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Bolsonaro e o PSL, uma mistura de Sid em A Era do Gelo e 'Another brick in the wall'

Por Fernando Duarte

Bolsonaro e o PSL, uma mistura de Sid em A Era do Gelo e 'Another brick in the wall'
Foto: Divulgação

Partidos no Brasil são, em sua maioria, barrigas de aluguel. A rusga entre o presidente Jair Bolsonaro e a legenda que o abrigou na eleição de 2018, o PSL, comprova essa tese. Depois de “usar” a sigla, Bolsonaro passou a trata-la publicamente como desnecessária. Com o histórico de sucessivas trocas de “casa”, seria natural que o presidente não permanecesse tanto tempo filiado ao PSL. Então por que há tanta surpresa nesse parto que se tornou a discussão sobre a saída ou não dele do núcleo “social-liberal”.

 

Bolsonaro tem o direito de sair do PSL. E não adianta Luciano Bivar ou quem quer que seja pestanejar. Desde o início da corrida eleitoral do ano passado, o então deputado federal deixou claro que planejava se filiar a um partido que lhe desse a chance de ser candidato a presidente. As especulações começaram com o Patriota, que até amealhou alguns filiados, e terminou com o PSL, que entregou a legenda de mão beijada para que os seguidores de Bolsonaro encontrassem guarita para eleição. Identificação ideológica, inclusive, nunca foi uma necessidade, não é mesmo?

 

Se não há problema legal para a saída de Bolsonaro do PSL, muito menos moral, visto que as negociações para a filiação sempre foram as claras, por que diabos o presidente segue nesse “chove e não molha”? Porque os mandatos na Câmara dos Deputados e nas assembleias legislativas obtidos na onda do bolsonarismo não possuem o mesmo direito de deixar o partido sem olhar para trás. Essa conta inclui desde a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann, o projeto de embaixador, Eduardo Bolsonaro, e a fiel escudeira do chefe do Executivo na Bahia, Dayane Pimentel.

 

O presidente não pode se dar ao luxo de abandonar aos leões aqueles que estiveram com ele em momentos cruciais do projeto político-eleitoral dos últimos dois anos – para usar um prazo otimista. Em 2020 haverá eleições municipais e a estrutura partidária é indiretamente essencial para que os parlamentares mantenham tentáculos para angariar votos. Então, antes de uma janela partidária efetiva, é improvável que haja uma revoada de detentores de mandato do PSL, sob pena de acabarem sem as cadeiras para as quais foram eleitos.

 

Na Bahia, a situação fica ainda mais esdrúxula. Enquanto a presidente do partido, Dayane Pimentel, afirmou que aguarda uma definição do guru Bolsonaro, os deputados estaduais já se adiantaram: garantem que devem deixar o partido e seguir o presidente para onde quer que ele vá. Sem comunicação interna, os bolsonaristas baianos seguem batendo cabeça, algo que até já acostumamos a ver na imprensa e nas rodas de conversa dos bastidores.

 

Como muito se fala sobre essa lógica de “seguir o líder”, fico em dúvida sobre qual referência pop se adequa melhor nessa indecisão sobre o futuro de Bolsonaro no PSL. Se Sid, de “A Era do Gelo”, e as preguicinhas, ou algo mais antigo e clássico, como as crianças em “Another brick in the wall”, da banda Pink Floyd. Com tantas mentes pensando igual, é provável que a diversidade se torne salsichas. Algo bem atual mesmo para um clipe lançado em 1979.

Este texto integra o comentário desta sexta-feira (11) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM e Valença FM.