Cristãos declinam de acordo e se opõem a temática LGBTQIA+ no Plano de Cultura
por Bruno Leite

Os vereadores da bancada cristã na Câmara Municipal mantiveram a oposição à presença de trechos que pautam políticas públicas voltadas para a comunidade LGBTQIA+ no Plano Municipal de Cultura de Salvador. A postura dos parlamentares, colocada em pronunciamentos durante a sessão desta quarta-feira (1), vai de encontro o ajuste que garantiria a votação do projeto de lei nesta semana (relembre aqui).
O vereador Ricardo Almeida (PSC) rejeitou os dispositivos constantes na proposição. Em seu pronunciamento, o edil citou situações que, na sua avaliação, representariam uma falta de respeito para com os valores cristãos. "O respeito as pessoas é fundamental, o respeito às pessoas é fundamental, o respeito às escolhas é fundamental, mas é uma via de mão dupla", disparou Almeida.
Uma das vereadoras da bancada cristã, Débora Santana (Avante), disse que sua posição avessa aos dispositivos voltados para a população LGBTQIA+ é justificada pela sua coerência religiosa. "Em minha posição cristã, eu, hoje, não entendo o LGBT como cultura e sim como orientação sexual", julgou a vereadora, que ressaltou não estar sendo preconceituosa em sua fala.
Única parlamentar assumidamente LGBT do Legislativo de Salvador, Laina Crisóstomo (PSOL), rebateu a rejeição da matéria pelos evangélicos da Casa. "Para mim sempre é muito difícil tentar entender qual é o dilema e o problema com a sigla LGBT se não LGBTfobia, invisibilidade e apagamento das nossas histórias", enfatizou.
"Existe sim cultura LGBT, existe direito LGBT, saúde LGBT. Não somos uma sigla apenas, mas existimos e há 31 anos lutamos para não ser mais entendidos como doentes", adicionou a vereadora Laina, que se emocionou ao falar sobre o tema.
O relator do Plano Municipal de Cultura, Sílvio Humberto (PSB), usou seu tempo na tribuna para comentar sobre a formatação encontrada pelos vereadores a fim de superar a barreira imposta pelos cristãos da Câmara e demonstrou sua insatisfação quanto ao adiamento.
Nesse nosso Plano de Cultura - que está aqui há mais de cinco meses, empurrando, vai e volta, com uma série de lances, idas e vindas - eu acho que nós encontramos um 'caminho do meio', que não é o que gostaríamos, não é o ideal, mas é o que a correlação de forças permite".
"Dentro desse debate que se envolveu aqui [tem] a discussão do termo LGBTQIA+, que, para alguns, é só a prova cabal que não é só um conjunto de letrinhas, tem um significado enorme porque incomoda tanto", ressaltou Sílvio. Para ele a promoção de políticas públicas para a comunidade, por si só se justificaria, uma vez que esta parcela da população também arca com impostos.
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