlamento Federal, a exemplo do discurso transfóbico do deputado mineiro Nikolas Ferreira (PL), em que o parlamentar se vestiu de mulher para ocupar a Tribuna.
Segundo Lomanto, a tentativa para aplacar os ânimos foi o diálogo com as lideranças partidárias. “Eu fiz uma reunião com os líderes partidários, fazendo um apelo: ‘Olha, nós estamos aqui no Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados, eu acho que é legítimo cada um defender o que acredita, o que pensa, o seu partido, mas eu acho que a gente tem que prezar a imagem da Câmara dos Deputados’”, detalha.
Leur afirma ainda que, já chegou a sugerir que os colegas se enfrentem em um octógono, fora do Congresso. Ele relembra uma briga entre Nikolas e André Janones (Avante) e o diálogo que teve com os deputados: “Por que que vocês aqui, publicamente, não fazem o desafio de ir para o tatame? Porque lugar de trocar murro, trocar tapa não é aqui, é o no octógono”, conta.
ÉTICA NA PRÁTICA
Quando questionado sobre as ações para dar autonomia e resolutividade para a Comissão, Leur detalha que foram feitas resoluções para dar celeridade aos processos. “Nessa medida que aprovamos lá, se houve um desvio [comportamental], a mesa diretora pode agora sugerir uma punição, encaminhar para o Conselho e o Conselho tem três dias para deliberar. Se o Conselho não deliberar, vai para o Plenário”, explica.
Outro caso citado na entrevista, é o do deputado federal Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), acusado de participação e liderança no assassinato da vereadora Marielle Franco. Chiquinho foi interrogado pelo Conselho, em um processo para a cassação de seu mandato, onde se disse inocente.
Lomanto ressalta que a participação social na resolução dos casos. “Obviamente é uma casa de acordos, mas eu acho que a própria sociedade tem que cobrar uma atitude”, comenta o Presidente da Comissão. “Acho que a população não está satisfeita em ver um deputado trocando tapa com o outro lá dentro, nem pontapé, xingamentos. Então, eu acho que não tem necessidade disso”, completa.
Confira o trecho: