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Comerciantes denunciam proibição da venda de "quentinhas" em estacionamento pelo Shopping Sumaré

Por Thiago Teixeira

Comerciantes denunciam proibição da venda de "quentinhas" em estacionamento pelo Shopping Sumaré
Foto: Thiago Teixeira / Bahia Notícias

Os tradicionais vendedores de refeições, as famosas “quentinhas”, que ficam no estacionamento do Shopping Sumaré, na Avenida Tancredo Neves, em Salvador, denunciaram que estão sendo impedidos pelo shopping de comercializar suas refeições no local. O estacionamento onde os comerciantes vendem suas refeições amanheceu, nesta segunda-feira (1º), com piquetes de ferro, que foram colocados pelo próprio empreendimento, no último sábado (30), com o objetivo de impedir que os vendedores estacionem no local sem autorização.

 

O estacionamento pertence ao próprio shopping e é bastante frequentado por pessoas que trabalham nos arredores da rua Ewerton Visco, no bairro do Caminho das Árvores, e costumam comprar refeições no local. Alguns vendedores, como é o caso de Nelson Barreira, conhecido pelo apelido de “Xuco”, alegam que dois advogados com dois seguranças representando o Shopping Sumaré, procuraram por eles, na última quinta-feira (28), informando que os comerciantes não poderiam mais ficar na área do estacionamento a partir desta semana.

 

Ele relatou, ao Bahia Notícias, que houve truculência por parte dos advogados do shopping e que os vendedores foram ameaçados. “Chegaram quatro pessoas, se dizendo advogados do shopping, fazendo uma abordagem extremamente truculenta, extremamente intransigente, ameaçando que a partir de agora a gente não poderia mais trabalhar nessa região, alegando que a área é de propriedade do shopping. Não apresentaram nenhuma documentação, nem deles, nem do shopping, que comprovasse, por exemplo, que essa área é do shopping”, afirmou o vendedor.

 

Outro comerciante da região, Evanílson Gama, relatou que não foi dado tempo hábil ou algum tipo de aviso prévio por parte do Sumaré, para que eles encontrassem um outro local para ficar, já que eles foram informados do “despejo” na quinta e hoje o estacionamento já não podia mais ser acessado pelos vendedores. “Eu trabalho aqui no estacionamento há um bom tempo já. Dependo dessa renda aqui para pagar as contas de casa. O shopping está querendo tirar a todo o custo a gente daqui, sendo que é o nosso ganha-pão. A gente precisa vir trabalhar todos os dias, como qualquer outro cidadão. A partir de segunda-feira já fecharam o estacionamento. Pouco tempo assim?! Eu acho que deveria ter um aviso antes. E essa perseguição aqui com os pessoal que está na luta aqui, na labuta, no dia-a-dia”, informou.

 

Os advogados do Sumaré, Ítalo Santana e Adaílton Anjos, negaram a informação alegando que, na última quinta, a abordagem ocorreu de maneira natural e destacaram que as escritura e planta (imagem abaixo) do imóvel comprovaram que o estacionamento pertence ao Sumaré “Nós apenas informamos que o Shopping estava solicitando que eles [vendedores] saíssem, já que, como mostra a planta, o espaço do estacionamento é uma propriedade privada do Sumaré. Não houve truculência e nem agressão alguma”, disse Ítalo Santana. 

 

Planta do Shopping Sumaré | Foto: Divulgação / Administração Sumaré

 

ESTACIONAMENTO

No ano passado, o Shopping Sumaré firmou um contrato de concessão do estacionamento para Jocélia Capistano, que já atuava no local administrando a área de maneira informal. Ao Bahia Notícias, a guardadora de veículos informou que já atua no local há 25 anos e que só aceitou assinar o contrato porque se sentiu coagida.

 

O acordo, no qual o Bahia Notícias teve acesso, se findou em janeiro deste ano e previa a concessão da administração de oito vagas que contemplam o estacionamento, mediante o pagamento diário de R$ 72,00, exceto finais de semana e feriados. Jocélia, no entanto, relatou que deixou de cumprir com os pagamentos porque ela também estava tendo que arcar com eventuais prejuízos relatados por clientes do estacionamento e que o shopping estava se eximindo de responsabilidade.

 

“Eles [advogados do Shopping Sumaré] vieram com uma proposta de a gente ficar pagando para eles todos os dias um valor. A gente para não sair e se sentindo coagido, aceitamos pagar. Mas só que eu vim a parar de pagar porque, quando aparecia algum problema no estacionamento, que eu falava para o cliente que era para ir lá na administração do shopping para resolver, eles [Sumaré] diziam que não tinham nada a ver”, contou Jocélia.

 

SUMARÉ ALEGA PREJUÍZO AOS LOJISTAS

Por meio de nota enviada ao Bahia Notícias, o Shopping Sumaré destacou que não está impedindo a atuação de ambulantes no entorno do local e que, na realidade, “o empreendimento enfrenta sérios desafios de manutenção do local, dos funcionários e de toda a cadeia que depende direta e indiretamente do Sumaré”.

 

A administração do shopping ainda ressaltou que a área divulgada é de propriedade do Sumaré, registrada em Cartório de Registro de Imóvel da capital, portanto, “não se confunde com qualquer área de domínio público que possa haver na região". "Desta forma, a alteração da forma de uso da área se dá amparada na legislação vigente e nas políticas internas do estabelecimento, visando proteger os interesses dos lojistas, funcionários, prestadores de serviço e comunidade em geral”, dizia a nota.

 

De acordo com a administração, são cerca de 100 famílias que atuam no shopping e que, para auxiliar e viabilizar a manutenção do empreendimento, o Sumaré alterou a forma de permissão de uso de suas áreas privadas, destinadas a estacionamento. O advogado do Sumaré, Ítalo Santana, destacou que dos cinco restaurantes que haviam no shopping, atualmente apenas dois estão em funcionamento.

 

Restaurantes fechados dentro do Shopping Sumaré | Foto: Thiago Teixeira / Bahia Notícias

 

A reportagem conversou com um representante de uma rede de restaurantes do Sumaré, que preferiu não ser identificado, e que apontou que a atuação do comércio ambulante nos arredores do Sumaré tem inviabilizado a continuidade do funcionamento dos restaurantes dentro do shopping, que enfrentam severos problemas financeiros. “Antes eram cinco restaurantes, mas com a dificuldade no entorno houve o desemprego de três restaurantes que fecharam porque a gente não aguenta mais pagar. A realidade é essa! Eu nunca vi em nenhum shopping em nenhuma cidade,  concorrer no estacionamento com ambulantes. A gente paga todos os impostos e temos funcionários. Pagamos o condomínio em dia e pagamos o nosso aluguel ao dono da loja, enquanto que eles não tem nenhum custo”, destacou o empresário.