Semob diz que operação de ônibus já está em 100%: 'Condizente com nº de passageiros'

Após o Conselho Estadual de Saúde da Bahia (CES-BA) informar que enviou um ofício ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) solicitando aumento da frota de ônibus em horários de pico em Salvador (leia mais aqui), o secretário de Mobilidade da capital baiana, Fabrizzio Muller, sinaliza que essa expansão não deve ocorrer em um futuro próximo. Procurado pelo Bahia Notícias, o titular da pasta justifica que atualmente a cidade já opera com 100% da frota em horários de maior movimento e a quantidade de coletivos está "condizente com o número de passageiros" atual.

 

Segundo o secretário, o que acontece no horário de pico é uma movimentação normal que "ocorre em qualquer transporte público do mundo, com deslocamento das pessoas praticamente no mesmo horário". Ainda de acordo com ele, Salvador usa o sistema multilinhas para minimizar a sobrecarga de algumas linhas da cidade.

 

"A gente tem usado como estratégia a tecnologia com o sistema multilinhas que a gente chama. Antigamente você tinha, vou dar um exemplo, a linha Mata Escura - Lapa, então você tem 30 ônibus naquela linha no horário de pico. Com o sistema multilinhas, você pega outras linhas que não tem o mesmo carregamento no horário de pico e desloca para essa linha, então não tem uma frota fixa nas linhas, tem através de sistema, e desloca outros ônibus de outras linhas para aquela linha mais carregada", contou em conversa com o BN.

 

Em nota, nesta segunda-feira (24), o CES-BA afirma que um eventual aumento no número e coletivos é uma medida "essencial para o controle da disseminação da Covid-19". "Estamos num novo momento de agravamento da pandemia, com muitos casos ativos e o transporte público tem ficado lotado. Isso é um risco para a vida das pessoas e para o sistema público de saúde. Precisamos de ações mais eficazes de prevenção e o aumento da frota garantirá distanciamento seguro nos ônibus para evitar o contágio", explica Marcos Sampaio, presidente do CES-BA.

 

Na semana passada, o Conselho Estadual de Saúde também emitiu um documento com uma série de recomendações ao governo estadual e às prefeituras a fim de exercer maior controle da pandemia.

 

Ainda segundo Muller, hoje Salvador registra um número de passageiros entre 30 e 40% menor do que em novembro de 2019, antes do início da pandemia. O titular da Semob aponta que o município conta com quase 1.800 coletivos e que o encerramento da operação da empresa CSN não afetou o transporte público.

 

"Com o encerramento da CSN nós redistribuímos as linhas da CSN pelas outras duas operadoras. Foi comprado frota pelas outras duas empresas para absorver essa quantidade. Mas essa frota hoje, eu diria que desde a época da intervenção [da CSN], está mais ou menos a mesma frota. Se você for olhar antes de pandemia e antes por exemplo da chegada do metrô quando foi licitado o sistema em Salvador, em 2014, e iniciou a operação em 2015, tinha 2.220 ônibus quando só tinha um modal na cidade. É natural também que os modais agora que a gente vá fazendo as integrações e a gente tem trabalhado nesse cenário de integração justamente para dar mais eficiência ao sistema e que reduza algumas linhas que são linhas sobrepostas as do metrô por exemplo", afirmou.

 

AUMENTO DE DEMANDA E NOVOS ÔNIBUS

Mesmo diante das cenas de coletivos lotados e com o retorno iminente das aulas nas escolas da rede municipal de ensino, Muller acredita que o retorno dos passageiros ao sistema de transporte nos moldes existentes antes da pandemia ainda é um assunto a "médio prazo". Na avaliação do secretário, o novo coronavírus trouxe mudanças "culturais e comportamentais" que impactam na redução do uso do modal.

 

Ainda em contato com o BN, Muller também afirmou que o município trabalha com a perspectiva de aumento gradual da frota a medida que os passageiros voltem para o sistema. De acordo com o secretário, a gestão não descarta nenhum tipo de ampliação da frota, caso entenda ser necessário.