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Exército brasileiro movimenta veículos blindados para a fronteira norte e Lula diz que vai visitar a Guiana em 2024

Por Edu Mota, de Brasília

Veículos do Exército na fronteira
Foto: Exército Brasileiro

Diferente de quando se pronunciou, no último fim de semana, durante sua passagem pela COP28, em Dubai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar sobre a Guiana, mas não se referiu ao conflito territorial com a Venezuela. Durante a edição desta terça-feira (5) da live “Conversa com o Presidente”, transmitida de Berlim, na Alemanha, onde cumpre agenda oficial, Lula anunciou que visitará a Guiana no próximo ano, sem citar a disputa que envolve a região do Essequibo.

 

No último domingo (3), Lula havia defendido o diálogo entre Venezuela e Guiana para a solução do impasse, e pediu “bom senso” aos dois países em meio a disputa pela região que equivale a 70% do atual território guianense. “O que a América do Sul não está precisando é de confusão. Não se pode ficar pensando em briga. Espero que o bom senso prevaleça”, disse o presidente brasileiro.

 

Nesta terça, o presidente Lula adiantou que vai fazer apenas duas viagens ao exterior em 2024, e que se dedicará a visitar todas as regiões do Brasil. Entre as viagens estaria uma ida à Guiana.

 

“Ano que vem eu tenho duas viagens que eu quero fazer, uma é para uma reunião da União Africana, dos 54 países da África, que vai ser em Addis Ababa, na Etiópia. E a outra é na Guiana, uma reunião dos países do Caricom. Essas eu quero participar porque eu tenho interesse em falar sobre democracia, sobre sistema ONU, sobre financiamento. O restante dos 365 dias se preparem porque eu vou percorrer o Brasil”, afirmou Lula.  

 

Ao falar no último domingo, Lula ainda não sabia do resultado do referendo consultivo realizado pelo governo de Nicolás Maduro. Um total de 95% dos venezuelanos que participaram do referendo aprovou medidas que podem resultar na anexação de parte do território do Essequibo, que é rico em petróleo e se encontra na Guiana.

 

A tensão na fronteira norte do Brasil é um desafio à política externa do governo Lula, que é aliado do presidente Nicolás Maduro. Enquanto a diplomacia se move com cuidado sobre o tema, o Ministério da Defesa se movimenta para garantir a segurança na região fronteiriça entre o Brasil e a Guiana. 

 

Nesta segunda (4), o Exército brasileiro enviou 20 blindados a Pacaraima, em Roraima, para reforçar a sua presença no local. Segundo o ministro da Defesa, José Múcio, o deslocamento das unidades já estava programado para dar apoio em operações contra o garimpo ilegal, mas as unidades blindadas também poderão ser usadas para garantir a segurança na zona.

 

Os blindados são do modelo “Guaicuru”, e vão sair de unidades no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, onde ficam armazenados. O tempo de transporte deve ser de pelo menos um mês. As viaturas blindadas multitarefa sobre rodas 4X4 LMV-BR, da IDV, foram incorporadas há pouco tempo ao Exército, e receberam o nome de “Guaicuru” em homenagem a uma tribo indígena guerreira, que habitava os sertões do Centro-Oeste brasileiro e que era famosa por utilizar cavalos para caçar e atacar seus inimigos.

 

O Exército brasileiro também aumentou para 130 o efetivo para o patrulhamento na fronteira com a Venezuela. O Pelotão Especial de Fronteira de Pacaraima, em Roraima, que normalmente opera com 70 homens, ganhou o reforço de mais 60 militares na semana passada.

 

E ao mesmo tempo em que o Exército brasileiro decidiu se mover para reforçar o seu efetivo na fronteira, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez um alerta aos Estados Unidos, para que não se envolvam no assunto Essequibo e nem nas questões com a Guiana. “Estados Unidos, eu aconselho, longe daqui. Deixem que a Guiana e a Venezuela resolvam este assunto em paz”, disse Maduro.

 

Já o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, afirmou nesta segunda (4) que o governo de Joe Biden apoia uma solução pacífica para a disputa de fronteira entre Venezuela e Guiana e acredita que ela não pode ser resolvida por meio de um referendo. “Isso não é algo que será resolvido por um referendo”, destacou Miller.

 

De sua parte, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, esteve no último domingo na região de Essequibo, e não poupou críticas ao seu colega venezuelano, acusando-o de mobilizar a população com o intuito de “roubar” terras do país vizinho. 

 

“Enquanto na Venezuela testemunhamos um governo incentivando seu povo a roubar terras de seus vizinhos, aqui na Guiana estamos mobilizando a população de Essequibo para construir um futuro promissor”, disse Irfaan Ali, que completou dizendo não ter receios em relação à possível investida militar das forças armadas de Nicolás Maduro.