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Entidades criticam reforma do HEOM por quebra de 'valores arquitetônicos e históricos'

Por Jade Coelho / Mauricio Leiro

Entidades criticam reforma do HEOM por quebra de 'valores arquitetônicos e históricos'
Foto: Divulgação

O projeto de modernização do Hospital Especializado Octávio Mangabeira (HEOM), em Salvador, foi modificado atendendo ao pedido de 15 entidades representativas de arquitetos. A reforma promovida pela Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) está sendo acompanhada pelo Ministério Público, que promoverá uma audiência para solucionar a questão.

 

A unidade hospitalar foi construída e inaugurada na década de 1940 e no início do mês foi anunciado que seria reformado e modernizado para atender aos novos padrões e exigências estruturais para unidades de saúde. A Sesab divulgou o acordo de cooperação firmado entre a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) e representantes do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA) permitirá o aperfeiçoamento do projeto (reveja aqui).  Mas a questão ainda gera polêmica e questionamento, segundo o diretor da pós-graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo da Ufba, Nivaldo Andrade.

 

"Estávamos em uma reunião com o secretário [Fábio Vilas-Boas]. Ele está disposto a dialogar até a página três. Ele vai analisar o material produzido pela Ufba, mas já começou a fazer obras hoje. Mesmo com um acerto com o Ministério Público, teremos uma audiência, junto com a Sesab, Ipac - que disse que iria tombar, mas ainda não tombou-, o secretário começou as obras. Embora o Ministério tenha combinado, e o estado se comprometido a não começar as obras, ele disse que são obras internas. Como se isso não fosse importante. Se a gente quer discutir o valor arquitetônico, não se pode derrubar nada", disse Nivaldo.

 

Foto: Divulgação

 

Apesar das alterações no projeto, entidades de arquitetos seguem fazendo ponderações para novas modificações, sob argumento de que as solicitações foram apenas parcialmente atendidas e que o projeto “compromete os valores arquitetônicos e históricos do edifício” e “descaracteriza o hospital”.

 

Entretanto, o secretário da Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, ressaltou que a pasta estadual se reuniu com o Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural da Bahia (Ipac) e as condutas foram alinhadas.

 

Os arquitetos argumentam que os vidros usados para o fechamento das varandas das enfermarias previsto do projeto “interferem na percepção dos traços modernos do edifício, modificam a leitura da sua horizontalidade e dos balanços desses solários, que representam o avanço tecnológico da época e construção do HEOM, possibilitado pelo uso de concreto armado”.

 

Foto: Divulgação

 

"A principal questão são as varandas. Esse edifício, no tratamento da turbeculose na época, os doentes tomavam banho de sol nas varandas, os solários. Era uma característica da época. Existe um edifício que vai ser inscrito no patrimônio mundial da Unesco, na Finlândia, que é muito parecido, lá foi restaurado. Aqui querem ampliar a área interna, isso modifica totalmente", comentou ao BN. 

 

Após o pedido das entidades, foi modificada no projeto a previsão de vidros nas extremidades curvas do hospital. Ainda assim, os arquitetos reclamam que, apesar isso, “o edifício segue envelopado por panos de vidro”. “Esta ação projetual é contrária às tendências e cenários dos espaços de saúde do futuro, que defendem a iluminação e ventilação naturais e a comunicação com ambientes externos nos hospitais”, justificam. 

 

Outro ponto em que os arquitetos pleiteiam mudanças no projeto é em relação à preservação total do hall de entrada. Atualmente o prédio do HEOM tem um portão de ferro “em serralheria artística com motivos geométricos”. As entidades não concordam que na modernização esse portão seja substituído por duas portas automáticas de vidro, padrão atualmente utilizado em inúmeras unidades de saúde públicas e privadas.

 

A instalação de uma de plataforma elevatória, equipamento de acessibilidade que permite acesso e mobilidade para cadeirantes, também é alvo de reclamação dos arquitetos. Os profissionais não concordam que no projeto a escada do HEOM seja parcialmente destruída para instalação da plataforma elevatória, e sugerem que o equipamento é “uma solução mais onerosa que uma rampa”.

 

Por fim, os arquitetos reclamam ainda da paralisação das atividades da unidade de Saúde durante a reforma e sugerem que esse tipo de intervenção deve ser feita em etapas. 

 

A Sesab ressaltou que durante as obras no Hospital Octávio Mangabeira, o ambulatório de pneumologia, que contempla serviços assistenciais nas áreas de fibrose cística; asma grave; tuberculose; controle de tabagismo; doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e pós-Covid-19, seguem funcionando e atendendo cerca de quatro mil pessoas por mês. Também permanece aberto o serviço de bioimagem e o laboratório especializado, que faz análises diferenciadas, como o teste do suor.

 

Já os serviços de infectologia clínica, vascular e cirurgia torácica serão incorporados por outras unidades da rede estadual na capital baiana, garantindo o acesso e assistência aos pacientes. A previsão é de que as obras durem 10 meses, e adequarão a unidade às normas vigentes do ambiente hospitalar (leia mais aqui).