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Prefeitura avalia valores devidos em convênio desfeito com OS investigada pelo MPF

Por Bruno Leite

Prefeitura avalia valores devidos em convênio desfeito com OS investigada pelo MPF
Termo foi firmado para gestão do Hospital 2 de Julho | Foto: Reprodução / Google

A prefeitura municipal de Salvador criou uma comissão extraordinária para avaliar os valores devidos ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Administração Hospitalar (IBDAH) em razão do convênio 005/2017, celebrado entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e o Hospital 2 de Julho, administrado pela organização social, e já desfeito.

 

A portaria que institui a comissão foi publicada no Diário Oficial do Município (DOM) na última segunda-feira (17). De acordo com a gestão municipal, serão levantados os eventuais débitos junto ao IBDAH, que esteve à frente da gestão administrativa da unidade hospitalar entre julho, agosto, setembro e outubro de 2021.

 

"Na época da renovação duas certidões do Instituto estavam pendentes, o que impossibilitou dar continuidade ao convênio por orientação da Procuradoria-Geral do Município (PGM)", explicou a SMS através de nota.

 

A comissão, formada por quatro servidores públicos do município, observará critérios como método de análise, conformação dos valores e documentos comprobatórios a fim de analisar os serviços prestados e os recursos financeiros já despendidos pela instituição então conveniada.

 

FATOS QUE ANTECEDEM A CRIAÇÃO DA COMISSÃO

Em novembro de 2020, o IBDAH foi alvo de investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da  "Operação Mestástase", que apurou supostas irregularidades em repasses de verbas públicas para Organizações Sociais (OSs) (relembre aqui).

 

Segundo depoimentos, a OS, que administra o Hospital Geral de Juazeiro, no Norte do estado, seria uma das responsáveis pelas irregularidades nas verbas, que deveriam ter sido alocadas para o combate à Covid-19 e evitado a morte de pacientes.

 

Meses após a "Metástase" ser deflagrada, em abril de 2021, uma apuração do Bahia Notícias mostrou que outros contratos da gestão municipal com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Administração Hospitalar (IBDAH) estavam, não só em vigor, como também sendo estendidos. Na época, a prefeitura havia prorrogado o contrato para gestão da Unidade de Pronto Atendimento da San Martin e mantinha o de gestão da UPA de São Marcos e dois outros, referentes ao Hospital 2 de Julho (veja aqui).

 

Em janeiro daquele ano, o Bahia Notícias trouxe à tona a informação de que o instituto gestor da UPA da San Martin teria comprado uma decisão judicial nas mãos da desembargadora Lígia Ramos, presa por supostamente comercializar sentenças no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). A informação está na denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) contra a magistrada e outras cinco pessoas, pelo crime de organização criminosa, no âmbito da Operação Faroeste, que investiga esquema de venda de decisões com participação de desembargadores e juízes da Corte.

 

Segundo os procuradores do MPF, o processo do IBDAH está entre os quatro sob relatoria de Lígia que foram negociados pela organização. Delator na Faroeste, o advogado Júlio César Cavalcanti Ferreira relatou que a instituição comprou um mandado de segurança por R$ 150 mil.

 

Quando da denúncia, a SMS divulgou uma nota dizendo que, para rescindir o contrato com o IBDAH, deveria "existir um fato objetivo havido na execução do próprio contrato com a SMS, circunstância que, no caso concreto, não há.” 

 

Ainda de acordo com a pasta, o processo de prorrogação de contrato foi submetido à prévia análise da Procuradoria-Geral do Município (PGM). “Merece registro que todos os contratos de gestão das unidades de saúde do Município são rigorosa e sistematicamente acompanhados pela SMS, através das Comissões de Fiscalização e Acompanhamento aos Contratos de Gestão, que exercem controle sobre a prestação de contas mensais e, com frequência regular, sobre a execução dos serviços”, acrescentou a SMS em trecho da nota de resposta.