Reforma do IR pode gerar perdas de até R$ 713 milhões à Bahia; secretário questiona medida
Por Mari Leal
Caso seja aprovada com o atual texto em apreciação na Câmara dos Deputados, a reforma do Imposto de Renda proposta pelo governo federal fará da Bahia o estado mais afetado pelas mudanças no cálculo de cobrança. Um estudo divulgado pela Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite) aponta redução de arrecadação de aproximadamente R$ 713 milhões, repassados por meio do Fundo de Participação dos Estados (FPE).
O secretário estadual da Fazenda, Manoel Vitório, alerta que, apesar de o governo federal possuir mecanismos para se financiar, a proposta de reforma do IR está calcada em perdas de receitas por estados e municípios via redução das bases de cálculo dos fundos de participação. “Não é justo que o custo da reforma recaia sobre estados e municípios”, argumenta.
Por meio da assessoria de comunicação, o chefe da pasta afirma que tem buscado, junto aos deputados federais baianos, destacar a necessidade de “ajustes” no texto, “tendo em vista que esta não pode ser feita em detrimento das receitas dos demais entes enquanto a União tem a sua parte resguardada”. Segundo ele, a proposta encaminhada vai de encontro ao lema do próprio governo. O ministro da Economia, Paulo Guedes, costuma repetir em falas públicas que a proposta governamental está centrada na máxima "mais Brasil, menos Brasília".
Vitório ressalta que o projeto tem aspectos positivos, porém “não é possível aceitar as vultosas perdas previstas para os entes subnacionais”.
NEGOCIAÇÃO
As divergências sobre as receitas de Estados e municípios têm sido o principal empecilho para a apreciação da matéria na Câmara dos Deputados. O texto estava previsto para ser votado nesta terça-feira (17), mas foi novamente adiado.
Os cálculos da Febrafite usam dados compilados pelo Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz) e Tribunal de Contas da União (TCU) e foram organizados pelo economista Murilo Ferreira Viana, especialista em finanças públicas.
VEJA QUANTO CADA ESTADO PODE PERDER
• Bahia: R$ 713 milhões
• Maranhão: R$ 570 milhões
• Pernambuco: R$ 565 milhões
• Pará: R$ 540 milhões
• Ceará: R$ 500 milhões
• Minas Gerais: R$ 439 milhões
• Amazonas: R$ 407 milhões
• Alagoas: R$ 398 milhões
• Paraíba: R$ 389 milhões
• Piauí: R$ 375 milhões
• Amapá: R$ 341 milhões
• Acre: R$ 334 milhões
• Roraima: R$ 317 milhões
• Goiás: R$ 302 milhões
• Rio Grande do Norte: 301 milhões
• Sergipe: R$ 206 milhões
• Tocantins: R$ 280 milhões
• Paraná: R$ 251 milhões
• Rondônia: R$ 230 milhões
• Espírito Santo: R$ 194 milhões
• Mato Grosso: R$ 164 milhões
• Rio de Janeiro: R$ 161 milhões
• Santa Catarina: R$ 133 milhões
• Mato Grosso do Sul: R$ 123 milhões
• Rio Grande do Sul: R$ 114 milhões
• São Paulo: R$ 105 milhões
• Distrito Federal: R$ 57 milhões