Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Notícia
/
Geral

Notícia

Coronavírus gera 'marketing de terror' a favor do isolamento; especialistas opinam

Por Ulisses Gama / Mari Leal

Coronavírus gera 'marketing de terror' a favor do isolamento; especialistas opinam
Foto: Leitor BN

"Fique em casa!". Seja de um amigo, um apresentador de um programa de TV ou em uma mensagem de um site, você já ouviu o incessante pedido que pode salvar vidas durante a pandemia do novo coronavírus. O apelo para evitar aglomerações tem sido divulgado de várias maneiras diferentes e algumas estão chamando a atenção por carregar um teor que assusta.

 

Desde a semana passada, o cemitério Parque Bosque da Paz, localizado em Nova Brasília, mandou uma forte mensagem através de uma placa exposta na Avenida Paralela. "Fique em casa! Não queremos você aqui". Os mesmos dizeres estão marcados em letras garrafais no cemitério de Jussari, município do sul do estado.

 

No meio de tantas mortes no mundo, esse tipo de mensagem está correta? Qual impacto isso pode causar no público? Para esclarecer essas dúvidas, a reportagem do Bahia Notícias ouviu Sérgio Gordilho, presidente e diretor geral de criação da Agência Africa, uma das maiores do Brasil. Segundo ele, o uso em cemitérios é criativo.

 

"Acho que a única certeza é que todo mundo que pode precisa ficar em casa. Quando a gente fala dessa maneira, podem ter várias interpretações. O cemitério colocou a mensagem correta. Se fosse em outro meio, poderia não dar certo. Funcionou bem, foi criativa e recebi de pessoas completamente diferentes. Ela atingiu o público que precisava. Nesse momento a gente precisa entender como o público recebe. Acho que esse é o poder da comunicação. Nesse momento de isolamento em que a gente busca por informação correta, você receber uma mensagem como essa é criativa, perspicaz e que funcionou super bem", declarou.

Foto: Divulgação

 

"Estamos vivendo um mundo de muitas incertezas e elas trazem angústia. A nossa realidade é que não sabemos se isso vai terminar. Então temos uma necessidade de informações que tenham humor, mais leve. A maneira foi leve e foi super bacana. Acho que cada um tem que encontrar a sua maneira", acrescentou.

 

Já a prefeitura de Teresina publicou em suas redes sociais a imagem de um caixão dividida com um sofá e o seguinte questionamento: "Em qual desses você escolhe ficar?". Para Gordilho, as redes sociais de órgãos governamentais devem tomar medidas didáticas para orientar a população e passar uma mensagem de esperança.

 

 

"Nesse caso não é cabível. Acho que ela tem que trazer esperança nesse momento. Do ponto de vista do público, você espera uma mensagem positiva e esclarecedora. A gente precisa ter esperança que vai acabar logo. É importante a questão do isolamento porque é científica. A mensagem tem que ser passada de outra maneira. É preciso entender a forma como passar a mensagem, a forma como passar e o público. É importante ter responsabilidade em um momento onde as pessoas precisam de uma informação precisa. Cada um precisa falar de um jeito diferente. A Ambev tira o álcool da cerveja pra fazer o àlcool em gel. O Itaú está usando o dinheiro para incentivar empresas na produção de máscaras. Cada um vai encontrar o jeito de passar a mensagem", explicou.

 

Sobre a mesma publicidade, especialista em marketing Aymée Francine diz não ser muito a favor do marketing que impacta pelo lado negativo. "Tem muitas formas de comunicar o que eles precisam sem fazer isso. É meio forte. Faz parte do assunto. É impactante. Queria saber se funciona. Não tive contato diretamente de fazer uma ação dessas para conseguir colher os resultados, saber se esse tipo de ação isolada funciona. A impressão que eu tenho é que isso funciona mais para chamar a atenção do que a prefeitura está falando, que também está sendo dito através de outros canais. Utilizar esses assuntos é o que fez com que a atenção fosse voltada para a mensagem que a prefeitura queria falar. O anúncio em si, sozinho, não vai trazer resultado. É o marketing de impacto. Trabalha com o emocional e faz sentido aquilo, mas a minha opinião é que funciona para chamar atenção". 

 

Na última quinta-feira (2), a prefeitura de Valença, no Baixo Sul, publicou nas redes sociais, um alerta chamativo para a estratégia de isolamento social no combate ao novo coronavírus. O alerta da gestão enuncia: "Entenda a necessidade de medidas preventivas contra o coronavírus". O comunicado ainda traz dados da quantidade de habitantes no município, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de 96.562 pessoas, e faz uma estimativa em que, se 10% desse número ficasse doente seriam 9.656 pessoas. O texto diz que se 20% dos doentes precisarem de atendimento médico seriam 1.931 habitantes. Estes, por sua vez, enfrentariam um sistema de saúde sem disponibilidade de vagas UTI (Unidade de Terapia Intensiva), já que, segundo a prefeitura, não há nenhum leito disponível (lembre aqui).

 

“Esse da prefeitura de Valença eu gostei muito mais. Achei impactante e trouxe uma informação super relevante para a população. Eu gosto dessa verdade quando é dita dessa forma. Não tem leito. É um município do interior. Se existe uma transparência financeira nas secretarias e na comunicação que a prefeitura sempre fez com o município, isso é verdade, as pessoas sabem o porquê disso existir. Está causando impacto e passando a informação necessária. Eu gosto disso. Para mim faz mais sentido. É impactante da mesma forma e é uma impactante com informação”, comentou Aymée.